Últimas indefectivações

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Lixívia 19

Tabela Anti-Lixívia
Benfica .. 46 (-4) = 50
Corruptos.. 48 (+3) = 45 (-1 jogo)
Sporting . 47 (+9) = 38

Mas uma semana repleta de erros, sem influência nos resultados é verdade, mas com os VAR's a ficarem 'calados', mesmo com imagens claras...!!!

Na Luz, num jogo sem Amarelos (!!!), mesmo com várias faltas para Amarelo (Maras sobre Jonas... várias vezes, por exemplo), tivemos 5 lances 'duvidosos' na área do Chaves!!! Todos decididos 'contra' o Benfica!!!
- Luta de braços entre Jonas e Djavan... este dou de barato! O VAR neste tipo de contactos não pode alterar a decisão do árbitro principal...
- Maras chega primeiro à bola. No Estádio fiquei convencido que era penalty, mas as imagens são claras: o central do Chaves 'joga' a bola primeiro...
- Salvio derrubado pelo Bressan. Não é um lance fácil, mas parece-me que existe contacto na coxa do Salvio. Como o contacto não é no pé, parece que o Toto se deixou cair... As imagens não são 'claras', além disso fica a dúvida se o contacto é dentro ou fora da área...
- Agarrão do Tiba ao Krovi... Claro, sem dúvida, completamente desnecessário, mas seria penalty... Acredito que o VAR pudesse ter algumas dúvidas, já que a falta dá-se ao 'contrário', com o Krovi a 'sair' da área, mas com repetições o penalty é óbvio!
- Pisão do Bressan sobre o Jonas. Claríssimo, inacreditável como o VAR não marca o penalty... Nem com o jogo decidido, a 10 minutos do final, se tem 'coragem' de marcar um penalty a favor do Benfica!!!
Resumindo, ficaram pelo menos 2 penalty's por marcar a favor do Benfica. O mais significativo, é que ambos foram num momento onde o jogo estava decidido (3-0), normalmente são nestes momentos que os árbitros sentem-se menos 'coagidos', mas nem assim...!!!

Finalmente um jogo dos Lagartos dirigido pelo Verdíssimo esta época!!! Parece-me que o Verdíssmo ficou 'reservado' para esta 2.ª volta, depois de Hugo Miguel, Xistra, Godinho e Tiago Martins terem sido nomeados recorrentemente para os jogos do clube de coração!!!
O critério disciplinar foi totalmente torto... as faltas perto da área dos Lagartos não foram marcadas, mas os grandes erros deram-se já nos descontos: expulsão perdoada ao Mathieu e ao Coentrão!
- O Francês agarrou o Edinho, quando este estava isolado, em situação de remate... A questão da tripla-penalização, não é aplicável a este caso, porque o defesa não tentou jogar a bola, portanto o vermelho é claro...
- Coentrão: agarrou o árbitro, refilou com o auxiliar, chutou a bola em protesto para dentro da baliza... e ainda mandou o árbitro para o Caralho, repetidamente, à frente dele...!!!
Estamos a falar de um árbitro, que esta época, expulsou dois jogadores (Marítimo e Guimarães) por palavras trocadas entre ambos!!! Mas desta vez, parece que ficou subitamente surdo!!!
Recordo também, que o árbitro Jorge Sousa, foi castigado, em 3 jogos, por palavras, num processo aberto pela Liga, após a recolha de imagens e som, por parte de um canal de Clube... Mas desta vez, a Comissão de Inquéritos ficou também 'surda'!!!

No Dragay, mais uma sequência absurda de pedidos de penalty por parte dos Corruptos!!!
O único lance passível de penalty é o agarrão ao Corona, pelo Joãozinho... todos os outros, foram bem decididos.
Tanto o Marcano como o Felipe fartaram-se de dar 'fruta' ('fruta' de pancada!!!). Inacreditável, como ambos terminaram o jogo...

