Últimas indefectivações

domingo, 16 de outubro de 2011

65/63

"Não são as medidas de nenhuma super modelo, nem tão pouco anos ou datas, é apenas a pontuação verificada na final do Troféu António Pratas. O Benfica venceu o FC Porto, por dois pontos, naquele que foi o primeiro grande jogo da temporada de 2011/2012 do Basquetebol português. Acabou por ser, também, a primeira grande vitória do ciclo de Carlos Lisboa enquanto treinador do Benfica. 'Um jogo de Basquetebol tem 40 minutos e faltavam ainda 12 quando perdíamos por 11 pontos. Rectificámos algumas coisas, mas tivemos uma coisa muito boa que foi o espírito dos jogadores, daqueles que jogaram, que não jogaram e os que fizeram faltas e foram para o banco. É este espírito que quero', afirmou o técnico e basquetebolista multicampeão de 'águia ao peito'.
Com Ben Reed lesionado e vários jogadores «tapados« por faltas, a equipa enfrentou dificuldades para bater o seu maior rival. Estou certo de que houve telespectadores e adeptos presentes no pavilhão que vaticinaram a derrota, pelo menos até se atingirem os derradeiros 10 minutos da partida. Mas o Desporto de alta competição não é só táctica e preparação física, o Desporto de alta competição é psicologia, inteligência e força emocional. É crer, é querer vencer. Nesse campo não deverá haver maior motivação do que ver Carlos Lisboa junto ao banco a incentivar os seus atletas. É o campeão dos campeões, um homem com um currículo invejável, uma figura ímpar do Desporto Nacional, um benfiquista que escreveu inúmeras páginas de glória da história do nosso Clube, é um líder que sabe levar os craques, os habituais e os novos, à vitória que se deseja. Sérgio Ramos disse, ao 'Todos Por Um', da Benfica TV, que era necessário agradecer aos benfiquistas que acompanharam o Basquetebol do Benfica a Vagos. Enquanto tivermos homens destes na nossa alta competição saberemos que estaremos bem entregues, bem representados tanto em casa como fora. Com eles, Benfica sempre!"

Ricardo Palacin, in O Benfica

O Convidado leva o champanhe

"Naquele início de Julho, havia tanta gente triste em Portugal, mas O Convidado não. Vi miúdos e homens feitos chorando de amargura sincera, e O Convidado ria. Gente deu de si o melhor; gente foi até ao fim do seu esforço possível; gente ultrapassou as fronteiras da alma para contrariar o destino. Gente séria; gente honesta; gente boa. O Convidado desprezou a crença de todos eles; O Convidado sujou a honra de todos eles; O Convidado foi o canalha que nenhum de nós precisa de ter a seu lado, e muito menos numa altura como aquela. Foram milhares. E milhares e milhares e milhares. Saíram para a rua com orgulho, apesar da derrota. Orgulho próprio de quem dá o que tem e vai até para além do que pensava ter para dar. O Convidado olhou a multidão com um sorriso escarninho, fechou a janela para não ouvir o ruído que subia dos passeios, e abriu o jornal na página da necrologia.

Depois riu-se sozinho da piada sem graça. Foi, de alguma forma, 'a dor azul de Portugal'. A dor de todos aqueles que souberam unir-se e ser felizes contra a maldição das desgraças. Que deitaram para trás das costas as lamentações e disseram não a tantos ais. E foram vogando a onda das vitórias até ao momento em que ela se desfez na praia da derrota. O Convidado, absorto na sua teia de aranha peçonhenta, esperou pelo momento das lágrimas para se rir à gargalhada. Alguns dos que choravam até eram seus conhecidos, seus subalternos. Pouco importou para O Convidado. Limpou a cera de um ouvido com a unha comprida do mindinho e abriu a garrafa de champanhe. O Convidado é assim: velhaco! A queda dos outros é o seu gáudio. Continuou a rir-se pela noite fora como um labrego à medida que as pessoas regressavam a casa, condoídas. O Convidado está de volta: convidaram-no. Resta saber se levou a garrafa de champanhe..."


Afonso de Melo, in O Benfica

Objectivamente (ainda o Túnel...)

