Últimas indefectivações

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Estreia na Taça...

Palmelense 0 - 20 Benfica


Estreia na Taça de Portugal, com mais uma goleada... a competição 'mais importante' desta época!

Luís Filipe Vieira: a palavra e a obra

"Luís Filipe Vieira completou 15 anos de presidente do Benfica. Não deixa de ser curioso verificar que os casos de maior sucesso nos clubes de futebol, em Portugal, têm a ver com aquilo a que o próprio Vieira chamou de «estabilidade directiva». Pinto da Costa, o mais estável presidente dos clubes portugueses, já leva 36 anos de presidência e António Salvador lidera o SC Braga, tal como o presidente do Benfica, há 15 anos, ganhando-lhe, até por mais oito meses. Os três, apesar das óbvias diferenças de personalidade e de estilo, são da escola centralista. Como se viu e ouviu na entrevista, mesmo que seja para assinar de cruz, os papeis têm de passar pela mesa do presidência. É assim com Vieira e não é mais democrático com Salvador. Com Pinto da Costa, como é público e notório, também não.
Há, no entanto, na entrevista à TVI, um público reconhecimento do mérito profissional de algumas personalidades que rodeiam o presidente. Neste mérito, Vieira foi suficientemente generoso para incluir Paulo Gonçalves (não se deixa cair um amigo) e o, agora muito criticado Rui Vitória.
Percebeu-se o conceito, o princípio e a regra de defender, por junto, toda uma equipa que pretende remar para o mesmo lado, tanto mais que ninguém perguntará quem é o timoneiro.
Verdade se diga que o Benfica de 2018 não tem comparação com o Benfica de 2003 e isso abona, e muito, o trabalho realizado por Luís Filipe Vieira. Não sei se, dentro de anos, como dizia Domingos Soares de Oliveira, o Benfica estará entre os dez melhores da Europa, mas a obra, que não se esgota nos resultados desportivos, merece respeito e reconhecimento."

Vítor Serpa, in A Bola

Dilema táctico...

"Só 1 ponta de lança, tendo 4! E os 7 médios? Pizzi, ou Gedson, Gabriel, Krovinovic... de fora?! E Fejsa que só defende... Tanto criticaram 4-4-2!

Ia o Benfica bastante bem - ultrapassara 4 jogos rumo à Champions e a mais de €40 milhões; vencera FC Porto, ganhando-lhe avanço de 2 pontos - e eis que, de súbito, lhe é anunciada crise!: derrotas consecutivas, perante Ajax e Belenenses.
Nadinha uma tem a ver com a outra. Em casa do Ajax - este empatara (1-1) na visita ao Bayern... que fugiu a derrota graças ao excepcional Neuer -, o Benfica jogou bem, soube defender e atacou com desenvoltura, perdendo, ao minuto 90+2, por erro individual (fífia de Conti) e sorte holandesa no remate que, batendo em Grimaldo, mudou trajectória. No Jamor, face a Beleneneses muito bem dirigido por Silas, calamidade benfiquistas! Absurda, após 35 minutos com Benfica embalado para categórica exibição (por 4 ou 5 vezes, deveria ter marcado; não só no penálti que Salvio esbanjou...). De súbito, Belenenses saiu de sufoco, lançou 2 contra-ataques e... 2-0! Mérito ao provocar erros individuais: primeiro, precipitação de Odysseas deu penálti; de seguida, centro defensivo a dormir... Já em Chaves - mau Benfica, friso -, 2 pontos cedidos, ao minuto 90+6, em larga medida porque Conti se fez expulsar...
Eis Rui Vitória como grande réu. Ponto de ordem à mesa: nunca com ele falei. Quiça muito estranho, mas pura verdade. Somo décadas, desde logo profissionalmente, a analisar futebol pela minha cabeça - às vezes, contra ventos e marés... Neste caso, eis o que penso:
- Ao intervalo, Rui Vitória mudou sistema, lançou Jonas, juntando-o a Seferovic (adiante abordarei dilema 4-3-3 ou 4-4-2). E não vi erro na saída de Salvio, passando Pizzi para extremo. Jonas e Salvio, a dupla com classe no Benfica, têm problemas físicos...; e Salvio, na Holanda, jogara todo o tempo, o que, por algum motivo, nele vem sendo raridade. Que aconteceu? Precisando o Benfica de rápida redução da desvantagem, de imediato também Jonas, até ele!, falhou golo tendo baliza escancarada. E mais veio a falhar. Total recuperação de longuíssima baixa clínica não se faz num ápice.
- A meio da 2.ª parte, prosseguindo péssima finalização, entrou 3.º ponta de lança: Castillo. Sim, desespero! Raríssimo os problemões assim se resolverem (e fabulosa exibição de Muriel merecia nota máxima: 10!). Mas o Benfica não ficou sem extremos (Rafa e... Grimaldo). Acabou, vai ou racha, em 3-5-2.
- Penso que André Almeida deveria ter saído; e, sobretudo, retirada do médio defensivo, Fejsa, bem antes dos 84 minutos!
Nada disto anula estas realidades:
- Benfica de Agosto (8 jogos) foi firme bloco, com fortíssima pressão sobre adversários/bola e rápida recuperação desta. Continua a saber fazê-lo - mas, agora, isso dura meio jogo, ou meia hora, posto o que... equipa partida Quebra física após duro Agosto?
- Mantém mérito de construir muitíssimas oportunidades de golo (logo, o trabalho de treino está lá). E agrava-se o demérito de tanto as falhar. Impressionante Amesterdão + Jamor: pelo menos uma dúzia de flagrantes oportunidades criadas, rotundo zero em certeira finalização! Culpa do treinador, que põe a equipa a tanto construir? Clara imperícia de não bons finalizadores. Médio Pizzi tem 6 golos, seguido por Rafa (5) e Salvio (4), extremos...