Anexos:
Benfica
1.ª-Braga(c), V(3-1), Xistra (Verissímo), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
2.ª-Chaves(f), V(0-1), Sousa (Tiago Martins), Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
3.ª-Belenenses(c), V(5-0), Rui Costa (Vasco Santos), Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Rio Ave(f), E(1-1), Hugo Miguel (Veríssimo), Prejudicados, Impossível contabilizar
5.ª-Portimonense(c), V(2-1), Gonçalo Martins (Veríssimo), Prejudicados, (4-0), Sem influência no resultado
6.ª-Boavista(f), D(2-1), Soares Dias (Esteves), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
8.ª-Marítimo(f), E(1-1), Sousa (Godinho), Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
9.ª-Aves(f), V(1-3), Almeida (Vítor Ferreira), Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
10.ª-Feirense(c), V(1-0), Godinho (Xistra), Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
11.ª-Guimarães(f), V(1-3), Soares Dias (Malheiro), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
12.ª-Setúbal(c), V(6-0), Godinho (Pinheiro), Prejudicados, Beneficiados, (8-0), Sem influência no resultado
13.ª-Corruptos(f), E(0-0), Sousa (Hugo Miguel), Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
14.ª-Estoril(c), V(3-1), Pinheiro (Manuel Oliveira), Beneficiados, Sem influência no resultado
15.ª-Tondela(f), V(1-5), Tiago Martins (Malheiro), Nada a assinalar
16.ª-Sporting(c) E(1-1), Hugo Miguel (Tiago Martins), Prejudicados, (5-0), (-2 pontos)
17.ª-Moreirense(f), V(0-2), Mota (Godinho), Nada a assinalar
18.ª-Braga(f), V(1-3), Soares Dias (Godinho), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
19.ª-Chaves(c), V(3-0), Esteves (Vasco Santos), Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado

Sporting
1.ª-Aves(f), V(0-2), Tiago Martins (Pinheiro), Nada a assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(1-0), Paixão (Hugo Miguel), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
3.ª-Guimarães(f), V(0-5), Hugo Miguel (Sousa), Nada a assinalar
4.ª-Estoril(c), V(2-1), Godinho (Tiago Martins), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Feirense(f), V(2-3), Soares Dias (Tiago Martins), Nada a assinalar
6.ª-Tondela(c), V(2-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Nada a assinalar
7.ª-Moreirense(f), E(1-1), Godinho (Pinheiro), Beneficiados, (2-0), (+1 ponto)
8.ª-Corruptos(c), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Chaves(c), V(5-1), Rui Costa (Esteves), Beneficiados, Prejudicados (5-2), Sem influência no resultado
10.ª-Rio Ave(f), V(0-1), Sousa (Capela), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
11.ª-Braga(c), E(2-2), Xistra (Rui Costa), Beneficiados, (1-4), (+1 ponto)
12.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-2), Tiago Martins (Xistra), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
13.ª-Belenenses(c), V(1-0), Almeida (Godinho), Nada a assinalar
14.ª-Boavista(f), V(1-3), Godinho (Vasco Santos), Nada a assinalar
15.ª-Portimonense(c), V(2-0), Capela (Xistra), Nada a assinalar
16.ª-Benfica(f), E(1-1), Hugo Miguel (Tiago Martins), Beneficiados, (5-0), (+ 1 ponto)
17ª-Marítimo(c), V(5-0), Xistra (Esteves), Nada a assinalar
18.ª-Aves(c), V(3-0), Pinheiro (Sousa), Beneficiados, (2-1), Impossível contabilizar
19.ª-Setúbal(f), E(1-1), Veríssimo (António Nobre), Beneficiados, Sem influência no resultado