"As críticas que o advogado portista, Carlos Abreu Amorim, deputado da Nação, lançou ao Ministério Público, dizendo que há uma perseguição descarada do Procurador, Pinto Monteiro, ao FC Porto por causa da denúncia feita em termos criminais aos jogadores Hulk, Sapanaru e Fucile, é tão ridícula como a justificação dada por essa figura à ausência de denúncia pelas agressões entre jogadores do Braga e Benfica num jogo da Liga e de uma agressão de Scolari a um jogador sérvio, durante uma partida da Selecção. E diz mesmo, em declarações à Antena 1, que o Ministério Público deveria ter avançado com acusações.

Bom, afinal o que ele quer mesmo é que o Ministério Público «persiga» os jogadores do Benfica que, segundo ele, teriam agredido os jogadores do Sp. Braga... Assim já estaria tudo bem.

Mas há alguma comparação possível entre aquilo que se passou no túnel do Estádio da Luz, onde vários jogadores do FC Porto, agrediram seguranças, partiram objectos, fizeram desacatos nos balneários, deliberadamente pelo facto de terem perdido um jogo, e excessos entre jogadores e treinadores à vista de toda a gente durante um jogo de futebol? Ou o que ele quer é fazer esquecer aquilo que os vídeos demonstram claramente? Quer que os vídeos tomem o mesmo caminho das Escutas telefónicas da corrupção no Futebol Português e 'lavar tudo' como se nada se passasse?

Pergunta ele se o Ministério Público não tem mais nada para fazer que proceder criminalmente contra estes indivíduos só pelo facto de terem feito o que fizeram? Com tanto que há que fazer na Justiça Portuguesa... diz esta figura! Para ele, provavelmente, o melhor era nem haver Ministério Público. Para quê? Com tanto que há a fazer com os buracos financeiros, para quê preocupar-mo-nos agora com outras questões que não sejam as das finanças públicas???!!!

Bom, o melhor é esquecer tudo o que tem que ver com as asneiras do FC Porto, dos seus dirigentes e jogadores. Como os conselhos de Disciplina e Justiça branquearam estas atitudes com penas ridículas, quer que seja feito o mesmo com os Tribunais Comuns e critica duramente o Procurador Geral da República. Acham-se impunes... como sempre!"


João Diogo, in O Benfica

A festa da Taça

"1. Na passada sexta-feira, arrancou mais uma eliminatória da Taça de Portugal. Com o envolvimento dos grandes do futebol português, a Taça ganha visibilidade, já que alguns dos jogos são objecto de transmissão televisiva e de atenção privilegiada por outros meios de comunicação social, sejam jornais ou rádios. E, assim, tivemos transmissão televisiva a partir de Portimão, de Pêro Pinheiro e de Famalicão, o que traduz uma receita suplementar para cada um dos jogos e, logo, um claro benefício patrimonial para os três clubes envolvidos, ou seja, Portimonense, Pêro Pinheiro e Famalicão. Neste domingo, teremos, em muitas localidades de Portugal, a festa da Taça e com o supremo desejo dos vencedores desta tarde sonharem, em próximo sorteio, com um confronto, nas suas casas, com o Benfica, Futebol Clube do Porto, Sporting ou Sporting de Braga. A festa da Taça é isto. É aquela que leva milhares a pequenos estádios e que mostra, a milhões de portugueses, aldeias ou vilas quase que desconhecidas. E que permite às respectivas comunidades, nestes tempos dolorosos, um pouco de auto-estima.


2. (...)


3. A perspectiva das próximas eleições da Federação Portuguesa de Futebol, com a disputa de poder que se antevê, tornam urgente uma decisão final do Governo sobre o projecto de criação e constituição do Tribunal Arbitral do Desporto, elaborado pela Comissão para a Justiça Desportiva presidida pelo Professor Cardoso da Costa.

Com efeito, como se pode constatar da leitura do excelente relatório apresentado e se acha reflectido na proposta de articulado, a introdução deste órgão da justiça desportiva como instância última para o julgamento disciplinar a desportivo (aqui funcionando no âmbito da arbitragem necessária) impõe um reajustamento das competências hoje atribuídas ao Conselho de Justiça, amputando-lhe poder e reforçando isenção e transparência. Desta forma, as expectativas sobre a composição desta estrutura jurisdicional ficariam suficientemente arrefecidas, porquanto todos saberiam que o seu poder judicante não era nem o último nem o decisivo. Menos problemas, menos conflitos, menos compromissos seriam provocados e/ou estabelecidos e maior a liberdade e a independência de que disporiam os candidatos para a composição das suas listas.

