"A expectativa era grande para mais um tira-teimas entre rivais, mas não foi uma final especialmente bem jogada, tal como se previa. O Benfica surpreendeu, no início do jogo, com uma pressão alta que ia dando frutos. Entre a poupança de esforços que se podia esperar, em função do pouco tempo de trabalho, Bruno Lage escolhia investir cedo para tentar a vantagem. O Benfica entrava neste novo duelo com o défice da sua curta preparação e com a integração de novos elementos recém-chegados. As aquisições são feitas para tentar melhorar as equipas, mas o início carece da necessária adaptação. Este processo de entrada é facilitado pelos resultados positivos, mas também muito pela natureza e personalidade de quem chega.
Este novo confronto mostrou um Sporting mais jogado e com a sua preparação mais adiantada, aparecendo mais solto e a ameaçar, mas não muito, na primeira parte. Por outro lado, não apresentava qualquer novidade no seu onze. Sem problemas de integração de novos jogadores, outra vantagem, mas com uma grande diferença no comando do ataque.
A forma física de uma equipa é uma parte fundamental do seu sucesso. Sabendo isso, as equipas e os jogadores abordam com maior ou menor certeza o esforço a que o jogo obriga que, como se sabe, é especialmente exigente. Os jogadores mais bem treinados resistem mais e executam naturalmente melhor.
Voltando ao jogo e às circunstâncias, percebia-se que marcar primeiro podia ser decisivo e foi o que viria a suceder. A origem do golo está na hábil variação de Ríos, na receção e apoio frontal de Pavlidis para a chegada no tempo certo de Dahl, acabando no remate forte do grego. Um prémio para o avançado do Benfica, merecido e que anuncia uma época talvez ainda melhor.
É verdade que a conquista da Supertaça não garante nada do que vem a seguir. No entanto, sabemos que a alegria das vitórias motiva e refresca os jogadores e as equipas. Podemos dizer que a felicidade apressa a melhoria física dos atletas. O facto de o finalista vencido ser o Sporting, então, amplia o efeito positivo do triunfo, especialmente importante tendo em conta o histórico dos resultados mais recentes.
Caloiros
Quanto aos novos, deixaram boas impressões. Dedic é um lateral cuja vocação e dimensão ofensiva é evidente. Defensivamente não ficou clara a sua consistência. A sua saída da zona defensiva foi, por vezes, precipitada, pelo risco que assumiu ainda no próprio meio campo. Os novos médios agradam. Ríos, sobre quem recaem as maiores expectativas, mostra personalidade, poder na saída e chegada à área, mas por confirmar está a definição, quer do remate, quer do passe. A gestão da posse de bola, pela sua importância, poderá ser um contributo decisivo que qualquer equipa precisa. O novo Enzo é digno dos seus antecessores. Tecnicamente dotado, parece poder dar estabilidade na defesa, acrescentando critério no passe de saída. Forte no passe com ambos os pés, uma excelente virtude para quem joga no centro do jogo. Um perna-longa do tipo Busquets. De Obrador ainda pouco se conseguiu ver. Nesta posição, Dahl parte à frente, procurando impor-se e confirmar que pode continuar como eleito. À espera para se mostrar está um Ivanovic que promete. Obrigará Lage a repensar o seu sistema? De início, acredito que não.
'Fontanários'
A malta do meu tempo não faz ideia do que quer dizer o título Fontanários que hoje escolhi para este espaço. O fenómeno atual das redes sociais cria personagens que ninguém conhece, a não ser pelos pseudónimos ou alcunhas mais ou menos originais. É um novo universo onde se trocam e difundem notícias que não o são e realidades que muitas delas não existem. Com maior ou menor habilidade ganham-se os tais seguidores que fazem de qualquer gente, gente importante, mesmo que a ficção predomine. Ou então supostas verdades que nunca se confirmam. Esta rapaziada, pela sua estranha notoriedade, consegue até representar e beneficiar com agências de apostas desportivas, tal é a sua expressão virtual. Negócio fechado ou afinal não? É uma contradição que se repete, mas nunca se assume. Diferente e mais antigo é o processo de valorização mediática de treinadores e jogadores. Os respetivos agentes conseguem passar os seus interesses em forma de notícia, por via de alguma imprensa que se presta a esse papel. Nunca se desmente e sempre se fala para benefício de alguns. Os amigos são para as ocasiões.
Formação
Diogo Ferreira e Gonçalo Oliveira. Dois nomes de atletas do Benfica que foram notícia pela dispensa que lhes foi dada para cumprir os exames do 12.º ano deste ano letivo. Um bom exemplo, quer do clube, quer dos próprios, cuja gestão e equilíbrio lhes permite continuar a sua formação académica. Um importante meio de valorização, para jovens cujas carreiras são, normalmente, de expressão incerta. O projeto de formação do Benfica mostra a sua responsabilidade social, associada ao processo que faz sonhar muitos jovens, já se sabe, mas com poucas certezas. É difícil conciliar, mas é possível, desde que se queira, porque há muita vida para lá do futebol. Aqui estão dois belos exemplos. Como sabemos, não são muitos os clubes cuja estrutura suporta e promove este apoio formativo para os seus jovens. Por isso, a grande maioria dos adolescentes precisa também do bom senso dos pais, para que o seu caminho escolar acompanhe o desportivo.
Jorge Costa
Choro a morte de Jorge Costa. Fomos colegas de Seleção Nacional e sinto muito a perda de uma das melhores pessoas que conheci no futebol."