Polémica: 4-3-3, ou 4-4-2? Absurdo sistema com 1 ponta de lança, havendo 4 no plantel? Pois... Só que... primeiro: Jonas permaneceu eternidade em baixa clínica; e parecem esquecer-se (muitos) de que também Castillo esteve lesionado, até há pouco tempo, e Ferreyra - li - ainda com lesão se debate. Assim Seferovic subiu a titular (está jogando bem, mas... goleador nunca foi - em toda a carreira).
Segunda questão: e os médios? Plantel tem 7: Fejsa, Pizzi, Gedson, Gabriel, Alfa Semedo, Samaris e... Krovinovic (talento prestes a regressar de quase um ano KO). Com 2 pontas de lança, só 2 médios centrais... Quem com Fejsa? Pizzi? Gedson? Gabriel? Krovinovic? Sempre Fejsa? Dois problemas: o de não haver boa alternativa para n.º 6 (ai quando o titular tem lesões, frequentes); e o Fejsa, pilar na protecção defensiva, aí esgotar as suas boas características. Nada a ver com William Carvalho, ou Danilo, ou Rúben Neves. Sem a versatilidade deles, só defende - em 11 anos de carreira (esta é a 6.ª no Benfica), apenas 4 golos marcou (difícil lembrar 2 no Benfica)! -, daí jogar muito atrás. Centro do meio-campo Fejsa-Pizzi, por exemplo - Gedson, Gabriel, Krovinovic... de fora? -, dificilmente não abrirá crateras. Por isso - caramba, haja memória! -, treinador tão criticado foi por só a meio da época anterior ter segurado a equipa, mudando para... 4-3-3 (Jonas ponta de lança único). Convém pensar um bocadinho..."

Santos Neves, in A Bola

Alvorada... do Zé Nuno

O problema do Sporting não é Peseiro, é estrutural

"A demissão de José Peseiro parece uma tentativa imatura e precoce de conquistar tempo e espaço de manobra junto da opinião pública sportinguista, procurando esconder os reais problemas estruturais da Sporting SAD.

