Últimas indefectivações

sábado, 5 de julho de 2025

Kick-Off 2025/26


Podia ter sido melhor, ou pior, como de costume! Só quando o Calendário das competições europeias e os jogos das Seleções estiverem definidos, poderemos fazer uma avaliação completa.
Para já, o mês de Agosto, parece 'acessível', nas viagens! Vamos ter pre-eliminatórias das Champions, convinha não ter grandes viagens pelo meio, e os jogos fora, nas primeiras jornadas, são na Amadora e em Alverca!

1.ª Benfica-Rio Ave 18.ª
2.ª Estrela -Benfica 19.ª
3.ª Benfica-Tondela 20.ª
4.ª Alverca-Benfica 21.ª
5.ª Benfica-Santa Clara 22.ª
6.ª AVS-Benfica 23.ª
7.ª Benfica-Gil Vicente 24.ª
8.ª FC Porto-Benfica 25.ª
9.ª Benfica-Arouca 26.ª
10.ª Vitória SC-Benfica 27.ª
11.ª Benfica-Casa Pia 28.ª
12.ª Nacional-Benfica 29.ª
13.ª Benfica-Sporting 30.ª
14.ª Moreirense-Benfica 31.ª
15.ª Benfica-Famalicão 32.ª
16.ª SC Braga-Benfica 33.ª
17.ª Benfica-Estoril 34.ª

A equipa B, também já tem jornadas:
1.ª Chaves-Benfica B 18.ª
2.ª Benfica B-Leixões 19.ª
3.ª Lourosa-Benfica B 20.ª
4.ª Benfica B-Portimonense 21.ª
5.ª Felgueiras-Benfica B 22.ª
6.ª Benfica B-Torreense 23.ª
7.ª Benfica B-Penafiel 24.ª
8.ª Feirense-Benfica B 25.ª
9.ª Benfica B-Paços de Ferreira 26.ª
10.ª Farense-Benfica B 27.ª
11.ª Benfica B-Vizela 28.ª
12.ª União de Leiria-Benfica B 29.ª
13.ª Benfica B-UD Oliveirense 30.ª
14.ª Marítimo-Benfica B 31.ª
15.ª Benfica B-Sporting B 32.ª
16.ª Ac. Viseu-Benfica B 33.ª
17.ª Benfica B-FC Porto B 34.ª

Na Taça da Liga, vamos defrontar o Tondela, nos Quartos-de-final, em caso de vitória nas Meias-finais jogaremos com o vencedor do Braga-Santa Clara.

Entrevista - Cansu Cetin...

Entrevista - Marlene Sousa...

Entrevista - José Barbosa...

Comunicado


"O Sport Lisboa e Benfica informa que foi condenado a um jogo de interdição do Estádio da Luz no decurso da partida FC Porto-Benfica do dia 6 de abril de 2025, a contar para a 28.ª jornada do Campeonato.
O Clube considera esta decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol inapropriada, injusta e totalmente injustificada, pelo que vai recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto, numa ação acompanhada de procedimento cautelar por forma a suspender os efeitos desta decisão."

Informações falsas no "Correio da Manhã"


"O Sport Lisboa e Benfica repudia veementemente mais um capítulo de uma campanha infame dirigida contra o seu treinador Bruno Lage e contra o Presidente do Clube, protagonizada pelo jornalista António M. Pereira.
Mais uma vez, sem recurso a qualquer fonte direta ou identificável, e sem contraditório, são publicadas considerações falsas sobre os jogadores e o treinador do Benfica, com o único propósito de desestabilizar o Clube e a equipa.
Face à gravidade desta publicação, o Sport Lisboa e Benfica apresentará uma queixa formal junto da ERC e da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, e agirá judicialmente para defesa intransigente dos seus interesses e da sua honra."

