Últimas indefectivações

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Cada vez mais pequenos e periféricos

"Mark Twain, pseudónimo de Samuel Clemens, escreveu no século XIX que "uma mentira pode dar a volta ao mundo enquanto a verdade ainda calça os sapatos". Clemens morreu em 1910, sem conhecer a internet, o e-mail ou as redes sociais, caso contrário teria escrito o mesmo com proporções garantidamente bem distintas daquelas que nos deixou.
Pelo que fui e pelo que sou, funcionário antes, adepto e sócio agora, sou parte interessada no que a seguir passo a escrever, como interessados são, embora com posições diferentes, todos aqueles que do outro lado da barricada se reclamam justiceiros e monopolistas da virtude.
A primeira instância da justiça passou a ser feita na comunicação social, culpa do voyeurismo dos nossos dias, da vertigem dos factos e, naturalmente, do tempo da decisão judicial. Na fronteira cada vez mais ténue entre a justiça e a comunicação, a presunção de inocência perde sempre. E é com base nesta fraqueza dos nossos dias que assenta a estratégia do FC Porto no caso dos e-mails.
De facto, não interessa a verdade, mas a percepção da mesma. Não interessa o apuramento rigoroso dos factos pelas entidades competentes, mas, sim, a gestão dos media, a divulgação total ou parcelar, sem contexto ou enquadramento, de correspondência que já foi privada.
O que na verdade interessa é condicionar os agentes desportivos (o último jogo do FC Porto é o melhor exemplo disso), manchar a reputação de uma marca, denegrir pessoal e profissionalmente pessoas cuja presunção de inocência se vai perdendo numa estratégia de poder sem decência e sem limites.
Tudo isto, convém lembrar, tem na base um crime e conta com o aval da justiça portuguesa, para quem, por decisão de um dos seus agentes, a "justiça" pode continuar a ser feita nos media.
Em Espanha, num caso muito semelhante em que um conhecido escritório de advogados foi hackeado, um tribunal demorou uma semana a impor duras sanções a quem, nos media, se aproveitasse desse crime.
Os e-mails deixaram de ser apenas um instrumento de trabalho, são um veículo privilegiado de partilha em que, muitas vezes, nos excedemos, desabafamos, celebramos ou nos lamentamos de decisões ou momentos do nosso dia-a-dia. Devem esses e-mails ser usados numa lógica de confronto e revanche? Não creio, nem penso que isso aproveite quem o faça.
No meio desta frenética batalha em que o que menos interessa é a salvaguarda da credibilidade do futebol português, convém respeitar certos limites e, se esses forem ultrapassados, importa que a comunicação social saiba distinguir o que realmente tem interesse público e aquilo que apenas serve para amesquinhar.
Não está em causa qualquer ilícito, mas, sim, a ética e a privacidade a que cada um de nós deve ter direito, e tem, mesmo que esse direito nos seja negado por quem prevarica semanalmente e caucionado por quem tem precisamente o dever de o evitar.
Seria interessante perguntar ao juiz que indeferiu a providência cautelar interposta pelo SL Benfica se gostaria de ver os seus e-mails publicitados semanalmente, sem filtro e sem contexto. Seguramente que não, mas, negando qualquer conflito de concorrência e tornando abstracto um conceito bem concreto como é o da privacidade, este juiz consentiu na continuação de uma prática ilegal e, pior do que tudo, imoral.
O FC Porto tem todo o direito de pedir que se investigue o que acha que é ilícito, mas não tem o direito de persistir num crime que, mais cedo ou mais tarde, será reconhecido.
O futebol português precisa de rivalidade entre os seus principais clubes, mas dispensa a hostilidade e o ódio com que semanalmente se vai alimentando a imprensa e os adeptos. Essa é uma estratégia que nos prejudica a todos, mesmo que alguns achem o contrário.
Persistindo na via do "quanto pior, melhor", estaremos condenados a ser cada vez mais pequenos e mais periféricos.
Uma nota final que quero aqui deixar: saí do Benfica por desgaste e por cansaço, orgulhoso de ter podido partilhar oito anos com uma equipa de excelentes profissionais. Um desabafo tirado do contexto não altera nada nem muda a amizade e o respeito que prevalecem mais de um ano e meio depois.
Ao presidente Luís Filipe Vieira todos os benfiquistas devem a radical transformação que o clube sofreu nestes últimos 14 anos. É bom ninguém se esquecer disso! Em relação a Domingos Soares Oliveira, foi e continua a ser peça fundamental na estrutura do clube, e os seus méritos não podem ser questionados. A terminar, gostaria de individualizar uma terceira pessoa: Paulo Gonçalves, meu amigo e um profissional dedicado, vítima de um ataque injusto numa fase difícil da sua vida. A ele, a minha palavra de admiração e gratidão."