Corruptos
1.ª-Estoril(c), V(4-0), Hugo Miguel (Luís Ferreira), Nada a assinalar
2.ª-Tondela(f), V(0-1), Veríssimo (Malheiro), Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Braga(f), V(0-1), Xistra (Esteves), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Chaves(c), V(3-0), Rui Oliveira (Hugo Miguel), Nada a assinalar
6.ª-Rio Ave(f), V(1-2), Sousa (Godinho), Nada a assinalar
7.ª-Portimonense(c), V(5-2), Luís Ferreira (Sousa), Nada a assinalar
8.ª-Sporting(f), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Paços de Ferreira(c), V(6-1), Manuel Oliveira (Veríssimo), Beneficiados, (5-1), Sem influencia no resultado
10.ª-Boavista(f), V(0-3), Hugo Miguel (Tiago Martins), Nada a assinalar
11.ª-Belenenses(c), V(2-0), Veríssimo (Luís Ferreira), Beneficiados, (0-2), (+3 pontos)
12.ª-Aves(f), E(1-1), Rui Costa (Esteves), Nada a assinalar
13.ª-Benfica(c), E(1-1), Sousa (Hugo Miguel), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
14.ª-Setúbal(f), V(0-5), Tiago Martins (Rui Oliveira), Beneficiados, (0-3), Impossível contabilizar
15.ª-Marítimo(c), V(3-1), Mota (António Nobre), Nada a assinalar
16.ª-Feirense(f), V(1-2), Veríssimo (Paixão), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
17.ª-Guimarães(c), V(4-2), Soares Dias (António Nobre), Prejudicados, Beneficiados, (4-2), Impossível contabilizar
19.ª-Tondela(c), V(1-0), Godinho (Soares Dias), BeneficiadosPrejudicados, (2-0), Impossível contabilizar

Jornadas anteriores:
Épocas anteriores:
2016-2017
2015-2016

O 4x3x3 de Krovinovic

"Rui Vitória criou, desenvolveu e estabilizou, nas últimas semanas, o '4x3x3 de Krovinovic', que teve o seu auge na vitória, por 3-1, em Braga. Apesar de ser exagerado falar numa dependência do Benfica em relação ao médio croata, a verdade é que o ex-jogador do Rio Ave era peça preponderante no sistema táctico que veio substituir o 4x4x2, protagonista de inúmeros êxitos mas que viu o ciclo terminado, devido ao menor rendimento de Pizzi e à falta de coesão defensiva que as saídas de Ederson, Nélson Semedo e Lindelöf colocaram a nu.
Com Krovinovic lesionado com gravidade, só na segunda-feira, no Estádio do Restelo, teremos a certeza da forma como Rui Vitória resolverá esta questão de extrema importância para as aspirações do Benfica no que resta jogar da Liga. Mandaria a lógica que o sistema táctico se mantivesse. Afinal, a coesão defensiva continua a não ser mesma da época passada e é necessária toda a ajuda no miolo, principalmente frente a adversários que actuam em superioridade numérica nessa zona do relvado. Neste cenário, o substituto do croata será João Carvalho, que tem assinado bons pormenores e pode conhecer a afirmação plena.
Mas há, por outro lado, o 'quase sempre adiado' Jiménez, jogador fiável e que tão bem combina com Jonas. O mexicano garante presença na área e golo, podendo ser opção para onze titular em jogos frente a adversários que actuam com o bloco defensivo muito baixo.
A dúvida persistirá e o debate subirá de tom se os próximos resultados do Benfica não satisfizerem os adeptos."

