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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Telma de bronze - um belo exemplo

"Dezasseis anos depois do jugo português ter conseguido, com Nuno Delgado, a sua primeira medalha olímpica, nova medalha de bronze, agora para Telma Monteiro, nos seus quartos Jogos Olímpicos.
Não assisti à estreia de Telma, em Atenas, mas vi-a, depois em Pequim e em Londres e sei como a judoca portuguesa perseguia uma medalha olímpica, depois de já ter conquistado os mais diversos títulos mundiais e europeus. Doze anos depois da sua estreia, a consagração no Rio.
Telma merece-a. Pela persistência e pelo exemplo de lutadora. É uma atleta de excelência, ambiciosa, firme. Teve condições especiais de preparação, depois de ter sido sujeita, apenas há seis meses, a uma intervenção cirúrgica. Em muito pouco tempo teve de recuperar a forma e a condição física necessárias para defrontar as melhores do mundo, naquele que é o torneio mais importante, o torneio olímpico. Este terceiro lugar é, pois, uma proeza assinalável. Tanto mais que se trata de uma modalidade de primeira grandeza no universo olímpico, a par com o atletismo, a ginástica e a natação.
Haverá sempre quem diga que  nos Jogos Olímpicos todas as modalidades são iguais e todas as medalhas são igualmente importantes. Não é bem verdade. Claro que todas as medalhas, sobretudo para um pequeno e pobre país como Portugal, são de fulcral importância, como resultado desportivo e como motivação de uma cultura desportiva mais aberta. Porém, quem conhece a realidade dos Jogos sabe que nem todas as modalidades são de primeira grandeza. O judo é uma das maiores. Uma medalha no judo te, de facto, um valor universal."

Vítor Serpa, in A Bola

Estandarte de valores

"São os seus sétimos Jogos Olímpicos. Nenhum outro português lá competiu mais de cinco vezes. Em prancha à vela foi uma vez campeão do Mundo e duas vice-campeão, cinco vezes campeão da Europa e uma vice-campeão, para além de uma medalha de bronze num mundial e outra num europeu. João Rodrigues tem palmarés raro a nível nacional e internacional. Só isso justificaria ser Porta-Estandarte de Portugal nos Jogos do Rio, os últimos em que diz participar como atleta.
Mas Rodrigues é muito mais! É modelo do que julgo ser o Espírito Olímpico. Tem superior sentido ético que o fez descer lugares em competições. Profundamente empenhado no alto rendimento, tem vida para além do desporto. É engenheiro pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, cujo curso terminou no ano em que foi campeão mundial e participou nos seus segundos Jogos, em Atlanta, onde alcançou classificação de diploma. É um homem culto que observa criticamente o mundo, lê, reflecte e escreve. Publicou dois livros onde descreve e elabora a experiência de vida que retira do desporto, e tive a honra de o ter como co-autor num capítulo de livro científico sobre psicologia do desporto publicado nos EUA. Com hábitos de vida simples, tem por ventura no windsurf a maior luxo onde investe os proveitos na optimização das condições que lhe permitem superar-se. Para ele o desporto é uma forma de evoluir como pessoa, mas também de contribuir para uma sociedade melhor.
João Rodrigues sabe que, aos 44 anos, num desporto fisicamente exigente como o seu, está longe da forma que lhe deu títulos de relevância internacional. Preferiu adequar formas de treino e expectativas de resultados para viver mais uma experiência olímpica e poder representar Portugal no Rio. Preocupa-se em ser modelo. Não apenas de campeão, mas de cidadão pleno que vive realmente os valores olímpicos. Porque não é o desporto que ensina as virtudes, mas sim os que o praticam com elevação e sentido universal. Não haveria melhor escolha para Porta-Estandarte!"

Sidónio Serpa, in A Bola

Inferno ou paraíso

"1. Um estudo do Sindicato Mundial de Futebolistas Profissionais (FIFPro) concluiu que os jogadores estão, no mínimo, três vezes mais expostos à depressão do que a média da população. Entre os inúmeros factores de risco que contribuem para esse estado psicopatológico estão no topo da lista: os litígios surdos com o treinador, fruto de um sentimento de frustração e revolta pela exclusão da equipa titular ou escassa utilização; a incompetência do staff médico e/ou as deficientes estruturas de reabilitação, que prolongam a inactividade competitiva e os impelem depois a não meter o pé, como se diz na gíria; o descontentamento provocado pela desigualdade salarial, por vezes chocante; a pressão interna e mediática a que permanentemente são submetidos; o intenso desgaste físico sem pausas para recuperação...
Em suma, um inferno de vida que os ordenados milionários, os carros de luxo e as beldades que os rodeiam não compensam. Discorde-se ou não, esta foi a conclusão.

2. Segundo a Lei de Murphy (piloto-aviador da Força Aérea dos EUA), «quando uma coisa pode correr mal, isso acontecerá sempre no pior momento possível». Desmontemos agora o puzzle, após um jejum sem fim, a equipa do FC Porto atravessa a fase mais negra dos últimos 40 anos, enquanto a clube vive numa penúria deprimente face a um passado recente. Decisões equívocas, negócios desastrosos e gestão ruinosa levaram a este descalabro, cuja consequência mais imediata é a queda a pique da cotação do plantel. Com este pano de fundo, esperava-se que o sorteio do play-off para o acesso à Champions lhe reservasse um adversário acessível e não o osso mais difícil de roer com o qual dificilmente não ficará engasgado: os italianos da AS Roma. Se querem um exemplo perfeito da Lei de Murphy, ele aqui está."

Manuel Martins de Sá, in A Bola

Benfiquismo (CLXXXVIII)

Estas fotos não são do arquivo,
foram tiradas ontem,
mas tenho a certeza que vão passar a ser do arquivo!
Depois do Nélson, depois da Vanessa,
(o Di Maria por acaso ganhou a medalha de Ouro Olímpica,
 quando tinha contrato com o Benfica, mas não tem o mesmo impacto...)
a partir de agora também a Telma, entra num 'clube', muito exclusivo...!!!