Eusébio e o adeus do Feiticeiro...

"Surgiu um novo filme sobre Stanley Matthews: «The Original n.º7». Tempo para recordar o seu jogo de despedida, em Stoke, ao qual não faltou a grande estrela do Benfica. Um daqueles momentos especiais da história do futebol...

'For he's a jolly good fellow...', cantavam mais de 40 mil pessoas no velho estádio do Stoke City, o Victoria Ground.
Stanley Matthews: o Feiticeiro do Drible.
Uma figura! E que figura!
Acabou agora se surgir nos ecrãs do cinema um filme sobre ele: 'The Original n.º7'. Sim, ele foi o primeiro grande número 7. Primeiro jogador a receber a Bola de Ouro. 'Ele foi o homem que nos ensinou a jogar futebol', disse Pelé.
Dia 28 de Abril de 1965: Eusébio estava lá. Podia alguma vez faltar?! Era o adeus de Matthews ao futebol. 32 anos de futebol!
Já tinha completado os 50 anos. Aliás, reparem: jogou a sua última parida oficial no campeonato de Inglaterra com 50 e 5 dias. No final diria: 'Sinto que o meu abandono ainda é pouco precoce'.
Foi para Malta. Continuou a jogar lá na ilha do Mediterrâneo até se fartar de vez.
Mas eu estava no tal dia 28 de Abril de 1965. O adeus do Feiticeiro.
Ele próprio destacou na sua autobiografia 'The way it was', infelizmente não traduzida em português. 'Os jogadores que se deslocaram a Stoke para a minha despedida deixaram-me radiante - da velha escola, contava com Di Stéfano, Ferenc Puskás, Raymond Kopa; da nova tinha Eusébio, Denis Law e Jimmy Greaves'.

Eusébio não marcou
Quando Eusébio não marcava golos, era uma notícia.
Enfim, o jogo era mais de entretenimento. De festa. Havia, de um lado, a Equipa do Stan (escolhida por Matthews), e do outro a Equipa do Resto do Mundo. Era nesta que jogava Eusébio, claro.
'Todos os jogadores internacionais que compareceram eram de formidável categoria! E o público devotou a cada um deles ovações dignas da sua classe. Nesse aspecto foi admirável!'
Sim, só pode ter sido. Havia Eusébio, Di Stéfano, Puskás, Kopa, mas também Yashin, Schellinger, Masopust, Popluhar, Uwe Seeler, Overath, Gento e Kubala, por entre outros.
Golos, golos e mais golos!
A festa dos golos!
A Equipa do Resto do Mundo venceu por 6-4. Seis a quatro! Um luxo!
Na equipa de Stan, estavam Denis Law, Jimmy Greaves, Bobby Charlton, Roger Hunt.
O povo nas bancadas delirou.
'No final do jogo', escrevia Stanley Matthews, «todos os jogadores se reuniram no centro do terreno, dispostos em círculo. O público cantava 'Auld Lang Syne' e eu sentia um arrepio na espinha à medida que as lágrimas me corriam pela cara. Yashin e Puskás ergueram-me em ombros. Levaram-me pelo meio de todos os enormes jogadores presentes em direcção ao túnel e ao meu adeus. Não voltaria a jogar no meu armado Victoria Ground».
Sir Stanley Matthews morreu no dia 23 de Fevereiro de 2000, com 85 anos.
Na sua campa, ficou registado um poema de escritor incógnito:
'Do not stand at my grave and weep
I am not there. I do not sleep
I'm a thousand winds that blow
I am the dimond glints in snow'.
Antes desse seu adeus definitive, houve o adeus de Victoria Ground.
Eusébio esteve presente: o Grande Futebol não passava sem ele..."

Afonso de Melo, in O Benfica

As cartas de Manuel Goularde

"O mister só queria três bolas em condições para os treinos, mas a fraca qualidade da borracha furou-lhe os planos.