Fome de títulos

"Esta é a semana CTT. Não por causa de factores economicistas da empresa, que a têm colocado na agenda mediática (com o aproveitamento político inerente), mas sim devido à ‘final four’ da Taça da Liga, que tem os correios como patrocinador. Jesus e Conceição fizeram curtas declarações de promoção da prova que tocam num mesmo ponto: Sporting e FC Porto precisam de troféus para ganharem o sabor das conquistas.
O espírito de campeão constrói-se com vitórias e títulos, sejam eles referentes ao campeonato ou a outra competição. É esse apetite voraz pelas conquistas que muitas vezes transforma uma equipa, assim como é o vício de ganhar que em tantas ocasiões faz a diferença. Sporting e FC Porto procuram construir uma mentalidade que não se ganha apenas pela dimensão do clube mas sim por aquilo que nele se conquista.
Advém desse ‘estatuto’ a sensação de séria ameaça que o Benfica representa na corrida pelo título. Em momento algum, Jesus e Conceição afastaram o tetracampeão dessa luta, mas conjunturas várias colocaram as águias numa situação de clara desvantagem que deixava antever a iminente capitulação. Afinal, aí está o Benfica, bem vivo e fresquinho, para ‘salvar’ a época com aquilo que, para todos, é tão-só o mais importante: o título de campeão nacional."

'Amigos' em rota de colisão

"Vai bem e muito melhor poderá ficar, já esta quarta-feira, o FC Porto no fim do jogo com o Sporting para a meia-final da Taça da Liga. Vai bem e muito melhor poderá ficar, já esta quarta-feira, o Sporting no fim do jogo com o FC Porto para a meia-final da Taça da Liga. Acontece, pura e simplesmente, que de momento tanto uma como outra equipa estão a dominar, esta época, o futebol português. Sporting e FC Porto têm deixado ficar o seu selo de qualidade, jogando não só para ganhar, como aliás tem acontecido – ok, há excepções, como é óbvio, e foi esse o caso do Sporting em Setúbal – mas sobretudo para dar prazer aos seus adeptos, o mesmo é dizer que nunca perdem de vista o espectáculo, o que tem sido muito bom. Não se estranha, por tudo isto e por muito mais do que tudo isto, que tanto FC Porto como o Sporting, cheguem a meio da época – o que é obra – com todas as possibilidades de ganharem as quatro competições em que estão envolvidos, embora com a grande diferença , que pode fazer toda a diferença, de ser muito menos difícil vencer a Liga Europa do que a Champions.
Estes quatro choques imediatos entre FC Porto e Sporting, em todas as provas nacionais, vão colocar à prova a estratégia que foi conveniente enquanto o alvo era apenas o Benfica. Com decisões à vista, começam a agravar-se as picardias, porque a ausência de títulos assim o determina, e as alfinetadas sucedem-se, alimentadas pelas máquinas de comunicação. Cabe a Sérgio Conceição e a Jorge Jesus serem capazes, através do seu discurso e influência, de recentrar o foco no que interessa: o futebol."

