"Dezasseis anos depois do jugo português ter conseguido, com Nuno Delgado, a sua primeira medalha olímpica, nova medalha de bronze, agora para Telma Monteiro, nos seus quartos Jogos Olímpicos.
Não assisti à estreia de Telma, em Atenas, mas vi-a, depois em Pequim e em Londres e sei como a judoca portuguesa perseguia uma medalha olímpica, depois de já ter conquistado os mais diversos títulos mundiais e europeus. Doze anos depois da sua estreia, a consagração no Rio.
Telma merece-a. Pela persistência e pelo exemplo de lutadora. É uma atleta de excelência, ambiciosa, firme. Teve condições especiais de preparação, depois de ter sido sujeita, apenas há seis meses, a uma intervenção cirúrgica. Em muito pouco tempo teve de recuperar a forma e a condição física necessárias para defrontar as melhores do mundo, naquele que é o torneio mais importante, o torneio olímpico. Este terceiro lugar é, pois, uma proeza assinalável. Tanto mais que se trata de uma modalidade de primeira grandeza no universo olímpico, a par com o atletismo, a ginástica e a natação.
Haverá sempre quem diga que nos Jogos Olímpicos todas as modalidades são iguais e todas as medalhas são igualmente importantes. Não é bem verdade. Claro que todas as medalhas, sobretudo para um pequeno e pobre país como Portugal, são de fulcral importância, como resultado desportivo e como motivação de uma cultura desportiva mais aberta. Porém, quem conhece a realidade dos Jogos sabe que nem todas as modalidades são de primeira grandeza. O judo é uma das maiores. Uma medalha no judo te, de facto, um valor universal."
Vítor Serpa, in A Bola