"Há actos de cobardia que não podem ficar sem resposta. O Benfica foi vítima de um desses actos ao ver apedrejados o autocarro que transportava a sua equipa e o carro do seu presidente, após o excelente resultado alcançado em Paços de Ferreira. O Benfica respondeu depressa e bem, separando com clareza as águas entre a dignidade do acto desportivo e a atitude infame de quem ataca à traição, a coberto da escuridão da noite, lançando pedras a partir de um viaduto. Também a ministro da Administração Interna respondeu com prontidão e firmeza. O Benfica podia ter incendiado os ânimos, mas não o fez, apelando à serenidade dos adeptos e à ausência de qualquer forma de retaliação, dando mais uma prova de responsabilidade cívica e de elevação institucional.
Tomando de empréstimo o título do livro de um escritor italiano, pode dizer-se que 'as palavras são pedras'. E há, de facto, palavras que magoam muito mais do que as pedras, sobretudo quando são proferidas por quem devia estar calado. Mas as pedras verdadeiras não só magoam como são reveladoras de um sentimento miserável e perigoso: o ódio. Foi disso mesmo que se tratou, e é difícil fugir a essa constrangedora constatação.
Continua a haver quem lide mal com a grandeza do Benfica e com a sua expressão nacional e internacional. A melhor resposta às pedras da inveja e do ressentimento são resultados como o obtido na Mata Real. Esses acertarão sempre em cheio nos espíritos fracos e mesquinhos.
Recordo-me de, há uns anos, esta forma de agressão cobarde ter custado a vida a alguns condutores em estradas portuguesas. Esse fantasma renasceu com esta acção terrorista, que exige investigação urgente e punição severa e célere. Os campos de Futebol não podem ser territórios de guerra de onde emerge a cobardia que fica impune.
Como dizia a minha avó, na hora de punir os culpados 'que não doam as mãos' a quem castiga, dentro da lei e em nome da justiça e da paz de que todos tanto precisamos."
José Jorge Letria, in O Benfica