Na sua altura Manuel Goularde seria, provavelmente, conhecido como o homem dos sete ofícios. Era empregado da Farmácia Franco, assumia as funções de tesoureiro do Clube e foi o primeiro técnico da equipa 'encarnada'. Tudo isto em simultâneo. Reza a lenda que também foi o criador dos famosos '15 minutos à Benfica': reservar energias para, nos últimos 15 minutos, surpreender o já derreado adversário.
Meses depois da criação do Grupo Sport Lisboa, do qual Goularde foi, também, fundador, o material básico e indispensável aos treinos começou a escassear. Proactivo, o mister pegou esferográfica e escreveu uma carta, no seu melhor inglês, endereçada a A. W. Gamage Ltd, uma loja londrina de vendia desde brinquedos a artigos de desporto, para encomendar o material em falta. Datada de 28 de Setembro, a carta ia acompanhada de um cheque para liquidar a encomenda. Eram três bolas, um apito para o árbitro e um livro sobre regras de futebol, se faz favor. No final, sublinhava que a equipa precisava do material com urgência e agradecia que a encomenda lhe fosse enviada o mais brevemente possível.
A 12 de Novembro chegava a remessa a Belém. Podiam recomeçar os treinos! Mas... as coisas não foram assim tão fáceis. O apito estava afinado e o livro era muito útil. Dali saíram, certamente, ideias brilhantes para melhorar a táctica dos jogadores. O problema era as bolas que estavam sempre a furar-lhe os planos. Ao fim de 20 minutos de treino o primeiro esférico rebentou, 'o que nos desiludiu bastante'. O segundo não rebentou porque já vinha rebentado, ou melhor vinha com um furo que  tornava impossível de encher, por mais vigor que se pudesse na tarefa.
A 25 de Novembro Goularde escreve nova missiva a avaliar o material. A primeira bola foi o que se viu e os restos mortais da segunda foram reenviados ao fornecedor para averiguar qual seria o problema. 'Só pode ser da má qualidade da borracha'. O último pneumático da remessa era o único que estava em condições. À terceira foi mesmo de vez: 'Já jogámos bastante com ele e continua bom'. Dos três apenas um se safou. De facto, a média não é brilhante, mas os treinos e as vitórias deles resultantes compensaram a pouca sorte.
Pode saber mais sobre estas cartas na área 18 - E Pluribus Unum, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Furtado, in O Benfica

Insinuação torpe

"Anda por aí gente, há pouco tempo chegada ao futebol, que mais não tem feito do que contribuir para o descrédito da modalidade mais querida dos portugueses.

As insinuações torpes dirigidas aos jogadores do Sporting de Braga, que no estádio José Alvalade quase iam repetindo a façanha do ano passado no mesmo recinto, não passaram de um ataque gratuito e irresponsável de quem deveria começar por ter respeito por si próprio.
Dir-se-á que estes são os novos tempos do futebol, carregados de desmandos e sem respeito por pessoas e por valores. Mas também por isso, não são aceitáveis tais comportamentos.
Os dirigentes bracarenses já reagiram e irão certamente mais longe para que haja consequências por tudo aquilo que foi dito.
Para evitar males maiores talvez esteja a caminho um “mea culpa” da parte de quem foi responsável por tão inaceitável e condenável acto. É o mínimo que se espera e exige.
Ainda assim, seria bom que alguém de direito colocasse um travão neste clima que se sente cada vez mais pesado à volta do futebol português para assim poder evitar que um dia destes estejamos perante situações ainda muito mais lamentáveis."

Futebol? Adoramos o cheiro a napalm pela manhã!

