Últimas indefectivações

sábado, 8 de novembro de 2025

Complicado...


Benfica 34 - 31 ABC
20-20

Estivemos muito tempo em desvantagem no 2.º tempo, só a partir dos 30 golos é que passámos para a frente...
Jogámos sem 4 jogadores: Vailupau, Belone fizeram muita falta, o Borges além do Olsen também ficaram de fora!

O Benfica Somos Nós - S05E23 - Bayer...

Falar Benfica - Conversas Gloriosas #29

Mata Mata - Jornada 10, polémicas em loop e Champions League.

O coração ainda bate mais forte do que o Excel


"O segundo ato eleitoral está a chegar. Os sócios do Benfica voltarão a encher as urnas com esperança e nervosismo. Votarão com o coração, mas também com a memória. E é aí que, na minha opinião, Rui Costa volta a partir à frente

Os últimos tempos têm sido marcados por televisores em loop. Com enormes diferenças entre si, é certo. Nalguns casos, essas imagens repetidas mostram a grandeza de um clube. Noutros, expõem a pequenez de quem toma determinadas ações.
A primeira volta das eleições do Benfica mostrou o que é um clube vivo, forte e vibrante. Foram dezenas de milhares os sócios que participaram, transformando este ato eleitoral no mais participado da história de um clube desportivo a nível mundial. Uma demonstração de vitalidade, de pertença e de fé coletiva, contrariando o que vai acontecendo no futebol moderno, onde muitos clubes perdem identidade e passam a ser posse de empresas, milionários ou fundos soberanos.
Se foi um ato eleitoral altamente participado, foi também amplamente acompanhado. Durante dias, os órgãos de comunicação social repetiram imagens, diretos, declarações, filas intermináveis, votos e emoções. Um verdadeiro loop mediático, mas com sentido. Porque, ao contrário de outros loops que servem apenas para pressionar árbitros, este serviu para mostrar o que o Benfica tem de maior: o seu povo.
Rui Costa e Noronha Lopes passaram à segunda volta. Se a passagem dos dois não surpreendeu, o resultado de cada um surpreendeu alguns. Havia quem acreditasse na vitória imediata de Noronha Lopes, havia até quem vaticinasse um triunfo esmagador. Esqueceram-se de que o Benfica não é apenas uma empresa e de que o que está em disputa não é o cargo de CEO.
Há quem diga que o clube precisa de um gestor. Que o futebol moderno já não se faz apenas de símbolos, mas também de contas equilibradas. É verdade. Mas um gestor contrata-se, um líder elege-se. E essa é a diferença que Noronha ainda não percebeu. O Benfica não é meramente uma empresa cotada. É uma nação emocional. Tem milhares de sócios e milhões de adeptos que não se inspiram em relatórios, que não se guiam por gráficos, mas por golos. Que não querem ver o clube numa folha de Excel, querem vê-lo num relvado a correr atrás da glória.
A vantagem de Rui Costa é isso mesmo: ele representa o instinto, a paixão, a memória. O homem que levantou troféus e chorou derrotas. O miúdo da Damaia que se fez símbolo mundial e regressou à casa onde sempre pertenceu. A desvantagem de Noronha não está no currículo, mas na distância. Não seduz um candidato que fala de sustentabilidade e governance com o mesmo tom com que um contabilista fala de IVA. Não é de conhecimentos técnicos que Noronha Lopes carece. Falta-lhe o Benfica. Falta-lhe alma, paixão, falta-lhe que a maioria dos sócios o veja como um deles. Falta-lhe o essencial num líder de um clube: ser a voz do seu povo.
Houve, contudo, um momento em que Noronha podia ter virado o jogo e a sua imagem. Quando surgiu a notícia de que não abdicaria do salário a que o presidente tem direito, podia ter feito diferente. Podia ter dito que não abdicava e que não concordava com quem faz disso bandeira eleitoral. Podia ter dito que o Benfica não pode ser liderado apenas por quem tem fortuna, e que essa não pode continuar a ser uma barreira para que um sócio comum, que precisa do seu salário ao fim do mês, possa candidatar-se a liderar o seu clube. Que num clube democrático, como o Benfica se orgulha de ser, isso é inaceitável.
Poderia, assim, ter-se misturado com os sócios comuns, mas preferiu recordar os milhões que ganhou na sua vida de gestor de topo. Pode sobrar dinheiro, mas faltou noção. E a imagem que passou é a de que, para ele, o maior clube do povo continua, afinal, reservado a uma pequena elite.
A segunda volta foi dura. O debate subiu de tom, as máquinas voltaram a trabalhar, as redes incendiaram-se. E no meio desse ruído, muitos voltaram a esquecer-se do essencial: o Benfica não precisa apenas de alguém que apresente o seu currículo de gestor, precisa de alguém que inspire. Rui Costa ainda não é perfeito, mas é autêntico. E essa autenticidade é cada vez mais rara num futebol que se enche de fórmulas e se esvazia de alma.
Há quem tente que se veja nesta eleição uma luta entre o passado e o futuro. Eu vejo outra coisa: uma luta entre quem fala como querendo ser presidente do Benfica e quem fala como querendo ser presidente da SAD. Entre quem fala com o coração e quem fala com o PowerPoint. O futuro do Benfica não está em regressar ao romantismo cego, nem em entregar-se ao cinismo empresarial. Está em encontrar o equilíbrio entre paixão e competência. E Rui Costa, com todos os seus defeitos, parece ser o único capaz de tentar essa síntese.
O segundo ato eleitoral está a chegar. Os sócios voltarão a encher as urnas com esperança e nervosismo. Votarão com o coração, mas também com a memória. E é aí que, na minha opinião, Rui Costa volta a partir à frente. Porque a maioria dos sócios ainda se lembra de um golo seu, de um passe seu, de um gesto seu, da coragem com que assumiu a liderança do Benfica num dos momentos mais difíceis da sua história. Sentem que estão a votar em alguém que já lhes deu alegrias reais. A maioria dos benfiquistas não quer um gestor que prometa lucros. Quer um líder que lhes alimente a paixão e a mística do clube.
No fim, o Benfica escolherá quem quer ser. E talvez esta eleição não seja tanto sobre Rui ou Noronha, mas sobre o que cada um de nós quer ver quando olha para o emblema. Se queremos ver apenas uma marca ou uma paixão. Se queremos um presidente que fala de EBITDA ou um que fala de Eusébio. O resultado da primeira volta já deu uma pista: o coração ainda bate mais forte do que o Excel. E enquanto assim for, o Benfica continuará a ser Benfica."

