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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O problema do Sporting não é Peseiro, é estrutural

"A demissão de José Peseiro parece uma tentativa imatura e precoce de conquistar tempo e espaço de manobra junto da opinião pública sportinguista, procurando esconder os reais problemas estruturais da Sporting SAD.

Peseiro foi bem mais do que se podia esperar de Peseiro. Exactamente quatro meses depois de ter sido apresentado como treinador do Sporting, e com algumas exibições titubeantes e um par de resultados mal conseguidos, Frederico Varandas parece demitir à primeira oportunidade um treinador que apurou a equipa para a próxima eliminatória da Taça de Portugal, tem todas as condições para garantir o apuramento para os 1/16º de final da Liga Europa, depende de si próprio na Taça da Liga e está a dois pontos da liderança na Liga NOS.
E se compararmos concretamente com as duas épocas anteriores, nunca o Sporting esteve mais perto da liderança da liga NOS à 8ª jornada (2 pontos em 18/19 e 17/18, e 5 pontos em 16/17), sendo que foi com Peseiro que teve o calendário mais difícil (já jogou fora com Braga e Benfica, e nas duas épocas anteriores recebeu apenas o Porto). E tudo isto com Bas Dost lesionado…
Daí que se possa inferir que esta foi uma decisão injustificada que coloca em causa o verdadeiro e honesto apoio de Frederico Varandas a José Peseiro. Nunca a expressão “este é o meu treinador” pareceu ter um cariz mais populista e eleitoralista do que a proferida pelo presidente do Sporting aquando da sua campanha. Lembre-se o leitor que o único candidato que não o fez e apresentou Claudio Ranieri como treinador, veio a retroceder mais tarde nessa decisão tendo inclusive retirado a sua candidatura.
A demissão de José Peseiro parece uma tentativa imatura e precoce de conquistar tempo e espaço de manobra junto da opinião pública sportinguista, procurando esconder os reais problemas estruturais da Sporting SAD:
1. Instabilidade na(s) liderança(s). Nos últimos cinco meses, o Sporting teve três presidentes, prepara-se para contratar o terceiro treinador, e ficou sem o seu capitão e sub-capitão.
2. Ausência de cultura sporting. Dos vinte e dois jogadores mais utilizados este ano na liga NOS, apenas quatro são portugueses e dois são oriundos da formação. Comparativamente aos mais recentes jogadores exportados, nenhum tem sequer cem jogos na competição pelo Sporting (Rui Patrício #327, Adrien #169, William #143, e Nani #82).
3. Ausência de planeamento. Os grandes clubes preparam a construção dos seus planteis com três anos de antecedência. O Sporting começou a preparação da presente temporada já depois do seu início.
4. Falta de talento. Se compararmos os onze jogadores mais utilizados esta época com os da época passada, o Sporting perdeu Rui Patricio, Piccini, William Carvalho, Gelson e Fábio Coentrão, e contratou Gudelj, Raphinha e Nani.
5. Pressão em excesso. Quando a experiência entregue ao adepto não é (no mínimo) igual à expectativa criada, a sua satisfação é negativa (manifestada através de lenços brancos). Sousa Cintra começou a temporada afirmando que o Sporting iria ser campeão, negligenciando o actual momento do clube e o facto de não ter conquistado qualquer campeonato nos últimos 16 anos (e apenas dois nos últimos 36 anos)."

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