"José Calado foi um excelente jogador do Benfica. Embora nem sempre tivesse do seu lado o 'tribunal do terceiro anel'. Em meu entender, injustamente. Jogou sempre com amor à camisola (coisa rara, nas últimas décadas), nunca regateou o seu profissionalismo e esforço, apresentou-se sempre com o rigor dos que têm prazer no que fazem.
Desde que, desamparadamente saiu do Benfica, passou pela diáspora futebolística e o tempo - essa inexorável medida - fê-lo quase desaparecer dos radares da comunicação social portuguesa.
Voltou. Ouço-o agora com frequência na BTV. E com gosto. Dirão os sportinguistas e portistas, que fazem o favor de me ler, que assim escrevo porque se trata de um benfiquista e da televisão do clube. Mas, creiam, que não é por isso. Calado tem sido uma bela surpresa como comentador e analista dos jogos. Primeiro porque sabe do que fala. Depois porque é tranquilo neste mundo do futebol sempre agitado. E ainda, porque analisa com racionalidade o que observa. Por isso, desta coluna lhe mando um abraço de encorajamento e de felicitações.
Aliás, na actual oferta inflacionada de programas sobre futebol, é bom termos a possibilidade de ouvir quem sabe do ofício. Neste aspecto, Calado está bem acompanhado por antigos jogadores que, embora mantendo a sua ligação aos seus clubes de coração, têm sido capazes de dar lições a participantes inflamados e ultraparciais em programas de debate. Falo, entre outros, de António Simões, Vítor Baía, Dani, Mozer, Manuel Fernandes, Diamantino e também de Manuel José, um senhor. Têm opinião, sabem discernir o essencial, ensinam-nos sobre o que está para além do que vemos."
Bagão Félix, in A Bola