Benfica: o argumento do tom


"Rui Costa e Noronha Lopes meteram as garras de fora e não deixaram nada por dizer um ao outro: um momento que iria sempre chegar nesta 'interminável' campanha eleitoral

Era a última oportunidade para os candidatos ganharem votos em massa, perante a abertura do sinal da BTV. Rui Costa chegou à noite do duelo em cima de mais de 40 por cento dos votos dos sócios, no dia 25. Uma vantagem clara e que o deixa bem mais perto da reeleição do que João Noronha Lopes da presidência.
Também foi mais ou menos consensual que o primeiro debate a dois, aquele que passou em quatro canais ao mesmo tempo, monopolizando a televisão noticiosa portuguesa, sorriu a Rui Costa.
Daí, pelos resultados de dia 25 e pelo duelo anterior, era o presidente em exercício quem tinha mais a perder... pelo simples facto de estar por cima.
Portanto, Noronha Lopes, como o próprio disse, tinha de pedalar mais e para isso antevia-se que o candidato da Lista F teria de sair ao ataque no hotel do último do duelo entre ambos.
Isso sucedeu, de facto. Era tão previsível que Rui Costa vinha preparado para uma velha máxima futebolística: a melhor defesa é o ataque. Os dois candidatos não esperaram um pelo outro para desferir golpes e apenas em, diria, dois pontos e meio concordaram: quando se falou na questão da bilhética (preço dos Red Pass excluídos), sobre a adesão das Assembleias Gerais e sobre o futebol feminino — este último, talvez o único tema em que não houve qualquer interrupção.
No resto, foram para lados opostos, o volume subiu e, no final do frente a frente, o tom tornou-se praticamente no único argumento. Haverá, seguramente, quem goste deste estilo de combate — facilmente comprovável pelas audiências de programas de TV, atuais ou passados —, haverá quem o abomine. Luís Costa Branco bem tentou moderar as coisas, mas a temperatura com que se debateu, o modo como se esgrimiram argumentos, foi apenas o culminar óbvio de uma campanha que se passou nos termos em que se passou.
Rui Costa e Noronha Lopes meteram as garras de fora e não deixaram nada por dizer um ao outro na noite desta quinta-feira.
Creio que esse momento chegaria sempre e tivesse sido ele no debate anterior, as coisas teriam sido muito mais calmas no derradeiro frente a frente.
O Benfica passou por este longo período em que as pessoas que o fazem ser se confrontaram; há visões muito diferentes no clube, mas amanhã haverá uma que orientará o clube nos próximos quatro anos.
Deseja-se que a partir daí as coisas mudem para um tom bem melhor do que aquele da última noite."