Mas, a urgência deste Tribunal decorre de outro factor. Se queremos que o desporto português entre num novo momento, mudando de paradigmas, de culturas e de práticas viciosas que tanto mal lhe têm feito, torna-se incontornável a implementação do projecto existente. O extremo rigor advogado e projectado quer na parte da criação e constituição do Tribunal, designadamente as exigências estabelecidas para a sua composição, bem assim como o cuidado posto nas normas de processo que o acompanham, são seguros penhores de isenção e competência que poderão assegurar a verdade e a celeridade na justiça desportiva. Seguramente, com este Tribunal em funcionamento não teriam acontecido muitas das situações complexas que perturbaram o desempenho dos órgãos jurisdicionais nestes últimos anos e não só ao nível do futebol.

A reforma do desporto que este Governo prometeu teria aqui um excelente começo e um bom augúrio. Pegar no que já existe e, em coordenação com o Ministério da Justiça, consagrar o que a Comissão da Justiça Desportiva, empenhada e competentemente, soube criar. Um tribunal Arbitral do Desporto, necessário para tudo o que sejam poderes públicos transferidos para as federações, e voluntário para todas as restantes matérias, solução inovadora que muito tranquilizaria as agitadas águas desportivas e muito credibilizaria perante o País o desporto nacional.


4. (...)


Fernando Seara, in A Bola

Adeus, Liga!

"Criada nos tempos áureos do cavaquismo (não tenho culpa, é da história!), a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, também por aí designada como Liga de clubes ou, mais recentemente, por ordem de um qualquer marqueteiro da praça, como Liga Portugal, está a dar as últimas.

A passagem da arbitragem e da disciplina para a alçada da Federação, tão ardentemente reclamada por uns quantos, e porventura até justificada face à incompetência da geração liguista, chamemos-lhe assim, deixa em absoluto vazio um organismo que se pretendia capaz de revolucionar o futebol português e de colocá-lo ao melhor nível da Europa e do planeta.

Em Portugal, de facto, muitas coisas nascem, consomem e consomem-nos, e morrem no desterro, por falta de clientela. É sempre assim quando os interesses movimentados se unem ou... desunem.

Limitada à aceitação (literal) de documentos para as inscrições de jogadores - que nunca escaparam à tutela da FPF, note-se, como final decidora! -, e à organização das competições ditas profissionais, pelas quais é, ou era, suposto pagar uma renda anual à FPF, a Liga tem tudo para desaparecer... e, confessemo-lo, sem deixar saudade, a não ser àqueles burocratas e mesistas que dela se foram e vão ainda servindo.

Ficará então um belo imóvel, feito à pressa, é verdade, ali à zona da Constituição, mas que ultrapassa, em qualidade, quase tudo o que os sucessivos quadros dirigentes e respectivos assessores fizeram pela causa, à qual não creditaram até hoje uma ideia, um caminho, um plano, política ou sentença digno de defender o melhor de todos os nossos produtos: o jogador português!

O pior, apesar de tudo, nem será a morte da Liga e o silêncio prometido ao edifício onde se terão repetido alguns dos maiores atropelos ao desenvolvimento do nosso futebol, tantas vezes anunciados ao povo como a panaceia. O pior é que parece que todos os gabinetes se vão passar para a Federação!..."