Recriar a cultura desportiva

"Se hoje pensamos nos valores do Futuro, isto significa que, para nós, começaram a envelhecer muitos dos valores do Passado e até do Presente. Com singular altivez, o Ocidente julgou imutáveis os seus conceitos de Verdade, de Bem e de Belo. “Moral só existe uma, como só existe uma geometria”, proclamava o iluminista Voltaire (1694-1778). A problemática dos valores resumia-se a pouco, para os europeus, nomeadamente os ocidentais: através de Jesus Cristo, Deus revelara-nos esses valores, só nos restava concretizá-los na vida, para nosso bem e glória de Deus. Se bem penso, não me arrogo de qualquer novidade: com o Racionalismo, o Empirismo, o Protestantismo, a Revolução Francesa e o nascimento do Capitalismo, o homem ocidental protagonizou uma radical mudança de paradigma, reivindicando para o Homem muito do que se pensava ser atributo de Deus e gerando assim um pujante antropocentrismo. Os “fundamentos” passaram a ser outros.
“Friedrich Nietzsche é o pensador que coloca, com a máxima radicalidade, a questão da desaparição do fundamento, através da tematização da morte de Deus. Mas, proveniente de muitos outros lados, torna-se uma questão pública o desaparecimento dos fundamentos em que assentavam todos os valores” (José A. Bragança de Miranda, Analítica da actualidade, Colecção Vega Universidade, Lisboa, 1994, p.71). Os filósofos do Iluminismo ainda dispunham da possibilidade de acreditarem numa “natureza humana”, que se mantinha inamovível, inalterável, para além dos condicionalismos de tempo, espaço e tradições. Mas a aventura humana (que é sempre inseparável do risco) atingiu, hoje, um ponto em que os valores não nos chegam abonados por qualquer preceito divino, ou pela investigação diurna e nocturna de uma escola filosófica, mas pela responsabilidade (ou pelo capricho) dos mais desvairados individualismos.
Vivemos, assim, no entender de Max Weber, um “politeísmo de valores”, onde predomina o tradicional livre-arbítrio que não se emancipou da publicidade, da propaganda, da ideologia dominantes. Um livre-arbítrio, acrescente-se, que não frequentou Erasmo, Espinosa, Galileu, Kant, Voltaire, Hegel, Marx, etc. E portanto onde o Poder condiciona e manipula o Saber, pois que a ideologia dominante é o Poder que a fomenta e propaga, com muita retórica e muita demagogia à mistura. As contínuas críticas à arbitragem têm uma “razão suficiente” (recordo, aqui, o “princípio da razão suficiente”): tudo, em democracia, deverá criticar-se, como sinal de liberdade que gera desenvolvimento e progresso. O que não significa que a crítica em questão, sendo razoável, tenha uma ponta de razão, dado que, frequentemente, se destina a esconder os erros de dirigentes, técnicos e dos próprios jogadores. Com ciência e consciência, é nosso um futebol que pode ombrear com o que, nesta área, de melhor o mundo tem. Sem ciência e consciência, tomamos alarmada consciência de que o nosso futebol é mediano e chega a ser medíocre. Eu volto à Federação Portuguesa de Futebol. A elevada temperatura emocional que envolve e como se exprime o clubismo futebolístico português mostra-se incapaz de colher as lições de “espírito desportivo” que florescem na conduta irrepreensível do Dr. Fernando Gomes, o presidente da FPF e do engenheiro Fernando Santos, seleccionador nacional de futebol (e da equipa técnica que o acompanha). Apraz-me salientar, também, o Dr. José Lourenço Pinto, presidente da Associação de Futebol do Porto e pessoa de um alevantado ideal de Justiça e portanto sempre a pleitear contra a mentira e a vaidade que são os objectivos primeiros de muita gente que invadiu o futebol português e nele, com prosápia, se instalou. 
Segundo o Código de Ética Desportiva, do Plano Nacional de Ética no Desporto, o “espírito desportivo é respeitar códigos, regulamentos, honrar a palavra dada e os compromissos assumidos, recusar o recurso a quaisquer meios ou métodos, ainda que legais, no sentido de vencer ou tirar vantagem, bem assim como repudiar esses comportamentos ou atitudes, junto daqueles que prevariquem ou que influenciem terceiros, nesse sentido”. Portanto, o desportista (o verdadeiro desportista) é um homem que está na ética, como o homem (no entendimento de Espinosa) está em Deus. Recordo, com alegria, a leitura que fiz, em finais da década de 70, do Nascimento da Clínica de Michel Foucault, onde aprendi que a Medicina, a partir dos últimos anos do século XVIII, se constituiu como uma ciência objectiva do corpo – que só pela fisiologia se estudava! Entendi, então, a razão por que a Educação