De Mourinho a Amorim: o paradoxo lusitano


"Exportamos treinadores, não ideias. Somos camaleões, não criamos obras de autor. Aquele que mais perto esteve de imortalizar a assinatura largou a estrada. A revolução ficou a meio

Os portugueses criaram metodologia própria. Chama-se periodização tática, tem como autor Vítor Frade e o seu conhecimento espalhou-se pelos alunos da atual FADEUP (Faculdade de Desporto da Universidade do Porto). Grosso modo — e estarei sempre a ser demasiado redutor, não é, professor? —, defende que o treino deve ser 100 por cento inspirado no jogo e, como tal, a bola estará sempre presente. Parte do princípio de que se a equipa estiver bem taticamente o resto chegará depois: os jogadores correrão não mais, porém melhor e estarão mais confortáveis nas ações. Haverá uma abordagem mais coletiva, logo mais consistente e forte.
Foi apresentada ao mundo por José Mourinho e Rui Faria, desde logo nas conquistas europeias do FC Porto e logo depois no Chelsea, que saciou meio século de jejum.Unida às ideias e ao magnetismo brutal, ao controlo absoluto da narrativa e à inteligência estratégica do Special One, tornou-se uma revolução. Mourinho atingiu rapidamente o Olimpo enquanto melhor treinador do momento e o mais brilhante de sempre do país.
A periodização tática — uma das várias metodologias que os treinadores nacionais utilizam — é apenas alicerce para a ideia. E aí voltamos à velha dicotomia: ser proativo ou reativo? Sê-lo sempre? Ou gerindo, consoante adversário ou momento? Há técnicos de equipas pequenas que querem ser sempre proactivos, mesmo que por vezes não tenham os jogadores certos. Outros, de equipas grandes, não se importam de baixar o bloco, mesmo contranatura, se acham que os aproxima do resultado que procuram.
Os treinadores que jogam como equipa grande mesmo treinando conjuntos de média ou baixa dimensão estão claramente a apontar para os outros voos, a afinar a ideia, a prepararem-se para o futuro. Um que, mesmo assim, é impossível de antecipar por completo, por culpa do contexto: a exigência fará disparar a pressão, um mau resultado roubará discernimento, os jogadores são melhores, mas mais exigentes. Mais difíceis. Distantes. Aqueles que jogam apenas para os pontos pensam no imediato, na sobrevivência e dificilmente subirão de patamar.
José Mourinho evoluiu (ou involuiu) de proativo para reativo, tal como o seu antecessor Bruno Lage, ainda que este possa só ter querido ser dominador por ter um fora de série nas mãos: João Félix. Não sei. Também não se pode dizer que Mou esteja com abordagem puramente defensiva no Benfica quando arrisca na pressão alta com referências individuais, mas sim que se senta no banco mais preocupado em anular o adversário do que em criar um fio de jogo que o aproxime da baliza. O tal ataque posicional. Nas suas palavras é clara a ideia, assim que diz que, por vezes, quando recuperam a bola, os seus jogadores passam para o lado, em vez de atacarem de imediato a baliza. Com alguns jogadores com dificuldades na resistência à pressão (aqui, contrapressão), é natural que a definição continue o problema que sempre foi.
Se a maior bandeira do que é ser um técnico português — e que tantas portas abriu, durante a sua fase revolucionária, para muitos compatriotas por todo o planeta — caminhou para esta dimensão, reforçada com o compromisso com a organização defensiva que há em nomes como Marco Silva, Nuno Espírito Santo, Abel Ferreira e Sérgio Conceição, naturalmente o estereótipo muda. Ainda que Jorge Jesus, em exílio não reconhecido na Arábia Saudita, e os discípulos Ruben Amorim e Paulo Fonseca persigam outra dinâmica no ataque.
Pergunta-se a um treinador luso o que o treinador luso tem de especial, de diferenciador, e este falará, quase sempre, na capacidade de adaptação. O facto de conseguir trabalhar, com resposta positiva, em todos os contextos. Isto, obviamente, não é uma identidade, embora reflita a nossa sociedade. Adaptamo-nos a qualquer cultura e país, mesmo fora do futebol. É valência adquirida nas dificuldades, geração após geração. Só que sermos camaleões não ajuda quando o objetivo é encontrar o homem do leme certo para uma identidade de clube grande e uma filosofia marcante e apaixonante.
De um treinador neerlandês, espera-se pressão alta, mentalidade ofensiva e acentuada posse no 4x3x3 de quase sempre; de um espanhol virá quase sempre um 4x2x3x1 e a qualidade de passe na retenção da bola e no domínio do jogo através da mesma; um alemão procura a pressão agressiva, a reação feroz e um futebol vertical e ofensivo, despreocupadamente desequilibrado na hora de defender; e o italiano apresenta sempre a organização defensiva como prioridade e um ataque com poucas unidades, já que a revolução de Sacchi foi curta e a influência de De Zerbi ainda se enraíza. Os franceses foram perdendo influência e serão hoje mais gestores de egos como Deschamps e Zidane, as principais referências. Os britânicos perderam expressão, todavia, com o melhor campeonato à porta de casa e tantas influências de onde beber, talvez a recuperem nos próximos anos.
Em Portugal, recentemente, tivemos exemplo de como nos vemos a nós próprios. Quando se quis mudar de um selecionador defensivo e já ultrapassado, tendo também em conta a qualidade da matéria prima, para um com ideias mais frescas e maior atrevimento com bola, escassearam os nomes em português. Não temos profissionais com esse perfil. O escolhido, para o mal e para o bem, que já identificámos tantas vezes aqui, foi o espanhol Roberto Martínez. Não mais o reconhecimento de que já formamos jogadores para todas as posições, mas poucos treinadores que os consigam pôr a jogar o que sabem e o que queremos ver. A classe levou a mal, porém não o entendeu como um aviso.
Em cima da tábua do crónico desenrascanço, o portuga fica assim depois com o rótulo dessa identidade dos principais representantes, cabendo ao melhor posicionado de todos, Ruben Amorim, a responsabilidade não só de rejuvenescer um gigante moribundo, mas também de impedir que se estenda o preconceito a esta e a gerações futuras. Será que um dia criaremos um Guardiola ou um Klopp? Mourinho percorreu muito tempo esse caminho, porém, iludido pelo resultado, afastou-se demasiado da berma e não voltou."