Foi Di María quem levou Messi ao trono


"Voltou para agradecer, parte como lenda. Ángel Di María emocionou, desequilibrou e decidiu onde quase ninguém o fez. E ainda o discutimos como se fosse apenas mais um

É o raio do noodle que se escapa entre os dentes do garfo. É melhor do que dois pauzinhos, mas ainda assim se falham garfadas desesperadas, porque não há talher que consiga fechar a boca de espanto e, por isso, se entrega àquele arranhar estridente que se mete debaixo da pele, sobe pela espinha – C5, C4, C3… – e arrepia qualquer alma.
Escorregadio junto à linha. Escorregadio pelo meio. Fideo, corpo de um só fio, tão incontrolável que não parece lutar contra o vento, passa por ele tal como passa, sem se molhar, entre as gotas da chuva, salta quase sem tocar no chão, flutua, ao mesmo tempo que deixa em fúria aparentes clones de Hércules.
Há algo nele que não faz sentido algum. Flutua, não corre, não caminha. Desafia o mundo de uma só vez, é capaz de tal atrevimento. Quase se desmonta quando passa um defesa, hoje talvez menos carniceiros ainda assim duros e implacáveis, todavia, reúne-se com as peças soltas novamente mais à frente, cheio da inconsciência de si e da consciência de super-herói. Ou, pelo menos, de que sempre foi alguém muito especial.
O pé esquerdo, que não foi ensinado, sempre soube demais. O corpo de esparguete al dente permite-lhe ser contorcionista e o passe ou remate de letra tornou-se uma das suas assinaturas em campo. Tem mais.
Chegou à Luz menino tímido. Irreverente em campo. Falava com a bola, as suas jogadas tinham a força das palavras. Só tínhamos de entender a linguagem, mas era fácil. Depois de descodificada tornava-se universal. Havia coragem escondida por trás do silêncio, a afirmação de que iria aparecer sempre que precisassem dele. Nunca deixaria ninguém ficar mal. Ou só. Até já o tinha mostrado, dois anos antes, em Pequim, quando picou a bola por cima do guarda-redes nigeriano Ambruse Vanzekin e entregou o ouro olímpico, de bandeja, à sua Argentina.
Disse adeus quando Portugal se tornou pequeno. Voltou, e não precisava, quando já se sentia a encolher com a idade. Nós todos chegamos a um ponto que mirramos, é a lei da vida. Talvez os super-heróis também envelheçam. Pelo menos, acontece aos humanos muito especiais. Como ele!
Sorriu em Madrid, sobretudo em 2014, porque a Décima é muito sua. Chorou em Manchester. Encantou em Paris, carregando às costas uma equipa cheia de craques, e em Turim. Teve de lutar com as críticas que lhe chegavam das Pampas, sobretudo depois da Copa América de 2016, quando o chamaram de frágil, de fraco, depois de se lesionar e perder o resto da competição. Como se as lesões fossem escolha, como se um músculo que falha apague a vontade, a alma de quem nunca se escondeu. Foi, pela primeira vez, um anjo caído, todavia teve a eternidade inteira para se levantar. Cinco anos que lhe pareceram essa eternidade.
