O CD da decidiu alterar elementos da equipa de arbitragem do Nacional-FCPorto. Estas lesões de última hora são sempre estranhas.
— Alberto Mota (@lbrtmt1904_mota) January 10, 2025
Trapalhada... mais uma!! pic.twitter.com/X5bT5FGS8D
Últimas indefectivações
sábado, 11 de janeiro de 2025
Trocas e Baldrocas!!!
Os pecados de um Benfica sem cultura de vitória (e como todas as peças encaixam)
"Não são só os jogadores, não é só Lage, é mais do que isso. Novo dérbi com o Sporting é crucial para o futuro a médio, longo prazo das águias esta época, além de se tratar de uma final
Bruno Lage ganhou dois dias, não mais do que isso com o triunfo sobre o SC Braga. É certo que uma eliminação na meia-final poderia deixar marcas graves no (ainda-por-provar segundo) processo de retoma dos encarnados, porém estas reaparecerão e talvez até com mais força, em caso de novo desaire em apenas duas semanas diante dos leões.
É o mesmo que dizer que, frente a este conjunto arsenalista bastante irregular, capaz do bom e do mau com poucos dias de diferença, as águias não tinham nada a ganhar e, sim, praticamente tudo a perder. Ainda assim, o treinador do Benfica elevou o tom de voz e puxou dos galões com o autoelogio (sempre desnecessário) de que sabe preparar bem os jogos, apoiando-se numa exibição concludente, que, bem vistas as coisas, não tinha sido mais do que uma obrigação da sua equiapa. Acham mesmo que o «anormal» não teria sido novo desaire?
Nada disto invalida o bom trabalho que foi feito no pós-Schmidt. Lage chegou com um plano e este funcionou em praticamente todos os momentos até, aqui e ali, começar a parecer curto. Entre as vitórias e um ou outro resultado menos positivo, o técnico ia lembrando que a equipa ainda não estava bem ao seu jeito, sobretudo a nível da gestão das partidas através da posse de bola, todavia a análise sempre me pareceu redutora. Uma coisa é deixar escoar o tempo evitando ser colocado em xeque, outra é saber o que fazer em sequências longas em progressão diante de blocos mais baixos e tendo de recuperar de resultados desfavoráveis.
Não faltava razão ao treinador quando dizia que o Benfica tinha dificuldades em capitalizar a maior técnica individual dos seus atletas nesses momentos, o que acabava por expor a defesa, mas entretanto omitia a falta de química das unidades mais avançadas em encontrar espaço pelo ataque posicional, um handicap que atravessa várias heranças no banco dos encarnados e não é só da sua responsabilidade, ainda mais quando nem sequer um mercado teve para poder corrigir lacunas no plantel.
Lage tem essa abertura agora, embora se aponte para poucos retoques e, mais uma vez, certa navegação à vista, mais em busca de oportunidades, saldos ou cedências do que iniciar política desportiva enquadrada com o técnico ou, então, dar continuidade à anterior, se esta estava assente num rumo independente de quem estava, a dado momento, sentado no banco.
Na prática, o Benfica precisa de partir o jogo para ter espaço e tendencialmente tem de fazê-lo ainda perto da baliza adversária, a fim de não estar tão exposto. É isso que o torna tão dependente da pressão alta e da reação à perda. Quando estas não funcionam, afunda-se. E só funcionam quando se apresenta Florentino como equilibrador de todo o processo. Este, ou eventualmente um novo Tino, que antes Lage aceitou ver, sem sucesso, em Julian Weigl, um Florentino 2.0, que alie o momento defensivo a uma capacidade de construção mais vertical, são fundamentais para que tudo funcione.
O dérbi que aí vem será muito importante para o futuro de Benfica e Sporting a médio, longo prazo, além de se tratar de uma final. Não carregará o peso de decisivo, a não ser para a prova, ainda que possa vir a ser impactante pela mossa que pode fazer ou pelo moral a acrescentar.
Se voltarmos a Alvalade, naquele contexto de dúvida do lado dos locais, criado pela estreia de um treinador após ciclo muito negativo, e de um certo empoderamento do dos encarnados, face à recuperação e ao primeiro lugar conquistado, encontramos um Benfica apático e ausente durante a primeira parte. Poucos dias depois, na receção ao SC Braga e após o empate dos rivais em Guimarães, os homens de Lage voltaram a vacilar e, mais ou menos, da mesma forma. A entrar mal e a acabar melhor, sem no entanto recuperarem, no resultado, do péssimo arranque.
Se no dérbi eterno, os da Luz ainda podem alegar o fator-surpresa, pela utilização de um esquema disruptivo, o desaire seguinte jamais poderá ser encarado como apenas coincidência. Algo estava (está?) mal no reino das águias.
Em paralelo, o discurso muitas vezes mais apagado e assíncrono em relação à realidade por parte de Bruno Lage, a anos-luz do da primeira passagem pela Luz, e incapaz de ser agregador, também não pode ser dissociado do que se passou no relvado. Mesmo que o tom possa ser diferente no balneário, não conseguir transmitir confiança fora deste pode levar a consequências até mais penalizadoras.