Gastar milhões no mercado? Ponham antes os olhos na formação!


"José Neto, com três golos e duas assistências em apenas dois jogos no Mundial sub-17, é só um exemplo. É lateral-esquerdo e joga na cantera do Benfica...

Votos não dá, nem acalma adeptos ansiosos, mas... é preciso andar a dormir para não ver que há soluções nas academias, na cantera, para os problemas nos plantéis e que gastar milhões por reforços duvidosos só serve para atirar areia para os olhos de sócios e fãs. 
Em Portugal, há misto de sentimentos quanto à formação: todos queremos ver os meninos da casa a dar o salto para as equipas principais e não para o estrangeiro; mas há também em todos nós uma sensação de que, se calhar, ainda não estão preparados, que um nome sonante vindo lá de fora poderia trazer mudanças mais imediatas.
Os próprios treinadores desejam, naturalmente, experimentar os jovens do clube nos plantéis principais, mas é precisamente com esse olhar que neles apostam: experiências. E se corre mal? Aí, o melhor é ter uma garantia de nome estranho e que tenha custado 20 ou 30 milhões, certo? Pois eu digo: errado!
Quantos craques por esse mundo fora (e por cá também) se estrearam com 15, 16 ou 17 anos? Não lançou, ainda agora, o Arsenal um miúdo de 15 anos na Champions?
Vem isto a propósito dos valores em ebulição no Mundial sub-17 e no qual Portugal soma duas goleadas (6-1, com a Nova Caledónia; e 6-0, com Marrocos). Além do trabalho exímio do selecionador Bino Maçães que, com este grupo, conquistou o Europeu sub-17 a 1 de junho, há uma série de jovens talentos que, decerto, poderiam ser os desejados reforços de inverno.
Fica um exemplo: José Neto, lateral-esquerdo dos juniores e sub-23 do Benfica e que soma, no Mundial, três golos e duas assistências em dois jogos. Mas há muitos mais prodígios nesta jovem Seleção. É só abrir os olhos..."