Peseiro foi bem mais do que se podia esperar de Peseiro. Exactamente quatro meses depois de ter sido apresentado como treinador do Sporting, e com algumas exibições titubeantes e um par de resultados mal conseguidos, Frederico Varandas parece demitir à primeira oportunidade um treinador que apurou a equipa para a próxima eliminatória da Taça de Portugal, tem todas as condições para garantir o apuramento para os 1/16º de final da Liga Europa, depende de si próprio na Taça da Liga e está a dois pontos da liderança na Liga NOS.
E se compararmos concretamente com as duas épocas anteriores, nunca o Sporting esteve mais perto da liderança da liga NOS à 8ª jornada (2 pontos em 18/19 e 17/18, e 5 pontos em 16/17), sendo que foi com Peseiro que teve o calendário mais difícil (já jogou fora com Braga e Benfica, e nas duas épocas anteriores recebeu apenas o Porto). E tudo isto com Bas Dost lesionado…
Daí que se possa inferir que esta foi uma decisão injustificada que coloca em causa o verdadeiro e honesto apoio de Frederico Varandas a José Peseiro. Nunca a expressão “este é o meu treinador” pareceu ter um cariz mais populista e eleitoralista do que a proferida pelo presidente do Sporting aquando da sua campanha. Lembre-se o leitor que o único candidato que não o fez e apresentou Claudio Ranieri como treinador, veio a retroceder mais tarde nessa decisão tendo inclusive retirado a sua candidatura.
A demissão de José Peseiro parece uma tentativa imatura e precoce de conquistar tempo e espaço de manobra junto da opinião pública sportinguista, procurando esconder os reais problemas estruturais da Sporting SAD:
1. Instabilidade na(s) liderança(s). Nos últimos cinco meses, o Sporting teve três presidentes, prepara-se para contratar o terceiro treinador, e ficou sem o seu capitão e sub-capitão.
2. Ausência de cultura sporting. Dos vinte e dois jogadores mais utilizados este ano na liga NOS, apenas quatro são portugueses e dois são oriundos da formação. Comparativamente aos mais recentes jogadores exportados, nenhum tem sequer cem jogos na competição pelo Sporting (Rui Patrício #327, Adrien #169, William #143, e Nani #82).
3. Ausência de planeamento. Os grandes clubes preparam a construção dos seus planteis com três anos de antecedência. O Sporting começou a preparação da presente temporada já depois do seu início.
4. Falta de talento. Se compararmos os onze jogadores mais utilizados esta época com os da época passada, o Sporting perdeu Rui Patricio, Piccini, William Carvalho, Gelson e Fábio Coentrão, e contratou Gudelj, Raphinha e Nani.
5. Pressão em excesso. Quando a experiência entregue ao adepto não é (no mínimo) igual à expectativa criada, a sua satisfação é negativa (manifestada através de lenços brancos). Sousa Cintra começou a temporada afirmando que o Sporting iria ser campeão, negligenciando o actual momento do clube e o facto de não ter conquistado qualquer campeonato nos últimos 16 anos (e apenas dois nos últimos 36 anos)."

O filho português de Mrs. Barnett

"Toda a gente sabe que os ingleses são essencialmente práticos, até no momento de darem nome a um cavalo de corridas