Física nasceu também no século XVIII. E, quando em 1983 visitei o Brasil, pela primeira vez, a convite do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, foi com o tema “O Racionalismo na Medicina e na Educação Física” que me apresentei, como orador, na sessão de abertura de um congresso. Onde, aliás, manifestei a minha convicção de que o dualismo antropológico racionalista era o reflexo do dualismo social rico-pobre, ou senhor-servo. Submersas num cartesiano fisiologismo, nem a Medicina, nem a Educação Física, podiam fazer suas, nesses recuados anos, as palavras de Espinosa, onde não cabiam o dualismo metafísico-ontológico do res cogitans-res extensa, ou o das Duas Cidades de Santo Agostinho. E, para um desporto cartesiano e positivista, os valores contavam pouco. As reivindicações científicas do desporto não ultrapassavam os limites do paradigma biomédico…
Ora, a investigação sobre atividades humanas concretas (como o desporto, por exemplo) levanta questões que são irresolúveis, na ausência de opções éticas e culturais que envolvem a complexidade humana. Portanto, qualquer resultado de uma investigação empírica, no âmbito do desporto, deve integrar hipóteses suplementares de natureza filosófica e epistemológica, para poder compreender-se. O que equivale a dizer que a cultura (ou incultura) de um treinador é fundamental na sua liderança em particular e na sua conduta em geral. De facto, de tanto julgar-se que medir é só quantificar têm muitos “agentes do futebol” uma aberta relutância em aceitar conclusões que não decorram de técnicas estatístico-matemáticas, como se, no conjunto das hipóteses auxiliares mobilizadas, todas as hipóteses não matematizáveis fossem sempre “coisas” irrelevantes. Quando comecei a falar, publicamente, da teoria da “motricidade humana”, os quadros de referência cultural de muitos dos que rejeitavam (e rejeitam) as minhas ideias pensavam (e pensam) a Educação Física na mais pétrea atitude fixista, com um espaço de saberes que ainda não ultrapassou, nem Descartes, nem Comte. Estavam (estão) perfeitamente conformados com o que o Passado lhes legou. De facto, o Passado é para respeitar-se, mas para ser (no todo, ou em parte) ultrapassado também. E, se não se ultrapassa o Passado, a ciência passa a religião; na resistência às teses adversárias, há mais agressividade, há mais dogmas, do que tolerância e conhecimento. Há, assim, necessidade de uma “revolução científica” nos programas dos cursos universitários de Desporto e nos cursos de treinadores. A resistência ao paradigma “motricidade humana” resulta mais da inércia de um “senso comum”, mascarado de científico, do que de estudo e investigação rigorosos…
E termino com António-Pedro de Vasconcelos, no seu livro O Futuro da Ficção (Fundação Francisco Manuel dos Santos, Lisboa, 2012): “Foi sempre a ficção que moldou as civilizações e lhes garantiu prestígio e eternidade, como foi a sua ausência ou o seu declínio que as deixou no esquecimento, ou as condenou à decadência; foi a capacidade de imaginação que o criadores tiveram para representar a realidade, sob a forma de palavras, de sons, ou de imagens, que fez a Atenas de Sófocles, Ésquilo e Eurípedes, a Florença dos Médici, a Roma de Miguel Ângelo e de Bernini, a Inglaterra de Marlowe e de Shakespeare, a Espanha de Cervantes e de Velásquez, a Versalhes de Molière, de Corneille e de Racine, a Viena de Mozart e de Beethoven, a França de Balzac, de Stendhal e de Victor Hugo, a Itália de Verdi e de Puccini, a Rússia de Pushkin e de Gogol, de Dostoiewski e de Tolstoi, a Hollywood de Chjaplin e de Capra, de Ford e de Howard Hawks. Sob a forma de romances e poemas, de pinturas e esculturas, da ópera, do teatro, ou dos filmes, foi sempre a ficção que moldou o imaginário dos homens e consagrou a memória das civilizações”. E assinala ainda este notável cineasta português e homem de invulgar erudição: “Daí, a minha interrogação: neste limiar do milénio, onde estão as ficções que irão despertar novamente os nossos sonhos e mobilizar as nossas energias? E de onde irão surgir” (p. 9). Nas novas formas de ficcionar a realidade, também estão muitos dos factores científicos e culturais de progresso da prática desportiva. Mas, para serem actuais, é preciso recriá-los, é preciso submetê-los a uma sistemática interrogação e até a uma rigorosa interdisciplinaridade. Mas o senso comum de muita gente ainda não descobriu que construir, desconstruir e reconstruir é o princípio estruturante de qualquer paradigma. E não o 4x4x2, ou o 4x3x3, ou o 3x5x2, ou o 4x2x3x1, etc., etc."