Honrai agora


"Quem se candidata à presidência do Benfica enfrenta sempre uma grande dificuldade: criticar a direção e o presidente é entendido como "dizer mal do Benfica". Essa ideia é absurda, evidentemente. Criticar o Governo de Portugal não é "dizer mal de Portugal". É, aliás, um gesto bastante patriótico. É assim que se avança. Conformar-se com um Benfica que ganha muito menos do que devia é que é dizer mal do Benfica
Foi por volta de 1928. Um homem que costumava escrever sobretudo textos humorísticos confrontava-se com o problema de compor um poema – um trabalho muito diferente daqueles a que estava habituado. Felizmente, tratava-se de um homem extraordinário. Trinta e dois anos mais tarde, a 6 de Janeiro de 1960, o Diário de Lisboa daria a notícia da sua morte, lembrando que o homem tinha obtido "alguns dos mais estrondosos êxitos do teatro cómico", mas também tinha sido muito bem-sucedido na prática de vários desportos, tendo feito "parte da representação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920, e de Paris, em 1924", na modalidade de tiro. O jornal referia ainda que o homem tinha sido "fundador do popular clube desportivo Sport Lisboa e Benfica", do qual tinha sido presidente em 1916 e em 1945. O homem chamava-se Félix Bermudes e, naquele dia de 1928, estava ocupado a conceber um hino para o clube que tinha ajudado a fundar. O refrão dessa canção, que é ainda hoje o hino oficial do Benfica, diz: "Avante, avante p'lo Benfica, / Que uma aura triunfante Glorifica! / E vós, ó rapazes, com fogo sagrado, / Honrai agora os ases / Que nos honraram o passado!"
Não é fácil saber o que se ama quando se ama um clube. É como o navio de Teseu: o clube que hoje conhecemos como Sport Lisboa e Benfica já mudou de nome, já mudou de emblema, já mudou de estádio, já mudou de presidente, já mudou de jogadores. Quando os sócios e adeptos de hoje (que também já não são os que enchiam o estádio há 80 anos) cantam "Eu amo o Benfica", referem-se exactamente a quê? É possível que se refiram a uma ideia – à ideia de Félix Bermudes, porque é ela que faz do Benfica o Benfica, é ela que liga o Benfica de hoje ao de 1904: a missão de honrar agora os ases que nos honraram o passado.
Nasci no dia 28 de Abril de 1974. Um ano depois, a 29 de Março de 1975, Eusébio fez o seu último jogo pelo Benfica. O que significa que o primeiro Benfica que conheci, o dos anos 80, tinha acabado de ficar órfão do melhor jogador de sempre. Nessa década, o Benfica foi campeão cinco vezes, e ganhou seis taças de Portugal. As camisolas de Eusébio, Coluna, José Augusto, Águas, Simões, Germano, Costa Pereira, Ângelo, Cavém, Mário João, Cruz, Torres, Jaime Graça, vestiam agora Chalana, Shéu, Nené, Bento, Alves, Carlos Manuel, Diamantino, Humberto Coelho, Veloso, Pietra, Bastos Lopes, Álvaro, Rui Águas, Valdo, Mozer, Ricardo Gomes – ases que honravam os ases que nos tinham honrado o passado.
Quem se candidata à presidência do Benfica enfrenta sempre uma grande dificuldade: criticar a direção e o presidente é entendido como "dizer mal do Benfica". Essa ideia é absurda, evidentemente. Criticar o Governo de Portugal não é "dizer mal de Portugal". É, aliás, um gesto bastante patriótico. É assim que se avança. Conformar-se com um Benfica que ganha muito menos do que devia é que é dizer mal do Benfica. É considerar que está bom assim, que não temos capacidade para mais.
João Noronha Lopes reuniu uma equipa de gente séria e competente. Propõe uma gestão racional, e não de navegação à vista, de dar o dito por não dito, em que um treinador volta a ser aposta cinco anos depois de se ter concluído que não servia. Quer um plano que estanque a permanente entrada e saída de jogadores, que faz com que todos os anos sejam um novo começo, uma nova estaca zero, um constante agora é que é. Pretende definir um rumo que evite a saída, no início da época, de um treinador que era sem dúvida nenhuma a aposta certa no fim da época anterior – e que sobretudo evite que isso aconteça dois anos seguidos.
Nos 25 anos que o século XXI já leva, o Benfica ganhou três taças de Portugal. Metade das que ganhou na década de 80. Nos últimos seis anos, o Benfica foi campeão uma vez. Insistir no mesmo modelo de gestão e esperar resultados diferentes não é muito sensato. E como, sinceramente, não me parece que os ases que nos honraram o passado se sintam especialmente honrados com este palmarés, no sábado vou votar em João Noronha Lopes."