No Maracanã, em 2021, a Argentina esperava pela redenção de Messi, porém foi Ángelito quem apareceu para acabar com um jejum de 28 anos sem títulos. Mais uma vez a picar a bola por cima do guarda-redes, agora Ederson. Com a Pulga em campo, só à quinta tentativa houve festa junto ao Obelisco, com o caneco da Copa América a passar de mão em mão. Apesar de ainda não se saber, aquele golo tinha desbloqueado toda uma geração.
Em Wembley, na Finalíssima de 2022 com a Itália, correu como se tivesse ainda uma vintena de anos e marcou como se ainda estivesse a driblar pela cancha do Rosario. Sorriu quando se apercebeu que o futebol lhe tinha dado uma segunda oportunidade.
No Qatar, Scaloni trocou os olhos aos franceses. Meteu-o à esquerda. Sofreu o penálti, marcou o segundo para ajustar mais vezes contas com a história e, quando já não aguentava mais, saiu em lágrimas. O corpo, frágil antes do torneio, cedera finalmente. Os gauleses aproveitaram, reagiram, mas depois daquele primeiro fôlego o tapete vermelho já tinha sido deixado estendido para Messi e para a sua coroação como melhor de todos os tempos. Tinha sido Di María a carregar o rolo e a deixá-lo a jeito. Ainda que depois tenha sido preciso ser eficaz dos 11 metros.
Di María já estava no banco, os deuses do futebol não tinham querido que continuasse em campo, contribuindo para continuar a ser um dos mais subvalorizados da história. Mesmo que depois de Messi e Maradona, o terceiro lugar do pódio seja dele e, provavelmente, por mais uma pequena eternidade. Uma à sua medida.
Saiu rapaz, voltou homem e campeão. Grandioso, mas humilde e apaixonado. Voltou com amor, porque não se esqueceu, porque sabia a porta que aquele clube lhe tinha aberto. Quis agradecer com mais dribles, cruzamentos e golos, e entregou o que pôde. E o que pôde foi suor e ainda centelhas de talento.
Já não era o mesmo, mas ainda tinha magia. Não era só alcunha. Amigo do presidente, ainda se impôs a Schmidt quando o substituiu, depois com Lage jogou sempre que estava bem. E mesmo ainda uma ou outra vez em que não estava. Discutiu-se o que não defendia e se o que dava ao ataque compensava. Tendo em conta o contexto das demais opções, talvez tenha havido aí algum desrespeito. Não porque não se deva ser crítico, mas talvez porque se tenha de ser mais justo.
Di María foi um dos melhores de sempre a passar por Portugal e ainda veio com qualidade para jogar e ser um dos melhores do Benfica. Mesmo que tenha passado tempo a mais no chão e tomado decisões que não lhe fazem justiça. Foram fragilidades da idade.
Aos 37 anos, nos Estados Unidos, com a sua equipa reduzida a dez, recuou uns anos no tempo para dar um pouco mais. Um último fôlego. É a sua têmpera. A de um grande campeão. E não precisa de títulos por cá que o justifiquem.
Não é só o Benfica que se despede de um grande. É uma pobre liga como a nossa, um país inteiro. Até os adversários deveriam fazer-lhe uma vénia. Vamos ter muitas saudades do jogador, mas também do homem que se desfez em lágrimas depois de dar tudo. Da sua coragem para enfrentar o mundo se necessário sozinho. Da sua arte. Daquele pé esquerdo que conhecia todos os segredos da bola. Obrigado, Di María! Os Ángels são eternos!"