"Consegues cheirá-lo, rapaz? É napalm, filho! Nada no mundo cheira assim. Adoro o cheiro a Napalm pela manhã!
Colonel Bill Kilgore tem de estar a falar do futebol português depois de mais uma jornada. O nosso Apocalypse em rectângulo à beira-mar plantado, repetido vezes sem conta, até não haver mais nada para queimar, nem sequer a própria pele, entre apitos finais e pontapés de saída.
O meu futebol mistura-se com os perfumes das castanhas assadas embrulhadas em papel-de-jornal-desportivo-para-espreitar-depois e da terra molhada. Com os sorrisos traquinas de mãos dadas aos dos pais. A olhar constantemente para cima, à espera de que os coloquem aos ombros e lhes permitam ver o resto do mundo, para lá do que sempre conheceram. Os carros estacionados nos montes, e a peregrinação lenta, degustativa, para as bancadas. As famílias à conversa, o local de encontro, os comentários de treinador de circunstância. Os lamentos. As memórias. O orgulho.
As bocas, sim. Havia bocas. Normal.
Lembro-me. Ainda me lembro das imitações feitas nos pelados, às vezes em alcatroados, outras rugosos e assassinos passeios de calçada. A corrida escadas-abaixo a desafiar a gravidade, d.M. Depois de Maradona.
Viram? Vocês viram aquilo?
O génio. Que se lixe a mão de Deus. Esse puño apretado, gritando por Argentina.
Aí, depois do quem-escolhe-quem e do pedra-papel-tesoura, não havia video-árbitro. Ou árbitro, sequer. Não havia super-slow-motion, ou apenas slow motion. Nem repetições. Apenas uma bola, o gostar de a ter nos pés, e o repetir do que se sonhava, e que nos fazia adormecer tranquilos.
O travo a napalm, sentem-no? A terra queimada, a cultura desportiva destruída. A falta de respeito constante, involuímos em vez de evoluir. Implodimos em vez de explodir.
Não poderíamos ser inocentes para sempre. Não poderíamos nunca morrer puros, mas deixámos escapar o que nos fazia gostar do jogo. A beleza, a arte, a qualidade, o génio. Tornámo-nos resultadistas por convicção, a todo o custo.
As famílias desagregaram-se, por cautela. Substituímos adeptos por facções armadas, com e sem uniforme. Trocámos o golo pelo penálti não marcado, a jogada pelo fora-de-jogo, a grande defesa pelo frame. O nosso futebol é feito de super slow motions constantes, imagens paradas, jogos intermináveis. Duram dias sem fim. 
A verdade desportiva que tanto se defendeu é apenas uma meia-VARdade. De que vale tentar levantar uma casa sobre areias movediças? Que verdade pode existir sem cultura desportiva?
O cheiro a napalm nas redes sociais. Bots e trolls, trolls e bots, a tentar influenciar, a passar a mensagem. Ai de quem! Perdeu-se o interesse de pensar pela própria cabeça, as ideias já nos chegam mastigadas. Dirigentes a substituir treinadores nas salas de imprensa, presidentes e directores de comunicação ao desafio no Facebook, contas restritas para fazer chegar posições estratégicas aos jornais. A terra um deserto de cinzas, onde nada florescerá tão cedo. Mais do mesmo, onde cada vez é mais difícil respirar.
Futebol? Ainda sinto um cheiro leve a castanhas assadas."

Erros em excesso

"Uma situação nova nesta temporada tem a ver com o facto de o VAR se ter tornado o grande responsável por alguns dos erros registados.

Acabamos de viver a jornada mais errática do actual campeonato da primeira Liga, do qual apenas está cumprido o primeiro terço.
Com a introdução do VAR abriu-se este ano uma nova frente que, aliás, tem sido aproveitada para alguns desmandos provenientes, sobretudo, dos directores de comunicação dos três clubes grandes do futebol português, com ainda ontem, por exemplo, aconteceu. Houve erros a mais nos jogos disputados por Benfica, Sporting e Futebol Clube do Porto.
No entanto, também as nomeações de árbitros foram objecto de reclamação na noite de domingo. Por exemplo, não é fácil entender o critério dos nomeadores que decidem colocar o mesmo árbitro (Carlos Xistra) para os três desafios em que os minhotos defrontaram Benfica, FC Porto e Sporting. 
Uma situação nova nesta temporada tem a ver com o facto de o VAR se ter tornado o grande responsável por alguns dos erros registados. Ou seja, os árbitros têm estado assim mais protegidos, com o novo instrumento a ver recair sobre si a maior responsabilidade.
No jogo do Dragão, ficaram por marcar dois castigos máximos a favor da equipa visitante, o Belenenses que, a serem assinalados, poderiam ter alterado o curso do desafio.
Em Alvalade, queixou-se o Sporting de Braga de lapsos tanto da autoria do VAR como do próprio juiz da partida. E, também neste caso, o desfecho do jogo e a distribuição de pontos, talvez pudesse ter sido diferente.
A paragem de duas semanas que se segue poderá vir a ser benéfica no sentido de ajudar a corrigir esta situação.
O silêncio que se segue deve por isso ser aproveitado para uma séria introspecção de todos os agentes que gravitam à volta do futebol, para que venhamos a ter mais tranquilidade nas jornadas que se seguem."

Há os que erram e há os que pensam que acertam!