Sobre Krovinovic

"O azar bateu, anteontem, à porta de Krovinovic. Num lance, inofensivo, sozinho (como tantas as vezes acontecem as lesões mais graves), o médio croata viu chegar ao fim, de forma abrupta, uma época que era já de afirmação. É uma pena, independentemente das cores que se defenda, ver um miúdo de 22 anos, tenha ele muito ou pouco talento, sofrer lesão que o afastará durante muitos meses dos relvados. As primeiras palavras têm, pois, de ser para ele: que recupere bem e volte depressa.
Centremo-nos, agora, no problema que o azar de Krovinovic coloca a Rui Vitória. O médio croata era o principal motor do 4x3x3 com que o treinador encarnado conseguiu resolver as fragilidades da equipa, demasiado expostas no 4x4x2 que parece ter-se esgotado na conquista do tetra.. Sim, Jonas é a principal figura (mas o brasileiro, já se percebeu, marca em qualquer sistema) e Fejsa, em forma, a garantia de equilíbrios sempre indispensáveis num conjunto que passa tanto tempo no meio-campo contrário. Mas era Krovinovic, com a sua capacidade para ter a bola e com ela galgar metros sem perdê-la para os adversários, quem transmitia à águia a dinâmica que se lhe percebeu nos últimos jogos e que conseguiu, enfim, entusiasmar os adeptos, quase esquecidos das frustrações da primeira metade da época.
Perdê-lo numa altura em que o novo sistema estava já consolidado - disse-o o treinador e mostraram-no as exibições - constitui duro revés. Não sendo expectável que Vitória volte atrás, a aposta, com sucesso, no 4x3x3 fica dependente de encontrar, no plantel, alguém que faço o que só Krovinovic conseguiu até agora fazer - não se vislumbra nenhum outro jogador com as qualidades do croata, mas Vitória já surpreendeu noutras ocasiões... Ou, então, esperar que os últimos dias do mercado lhe traga quem resolva, por si só, o problema. Rakip pode ser uma hipótese, mas para já ainda é um ilustre desconhecido."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Ao rubro

"E se é verdade que FC Porto e Benfica mantiveram as suas performances, foi o Sporting que deu o grande contributo para que a classificação se tivesse transformado numa escadinha.

haviam sobrado momentos escaldantes da jornada anterior com tudo que se passou na Amoreira, onde estão por cumprir 45 minutos de um jogo de sinal menos do Futebol Clube do Porto frente ao Estoril Praia, e eis que outros condimentos se vieram juntar ao apetitoso manjar em que está a transformar-se o nosso principal campeonato de futebol.
Não era previsível, há algum tempo, que no dealbar da segunda volta da Liga NOS os três grandes candidatos se aproximassem de forma tão evidente, com o Sporting de Braga a espreitar ali mais ou menos por perto.
E se é verdade que FC Porto e Benfica mantiveram as suas performances, uns com mais dificuldades do que outros, foi o Sporting que deu o grande contributo para que a classificação se tivesse transformado numa escadinha, onde é visível a circunstância segundo a qual, a partir de agora, cada um depende apenas de si próprio, o que não acontecia há alguns dias atrás.
Foi clara a vitória dos encarnados, na Luz frente a um Desportivo de Chaves, sempre muito bem organizado mas incapaz de se opor aquele que parece ser o renovado Benfica que deixou à vista as vantagens nascidas da “libertação” de outras frentes para as quais não revelara, entretanto, capacidade de enfrentar.
No Dragão, os comandados de Sérgio Conceição mantiveram-se durante muitos minutos em vantagem escassa, um resultado sempre muito perigoso em qualquer circunstância.
O Tondela deu luta, e só atirou a toalha ao chão quando o juiz mandou toda a gente para casa, mas nada se pode opor à justeza do resultado final.
E o Sporting? Jogou a sorte das varas no estádio do Bonfim? Pelo menos ficou essa ideia.
Adormecer sobre a vantagem mínima, sem curar de ir ao encontro da tranquilidade com a obtenção de um ou mais golos, deu no que deu.
Dois pontos atirados borda fora, também porque o V. Setúbal recusou render-se, e colheu frutos da perspicácia do seu treinador.
Estamos ainda muito longe do início do sprint final. No entanto, há novos dados que fazem aumentar a ansiedade de todos os adeptos."

