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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Futebol, prosa e poesia

"Reencontrei recentemente, lendo o livro 'Planeta Futebol', do jornalista e comentador Luís Freitas Lobo, uma memorável caracterização do futebol europeu e do sul-americano. Essa caracterização foi feita, de forma magistral, pelo escritor e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, assassinado em 1974. Dizia ele que o futebol europeu é prosa e o sul-americano poesia.
Pensa-se no estilo e na carreira de grandes nomes do futebol destes continentes e percebe-se o sentido das palavras de Pasolini, poeta que, como quase todos os poetas, conseguiu ter um inexcedível poder de síntese em relação àquilo que outros precisam de explicar escrevendo ensaios e tratados.
Na realidade, se compararmos Pelé, Maradona ou Zico a Platini, Van Basten ou Gulit, percebemos a diferença. Enquanto uns versejam com a bola, criando com ela uma relação de cumplicidade e intimidade, os outros constroem a geometria do rigor e da eficácia, visando muito mais o resultado do que o espectáculo. Claro que estas comparações são quase sempre grosseiras e falíveis, mas servem para sublinhar tendências e sistemas.
As melhores páginas sobre a arte do futebol têm sido escritas, ao longo das décadas, por escritores amantes do futebol, embora os verdadeiros protagonistas dessa 'escrita' tenham sido, como é natural, os jogadores de génio, como Eusébio, que chegam a dar-nos a ilusão de que aquilo que se passa no relvado é coisa natural e está ao alcance de qualquer um. Nada mais ilusório e enganador.
Com frequência, a pouca flexibilidade dos dispositivos tácticos amputa os jogos da sua componente espectacular, para prejuízo dos jogos, dos espectadores e, naturalmente, dos jogadores.
É em época de episódico defeso que sobra tempo para estas fugazes reflexões. Entretanto, outros jogos estão à porta, num ano que se anuncia difícil socialmente, e todos sabemos que a única alegria de muitos é dos campos de futebol que deverá vir, entre prosa e poesia."
José Jorge Letria, in O Benfica

Homenagem em ... silêncio

Amigos/as benfiquistas

Peço desculpa por aqui vos apresentar este video que gostaria que vissem não por interesse futebolístico mas sim num ar de prece e compreensão para o respeito que nos merece quem deixa o "palco" terreno.
Ontem, no jogo para a Taça da Liga, tudo foi preparado ao pormenor para homenagear um dos portistas MAIS AMIGOS de sempre do Benfica. Pôncio Monteiro recentemente falecido, Paz à sua alma.
Antes do inicio do jogo lá aparece a foto do homenageado. Diz-se que era cristão praticante.
Como sabemos o cristianismo apela à calma, serenidade, paz de ideias e movimentos, tudo na religiosidade do ... SILÊNCIO.
Daí que os Cristãos que se encontravam nas bancadas e iniciaram o jogo numa festa que não se adequava ao silêncio que seria suposto existir, no que ao respeito concerne, decidiram enviar uma mensagem enganadora ao guarda-redes portista, Kieszek, onde se lia:
Agarra-me essa bola pois ela é uma "águia" disfarçada e não queremos que essa maldita estrague a nossa festa de homenagem.
Sendo de nacionalidade Polaca, mas percebendo bem o português, assim que a bola chegou junto de si, atirou-se a Ela com unhas e dentes, como se uma "Aguia", fosse fácil de agarrar.
Que me perdoe a minha queria e verdadeira águia, mas quem viu logo a tramóia e não foi em falsos "bilhetes" foi o Anselmo, avançado do Marítimo que, dizem, é Ateu e daí pregar-lhe um pontapé que até a mim me "doeu".
Acredito que foi tudo propositado visto que até o Vilinhas Broas a dada altura se colocou de joelhos, em vénia, como se pode ver no video.
Benquerença o árbitro do jogo, qual "estraga momentos solenes" mandatário dos antis-Cristãos, ainda "construiu" um penalty a favor da agremiação que queria estar em silêncio, o que originou um golo e o salto desrespeitoso de milhares de "Cristãos" os quais ao que se imagina olhando à solene cerimónia deveriam ter ouvido das boas de um homem que costuma oferecer campeonatos aos falecidos cujas promessas acabam como a homenagem de ontem. Em silêncio.
Daí que já depois do Ateu Anselmo, que não compreendeu o estado de silêncio, parecendo até algo zangado porque não gosta da "águia" e julgava que a bola era uma, aplicou-lhe uma cabeçada imperdoável, e aí honra seja feita ao Kieszey, seguiu-o com o olhar nem tentando travar o seu caminho, por respeito às orações que já se ouviam, e a partir daí ainda mais, nas bancadas.
Depois na igreja do Dragão por mandamento do Padre Benquerença, ser lido para o Porto uma oração de pai Nosso que estais no Céu, surge Anselmo que depois de alertado não quis estragar o momento solene e daí puxar da sua Bíblia sagrada e rezar duas Avé Marias, espalhando assim a ideia que se tinha também abraçado a causa nobre e ajudar assim a que o silêncio fosse uma realidade, ouvindo-se apenas a Oração da causa perdida e da homenagem sagrada a um dos homens que mais "amou" o Benfica e a quem, à pessoa "viva", e não à alma feita vida, em descanso entre os mortos, foi prestada a devida homenagem em ...... silêncio