Acabado de chegar de Paris, o jornalista e poeta brasileiro Cláudio Mello e Souza soltou esta expressão meio inconveniente: «O francês é um cavalo». Instado a explicar-se melhor, viria a concluir que se deve medir sempre a vitalidade histórica de um povo pela saúde e pujança dos seus coices. Claro que isto foi no tempo dos confrontos sociais de 1968 e, hoje em dia, o francês já não é assim tão cavalar. Sinal dos tempos.
Recordam-se do sr. Sousa Neto, d’Os Maias? Numa daquelas noites em casa dos Gouvarinhos, acercou-se do Carlos, curioso. E perguntou: «Encontra-se por lá, em Inglaterra, desta literatura amena, como entre nós, folhetinistas, poetas de pulso?». E o Carlos, com um descaramento divino: «Fique V. Exa. sabendo que em Inglaterra não há literatura». O outro cerrou as pálpebras, meditabundo: «Logo vi..., logo vi... um povo essencialmente prático».
Ora bem, toda a gente sabe que em Inglaterra não há putas, se me perdoam a expressão, mas já volto à vaca fria que, neste caso é um cavalo. Escreveu, numa das sua obras, o sociólogo Arthur Sherwell: «É do conhecimento público que, pelo menos no West End, as modistas, as costureiras e as ajudantes recorrem frequentemente à rua, durante a estação morta, e retomam as suas boutiques quando a saison recomeça. Por outras palavras, a moralidade acompanha as flutuações do comércio». Como veem, tenho razão. Em Inglaterra há, quanto muito, uma enorme massa de mulheres desafortunadas. E essencialmente práticas. Cláudio Mello e Souza exclamaria triunfante: «O inglês é um cavalo». Ora era precisamente aqui que eu queria chegar.
Um cavalheiro português, bem relacionado na corte inglesa e apaixonado pelo turf, vivendo há vários anos em Inglaterra, resolveu comprar um animal com o qual pudesse participar nas corridas. Decidiu-se por uma égua thoroughbred à qual deu o nome da amante, uma viúva inglesa de ancas igualmente equinas à qual devotava uma afeição carnal e enciumada: Mrs. Barnet. Catherine Bergen Johnson de solteira.
Passa o tempo. Ao contrário da viúva, Mrs. Barnet, a égua, nunca revelou dotes físicos capazes de impressionar quem quer que fosse. O nosso cavalheiro português, que merecidamente conservarei num confortável anonimato, viu-se de repente a braços com uma Mrs. Barnet, a égua, muito pouco útil para a finalidade que inicialmente lhe estabelecera. Perante o facto, resolve entregar a outro a Mrs. Barnet de quatro patas. O feliz contemplado era um baronete das suas relações, Sir William Stirling-Maxwell of Pollock.
Sir William, não de todo insensível aos quadris da quadrúpede Mrs. Barnet, nomeou a oferta do seu amigo português como candidata ao cruzamento genético com um dos seus campeões, o também puro-sangue thoroughbred, Haphazard. Deste enlace nasceu um potro com todas as características de rei do turf.
Prossigo a historieta com a divulgação de uma desenxabida inconfidência: Mrs. Barnet, a viúva, resolveu igualmente entregar-se a outro. Por causa de um oficial da Royal Navy, o cavalheiro português viu-se despojado de ambas as Mrs. Barnet. E não aceitou o facto com bonomia. Convidado pelo seu amigo Sir William para assistir ao nascimento do jovem filho de Mrs. Barnet com Haphazard e, num gesto de generosidade próprio de um baronete, a atribuir-lhe um nome, o nosso amigo não hesitou:
- Um filho de Mrs. Barnet só pode ser um filho da puta!
Filho da Puta ficou. À portuguesa.
Tudo isto se passou sob a prodigiosa civilidade inglesa que, como sabemos, deveria ser exportada para o resto do planeta sem custos adicionais de transporte.
O filho da Mrs. Barnet cavalar (e a este momento da crónica já o leitor saberá distingui-las) tornou-se famoso por vencer, em 1815, a St. Leger Stakes, em Doncaster, a mais antiga das British Classic Races. Precisamente uma milha, 6 furlongs e 132 jardas. Se tomarmos em conta que uma milha são exactamente 5280 pés e cada pé tem 12 polegadas; que cada furlong representa um oitavo de milha e, portanto, 660 pés ou 220 jardas; e que cada jarda é igual a 0,9144 metros, chegamos à conclusão fácil de que o Filho da Puta percorreu 2.937 metros na sua galopada para a vitória. Tinha sido montado até ao retumbante triunfo pelo jockey John Jackson às ordens do treinador James Croft.
Quanto ao nosso compatriota, que oferecera Mrs. Barnett tão graciosamente ao seu amigo baronete, consta que fazia espalhar de forma liberal pela sociedade londrina de então a explicação cabal para o estranho nome do cavalo campeão, recebendo em troca amplas gargalhadas. Aprendeu em Inglaterra uma lição importante: um cavalheiro nunca se enfurece; apenas se desforra. Era essa a razão pela qual o sol nunca se punha no Império Britânico."