As eleições do Benfica e outras eleições


"Os sócios do Benfica decidem amanhã quem pretendem que seja o próximo presidente do clube. Filtrados os candidatos numa primeira volta que constituiu o acto eleitoral mais participado da história do futebol mundial, a escolha poderá agora recair sobre o incumbente, Rui Costa, ou sobre o homem que o desafia e tenciona ser o 35.º líder das águias, João Noronha Lopes.
Para lá das promessas vãs que estas disputas costumam trazer à mistura, de uma certa frivolidade transversal aos vários concorrentes, de uma dose cavalar de amadorismo comunicacional provida pelos pretendentes ao trono e dos costumeiros ataques velados – as chamadas encomendas -, o que ficou da longa campanha e dos números saídos da primeira volta foi mais uma cabal demonstração de que o Benfica é não só o maior clube do país – ser o melhor é outra conversa para a qual a afluência às urnas ou as selfies de domingo contam pouco –, mas também o clube mais português de Portugal.
Esta inferência encerra em si mesma um misto de prazer e dor. Prazer, porque, favorecendo os meus intentos – sou portista, nunca o escondi -, não tenho dúvidas de que o clube mais português de Portugal parece conformado com a mediocridade dos quatro anos com Rui Costa ao leme. Prazer, porque, apesar da demarcação cínica e tardia de Luís Filipe Vieira, o líder das águias faz-me lembrar os vassalos de José Sócrates que nunca viram nada, nunca farejaram nada, nunca perceberam nada. Prazer, porque a narrativa sonsa da assunção de responsabilidades por apenas quatro títulos no futebol (o resto, permitam-me, é paisagem), entre os quais apenas um campeonato, não passa disso mesmo: areia para os olhos dos adeptos.
Prazer, porque, como é apanágio de quem se resigna, os associados sinalizaram preferir a previsibilidade do mais do mesmo ao risco de quem prometeu um caminho de ruptura. Prazer, porque, mantendo quem não foi capaz de fazer um juízo crítico aprofundado e coerente sobre o que fez e o que deixou por fazer, o Benfica estará mais longe de alcançar todo o seu potencial desportivo, financeiro e social, o que escancara as portas ao sucesso do meu FC Porto e, espero que em menor dose, também do Sporting.
Atenção: não se confunda nada do que atrás referi com simpatia ou qualquer espécie de apoio a João Noronha Lopes, que teve a faca (as elites mediáticas) e o queijo (o fracasso de Rui Costa) na mão e não conseguiu galvanizar gente suficiente. Ao longo destes meses, aliás, fez o trabalho perfeito para nunca aparecer aos olhos dos benfiquistas como uma alternativa sólida, audaz e com visão de futuro. Não obstante ser melhor que o adversário de amanhã, teve uma entrada de leão na campanha e, antevejo, terá uma saída de sendeiro das urnas.
Esta previsão comporta, ainda assim, uma inexorável dor. Dor, porque, tratando-se de uma das mais relevantes instituições do país e tendo havido mais de 85 mil pessoas a deslocar-se às urnas, as eleições do Benfica são, mais do que se possa imaginar, um espelho da parca exigência que tem marcado as últimas décadas em Portugal.
Dor, porque o encolher de ombros face a um mal que julgamos, placidamente, ser menor, tem-nos trazido sucessivos dissabores: má governação, lideranças imorais (quando não amorais), órgãos de soberania tomados por videirinhos e cliques partidárias, necessidade de chibatadas de entidades externas, serviços depauperados, sofreguidão fiscal, escassez de oportunidades, desligamento cívico, renúncia ou emigração dos nossos melhores, destruição da nossa auto-estima colectiva e desesperança generalizada. Romper com este estado de espírito, com este marasmo não é tarefa miúda – nem para miúdos, radicais ou vendedores de banha da cobra. Viremos a página. Venha Janeiro. Venham as presidenciais."

Visão: João Santos...

BolaTV: Humberto Coelho...

BF: A gestão dos avançados do Benfica está bem feita?

5 Minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

SportTV: Primeira Mão - Será esta a camisola mais bonita de sempre?

BolaTV: Mais Vale á Tarde que Nunca - Ricardo Vasconcelos, Bruno Carvalho e Tiago Neves

Zero: Canto - Bate a hora das decisões na Luz: das eleições às contas europeias do Benfica

Zero: Tema do Dia - Último debate: o que foi dito?