Diferenças!

Zero: Mercado - Live - Sorteio e novidades no mercado

Zero: Mercado - Suárez em espera e Kökçü não quer Turquia

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Luís Filipe Vieira de volta?

Observador: E o Campeão é... - As Navegadoras vão a tempo de navegar?

Observador: Três Toques - Adeus, Diogo Jota

Visão: O regresso de Vieira

O saco de pedras de João Almeida, Miguel Oliveira e Nuno Borges


"O Mundo juntou-se para chorar a morte de Diogo Jota, o saco de dor que carrega a família não tem peso nem medida, mas devia fazer-nos refletir. Mais empatia, por favor. Porque a vida é um sopro

A 112.ª edição do Tour arranca no sábado e com a mais emblemática das provas de ciclismo do Mundo as longas tardes que se estendem nos sofás, nos cafés de aldeia. Todos querem ver João Almeida, o mais promissor ciclista – ou corredor como insistia o saudoso Fernando Emílio – português, depois de Joaquim Agostinho. O corredor das Caldas da Rainha venceu a Volta à Suíça há duas semanas e agora, claro, todos querem vê-lo brilhar no Tour. No Tour, onde o melhor que algum português conseguiu foi Agostinho, terceiro, há quase 50 anos, mas João Almeida carrega essas mesmas expetativas, além da bandeira portuguesa que já mostrou orgulhoso em outras ocasiões. Expectativas muitas vezes sem fundamento lógico desportivo, mas emocionalmente sem medidas. Almeida vai subir as montanhas francesas com um saco às costas cheio dos sonhos dos 10 milhões de portugueses. Ele é o melhor português, se calhar o melhor de sempre, não chega?
Hoje, o tenista Nuno Borges (37.º) vai jogar a terceira ronda em Wimbledon! Nunca um português chegou tão longe nos três Grand Slams da temporada e agora o tenista português vai discutir um lugar nos oitavos de final com o russo Karen Khachanov (20.º ATP). Há muito mais hipóteses, de acordo com a hierarquia mundial, de perder do que ganhar. Ficaremos todos orgulhosos se miúdo maiato continuar a dançar na relva britânica, mas a realidade é que é difícil deslizar na mesma, quando, leva consigo um saco às costas com a convicção de um país que ontem encheu notas e noticiários a falar dos seus feitos.
Daqui a menos de duas semanas, Miguel Oliveira, o primeiro português no MotoGP, onde apenas entram 22 pilotos (!) do Mundo inteiro, vai lançar-se a mais de 300 km/h no circuito de Sachsenring, para lutar pela sua manutenção entre a elite e, consigo, carrega um saco com os olhares de 10 milhões de portugueses que acham que tem de andar sempre na frente, ganhar todos os GPs.
Seja João Almeida a subir o Mont Ventoux, seja Nuno Borges a servir o melhor que pode em Wimbledon, seja Miguel Oliveira a rodar a mais de 300 km/h na Alemanha, todos levam com eles os sonhos portugueses, orgulhosos da bandeira como tantas vezes mostraram ao longo de carreiras únicas que construíram, muitas vezes em circunstancias inferiores aos adversários que enfrentam sem medo. Será que podem também levar, além dos sacos, o apoio dos mesmos 10 milhões, só pelo facto de já lá estarem? O resto eles sabem, conhecem as expetativas e lutam por elas.
Há muitos mais Almeidas, Borges e Oliveiras espalhados pelo Mundo e pelo desporto. Diogo Jota morreu tragicamente. Choramos todos a partida injusta e demasiado cedo. Ele, tal como muitos outros carregou o seu saco de pedras, mas nada se compara ao peso que a sua família terá de levar para o resto da vida, uma dor que ninguém ousa imaginar e que só nos pode deixar, a todos, solidários.
E, já agora, mais empáticos porque a vida é um sopro."

Our lad from Portugal. Forever ❤️

No Princípio Era a Bola: 🎧 Episódio especial sobre Diogo Jota: o trajeto e as memórias de um avançado de inteligência invulgar

TNT - Melhor Futebol do Mundo...

ESPN: Futebol no Mundo #466 - Morre Diogo Jota e a prévia das quartas do Mundial de Clubes

Rabona: Tentando processar a tragédia de Diogo Jota & André Silva

Nós não conhecíamos a real dimensão de Diogo Jota


"Jamais esquecerei o rapaz resiliente e humilde, o suplente de sonho que não faz cara feita, o titular inteligente e goleador, o ser humano gentil

As palavras ainda custam a sair, as emoções estão presas sabe-se lá onde, ainda devastadas pelo brutal choque da morte de Diogo Jota e do seu irmão André Silva.
O dia foi longo na redação. E absolutamente marcado pela tristeza e agonia. Mas também por uma nova certeza: nós não conhecíamos a real dimensão de Diogo Jota, o jovem futebolista de apenas 28 anos, inteligente como poucos, sereno e gentil, humilde e alegre, resiliente e em paz com o que o universo tinha para lhe dar, sempre longe das manchetes e dos holofotes. E que, numa onda avassaladora de solidariedade raramente vista, foi homenageado por todos, pelos maiores, pelo mundo do futebol e não só.
De Ronaldo a Messi, passando por Mbappé, Halland, Modric, Ronaldinho, Vini Jr., Neymar, Figo e Kane, por todos os companheiros de Seleção e do Liverpool (os dois gigantes cuja camisola vestia com orgulho, mesmo que tantas vezes votado a um papel secundário que nunca o incomodou), por Mourinho, Klopp, Conceição e Jesus, por Real Madrid, Man. City, Bayern, Barcelona e Juventus, pela FIFA, pela UEFA, pela CBF e tantas, tantas outras federações; pelo príncipe William, de Inglaterra, por LeBron James, Miguel Oliveira e Nadal...
O jogador discreto, o homem gentil e humano, o nice lad (rapaz porreiro), leal e profissional, o suplente de sonho que não faz cara feita, o titular inteligente e goleador era adorado por todos, era um gigante universal como se viu e se continuará a ver nos próximos tempos, que tratarão de torná-lo eterno. Já é.
Da minha parte, jamais esquecerei os momentos que, em trabalho, passei próximo dele e constatei tudo o que atrás descrevi, nas muitas e longas jornadas de reportagem com a Seleção Nacional. Paz à sua alma. E um sentido abraço de solidariedade à família e amigos do Diogo."