"Há ainda quem consiga fazer algo de positivo pelo futebol português. Os clubes profissionais, em particular os mais profissionalizados, continuam a gerir, proteger e promover o nosso futebol.

A futebol português não vive um momento feliz. Os muitos erros dos diversos agentes do futebol, nomeadamente os ligados à arbitragem, estão a estragar o negócio e a magia deste desporto-espectáculo.
Árbitros e árbitros assistentes têm tido erros importantes em muitos jogos. Erros que muitas vezes alteram aquilo que deveria ser a verdade do jogo. Só neste fim-de-semana, nos jogos dos ditos três grandes, tivemos golos mal invalidados, pontapés de penálti por sancionar e jogadores que erradamente terminaram o jogo em campo quando deveriam ter sido expulsos. Isto são erros graves que prejudicam o futebol.
Para além dos erros destes agentes da arbitragem temos, desde a presente época, também, os “erros” do VAR. Os erros do VAR não se somam aos erros dos árbitros. São, no máximo, um corroborar do erro inicial do árbitro. Mas havendo VAR há mais um alvo para disparar quando é necessário apontar o dedo a um pretenso erro de arbitragem.
Depois temos os erros do Conselho de Arbitragem. Os mais visíveis e identificáveis prendem-se com alguns critérios pouco sensatos na gestão das nomeações. É compreensível a estranheza de um clube quando vê o mesmo árbitro nomeado para dirigir os seus jogos contra FC Porto, Sporting e Benfica. É também, no mínimo, ter pouco cuidado na protecção dos árbitros quando se nomeia para VAR de um jogo de determinada equipa um árbitro que na jornada anterior teve “problemas” com essa equipa (tenha sido como árbitro ou como VAR). O actual quadro de árbitros é curto para as necessidades de um campeonato que implica a nomeação de videoárbitro. O CA assumiu o risco de não aumentar já este ano o quadro por ainda ser um período de testes do VAR. Concordo com essa decisão. Exige-se, no entanto, que para o futebol profissional haja um cuidado, também ele profissional, na gestão das nomeações.
A APAF também já contribuiu com o seu “errozinho” na presente época. Talvez empurrada pela própria Federação e, seguramente, com o apoio e união dos árbitros, anunciou uma greve. Alegou que a principal razão para aquela tomada de posição estava relacionada com o clima que se vivia em torno dos árbitros. APAF e Liga reuniram-se, algumas promessas devem ter sido feitas, alguns acordos alcançados e cancelou-se a greve. No momento em que escrevo este texto ainda não foi anunciada qualquer greve dos árbitros. Acredito que venha a sair um comunicado nas próximas horas, porque o clima provocado pelos clubes em torno dos árbitros neste fim-de-semana foi tão ou mais grave que aquele que se vivia quando a APAF fez o “aviso de greve” ...
Felizmente, nem todos erram. Há ainda quem consiga fazer algo de positivo pelo futebol português. Os clubes profissionais, em particular os mais profissionalizados, continuam a gerir, proteger e promover o nosso futebol.
Os dirigentes dos principais clubes e SADs continuam a saber gerir financeiramente as suas instituições. A maior parte dos clubes são empresas bem geridas, com resultados positivos, sem dívidas ao fisco e com passivos perfeitamente controlados e baixos...
Outros que não erram são os directores e gabinetes de comunicação dos clubes. Não erram, à partida, porque falam muito pouco da sua instituição. Estão mais focados nos outros. Situação perfeitamente normal e instituída no mercado. Quando uma empresa contrata um director de comunicação é, obviamente, para falar quase em exclusivo do que se passa na concorrência...
Para além de não errarem, estes protagonistas do futebol português têm outra qualidade fundamental: alertam os outros agentes desportivos dos erros que estes vão cometendo nas suas funções. É como uma consultoria/avaliação externa focada na melhoria da estrutura e dos seus resultados. A estrutura que pretendem ajudar é a da arbitragem. Os resultados que querem melhorar, são os das suas equipas..."


PS: Apreciei a ironia, por isso publiquei a crónica.
Mas que fique claro: este cronista, é mais um daqueles, que pensa estar a 'defender' a arbitragem e o futebol, agindo corporativamente, escondendo semanalmente os erros premeditados ou por incompetência... principalmente quando quando são contra o Benfica!!!

Benfiquismo (DCL)

Outra... 1964

Chama Imensa... Tugão = Tragédia-cómica se não fosse tão grave !!!