Santo Dio, Allegri

"Passou por mim mais de uma dezena de vezes. Em passo acelerado, devagar com as mãos nos bolsos, a gesticular ou a gritar.
Quando pelas 17:30 do dia do jogo, Martin O´Boyle, Media Officer e VOBM da UEFA, no estádio me entregou os observer seats e a estrela autocolante que dá acesso à flash interview, estava longe de imaginar que iria dividir a atenção do jogo com o espectáculo particular do treinador da Juventus, Massimiliano Allegri.
Percebi que estava num ambiente de showbiz durante a reunião com as televisões detentoras de direitos da Champions na minúscula sala de conferências de Old Trafford.
Martin mostrou-se de início um verdadeiro entretainer. Apresentou os elementos que estavam com ele na mesa como se fossem artistas, pedindo aplausos às equipas de produção e aos representantes do Manchester United e da Juventus.
Quando tocou a falar a sério disse que a UEFA e os clubes estavam ali para ajudar mas quando chegasse a hora das entrevistas rápidas não fossem pedidos jogadores expulsos ou a quem o jogo tivesse corrido mal.
Depois de ter informado que uma câmara da transmissão do jogo tinha mudado de posição e de ter saudado a presença de uma televisão da Austrália, Martin terminou a reunião com um quiz dirigido à plateia. Canetas e pins da Champions League para as respostas corretas. Tudo como se estivéssemos num programa de entretenimento na televisão.
Os observer seats colocaram-me nas primeiras filas de Old Trafford ao nível do relvado, ao lado do banco da Juventus. Passei de um entretainer na sala de imprensa para uma peça com Massimiliano Allegri no Teatro dos Sonhos.
Foi assistir a um quase monólogo em que toda a gente o via mas poucos o ouviam. Berrou com o adjunto, que gritou para o campo. Berrou com um elemento do staff, estrategicamente colocado na primeira fila, que gritou para campo.
Caixas de ressonância mesmo ao meu lado e desabafos em tempo real.
Estão 76 mil pessoas no estádio, o ruído é tanto que os jogadores não ouvem nada. Allegri subiu e desceu as escadas de acesso ao banco vezes sem conta. Sempre com os mesmos lamentos, sempre sublinhados como o mesmo sonoro desabafo. «Santo Dio»."