Diogo Jota: luz que não se apaga


"Internacional português faleceu na madrugada de quinta-feira, num trágico acidente que vitimou também o irmão. Que a sua luz nunca se apague

Os jornais desportivos relatam os grandes feitos, os grandes momentos da História dos atletas, das equipas, do que nos move por paixão pura por um jogo, por competir. Somos, nesse aspeto, veículo para que a glória que alcançam se torne eterna. Se não houvesse quem relatasse, quem mostrasse, não haveria prova de grandeza, do insucesso e do êxito…e da tragédia.
O que sucedeu com Diogo Jota e o seu irmão mais novo, André Silva, vai para além do compreensível. «Deve haver um propósito maior, mas eu não consigo vê-lo», disse Jurgen Klopp. As palavras do treinador alemão que levou Diogo Jota para o Liverpool serão o sentimento de todos aqueles afetados por esta inconcebível tragédia. E ela afetou o país, o mundo na verdade.
Diogo Jota era um nome reconhecido em todo o planeta, porque essa é a dimensão do clube que representava e da Seleção Nacional. Mas a sua história era muito maior do que o seu presente. Pelo simples facto de Diogo Jota ser alguém que cresceu futebolisticamente longe dos três grandes portugueses. As suas hipóteses tornaram-se mais reduzidas que as dos jogadores da formação de Benfica, FC Porto, Sporting e até de SC Braga e Vitória de Guimarães.
O rapaz de Gondomar desafiou essas probabilidades. Passou do clube da terra para viver num lar do Paços de Ferreira, clube que o trouxe até à Liga. Daí, uma compra do Atlético de Madrid e finalmente algum reconhecimento em Portugal quando jogou emprestado pelo FC Porto. Wolverhampton serviu de ponte para Anfield, onde ganhou estatuto, mesmo que no clube tivesse de concorrer com Salah, Mané e Firmino.
Estabeleceu-se na Seleção Nacional e vivia, pelo que se via, uma felicidade plena: campeão pelo Liverpool, vencedor da Liga das Nações, celebrou o casamento com a companheira de sempre, ao lado dos três filhos.
A vida acabou numa autoestrada de Espanha, ao lado de André, também ele futebolista no Penafiel. Imaginar a dor de perder dois filhos é um pensamento que se desvia, imediatamente, para a irracionalidade, pois ninguém o consegue percecionar. Mas ele deve estar presente. Porque os jornais relatam os factos, mas são feitos para pessoas. Os pais não escolhem a importância de um filho, não diferenciam aquele que é uma figura mundial do que joga no escalão secundário. É isso que A BOLA quer respeitar com a sua primeira página, adicionando o icónico cântico dos adeptos do Liverpool, que remete para a solidariedade, em tempos adversos.
Os jornais, hoje, também mostram, mas A BOLA também optou por não incluir em nenhuma das suas plataformas imagens do carro que vitimou Diogo e André. Achamos que é isso que as pessoas para quem fazemos A BOLA esperam. A decência deve sobrepor-se à mera curiosidade e ao sensacionalismo.
A trágica morte de Diogo Jota afetou todo o Desporto e é por isso que a edição de papel de A BOLA sai, nesta sexta-feira, toda ela a preto e branco. Com uma exceção. A figura de Diogo Jota entre os seus companheiros de seleção. Para que nos recordemos todos que a sua luz não se apaga e porque era ele diferente dos outros."