Cânticos de morte

"Depois do trágico acidente aéreo que vitimou a equipa brasileira Chapecoense, um grupo de adeptos do FC Porto entoou um vergonhoso cântico, aparentemente orquestrado pelo líder da claque dos Superdragões - conhecido como “Macaco” -, onde se desejava o mesmo destino à equipa de futebol do Benfica.
O caso foi muito falado e deu inclusivamente origem a um processo judicial.
Ora, agora sucedeu quase o mesmo com a claque do Sporting, a propósito de um episódio ocorrido no estádio do Estoril. O caso é que, tendo a bancada onde estavam os adeptos portistas ameaçado ruir, os sportinguistas vieram desejar que tal tivesse acontecido (eventualmente com mortes, acrescento eu). 
Estas manifestações não têm classificação possível. Estão abaixo de qualquer adjectivo. Primeiro, demonstram total insensibilidade perante as tragédias: a claque portista fez humor com as mortes dos jogadores e dirigentes da Chapecoense. Depois, demonstram ódio aos adversários, desejando-lhes o mesmo fim. Finalmente, denunciam falta de confiança nas suas próprias capacidades: quem se sente forte não quer que os adversários morram para vencer por falta de comparência.
E a juntar a estes fenómenos de selvajaria no desporto há outros, como as “caixas” sob vigilância policial onde as claques dos clubes são metidas para se dirigirem aos estádios das equipas adversárias, parecendo feras enfiadas em jaulas prontas a abocanhar quem se lhes atravesse no caminho.
Dir-se-á que tudo isto são provas de que o futebol está doente.
Eu não vou por aí: tudo isto são provas de que a sociedade está doente. Estes fenómenos doentios não nascem no futebol: nascem na sociedade e manifestam-se no futebol. O futebol é um tubo de escape para certos males sociais. É um vazadouro de emoções. E ainda bem que o futebol existe para desempenhar este papel.
Basta ir às redes sociais para perceber isso. Estão cheias de ódios, de indivíduos recalcados insultando-se gratuitamente, agredindo-se, dizendo palavrões.
Estas manifestações ainda seriam compreensíveis durante a crise, na presença da troika, quando os portugueses tinham de apertar o cinto e as perspectivas eram negras.
Mas como entender esta raiva hoje, quando as coisas melhoraram (pelo menos na aparência) e as pessoas têm mais dinheiro no bolso?
Como entender esta raiva num país como o nosso, onde é agradável viver?
Custa-me perceber. Olhando para povos que vivem com evidentes dificuldades, que lutam contra uma extrema pobreza, que estão sujeitos a ditaduras, sem liberdade nem o mínimo de condições, percebe-se que possam viver com raiva. Mas nós que tivemos a sorte de nascer na Europa, que temos a sorte de beneficiar de um clima ameno, que temos a sorte de ser banhados pelo mar, que temos uma boa comida, bons vinhos, uma assistência razoável na doença, como perceber esta raiva?"

Alvorada... do Júlio

Benfiquismo (DCCXXV)

Evolução...

Vitória...

Benfica 99 - 59 Barreirense
30-11, 30-18, 19-14, 20-16

Qualificação para a Final 8, da Taça de Portugal, garantida de forma tranquila...