"Mais um jogo de campeonato difícil para o Benfica, que bateu o Gil Vicente por 3-2 em Barcelos, mas não sem o sofrimento de quem não consegue controlar o jogo. Musa voltou a ser o Musa da última época, entrando nos últimos minutos para marcar o golo da tranquilidade
Está, digamos, nervoso este Benfica de início de época, ainda à procura de engavetar uma exibição verdadeiramente convincente neste campeonato. Em Barcelos, território tradicionalmente difícil - e o Gil dá mostras de poder ser uma equipa a ter em conta esta temporada -, a vitória e o resultado de 3-2 contará bem a história de uma equipa que fartou-se de calcorrear a área adversária na 1.ª parte, para na 2.ª não ser capaz de gerir o jogo, contribuindo para que este se desgovernasse e permitindo que o meio-campo do Gil fosse, em certos momentos, o setor mais afinado do encontro.
No final, e tal como aconteceu tantas vezes ao longo da última temporada, seria Musa aproveitar os minutinhos dados para oferecer a eficácia do costume, aliviando o Benfica já dentro dos descontos, depois de largos momentos em que o Gil ameaçou o empate. Foi sofrido, como foi a vitória com o Estrela na última semana, como foi o jogo no Bessa que o Benfica perdeu. E os encarnados (ou Roger Schmidt) lidam ainda com um caso na baliza (Vlachodimos voltou a não ser convocado e Samuel Soares manteve-se como titular), com a falta de soluções nas laterais (Aursnes foi, de novo, lateral esquerdo) e com um novo avançado, Arthur Cabral, ainda perdido nas movimentações dos colegas, no entrosamento que é difícil de coagular em dois jogos.
Só que o Benfica precisa do ex-Fiorentina para ontem, se a ideia é mantê-lo como titular. Depois de uns primeiros minutos de mais iniciativa gilista, parecendo até surpreender o Benfica, os campeões nacionais acertaram a pressão e a partir dos 10 minutos começaram a assediar a área da equipa da casa. Ainda assim, os encarnados estavam perros, lentos nas decisões. A vantagem que surgiu num pontapé de penálti aos 19’, que Di María converteu, não abanou o Gil, mas tão-pouco deu confiança ao Benfica, que ainda assim ia criando mais perigo pelo lado esquerdo, onde João Mário era o metrónomo.
Apesar da presença no meio-campo e até na área do adversário, poucos lances de perigo surgiram, exceção para um cabeceamento de Arthur Cabral após livre lateral, que Andrew defendeu bem com o pé - foi um raro momento de surgimento do brasileiro que, de resto, voltou a não comparecer.
Depois de levar com um susto ainda antes do fim da 1.ª parte (Rúben Fernandes ia surpreendendo a defesa do Benfica com uma cabeçada em movimento, mas Samuel Soares estava atento), o Benfica entrou na 2.ª parte a ver o Gil Vicente com vontade de discutir o jogo. Começava a aparecer a linha de médios Tiba, Dominguez e Fujimoto. Mas, para arriscar a atacar, perdeu-se capacidade de responder a erros e aos 53’, num ataque rápido, Rafa conduziu, deu para João Mário e foi à área emendar o cruzamento de Aursnes.
Com 2-0, o Benfica confiou. Schmidt lançou Neres, esperançoso que a equipa de Barcelos continuasse a dar espaços. O jogo partiu, mas para os dois lados. Zé Carlos assustou Samuel Soares com um remate rasteiro e cruzado e na outra baliza foi Rafa a falhar por pouco após um grande passe de Kokçu. E aos 74’, o Gil reduziu, num lance confuso na área, que o Benfica não soube limpar.
E assim se abre o jogo. Sem capacidade de gerir, deixando Tiba e Dominguez (passagem da ala para o miolo decisiva) tomarem conta do jogo, o Benfica tremeu. Só o golo de Musa, na primeira vez que tocou na bola, permitiu suspirar, em mais uma noite de pouca inspiração. O avançado croata recebeu um passe bem açucarado de João Neves e fez o 3-1, já aos 90’+4, com o Gil a responder de imediato com um golo de livre direto de Maxime Dominguez. E o sofrimento encarnado só não continuou porque não havia tempo para mais."