"Surgiu um novo filme sobre Stanley Matthews: «The Original n.º7». Tempo para recordar o seu jogo de despedida, em Stoke, ao qual não faltou a grande estrela do Benfica. Um daqueles momentos especiais da história do futebol...
'For he's a jolly good fellow...', cantavam mais de 40 mil pessoas no velho estádio do Stoke City, o Victoria Ground.
Stanley Matthews: o Feiticeiro do Drible.
Uma figura! E que figura!
Acabou agora se surgir nos ecrãs do cinema um filme sobre ele: 'The Original n.º7'. Sim, ele foi o primeiro grande número 7. Primeiro jogador a receber a Bola de Ouro. 'Ele foi o homem que nos ensinou a jogar futebol', disse Pelé.
Dia 28 de Abril de 1965: Eusébio estava lá. Podia alguma vez faltar?! Era o adeus de Matthews ao futebol. 32 anos de futebol!
Já tinha completado os 50 anos. Aliás, reparem: jogou a sua última parida oficial no campeonato de Inglaterra com 50 e 5 dias. No final diria: 'Sinto que o meu abandono ainda é pouco precoce'.
Foi para Malta. Continuou a jogar lá na ilha do Mediterrâneo até se fartar de vez.
Mas eu estava no tal dia 28 de Abril de 1965. O adeus do Feiticeiro.
Ele próprio destacou na sua autobiografia 'The way it was', infelizmente não traduzida em português. 'Os jogadores que se deslocaram a Stoke para a minha despedida deixaram-me radiante - da velha escola, contava com Di Stéfano, Ferenc Puskás, Raymond Kopa; da nova tinha Eusébio, Denis Law e Jimmy Greaves'.
Eusébio não marcou
Quando Eusébio não marcava golos, era uma notícia.
Enfim, o jogo era mais de entretenimento. De festa. Havia, de um lado, a Equipa do Stan (escolhida por Matthews), e do outro a Equipa do Resto do Mundo. Era nesta que jogava Eusébio, claro.
'Todos os jogadores internacionais que compareceram eram de formidável categoria! E o público devotou a cada um deles ovações dignas da sua classe. Nesse aspecto foi admirável!'
Sim, só pode ter sido. Havia Eusébio, Di Stéfano, Puskás, Kopa, mas também Yashin, Schellinger, Masopust, Popluhar, Uwe Seeler, Overath, Gento e Kubala, por entre outros.
Golos, golos e mais golos!
A festa dos golos!
A Equipa do Resto do Mundo venceu por 6-4. Seis a quatro! Um luxo!
Na equipa de Stan, estavam Denis Law, Jimmy Greaves, Bobby Charlton, Roger Hunt.
O povo nas bancadas delirou.
'No final do jogo', escrevia Stanley Matthews, «todos os jogadores se reuniram no centro do terreno, dispostos em círculo. O público cantava 'Auld Lang Syne' e eu sentia um arrepio na espinha à medida que as lágrimas me corriam pela cara. Yashin e Puskás ergueram-me em ombros. Levaram-me pelo meio de todos os enormes jogadores presentes em direcção ao túnel e ao meu adeus. Não voltaria a jogar no meu armado Victoria Ground».
Sir Stanley Matthews morreu no dia 23 de Fevereiro de 2000, com 85 anos.
Na sua campa, ficou registado um poema de escritor incógnito:
'Do not stand at my grave and weep
I am not there. I do not sleep
I'm a thousand winds that blow
I am the dimond glints in snow'.
Antes desse seu adeus definitive, houve o adeus de Victoria Ground.
Eusébio esteve presente: o Grande Futebol não passava sem ele..."
Afonso de Melo, in O Benfica
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!