Jogadores e... jogadores

"Além das respectivas selecções, há jogadores que vestiram sempre a camisola do mesmo clube; e outros (muitos outros) que brilharam em campeonatos diferentes em representação de clubes distintos. Na discussão de quem foi o melhor, este vector "fidelidade" é muitas vezes determinante das escolhas feitas.
Vamos fazer uma análise alargada: a nível mundial entre as duplas que mais polémicas proporcionaram – Pelé e Maradona, Messi e Cristiano Ronaldo – sem esquecer alguns dos que, ao longo dos anos, proporcionaram os maiores espectáculos futebolísticos, Eusébio, Cruyff, Ronaldo Nazário, Ibrahimovic, Zidane, Modric, Neymar e, para aqueles que ainda os puderam ver em directo, vamos citar (apenas citar) Di Stefano, Kubala, Garrincha, Kopa, Gento, Platini, Van Basten ou Puskas, entre tantos outros; e, a nível nacional, os que consideramos terem sido os maiores nas suas épocas, José Travaços, Eusébio, Figo e Cristiano Ronaldo.
Certamente já repararam que, entre tantos nomes, não surge nenhum guarda-redes (os golos marcados contam mais que os sofridos...), nem aqueles que, apesar de ainda muito jovens (Mbappé, Dybala, Hazard, Pogba, Bernardo Silva), há muito que deixaram de ser promessas mas não é justo ficarem, por ora, a perder na comparação com as gerações dos que podiam ter sido seus pais ou avós. 
Comecemos pelos maiores rivais de sempre.
Pelé nasceu em 1940 e praticamente só jogou no Santos ou pelo Brasil (três vezes campeão do Mundo); enquanto Maradona (1960) foi campeão do Mundo pela Argentina (também de juniores), brilhou em Espanha (Barcelona) e, principalmente, em Itália, onde fez bicampeão o modesto Nápoles.
Já Cristiano Ronaldo (1985) começou no Sporting e brilhou no Manchester United e no Real Madrid (onde conquistou tudo, interna e internacionalmente) e prepara-se para fazer o mesmo em Itália depois de ter levado Portugal a campeão europeu; enquanto Messi (1987) chegou ao Barcelona com 13 anos, onde sempre jogou e também ganhou tudo e, na selecção argentina, ficou-se por um título olímpico e outro mundial de Sub-20.
As performances individuais são impressionantes: Maradona disputou 588 jogos e marcou 446 golos (91 e 34, respectivamente, na selecção argentina); Pelé marcou bem mais de mil golos, embora nos registos oficiais se fique pelos 757 em 812 jogos (92-77 pelo Brasil); até agora Messi regista 648 jogos e 565 golos (128-65 pela selecção); Cristiano Ronaldo, respectivamente 773-580 (154-85 pela selecção).
E não nos alongamos na pormenorização dos títulos colectivos e prémios individuais que todos conquistaram, deixando aos nossos leitores a escolha daquele que acharam ter sido o melhor.
Outros nomes – escolha nossa, naturalmente discutível.
Zlatan Ibrahimovic (nascido em 1981), para nós um dos expoentes máximos, jogou na Suécia, Holanda (onde marcou, aos 19 anos, no Ajax, o que foi considerado o 2.º melhor golo de sempre), Itália (3 equipas), Espanha, França, Inglaterra, 756 jogos, 446 golos (116-62 na selecção sueca), campeão e melhor artilheiro em vários países, tendo gerado negócios superiores a 170 milhões de Euros nas várias transferências.
Johann Cruyff (1947-2016), jogou no Ajax e no Barcelona, 4 títulos de campeão europeu (3+1), 660 jogos, 514 golos (48-33 na selecção).
Ronaldo Nazário (1976, "Fenómeno"), jogou no Cruzeiro, PSV, Barcelona, Inter, Real Madrid, Milan e Corinthians, 518 jogos, 352 golos (105-67 pelo Brasil), campeão e melhor marcador em vários países e mundial, pelo Brasil, em 2002.
Zinedine Zidane (1972), Cannes, Bordéus, Juventus e Real Madrid, 724 jogos, 154 golos (108-31 pela França), campeão em Itália e Espanha, campeão do mundo.
E que dizer de Ronaldinho Gaúcho (outro "globetrotter"), Bale (a transferência mais cara de então), Neymar (a mais cara de sempre), Modric, Salah e tantos mais?
E a nível interno: José Travaços (1926-2002, o "Zé da Europa"), o melhor da sua geração e o mais internacional até então (35 vezes), 8 campeonatos nacionais, 2 taças de Portugal, 457 jogos e 172 golos marcados, jogou sempre no Sporting.
Eusébio (1942-2014), penalizado na apreciação internacional por ter jogado sempre no Benfica, 718 jogos e 727 golos (64-41 pela selecção), 10 campeonatos nacionais, 5 taças de Portugal, 1 taça dos campeões europeus, 1 "bola de ouro" (1965), 2 botas de ouro e 7 de prata, considerado em várias eleições um dos 10 melhores jogadores do Séc. XX.
Luís Figo (1972), começou no Sporting (1 taça de Portugal) e foi campeão no Barcelona (4), Real Madrid (4) e Inter, 789 jogos e 173 golos (127-32 pela selecção); vencedor da Liga dos Campeões, Taça das Taças, Supertaça europeia e Copa Internacional; "ballon d’or" 2000, melhor jogador FIFA 2001, 2.º em 2002.
Cristiano Ronaldo (1985), 4 vezes campeão do mundo de clubes, 5 ligas dos campeões UEFA, 2 supertaças UEFA, 3 campeonatos de Inglaterra, 2 campeonatos de Espanha, 8 taças e supertaças (4+4), campeão da Europa (selecção, 2016), torneio de Toulon (esperanças, 2003), 10 prémios individuais do melhor da FIFA e 8 prémios individuais da UEFA.
Qual o melhor português de sempre? Escolha o leitor..."

Lanças... Douradinhos !!!

Benfiquismo (CMXCVI)

Romaria...

Discurso dos 15 anos...

Haja paciência! ou não?

"Não ficaria bem comigo próprio se me limitasse ao conformismo e passividade, perorando sobre o azar, a contingência, o dia não