Observador: E o Campeão é... - O que pode dar Carlos Forbs à seleção?

Observador: Três Toques - Neemias Queta está melhor do que nunca

Águia: Debate...

DAZN: Europa - Sporting, FC Porto e SC Braga confortáveis, Benfica desesperado

Notas úteis para a eleição dos Órgãos Sociais do SL Benfica


"Notas úteis para a eleição dos Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica, a realizar no dia 8 de novembro (2.ª volta):
1. Início da votação às 8h30 e encerramento das filas de voto às 22h00 (hora de Portugal Continental);
2. ⁠Os canais prioritários devem ser utilizado e estão devidamente assinalados;
3. ⁠Caso a opção de voto não seja em branco ou nulo, deve identificar o seu sentido de voto com uma cruz e unicamente com uma cruz no quadrado respetivo;
4. ⁠Deve munir-se do seu cartão de sócio em suporte físico ou digital (via app) e do cartão do cidadão ou da app id.gov (ou documento de identificação válido no país de nacionalidade/residência), exibindo-os no posto de identificação – a confirmação do número de votos será feita através da leitura ótica do cartão de sócio;
5. O reforço de meios físicos nas secções de voto, nomeadamente nas que registaram maior afluência na 1.ª volta, permitirá que o tempo de espera não seja superior a 20/30 minutos em todas as secções."

Eleições 2025: 2.ª volta amanhã


"O assunto em destaque nesta edição da BNews é a realização da 2.ª volta das eleições do Sport Lisboa e Benfica, no dia 8 de novembro.

1. Último debate
Veja ou reveja o debate entre os dois candidatos a Presidente da Direção do Sport Lisboa e Benfica.

2. Como votar noticia destaque
Saiba como participar na 2.ª volta das eleições do Benfica e seja mais um a contribuir para superar o recorde mundial dos 86 297 votantes na 1.ª volta.

3. Nomeação
Otamendi nomeado para o Onze do Ano do The Best, integrando a lista de defesas selecionados para uma das categorias do prémio atribuído pela FIFA.

4. Chamadas internacionais
Otamendi, Prestianni e Barreiro estão convocados pelas seleções dos seus países.

5. Triunfos europeus
Em hóquei em patins no masculino, o Benfica ganhou, por 4-2, frente ao Hockey Bassano 1954 na 1.ª jornada da fase de grupos da WSE Champions League.
Em voleibol no feminino, as águias venceram, por 3-1, ante o OTP Banka Branik, por 3-1, em jogo da 1.ª mão da 3.ª ronda de qualificação para a CEV Women's Champions League.

6. Jogo do dia
Em andebol no feminino, o Benfica visita o ABC às 21h30.

7. Agenda para sábado
A equipa B recebe o Vizela às 18h00. Em futebol no feminino, o Benfica desloca-se ao reduto do Torreense (11h00). Os Sub-19 são anfitriões do Santa Clara às 11h00. A equipa masculina de futsal tem embate no pavilhão do Eléctrico (19h00). A equipa masculina de voleibol visita o SC Espinho (16h15).

8. Mundial Sub-17
Portugal derrotou Marrocos por 6-0 e contou com o contributo de sete jogadores do Benfica.

9. Convocatória
O Benfica é o clube mais representado entre os convocados para a Seleção Nacional de futsal, com seis atletas.

10. Protagonista
O triatleta Vasco Vilaça, que conquistou recentemente o bronze do Campeonato Mundial e foi 5.º nos JO de Paris 2024, partilha, em entrevista à BTV, a sua ambição pelo ouro olímpico."

De sol a sol não é fixe, malta


"O conceito de trabalho de sol a sol radicará na Idade Média, à custa dos servos da gleba. Foi imposto nos séculos de escravidão e aproveitado pelo neoglorificado Estado Novo para exaltar o povo honesto, trabalhador, insurreto e submisso, pago a dez reis de mel coado pelos senhores das terras.
Todos somos livres de trabalhar de sol a sol se isso nos fizer felizes, mas chegou o tempo de terminar com a glorificação de uma absoluta falácia. Trabalhar de sol a sol prejudica a sociedade em geral e não dá saúde. Já agora, nem sequer traz produtividade, antes pelo contrário.
Talvez seja altura de perguntar à geração nascida a partir de 1990 o que pensa sobre estes absurdos exemplos de abnegação.

De chorar por mais
Posso ser repetitivo, mas Abel Ferreira também: aí estão ele e o Palmeiras outra vez na final da Libertadores!