Mais. Uma equipa não é só um treinador ou os seus atletas. É também o reflexo de um clube. E um clube a viver apenas o dia a dia, sem projetar o futuro e se mostrar organizado e bem estruturado, pode igualmente influenciar negativamente na hora de definir um passe de rotura ou um remate à baliza. Uma direção que vai perdendo membros e massa crítica, mesmo que não tenha sido formada com os maiores especialistas, sobretudo a nível da direção desportiva, e que não consegue sacudir a ideia de apenas se ir aguentando viva até às eleições, cria naturalmente instabilidade no grupo. Mesmo que seja de forma inconsciente.
Até aquela intervenção de Rui Costa, muito ao jeito de um Frederico Varandas, que surgiu com o navio quase a ultrapassar a tempestade, ainda a meio de dezembro, terá tido efeito mais contraproducente do que criado um inspirador. Ainda que tenha sido com boas intenções, os líderes devem aparecer sobretudo nos momentos mais difíceis. Nesses, Lage e o plantel estiveram um pouco entregues à sua sorte.
Não é um clube assim capaz de criar uma cultura vencedora. Porque a erosão está em todas as camadas, em quase todas as modalidades e o futebol é o seu maior reflexo. Uma mentalidade de vitória teria levado a uma entrada em Alvalade e na Luz, diante do SC Braga, de peito feito, porque essa também influenciaria quem estivesse no banco, filtrado por esse perfil. De qualquer forma, esta Liga estará para quem esconda as fraquezas, elimine mais erros e a agarre com força. E isso e o adeus de Amorim tornam tudo possível. Até mesmo este Benfica ainda lutar pelo título de campeão."
Sporting-Benfica: um dérbi de olho na... Liga
"FC Porto e SC Braga saíram da Taça da Liga a pensar nas oportunidades que surgem no campeonato. Benfica ou Sporting: quem ganhar tem vantagem moral, quem perder vai passar mal...
A final four da Taça da Liga juntou os três grandes e o SC Braga e, seja qual for o modelo imposto, é notório que é exatamente com estes protagonistas que esta competição se sente melhor. Já nem falo de audiências, espectadores ou relevância, mas colocar as principais equipas em confronto nesta fase da época serve pelo menos de tira-teimas competitivo. E estávamos mesmo a precisar dele, porque 2024/2025 já nos deu um Sporting imbatível e um Sporting a tremer, um Benfica farto de Schmidt, outro recuperador com Lage e ainda mais um cheio de dúvidas, um FC Porto com uma Supertaça no bolso, mas com mais argumentos para os pequenos do que para os grandes e um SC Braga capaz do melhor e do pior em termos de resultados.
À partida para esta prova, os quatro treinadores terão refletido sobre como esta os poderia ajudar (ou não) a enfrentar o que falta da temporada. Vítor Bruno não a aproveitou, mas perder novamente com o Sporting até calhou numa boa altura: por um lado, os adeptos portistas estão num processo de reconstrução da confiança na equipa e, por outro, estão agora a dois dias de poder alcançar a liderança da Liga. Carlos Carvalhal também não saiu de Leiria feliz, mas a recente vitória na Luz deu outro alento à luta pelo quarto lugar com o Santa Clara.
Já Rui Borges e Bruno Lage chegam à final com muito para ganhar - e também muito a perder. O treinador dos leões lá vai conseguindo estabilizar a equipa e sobretudo dar confiança aos jogadores e ganhar aos dois principais rivais em menos de duas semanas é obra. O técnico das águias está mais do que habituado à contestação e, para já, deu a resposta firme que se exigia. Quem vencer o jogo deste sábado não levará só mais um troféu para o respetivo museu, mas terá um trunfo moral importante para enfrentar o campeonato, no momento em que este parece alcançável para qualquer um dos três grandes. Quem perder, sabe que em princípio será posto em causa, terá de responder a perguntas mais difíceis e terá menos adeptos do seu lado - tudo coisas que não ajudam quando for para entrar em campo na Liga (e, já agora, na Liga dos Campeões ou na Taça de Portugal).
Para já, a Taça da Liga vai dar-nos mais um dérbi e não vejo ninguém a queixar-se disso. Mas antevejo que a relativa acalmia destes dias - os que perderam nas meias-finais não estão muito preocupados e os que ganharam estão na expectativa de o repetir amanhã - não vai durar muito tempo. Leiria entretém-nos, mas a conversa volta a ficar séria já no domingo..."
Retrato de família
"A mesa estava posta. Ou quase. De facto, estavam lá os pratos, os copos, os talheres, os guardanapos. Estavam as cadeiras com os cachecóis da Selecção. Os camarões, a maionese, os queijos, os canapés, o folhado de alheira e presunto. As garrafas de vinho, o pão. Uma vela em cima da lareira com a fotografia de um familiar falecido para dar sorte. Mas faltavam as pessoas.