1. Nunca percebi a charada das conferências de imprensa no futebol por tudo e por nada. Não me refiro tanto às que se seguem aos jogos, pois aí até há matéria para perguntar e para responder. Foco-me sobretudo nessas pasteladas aborrecidas e sem conteúdo que precedem os jogos, com direito a longos e sonolentos directos de 3 canais temáticos (Bola TV, Sport TV e canal do clube) e - imagine-se - de mais 4 canais noticiosos, ainda que cada vez mais se deva pôr a palavra noticiosos entre aspas (RTP 3, SIC N, TVI 24 e CMTV). Uma fartura para um zero de interesse. Do lado das perguntas, há-as de dois tipos: as absolutamente dispensáveis e sem qualquer sentido jornalístico e umas poucas que até poderiam ter interesse informativo (a equipa, as lesões, a táctica, etc.). Do lado das respostas, às primeiras responde-se na mesma moeda de coisa nenhuma num conjunto entediante de frases feitas, tautologias gastas e ligares-comuns. Às segundas, a resposta - evidentemente - é a expectável, ou seja, de nada revelar, como, aliás, o próprio perguntador já sabe de antemão.
Destas sessões o que, no fim, é noticiado e comentado é uma de três situações: picardia entre técnicos sempre sugerida e estimulada até o titular da conferência cair que nem um patinho; um lapso ou uma gafe que, ao virar da esquina de palavras sobre palavras, se cometa; o estilo mais grandiloquente de tontos mind games de quem já sabe que se disser isto ou aquilo tem parangona assegurada, que faz 'escola'.
Não creio que faça parte de contrato dos treinadores a obrigação de fazerem tais ditas conferências de imprensa a toda a hora, com mais tempo de antena e direito a fartas repetições que nenhum outro poder de outra qualquer natureza alguma vez atinge.
Ora, no passado fim-de-semana, e no caso do Benfica, que é o que verdadeiramente me interessa, Rui Vitória - como ele e os outros quase sempre - falou, falou, falou e pouco ou nada disse. Mas, no meio do deserto da temática da antecipação de um jogo, mordeu o isco lançado por jornalistas e lá foi ele falar, outra vez, do jogo de Amesterdão, reagindo algo enervado. Rui Vitória resolveu recorreu aos rácios para dizer que era ele quem tinha o melhor registo a nível europeu, não sei se por sua alta recreação, ou por informação de alguém da 'estrutura'. Além de não soar bem para quem se lembre ainda da campanha totalmente desastrosa da época passada, pôs-se a jeito para ser desmentido pelos media. Foi fatal: no dia seguinte, o do jogo de que supostamente foi falar, a comunicação social não largou mais a afirmação precipitada do técnico benfiquista. E, por arrasto, o minuto 92 da Arena Johan Cruyff voltou à cabeça da equipa e a derrota europeia (injusta, é certo) entrou no Estádio Nacional, no meio da ventania e da chuva.
Que diabo! Não será possível acabar com esta fantochada das conferências antes dos jogos? Não creio que sejam obrigatórias, como acontece com as flash interview depois das partidas. Bem sei que há aquelas imagens por trás com a publicidade à qual importa dar retorno, embora seja previsível que quem vê tais longos minutos não se lembre de nenhum desses logótipos ou coisas parecidas.

2. O jogo contra o Belenenses SAD foi ingloriamente desperdiçado. Os azuis do Restelo, perdão do Jamor, não tiveram culpa nenhuma. Jogaram com todas as suas armas possíveis, tiveram um guarda-redes com uma exibição soberba, e até não fizeram nenhum anti-jogo. Conseguiram o feito de derrotar o SLB 11 anos depois em jogo realizado em casa. Em casa, é um modo de dizer. Fora, verdadeiramente tanto ou mais do que para o Benfica, no Estádio Nacional onde só quase havia benfiquistas.
Uma derrota comprometedora e nada expectável. Poderia escrever quanto lamentei o desperdício e a falta de eficácia na primeira parte. Poderia falar do segundo golo do Belenenses precedido de uma falta clara nas barbas do árbitro e facilmente analisável pelo VAR. Poderia desculpar mais um penálti falhado que, se tivesse sido convertido, ditaria quase certamente uma vitória folgada do Benfica.
No jogo na Holanda, a equipa até teve uma boa primeira parte, desinibida, mas, uma vez mais, a desperdiçar golos de uma maneira algo amadora, acabando por perder pela oitava vez nos nove últimos jogos da frase de grupos europeia. E não esqueçamos que, nos principais jogos europeus desta época, contra o Bayern, o AEK e o Ajax, o melhor jogador foi sempre o guarda-redes Vlachodimos.
O certo é que nos dois últimos jogos - Ajax e Belenenses - não se podem desperdiçar tantas ocasiões de golo cantado. Uma equipa com jogadores, alguns deles pagos a peso de outro, tem de ser competente. De que servem boas jogadas e oportunidades (e até penáltis) se dão em nada. Se no futebol o resultado é o que vale e o que fica registado, a verdadeira medida da competência é meter a bola lá dentro. O resto são cantigas...