Hoje Jogo Eu Diogo Jota e Diego Simeone


"Conheci o Diogo Jota em Julho de 2016 na cerimónia da sua apresentação como jogador do Atlético de Madrid. Ele era então um miúdo de 19 anos, humilde e educado, que pela primeira vez saía de Portugal à procura de um futuro melhor como jogador de futebol

Na minha colaboração que já vem de muito longe, com uma das nossas emissoras de rádio, o mais doloroso sempre foi ter que anunciar os desastres que, sobretudo nesta altura do ano, se davam nas estradas espanholas que ligam com o Norte de Portugal, as vítimas eram quase sempre nossos emigrantes que sucumbiam ao cansaço e ao desejo de chegar depressa ao seu cantinho português, uma autêntica praga que pouco a pouco foi desaparecendo.
Julgava eu que esses maus tempos tinham passado até que ontem os revivi com uma apressada crónica que eu daria tudo por não a ter de fazer, anunciando o sucedido ao Diogo e ao André, dois jovens que não mereciam o castigo da morte quando estavam na flor da vida.
Conheci o Diogo Jota em Julho de 2016 na cerimónia da sua apresentação como jogador do Atlético de Madrid. Ele era então um miúdo de 19 anos, humilde e educado, que pela primeira vez saía de Portugal à procura de um futuro melhor como jogador de futebol.
O presidente Enrique Cerezo e o então diretor desportivo, Pérez Caminero deram-lhe as boas vindas, ele também disse umas palavras para mostrar a sua felicidade por estar num clube como o Atlético, equipou-se, foi ao relvado do extinto estádio Vicente Calderón dar uns toques na bola, aplaudido pelos adeptos jovens como ele que estavam nas bancadas e aos quais não se cansou de dar autógrafos.
A sua cara denunciava que estava a viver o dia mais feliz da sua vida, mas pouco consegui arrancar-lhe, «desculpe lá, mas proibiram-me de falar com os jornalistas».
Um dos grandes sonhos do Diogo era poder treinar às ordens de Simeone, consegui-o durante o mês que esteve no estágio, participou em alguns jogos amigáveis, chegou a marcar um golo, mas o técnico argentino não o queria no plantel e achava que o melhor era cedê-lo ao FC Porto.
Um ano depois voltou ao clube ao que realmente pertencia mas, de novo, foi vetado por Simeone cujas preferências eram claramente a favor do benfiquista Nico Gaitán, mais uma vez Jota teve de sair emprestado, desta vez para o Wolves onde Nuno Espírito Santo o recebeu de braçosabertos, no Verão de 2018 o Atlético prescindiu definitivamente do jogador vendendo-o ao clube inglês por 14 milhões de euros, o dobro que tinha pago por ele ao Paços de Ferreira mas muito menos que os quase 50 milhões pagos pelo Liverpool. Diogo Jota não chegou, pois, a estrear-se nas competições oficiais com o Atlético que, num comunicado, se mostra «comovido pela trágica morte do seu ex-jogador».
Todo o mundo do futebol o está profundamente, mas o Atlético tem razões para o estar ainda mais se os seus dirigentes forem capazes de reconhecer os erros que, com ele, cometeram: tiveram em casa a um diamante e não o souberam aproveitar, desprenderam-se dele mal e demasiado depressa e, com ele já consagrado no futebol inglês, tiveram a oportunidade de o recuperar e não o fizeram.
Nunca se saberá como teria sido a carreira de Diogo Jota sem a persistente negativa de Simeone mas, pelo que se viu, talvez até se tenha que agradecer ao argentino pelo grande favor que fez ao Diogo, ao Wolves, ao Liverpool, ao futebol português e à nossa seleção. Tudo bem até que chegou a terrível tragédia algures numa estrada espanhola."