A televisão ligada com as equipas a entrar em campo e a sala ainda vazia. Alguém finalmente vem e grita para o resto da casa:
- Vai começar!
Na cozinha, a mãe Gabriela está agachada em frente ao forno a molhar o cabrito. A filha Rita tempera a salada, a filha Sónia abre minis e vai à varanda chamar o marido Rui que fuma cigarros com a cunhada Renata.
- Vai começar!
O pai Gustavo está na casa-de-banho a fazer uma reza para o espelho, cruzando várias vezes a mão em frente ao peito. Beija a santinha que tem no fio e sai para o corredor de onde se ouve a campainha. É o tio Américo, que entra e tira os sapatos.
- Anda, Américo, que vai começar!
Rui e Renata entram na sala a rir de uma piada que estavam a ver no telemóvel. Vem o pai Gustavo com um queijo fresco nas mãos e senta-se à cabeceira. Américo está na cozinha com a irmã, a colocar o patê que trouxe num pratinho. Da sala ouve-se o pai Gustavo:
- Já começou!
As filhas Rita e Sónia levam o patê, as saladas e as minis para a mesa. O tio Américo segue atrás delas. Sentam-se todos menos a mãe Gabriela que ainda está a finalizar o arroz de grelos. Sónia grita para a cozinha:
- Anda, mãe! Já começou!
A mãe Gabriela chega e senta-se. Finalmente, a mesa está posta com todas as pessoas dentro. Servem-se de vinhos, de cerveja, de queijos. Sente-se uma nervoseira que rapidamente é abafada por um lance mais perigoso para os franceses. A bola ronda a nossa área e todos param a olhar. Silêncio sepulcral.
A mãe Gabriela começa a "varrer", que é como quem diz a tentar soprar a bola para longe – hábito que foi ganhando ao longo dos anos de convívio com o marido e filhas e genros e noras e irmãos e tantos e tantos jogos que a família a obriga a ver. Não é que Gabriela não goste de bola, é só que chega a ser demais, tanto jogo, muito golo, demasiada ansiedade, conversas intermináveis sobre coisa nenhuma.
A bola sai de perigo devido ao extraordinário varrer da mãe Gabriela que soprou com tanta intensidade que agora já estamos nós na área francesa e pode ser golo, vai ser golo, foi quase golo, não foi golo. Voltam os comensais a olhar a mesa, a tirar camarões, a provar vinhos, a debater Bolas de Ouro.
- Eles são bons mas nós temos o melhor do mundo! - diz o pai Gustavo, enquanto come um camarão e deixa a cabeça no prato.
- Não vai comer essa cabecinha, Gustavo? - pergunta o genro Rui, afastando a discussão para outros carnavais.
- Eu, cá para mim, se me perguntarem, diria que entre Messi e Ronaldo venha o diabo e escolha… - solta tio Américo, apaziguador, enquanto mexe e degusta um tinto do Dão.
- Mas há alguma dúvida, Américo ? É o melhor do mundo e é português!
A filha Sónia vai a jogo:
- Ó pai, mas também ser português não é tudo. E, além disso...
- Schhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...
Mãe Gabriela começa a varrer outra vez. A discussão e o golo francês que esteve demasiado próximo de acontecer. A bola aninha-se no colo de Rui Patrício enquanto a filha Rita, que é treinadora de futebol, deixa o seu parecer:
- Acho que estamos a recuar muito. Temos de pressionar mais alto.
- Ó filha, isto é mesmo assim. O primeiro milho é para os pardais. Deixa-os pousar…
- Não tarda nada e pousam é a bola dentro da nossa baliza.
- Oiçam a minha mulher, que ela é que sabe. – diz Renata, ainda fustigada pelas memórias canarinhas de um 1-7 contra a Alemanha dois anos antes.
O genro Rui delicia-se com o folhado de alheira e presunto da cunhada Rita. Serve o tio Américo de vinho; serve a mulher Sónia, que lhe sorri. Dão um beijo. O pai Gustavo está concentrado no jogo, a mãe Gabriela dá um gole no rosé e aponta a mira para o genro:
- Come o folhadinho, irmão. Antes que o teu sobrinho dê cabo dele.
Tio Américo ia fazer uma piada a brincar com Rui quando Cristiano Ronaldo caiu indefeso no relvado. A mesa congelou. Congelaram os vinhos, as cervejas, o coração de Gustavo, as mãos das filhas Sónia e Rita, o folhado, o país. Ninguém teve coragem de abrir uma palavra que fosse, um desejo, uma esperança.
Uma borboleta ainda meio em traça aninhou-se na sobrancelha direita do craque que chorava prostrado a sentir a tragédia lusitana. O esplendor de Portugal caía e só restavam as cascas dos camarões e as ilusões de um povo em chuva. Rui lembrou-se de um excerto desse poema extraordinário do Jorge Sousa Braga:
"A borboleta que poisou
no teu mamilo perdeu
vontade de voar."
Mas fechou-se em copas. Não falou do poema nem avançou com teorias futebolísticas sobre a possibilidade real de ver naquele tormento um milagre dos deuses."
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