3. Procuro ser fiel a ma regra: a de apoiar os treinadores que o meu clube tem, procurando não contribuir para situações de precariedade e de deterioração das suas posições e não perdendo de vista que, no futebol, há contingências que a acção humana não controla.
Sei que sou apenas um mero e curioso 'treinador de bancada' que, apesar de tudo, procura não perder lucidez e o discernimento num momento de desalento e irritação por uma derrota como a de sábado passado. Mas, não ficaria bem comigo próprio, se hoje e aqui me limitasse ao conformismo e passividade, perorando sobre o azar, a contingência, o dia não, o poder-estar-dez-horas-a jogar-que-a bola-não-entraria-etc.
Até poderia ser que nada de diferente tivesse acontecido, com outras formas de abordar o jogo. Mas não compreendo que, com quatro pontas de lança (cuja folha mensal de salários excede largamente a folha anual de todo o plantel do Belenenses!), se vá para este jogo apenas com um deles, num 4-3-3 timorato, para não dizer medroso, tal como contra o... Sertanense. Não compreendo que Zivkovic não tenha entrado na última meia-hora em Amesterdão quando começou a faltar bola nos pés da equipa e a recorrente distância entre linhas se alargou. Não compreendo como um menino como João Félix nem sequer para o banco de suplentes tenha ido nestes dois jogos. Não compreendo como, a perder por 2-0, se tira um flanqueador em vez de um lateral. Não compreendo o motivo por que se faz uma substituição aos 84 minutos (!) num jogo já perdido, à espera não sei de quê. Não compreendo como se tirar Pizzi para fazer entrar mais tosco calmeirão para a grande área, assim deixando de se jogar pelos dois flancos e nem se quer se passar a fazer jogo directo. Não compreendo a razão por que não entrou Cervi com o resultado em 2-0 e mantivemos os dois laterais sempre em jogo. Assim sendo, o Benfica que tem sempre jogado com um só ponta-de-lança acabou com uma fartura de três (até parece que só não entrou Ferreyra porque não estava no banco), só que sem jogo e jogadores (à excepção de Rafa) para lhes fazer chegar a bola em melhores condições. Custa-me também compreender que, com um plantel tão rico, não haja ninguém que chute fora da área, hoje uma das maneiras mais eficazes de fazer golos em determinadas circunstâncias das partidas.
Talvez esteja errado. Talvez renha sido só um pesadelo meu. Na próxima sexta-feira haverá mais uma conferência de imprensa, excitante como sempre. Já adivinho o remédio para o meu pesadelo: dir-se-á, então, que o jogo contra o Belenenses já está esquecido, que estamos focados na vitória, que entraremos no nosso Estádio com toda a vontade para retomar o caminho das vitórias, que não pensaremos no jogo seguinte contra o Ajax, mais blá, blá, blá e, como de costume em todos os nossos técnicos, que o clube oponente da ocasião pratica bom futebol, que não vai ser um jogo fácil, que estamos de sobreaviso, etc., etc.,seja contra o Bayern, o Barcelona, o Moreirense, o Sertanense ou o Carcavelinhos.
Vai-me custar a 'engolir' esta derrota e a incapacidade para ficarmos isolados na liderança. O que vale é que, nesta paixão do futebol, resiste dentro de mim o sonho do mistério e a esperança do crente.

4. Uma última nota, referente às transmissões televisivas que nos 'oferecem' para ver o Benfica. Há cinco 'ofertantes': a BTV, para os jogos da Liga na Luz; a RTP em jogos da Taça de Portugal; a TVI em jogos da Taça da Liga (e alguns da Champions); a Sport TV nos jogos da Liga fora de casa e a Eleven na Champions. Se o Benfica passar para a Lig Europa, temos um sexto interveniente: a SIC. Imaginemos, então, a factura de um fervoroso sócio que não quer perder nenhum jogo: paga a quota do clube, para o lugar do Red Pass, paga para ver a BTV, para para ver a Sport TV e paga se quiser ver todos os jogos do SLB na Liga dos Campeões! Uma verdadeira fartura! Ainda dizem que o futebol é o desporto do povo!"

Bagão Félix, in A Bola