No ponto
Reforço orçamental na área do Desporto é uma boa notícia para 2026. Mas o dinheiro nunca será tudo...

Insosso
Um craque como foi Luís Figo não devia precisar de gastar tempo a responder a adeptos nas redes sociais.

Incomestível
E pronto — nem um terço de campeonato jogado e já o futebol português segue gloriosamente igual a si próprio."

BolaTV: Mais Vale à Tarde que Nunca - De Manhã com Marco Fortes

No campo «é fácil» despedir um treinador. E na lei?


"O futebol português vive uma rotatividade frenética nos bancos técnicos: na época passada, mais de metade dos clubes da Liga alteraram o comando técnico das suas equipas, a ilustrar bem a instabilidade estrutural que se instalou no setor. Neste cenário de crescente volatilidade e instabilidade, a figura do treinador tornou-se objeto de escrutínio constante.

O caminho para a desvinculação legal
Afastar um treinador do comando técnico de um clube não é um «divórcio instantâneo». Por detrás de um simples comunicado de intenção oficial desenrola-se uma complexa teia jurídica e regulamentar, no qual o vínculo, embora ferido, permanece juridicamente válido até à sua cessação formal.
A extinção deste laço profissional segue vias legalmente previstas: a revogação por acordo é a solução preferencial, através da qual o clube e treinador negoceiam um montante compensatório que permita uma desvinculação célere e sem necessidade de recurso às vias judiciais, desatando eficientemente este nó. Ou, frustrado o consenso, restará a via do despedimento promovido pelo clube, caminho juridicamente estreito, pautado por exigentes formalidades e quase sempre prenunciador de um litígio moroso.

O «garrote» regulamentar da Liga: um único treinador no banco
A transição entre técnicos enfrenta, porém, um obstáculo administrativo relevante. O Regulamento das Competições Organizadas pela Liga Portugal é perentório: o treinador principal e a respetiva equipa técnica só podem exercer funções se os respetivos contratos estiverem registados e validados junto da Liga Portugal e da Federação Portuguesa de Futebol.
Adicionalmente, exige-se o registo e a ratificação destes contratos pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), que participa como «ator invisível», garantindo, de forma cumulativa, a salvaguarda dos direitos do treinador cessante e a proteção dos novos treinadores, através da verificação da conformidade legal, formal e material dos contratos a registar.
Assim, enquanto o vínculo com a anterior equipa técnica não for formalmente cessado e retirado do registo, o clube não poderá inscrever novo treinador. Mais do que uma proibição de contratar, trata-se de uma condição de validade administrativa: a Liga reconhece apenas um treinador principal por equipa, impedindo a coexistência formal de dois técnicos no mesmo clube.
Este «garrote» funciona sempre a favor do treinador. O imediatismo do «fim de semana» e a necessidade de um novo rumo forçará o clube a - na falta de acordo - promover a cessação unilateral do vínculo e dessa forma garante que o treinador seja compensado em montante não inferior aos salários vincendos até ao final do contrato.

O treinador interino: entre solução e símbolo de urgência
O futebol não espera de todo pelos trâmites da burocracia. Quando a desvinculação ocorre sem que o clube tenha ainda assegurado a contratação de um novo treinador, o regulamento impõe a comunicação imediata dessa ocorrência à Liga, concedendo um prazo de quinze dias, contados a partir da data do primeiro jogo oficial em que se verifique a ausência da equipa técnica, para que o clube proceda à inscrição dos novos treinadores.
Durante esse período, o regulamento abre uma válvula de transição, ao prever a figura do treinador interino: um mecanismo de emergência que permite ao clube designar temporariamente um elemento da sua estrutura técnica para dirigir a equipa durante o interregno. Esta solução, visa assegurar a continuidade competitiva das equipas sem descurar o cumprimento das formalidades contratuais e regulamentares. Todavia, evidencia igualmente a pressão a que os clubes se encontram sujeitos: entre negociações de rescisão, comunicações à Liga e prazos exíguos, sobra pouco espaço para a serenidade.

Gestão desportiva vs. estabilidade contratual
O fenómeno da instabilidade técnica traduz, em última análise, a tensão entre a liberdade de gestão desportiva e o princípio da estabilidade contratual. As normas procuram compatibilizar ambos os desígnios, mas a pressão dos resultados raramente lhes concede tempo para coexistir. Entre o impulso da bancada e a letra do regulamento, é o Direito que, silenciosamente, dita o verdadeiro apito final."

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