Paulo Montes, in A Bola

A fase final do Europeu-2012

"Comigo, Portugal já estava na fase final do Euro-2012. Comigo, a Madalena Iglésias tinha ganho o Eurofestival da Canção de 1966. Comigo, o Veloso não tinha falhado o penalty de Estugarda. Comigo, o Lobo Antunes tinha ganho o Nobel há dez anos. Comigo, o Mamede tinha sido campeão olímpico em 1984. Comigo, a Maria João Pires vivia em Portugal. Comigo, o Walter marcava seis ao Pêro Pinheiro. Comigo, o Manoel de Oliveira não tinha 102 anos, tinha 202. Comigo, o Real Madrid tinha dado cinco ao Barcelona. Comigo, o salário mínimo era de 1500 euros. Comigo, Yannick jogava no Nice e no Sporting. Comigo, o Duarte Lima não era suspeito. Comigo, Valdano e Mourinho eram amigos. Comigo, Eusébio ainda jogava. Comigo, Barak Obama era branco. Comigo, o Restelo enchia todas as semanas. Comigo, o João Pinto não tinha sido expulso na Coreia. Comigo, Usain Bolt não tinha feito falsa partida. Comigo, o Silvio Berlusconi dormia com a Ângela Merkl (e gostava). Comigo, o Bento não tinha partido a perna em Saltillo. Comigo, Nicolas Sarkozy era mais alto do que a Carla Bruni. Comigo, o Futre tinha marcado aquele golaço em Viena. Comigo, John Lennon usava colete à prova de balas a 8 de Dezembro de 1980. Comigo, o Abel Xavier não tinha feito o penalty do Euro-2000. Comigo, Mahatma Gandhi não era vegetariano. Comigo, tinha havido três equipas portuguesas na final da Liga Europa de 2011. Comigo, Bin Laden tinha sido apanhado a 12 de Setembro de 2001. Comigo, só tinha passado ar pelo nariz de Maradona. Comigo, Saramago ainda escrevia. Comigo, Miguel Sousa Tavares era benfiquista. Comigo, Elizabeth Taylor tinha casado apenas uma vez. Comigo, o Garrincha e o Best detestavam álcool. Comigo, não havia buraco na Madeira. Comigo, ninguém escrevia estas palhaçadas. Comigo, Portugal já estava na fase final do Euro-2012."


Rogério Azevedo, in A Bola

Desconstruindo

"Queiroz diz que se fosse com ele e não fosse pela bicharada e pelos dinossauros Portugal já estava no Euro, o Milan quer abrir uma escola de futebol no Cartaxo, o Nice não quer e parece que mais ninguém quer o Yannick, o Gascoigne deu um autógrafo numa bomba dos filhos de Kadafi, o Carlos Martins é a minha triste esperança para 10 da Selecção, os espanhóis dizem que Mourinho vai orientar a Selecção no play-off, vão ao ar os subsídios de férias e Natal e o maratonista inglês Rob Sloan apanhou um autocarro para ganhar uma prova no seu país.
O Queiroz vai treinar o Cartaxo, o Milan quer o Yannick e um dinossauro, o Gascoigne assinou o Carlos Martins a julgar que era uma bomba ou um filho do Kadafi, os espanhóis dizem que Mourinho não vai receber os subsídios de férias e Natal e Rob Sloan vai apanhar um autocarro cheio de bicharada para Nice, mas não sabe se o Nice o quer lá muito tempo.
O Queiroz vai treinar o Yannick, o Milan quer contratar o Gascoigne, pelo menos um filho de Kadafi é um dinossauro, já qualquer elemento da bicharada pode ser 10 da Selecção do Cartaxo, os espanhóis dizem que o Mourinho vai treinar o Queiroz e Rob Sloan diz que apanha qualquer autocarro excepto se conduzido por um dinossauro ou por Yannick, porque ficaria sem saber quais são as paragens.
O Yannick quer o Milan, o Gascoigne é a minha esperança para 10 da Selecção dos dinossauros, os subsídios de férias e Natal serão para pagar ao Queiroz se ele levantar processos à Nação e os espanhóis dizem que os filhos de Kadafi vão orientar a Selecção no play-off, mas só se Sloan não levar a bomba no autocarro.
Os subsídios de férias e Natal pode ser que sejam bons a 10 da Selecção, a bicharada diz que se fosse com Rob Sloan a treinar Portugal até de autocarro iria ao Euro, o Queiroz disse ao Mourinho para não se meter com dinossauros nem com Gascoigne, o Cartaxo aceita o Yannick mas só para jogar o play-off e os subsídios de férias e Natal serão pagos pelo Milan ou pelos filhos do Kadafi, isto segundo garantem os espanhóis do Nice."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola