Últimas indefectivações

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Jantar do 37

«Mas que grande vitória estamos hoje aqui a comemorar! Este 37 teve tudo: alma, paixão, mística, com especial destaque para esta segunda volta que ficará para sempre na nossa história e memória. Uma vitória difícil e, por isso, tão saborosa e celebrada.
Impressionantes os festejos em todo Portugal, países da Lusofonia e em vários pontos do mundo, demonstrando a popularidade única deste Clube e a força de futuro desta nossa marca cada vez mais global. Mas a conquista deste título foi também a vitória de um projecto, de uma visão e de um rumo que há muitos anos defini como prioritário e como única forma de o Benfica, no futuro, poder competir com as principais equipas das cinco mais fortes Ligas europeias.
Já o disse e quero repetir o agradecimento a todos aqueles, coordenadores, treinadores e responsáveis técnicos, que ao longo destes anos concretizaram o sonho de criar uma das melhores escolas do mundo de formação de jogadores de futebol como a que temos no Seixal. E os resultados estão aí em todo o seu esplendor, bastando ver os vários craques formados connosco, que brilham nos melhores campeonatos e no facto de, neste ano, verificarmos que sete dos nossos campeões vieram da nossa formação.
Com este título ganhámos cinco dos últimos seis campeonatos reforçando claramente a hegemonia do futebol português. Estão assim criadas as bases, com a estabilidade e visão do projecto desportivo, solidez financeira, riqueza de recursos e competências técnicas, para darmos um novo salto qualitativo e ganhar outra ambição em termos europeus.
A reconquista foi ganha! E foi ganha muito graças ao mérito destes fantásticos jogadores que num percurso histórico fizeram uma segunda volta arrasadora, igualando recordes históricos quanto ao número de golos marcados. Foi nosso o melhor marcador da competição, Seferovic. E nos seis jogos disputados com os nossos principais rivais, FC Porto, Sporting e Braga, vencemos cinco e empatámos apenas um. O mérito é indiscutível, reconhecido, premeia o melhor futebol e a melhor equipa do Campeonato. Parabéns, campeões!
Uma vitória da verdade desportiva e do vasto conjunto de profissionais e funcionários que, nas diversas áreas, dão corpo à nossa estrutura e à estratégia que desde a primeira hora assumi, defendi e liderei para o Benfica. Quero agradecer por isso e dar uma palavra de particular elogio àqueles que estiveram comigo mais de perto na liderança do projecto do futebol profissional, nomeadamente ao Rui Costa e ao Tiago Pinto, ao Domingos Soares de Oliveira e toda a estrutura profissional do Sport Lisboa e Benfica.
E o que dizer de Lage, Bruno Lage! Melhor do que ninguém, personificou o sentido do projecto do Seixal. A forma como conciliou a aposta nos nossos jovens talentos com a qualidade e a experiência de outros jogadores do plantel, mas também a coragem, entusiasmo e determinação com que enfrentou este desafio, caracterizam uma força tranquila que merece um elogio muito especial. Obrigado, Bruno Lage! O futuro do Benfica está por muitos e bons anos garantido. E para esse desígnio acredito que foi essencial, nos momentos mais difíceis, ter tido o discernimento de conseguir manter a união entre todos os Benfiquistas, sempre com o objectivo e preocupação maior e acima de tudo de defender os superiores interesses do Benfica. Afinal, a exemplo do que sempre procurei fazer nestes mais de 15 anos de um percurso de que me orgulho e em que, estou certo, os Benfiquistas se reveem.
Foi um ano em que demonstrámos que os momentos difíceis só serviram para nos tornar ainda mais fortes, mais unidos e mais coesos do que nunca. Temos um passado que nos honra, um presente que nos orgulha e uma enorme ambição de futuro. Termino agradecendo a todos a vossa presença e apoio, também aos nossos parceiros e patrocinadores desta caminhada, reafirmando que tudo continuaremos a fazer para lutar por novas conquistas. Com a humildade, a garra e a ambição de sempre. Viva o Benfica!»

#CódigoLage

"Na Austrália já são permitidas matrículas personalizadas com emojis, mas só emojis positivos (sorriso, gargalhadas, piscar de olho, óculos escuros e corações nos olhos). Bruno Lage é uma matrícula australiana no futebol português e tem o mérito de o ser desde que chegou ao cargo e não apenas agora, que ganhou o título. Mérito redobrado por trabalhar num clube que faz da guerra comunicacional o pão nosso de cada dia.
O seu discurso no Marquês e na Câmara Municipal (e, antes, em outros momentos da época), sobre os valores e causas no futebol e na vida, representa um marco que não deve ser ignorado ou esquecido, até porque, corajoso, entregou-se como refém daquilo que disse, deixando a própria imagem como caução da coerência. Devemos deixar-nos contagiar (os que ainda conseguirem). #CódigoLage (de conduta) deveria tornar-se numa hashtag de referência nas redes sociais. Não há melhor exemplo que o de um homem simples (não precisa de fato) em convicções fortes. E Lage, agora, tem o poder que tantas, vezes falta às boas intenções. O poder de ser idolatrado, respeitado, ouvido, seguido. Não mudará o mundo, tão-pouco o nosso futebol, mas assume a responsabilidade social.
Assim, aproveito o momento para lhe deixar uma sugestão e a todos os treinadores, jogadores e dirigentes, a propósito do fantástico movimento Las batas más fuertes, criado pela revista espanhola Panenka, que visa converter camisolas de futebol em batas para as crianças internadas. «Todos os dias, nos hospitais, elas disputam um jogo muito difícil. A doença é um adversário que mete medo mas pode ser vencido. E quando colocarmos a camisola da nossa equipa somos mais corajosos, mais fortes, mais capazes de enfrentar qualquer adversário», é o mote. Segundo os médicos, pode reduzir o stress, melhorar o ânimo, ajudar a recuperar. Que tal fazemos algo de positivo e, em conjunto (clubes, FPF e Liga), abraçarmos a sério esta onda? Mesmo que a paz continue a ser um breve intervalo na guerra."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

PS: O Gonçalo nem na crónica do título desarma: então é o Benfica que faz da guerra comunicacional o pão nosso de cada dia??!!!!

Como ganhar estrelas Michelin

"O Benfica venceu cinco dos últimos seis campeonatos e é preciso recuar ao período 1971-1977 para encontrar um ciclo vitorioso encarnado do mesmo calibre. Este dado, significativo, ganha ainda maior alcance se repararmos que o título que a equipa da Luz acaba de conquistar teve, na primeira linha, sete portugueses titulares, e a hegemonia de 1971-1977 aconteceu quando ainda no Benfica só podiam actuar jogadores nacionais.
Devem apontar, estes dados, para um comportamento xenófobo, como o mais adequado? Não, nem por sombras, quem optar por essa rota nunca chegará a bom porto. Os estrangeiros de qualidade, neste mundo pós-Bosman, devem ser bem-vindos. Mas isso não invalida um facto insofismável: nenhuma identificação da equipa com o clube será mais forte do que aquela que tem por base jogadores que os adeptos reconhecem como dos seus.
O segredo do êxito, como na qualquer bom cozinhado, está na qualidade dos produtos e na medida certa do tempero. Idealmente, no futebol, ter uma base sólida feita em casa, potenciada por reforços escolhidos cirurgicamente, é o ideal para ter direito a estrelas Michelin.
O problema é que, muitas vezes, os clubes preferem comprar meia dúzia de sapateiras, quando aquilo que lhes faz falta são duas lagostas. Gastam o mesmo e ficam pior...

PS - Com a morte de Niki Lauda, parte quem deixou marca indelével no desporto automóvel, mas, sobretudo, desaparece alguém que, nos deu uma tremenda lição de vida, Niki Lauda, onde estiver, já deve andar à procura de James Hunt, para uma corrida eterna."

José Manuel Delgado, in A Bola

Pizzi... o assistente-mor!!!



PS: A UEFA elegeu o Pizzi como o melhor jogador da Liga! Vale o que vale, mas enquanto em Portugal, os 'melhores' da Liga vestem camisolas às riscas, que não ganharam o Campeonato, a UEFA, talvez de forma mais imparcial, acabou por escolher o nosso 21!!!

De Ferro...!!!

Coluna Vermelha - vol. 44 - Finalmente o 37

Bernardo pode não encher a camisola, mas enche o campo

"Antes de falar do Jogador do Ano (em Manchester City), uns segundinhos para pensar neste contraste… por um lado o City, onde Bernardo Silva, David Silva e Gundogan constituíram o meio campo em tantos jogos, por outro o Liverpool que utilizou tantas vezes Fabinho, Henderson e Wynaldum. Esse meio campo do Man.City não os impediu (diria que foi o contrário, contribuiu) de serem a segunda melhor defesa do campeonato com 23 golos sofridos (mais um que a equipa de Klopp) e de chegar aos 169 golos nesta época, em todas as competições – recorde de sempre entre equipas da Premier League. Isto só prova que a visão de que impera no “futebol moderno” um “jogo físico” é uma visão muito redutora deste desporto. Claramente não há, nem nunca houve, uma só forma, nem um só tipo de jogadores, capaz de dominar o jogo, levando-o para o registo que mais nos caracteriza e favorece durante mais tempo nos 90 minutos. Será sempre uma questão de ter em campo inteligência/talento, ser coerente nas escolhas e naquilo que se treina para construir, muito além duma forma de jogar, uma cultura de jogo dentro da equipa… dentro do clube.
Virgil van Dijk foi considerado o melhor jogador da época, poderia muito bem ter sido o Bernardo, aquele menino que entre os 14 e os 17 anos, por ser franzino e abalroado pelos que tinham mais força, pouco jogava. Aquele menino que deu a volta a uma situação aparentemente desvantajosa recorrendo ao domínio do seu corpo e dos timings/espaços para o usar, evitando assim o contacto quando isso o colocava em problemas. Aquele menino que teve que se desenrascar recorrendo à única coisa que não engana, o jogo, arranjando soluções dentro do mesmo para a tal “desvantagem”, porque claramente não foi pelo aumento muscular que resolveu o problema e para surpresa de muitos fê-lo treinando no limite, num treino onde o essencial era jogo.
O Bernardo transcendeu o físico e exaltou o jogo, porque encheu o campo com aquilo que deveria ser essencial – o entender e saber jogar o jogo, pelos timings de ocupação dos melhores espaços (a defender e a atacar), pela forma como domina o seu corpo e o usa para tirar vantagem dos desequilíbrios momentâneos de jogadores com o dobro da sua massa muscular, com o dobro da sua força e da sua velocidade de deslocamento.
Este “encher o campo” não é o mesmo que “estar em todo o lado”, é antes um estar onde precisa de estar no momento certo para lá estar, quer quando joga por fora – extremo – como quando joga por dentro – médio.
Acho que o “futebol moderno” que criou o “reforço muscular” já teve mais que tempo de criar exercícios de “reforço de inteligência”, de “reforço de entendimento do jogo”, de “reforço do saber como tirar partido de situações onde o meu corpo (franzino) é aparentemente uma desvantagem”, mas parece que andamos distraídos com outras coisas que claramente não merecem nada o protagonismo todo que têm. O “reforço” essencial faz-se no treino jogando. Agora, se nos dizem que há jogadores que sentem necessidade de fazer outras coisas, porque valorizam e acreditam que é isso que os torna melhores, resta-nos dizer que sabemos dessa realidade.
«Se achamos que o mais importante é o que eu programo (toda a parte burocrática e científica), estamos enganados, é mais importante que o jogador (estando em condições) acredite que o que faz no treino é o melhor para ele e então aí chega ao jogo no seu máximo potencial para ganhar.»
Lorenzo Bonaventura (elemento da equipa técnica de Guardiola, no Barcelona, no Bayern e agora no Man.City)
Temos perfeita noção do poder das crenças e já o referimos aqui. Não é isso que nos preocupa, o que verdadeiramente nos preocupa é que no futebol os jogadores passem a atribuir maior importância ao físico do que ao jogo em si. Que se comece a ver jogadores dizer que foi o ginásio ou o treinar sozinho que me tornou um jogador que pode jogar na 1ª liga.
Por isso trazemos aqui o Bernardo (podíamos falar do David Silva, da mesma equipa, e de muitos outros), porque é um jogador que no seu todo (corpo/mente) tem o essencial do futebol e que contraria o “paradigma do atleta”. Isto é Futebol, não se trata de “atletismo com bola”, e portanto o corpo para jogar o futebol do Guardiola ou o futebol do Paulo Fonseca não pode ser o mesmo corpo de alguém cuja ideia de jogo é algo semelhante a “atletismo com bola”.
Já sabemos que isto choca muita gente, mas o essencial é a ideia de jogo e o jogador, o resto é gente a querer o protagonismo que não deve ter, para o bem do futebol e de criar uma cultura que permite o florescimento de jogadores que realmente percebem o que é importante. Para que quando eles sintam dificuldades em entrar no “ritmo competitivo do jogo” percebam que provavelmente terão que entender melhor os timings do mesmo e que correr mais, mais rápido ou durante mais tempo provavelmente não lhes irá resolver o problema. E por isso tem que haver harmonia/conexão entre todas as dimensões.
Para as pessoas que rotulam isto de contraproducente, aconselho a falarem com alguns pais que, para que os filhos melhorem (no futebol) os põem a fazer abdominais e flexões com 7 anos e que vão fazer treino intervalado para os parques com miúdos de 9.
Obrigado aos “Bernardos” que sabem que melhorar está essencialmente no jogo, sejam eles grandes, pequenos com muita ou pouca massa muscular. O Bernardo sem saber criou um contexto onde depende de nós usarmos o seu exemplo para mudarmos o Paradigma do treino e do jogador, respeitando a possibilidade de surgirem jogadores como ele. Porque o objectivo não é encher a camisola, mas sim encher o campo."

Outro Olhar - Estados de espíritos!!!

Mr. Pizzi...

Seferogol....

Uma festa única

"A celebração da conquista do 37.º Campeonato Nacional pelo Benfica foi absolutamente exemplar em todos os momentos: no Estádio da Luz após o apito final, na saída do autocarro com a equipa rumo ao centro de Lisboa, nos incríveis festejos no Marquês de Pombal, nos discursos felizes e respeitadores de Luís Filipe Vieira e de Bruno Lage e, por fim, na Câmara Municipal de Lisboa.
A ‘maré vermelha’ que acompanhou a equipa ao longo deste campeonato – em especial na fase mais importante da época – saiu à rua para comemorar uma das conquistas mais saborosas. O 37 terá, para sempre, um lugar muito especial na memória de todos os Benfiquistas.
De Norte a Sul, às ilhas, passando pelos mais variados cantos do Mundo, o ambiente que se viveu no Marquês de Pombal foi recriado em todas as ruas, praças e avenidas onde os milhões de adeptos quiserem dar largas à euforia – agora sim! – que tomou conta de todos. Uma celebração planetária com uma dimensão que só mesmo o Benfica consegue alcançar.
O tempo continua a ser de festejos: esta noite, os jogadores do plantel principal, a equipa técnica e a restante estrutura profissional estarão no ‘Jantar dos Campeões’ que junta os heróis da Reconquista com funcionários e parceiros do Sport Lisboa e Benfica.
Na próxima sexta-feira, no Estádio da Luz, Luís Filipe Vieira será a figura central da cerimónia que encerra, de forma oficial e simbólica, as celebrações da Reconquista: o Presidente levará o troféu, pelas próprias mãos, até ao nosso museu – numa tarde em que também a Taça de Portugal conquistada pela equipa feminina passará a brilhar no Cosme Damião.
Tudo ganho. Tudo por ganhar."

Os homens do título: João Félix, um killer com 19 anos

"Ele tem a magia, mas também a objectividade perante o golo e a frieza do último passe. Rui Vitória usou-o de forma intermitente (e fora de sítio), com Bruno Lage explodiu. João Félix é uma das figuras maiores do título

Não se deixem enganar pelo aparelho nos dentes, as marcas das borbulhas na cara. Olhem antes para o sorriso dele, malandro, matreiro, pela forma como frente aos grandes marcou sempre que jogou. João Félix é um killer. Aos 19 anos, o miúdo do Seixal viu a sua afirmação atrasada pela utilização intermitente e em habitats que não os seus por parte de Rui Vitória, mas Bruno Lage olhou para ele e nunca mais o largou. Seria segundo avançado, jogaria sempre. E seria decisivo, como foi tantas vezes ao longo da época.
E João explodiu.
No pré-Bruno Lage, Félix já tinha marcado dois golos, um deles frente ao Sporting. Com Bruno Lage marcaria mais 13, e estamos só a falar do campeonato. Essencial na recuperação daqueles sete pontos que às tantas o Benfica teve de atraso para o FC Porto, o avançado de Viseu salpicou o relvado de magia, mas não só. Talvez a grande diferença para os outros é que João Félix tem faro, não se atemoriza em frente à baliza (o golo que marca frente ao Santa Clara, no jogo do título, é apenas o exemplo mais fresco disso mesmo), nem na hora de tomar boas decisões. Tudo isto com 19 aninhos. Além dos 15 golos, todos eles de bola corrida, nove de pé direito, três de pé esquerdo e três de cabeça, 14 deles dentro da área, Félix também ofereceu sete assistências a colegas.
Esteve, portanto, em 22 acções directas para golo, ou seja, João Félix fez parte activa de 21,4% dos 103 golos do Benfica, o que é obra, na medida em que o miúdo fez apenas 1712 minutos na liga, distribuídos por 26 jogos no campeonato.
Há ainda que contar com mais 12 ocasiões flagrantes criadas, 29 passes para finalização, 27 delas em lances de bola corrida e 67 remates - João Félix concretizou, portanto, 22,4% dos remates que fez.
E se João Félix terá sempre e para sempre os olhos voltados para a baliza, não é de desdenhar aquilo que também consegue fazer defensivamente. Recuperou 61 bolas, por exemplo. E apesar de parecer franzino, ganhou 50% dos duelos aéreos defensivos.
Segurá-lo será um milagre, mas a sair, João Félix deixa a sua marca indelével em mais um título nacional do Benfica."

Benfica Podcast #325 - Champions!

Seferovic dixit...

A Festa na integra...



PS: Já tinha aqui colocado este video, mas uma empresa de direitos de autor acabou por bloqueá-lo (!!!), mas o Benfica voltou a recolocá-lo...
São 7 horas que passam num instante!!!

A máquina trituradora de Lage – Explica Pizzi


"No post mais recente demonstrei como ataca o Benfica em Organização Ofensiva, e como isso lhe valeu tão avultado número de golos. Ontem, Pizzi reforçou o que havia sido cá demonstrado:
«As ideias de Bruno Lage favoreciam o nosso jogo e as qualidades dos nossos jogadores… metíamos muita gente em zonas de finalização. Jogamos bem entre linhas, com jogadores rápidos, que sabem ter a bola.
O Bruno Lage quer muito passe entre linhas, muita dinâmica e arriscar aquele passe para romper a estrutura adversária.
Lage tem uma coisa muito boa: ter a bola, muita desmarcação entrelinhas, o que provoca dificuldades aos adversários. Foi fácil assimilar porque tem o que todos os jogadores gostam. Ter bola, agredir o adversário com bola.»
Pizzi em entrevistas ao jornal A Bola e à Sportv"

Bruno Lage e o valor de uma conquista

"Mas qual é o preciso valor de uma conquista? E quanto tempo dura? Como é possível celebrá-la ignorando o contributo das demais forças motrizes de um negócio que todos os anos resvala para a autofagia?

É o homem do momento. Desde Janeiro que Bruno Lage teve de acostumar-se a andar nas bocas do mundo, primeiro pelo simples facto de, da noite para o dia, ter assumido o comando técnico do Benfica, depois pela simples razão de, da noite para o dia, ter levantado a equipa do chão. Semana após semana, o balão do reconhecimento foi enchendo até o próprio treinador o esvaziar discretamente, já no palco montado no Marquês de Pombal. Como? Com um discurso que, a bem do futebol, se recomenda que seja válido também para o futuro.
Vamos deixar de lado o apelo de Lage a uma participação cívica mais activa dos adeptos para nos concentrarmos no elogio aos rivais. “Há que dar mérito a quem ganha e quando os nossos adversários ganharem, também lhes dar mérito”, enunciou, na esperança de que se inicie um ciclo de salutar reciprocidade capaz de se sobrepor ao pântano gerado pela estratégia de comunicação dos clubes.
É bem mais fácil ser magnânino na hora da vitória, mas é justo reconhecer que a visão do setubalense não é de agora. Basta recuarmos a Abril para detectarmos tiradas como esta: “Para já, é importante começar a dizer o nome dos nossos adversários, o Sporting, o FC Porto, o Sp. Braga, tratá-los pelo nome. E depois reconhecer-lhes competência. Ao reconhecer os pontos fortes do adversários não estou a fragilizar aquilo que é meu”. Não poderia estar mais de acordo. Até porque o sucesso de uns só encontra o valor devido no espelho do mérito dos outros.
Dentro e fora de portas, é conveniente que se alargue o uso do nós em detrimento do eu. Bruno Lage fê-lo no auge da festa, repartindo os créditos de um título improvável pela lealdade dos adeptos, pelo trabalho dos jogadores, pela visão do presidente e pelo respaldo da estrutura. Falsa modéstia? Não. Consciência clara de quem sabe que ninguém ganha sozinho e que a influência de um estratega tem o exacto alcance da vontade dos seus comandados.
Mas qual é o preciso valor de uma conquista? E quanto tempo dura? Como é possível celebrá-la ignorando o contributo das demais forças motrizes de um negócio que todos os anos resvala para a autofagia? Acima de tudo o resto, esse momento supremo de comunhão deveria servir para celebrar a competência própria, naturalmente, mas também a qualidade do trabalho dos adversários, porque é essa a mola impulsionadora de toda a evolução.
Numa sociedade obcecada pelos resultados, o processo é quase sempre desvalorizado. Mas o sucesso duradouro não é (não pode ser) fruto do acaso, de um momento de inspiração, de uma bola que embateu no ferro e derivou para dentro da baliza. Se, depois de trepar sem rede de segurança até ao topo da montanha, o Benfica tivesse escorregado no último momento, quantos estariam agora a aplaudir a metodologia e o ideário de Bruno Lage? E quantos o lançariam às feras, apontando o dedo à gestão do plantel enquanto duraram as restantes frentes competitivas?
Em entrevista ao jornal Marca, o treinador do Betis nas duas últimas épocas pôs o dedo na ferida: “Parece que não há interesse por mais nada que não seja ganhar. Estamos a transmitir aos nossos filhos que se não ganharem, não são válidos. E estamos a criar uma quantidade tremenda de fracassados. Não há que valorizar tanto a vitória porque só um a consegue, todos os outros perdem”, considera Quique Setién, acrescentando: “Há que valorizar o esforço, como se gerem os recursos disponíveis, a verdade”. A verdade, sim. Que se sobrepõe à matemática das contas.
A verdade que atesta que Bruno Lage não deixará de ser competente quando chegar o momento das derrotas. Que Sérgio Conceição não perdeu qualidades de um ano para o outro, depois de ter reconstruído o FC Porto de raiz (com os 85 pontos que somou nesta Liga, teria sido campeão na época passada), que Marcel Keizer não desaprendeu no momento em que o Sporting baixou de rendimento. A verdade que nos diz que nada, senão a morte, é certo nesta vida. Nem mesmo as rivalidades bacocas."

Final da Liga Europa é uma grande "Bakurada"

"A decisão da UEFA em escolher o Azerbaijão para a realização desta final é ininteligível.

A final da Liga Europa está envolta de polémica desnecessária. O Estádio Olímpico de Baku, na capital do Azerbaijão, tem capacidade para cerca de 70 mil adeptos, no entanto, Arsenal e Chelsea só tiveram direito a receber seis mil bilhetes cada. A justificação para o número reduzido de ingressos para cada clube é dada pela UEFA com a indicação "dificuldades logísticas". Traduzindo: o aeroporto de Baku não terá capacidade para receber mais adeptos.
Por outro lado, Henrich Mkhitaryan, excelente médio-atacante do Arsenal de Londres e figura imprescindível, sem qualquer lesão ou castigo, não poderá participar na final da Liga Europa contra o Chelsea. 
Há décadas que o Azerbaijão está em guerra com a Arménia pelo enclave de Nagorno-Karabakh e o Arsenal teme pela sua segurança, pois o mesmo é capitão da selecção arménia. De acordo com o Direito Internacional, esse pequeno território nas montanhas do Cáucaso pertence ao Azerbaijão, mas a maioria da população é arménia, sendo que o conflito está latente. A Associação de Futebol do Azerbaijão afirmou que o atacante do Arsenal estaria completamente seguro no país, mas o clube inglês não concorda.
É evidente que o clube, o jogador e a sua família estão extremamente preocupados com o facto de a localização da final poder levá-lo a não poder jogar numa final europeia.
Assim, além de os fãs dos dois clubes ingleses terem que viajar para uma das cidades mais distantes da "Europa", a UEFA autorizou uma final num país, diremos pouco democrático, em que o poder passa de pai para filho. Ilham Aliyev, filho do antigo presidente Heydar Aliyev, foi proposto como seu sucessor quando da grave doença de seu pai, que veio a falecer em 2003.
As eleições presidenciais ocorreram em 15 de Outubro de 2003 e o vencedor foi empossado a 31 de Outubro do mesmo ano, mesmo com as críticas da comunidade internacional de que teria ocorrido fraude eleitoral. Acresce que, pelas razões apontadas, a segurança de Mkhitaryan está em risco, bem como a dos adeptos que o apoiem durante o jogo que estará cheio de azeris.
Vamos esperar e ver o que acontece no dia 29 de maio, mas há chances de que as preocupações de segurança se mantenham e o Arsenal não tenha opções experientes de ataque para o maior jogo da época.
Com todo o respeito, a UEFA não adivinharia que teria um jogador arménio a jogar a final da Liga Europa; ainda assim, por todas as outras razões apontadas: logísticas, políticas, geográficas, a decisão da UEFA em escolher o Azerbaijão para a realização desta final é ininteligível (ou apenas se explica pelo fascínio do petróleo azeri)."

Benfiquismo (MCLXXXVIII)

Que trio !!!

Há campeão e não é à condição: (-7 + 38 + 16 = 37)

"Não foi só o campeão que voltou. Voltou a década hegemónica, como nos anos 60, 70 e 80

1. Hoje, o contador da Luz inicia-se com diversas contagens. O título aritmético desta crónica explica-se assim: à 16ª jornada do campeonato ora concluído, o Benfica tinha 7 pontos de diferença. Anulou-os com um total de 2 em 34 jornadas (82% e 95% na era Lage). E se lhe adicionarmos 16 pontos (que foram os conseguidos nos jogos com o FCP, SCP e SC Braga, ou seja 89% dos possíveis), chega-se ao tão desejado 37º campeonato em 85 edições (ou seja 44%, muito perto de metade). Os números são o que são. Não tem ruído de fundo.
Continuando com a aritmética: se somarmos o título nacional nº 37 aos troféus e títulos conquistados (37) + 25 (Taças de Portugal) + 7 (Taças da Liga) + 7 (Supertaças) + 2 (Taças dos Campeões Europeus) temos um total de 115, que é a idade que, em 28 de Fevereiro passado, o Sport Lisboa e Benfica completou, como se pode constatar, seja pela prova dos nove relativa ao nascimento do clube, seja pela prova real dos troféus alcançados.
Além disso, o número 37 do Benfica é primo ou seja, só é divisível por 1, que simboliza a unidade (e Pluribus Unum) e por si próprio, neste caso em situação única e exclusiva. Também o 37 é igual a (1x1) + (5x3) + (3x2 + (12x1), isto é, um tetra, cinco tricampeonatos, trés bicampeonatos e doze títulos separados. Como os conjuntos de campeonatos seguidos incorpora os conjuntos imediatamente inferiores, os 37 conquistados também resultam, parcialmente, de um tetra, seis tris e dez bis.
Não foi só o campeão que voltou,. Voltou a década hegemónica, como nos anos 60,70 e 80. Nos últimos 10 anos, 6 títulos conquistados e nos últimos 6 anos, 5 campeonatos vencidos, tendo sido a única equipa que sempre foi campeã ou vice-campeã, ficando também à frente do seu histórico rival SCP, em todos estes anos.
Nesta década, por muito pouco, o Benfica não foi heptacampeão, Kelvin no penúltimo minuto (aqui seguramente) e Herrera a escassos minutos do fim (aqui provavelmente) impediram os títulos de 2012/13 e 2017/18.

2. Terminado o campeonato, faço sucintamente a minha leitura interpretativa deste meu contador trifásico (Rui Vitória fase I, Rui Vitória fase II e Bruno Lage). Luís Filipe Vieira viu luzes, teve horas de ponta, puxou do interruptor e liderou com notável eficácia a área das energias renováveis quanto à antecipação estratégica e à renovação geracional. Além disso, aproveitou em plenitude as formas de energia decorrentes da biomassa, como bem evidenciou ao dizer no balneário no fim do jogo da Luz, que, « fui um gajo com uns tomates muito grandes para tomar decisões», uns segundos antes de ter anunciado a duplicação da massa (monetária) dos prémios dos jogadores.
Bruno Lage foi, acima de tudo, exemplar. Contra a falsa normalidade e os cânones estabelecidos, a sua acção e a sua atitude estão, indelevelmente, gravadas na marca de água deste tão saboroso triunfo. Voltando ao contador trifásico, esteve sempre em alta potência de trabalho, rigor e confiança, sobretudo no regime tarifário de ponta,. Fez a segunda melhor volta de um campeonato na história do Benfica, conseguindo em 19 jogos um aproveitamento de 96,5%, vencendo (sempre fora do contador da Luz) ao Porto, ao Sporting, Sp. Braga, Guimarães, Moreirense e Rio Ave, ou seja, aos clubes que se lhe seguiram na classificação final. O quadro evidencia como, a partir do momento em que foi treinada por Lage, a equipa fez mais 9 pontos do que fez o FC Porto, 15 do que o SCP e 24 do que os bracarenses. O Benfica alcançou 55 anos depois a marca de 103 golos marcados e, com ele ao comando, houve 12 dos 19 encontros com 4 ou mais golos marcados, entre os quais contra o SCP e o Sp Braga fora de casa. Mais palavras para quê?
Mas Bruno Lage foi muito mais do que se constata pelo fulgurante desempenho da equipa. Devolveu decência ao futebol em Portugal, foi mais do que um técnico ao comando, seja na sua atitude para dentro, seja na sua relação para fora, pautando-as pela sinceridade, sentido de partilha sem egocentrismos bacocos, sabendo sempre discernir o essencial do pueril, o verdadeiro do fantasioso, o natural do provocatório, a sobriedade do espalhafatoso, o homem permanente da estrela efémera. As suas palavras no momento do título alcançado são paradigmáticas e despoluidoras: « que seja a reconquista das boas maneira», « que este título, que estava perdido, seja também a forma de dar mérito a quem ganha. Quando os adversários ganharem, temos de lhes dar mérito. Só assim « eles nos darão mérito», « temos de saber tratar os rivais pelo nome», etc...
Manda o dever de gratidão referir igualmente a Rui Vitória que deu ao Benfica um tri e o primeiro tetra (em conjunto com Jorge Jesus). Importa registar o modo sempre digno como esteve e como saiu. Todavia, não creio que, com ele até ao fim, o campeonato fosse conquistado.
Agora que a minha ansiedade vai ter um período de merecido repouso futebolístico, não vou hoje falar dos decisivos obreiros desta grandiosa vitória: os jogadores. Ficará para as próximas crónicas. Todavia, não posso deixar de traduzir, no abraço de Jonas e João Félix aquando da substituição, uma tão simbólica, quanto eloquente e comovente transmissão entre duas gerações separadas por 16 anos de idade e outros de futebol vivido e jogado. Entre os olhos humedecidos de um Jonas muito comovido e o sorriso genuinamente juvenil de um João Félix, entre o perfume de anos grandiosos e convincentes do primeiro e o horizonte tão largo e já seguro de arte e inteligência do segundo, esteve retratada, fielmente, a passagem de testemunho nesta estafeta do Benfica, feitas de grandes vitórias e de largas e legítimas ambições.

3. Nada que não se repita, sempre que o Benfica é campeão, mas que, nos tempos de agora em que adversário é (falso) sinónimo de inimigo, se vem acentuando. Refiro-me ao trauma de certas mentalidades doentias e paroquianas que sempre buscam por via das suas toupeiras neuronais descobrir um motivo para empalidecer as vitórias do SLB. Nem vale a pena enumerar as patetices invocadas, apenas dizer que quando são eles a vencer (real ou oniricamente), os títulos são imaculados, incontestáveis, imbatíveis, com a necessária dose de anestesia ou amnésia de certos passados que colocam sempre a zero o contador das malfeitorias.
Os seus arautos não resistem, nem que seja a uma qualquer referência indirecta sobre o outro (leia-se: o Benfica), sempre seccionando nas suas mentes o que se passou. O tamanho e a gravidade da tarja do Dragão revelam a miséria moral dos seus autores e de quem os deixou levar (e, pelo silêncio, são indigentes cúmplices) para o campo tal espalhafato visual. Aguardo, com expectativa, a determinação (?) dos órgãos disciplinares e não só...
Mais uma vez o Benfica ganha um campeonato com toda a justiça e sem que precise de invocar, seja sob que pretexto for de má-educação, os seus rivais. Para celebrar os triunfos com genuína e transbordante alegria, não houve jogadores a pisar símbolos de outros clubes, não se cantarolou contra ninguém, não houve uma palavra de incorrecção sobre quem não tendo ganho, perdeu. É esta grandeza que eu quero que o meu clube de alma e coração mantenha e reforce. Como disse atrás, Bruno Lage foi o mais lídimo protagonista do modo de como se deve saber ganhar ou perder.

Contraluz
- Inédito: No dia em que o Benfica se consagrou campeão nacional de futebol, a novel equipa feminina, no seu primeiro ano de competição, conquista a Taça de Portugal, jogada no Jamor com mais assistência (12.632 espectadores) do que a larguíssima maioria dos jogos da 1.ª Divisão masculina. Para o ano, bem espero dois títulos de campeão português: masculino e feminino.
- Livro: Tive o enorme gosto de co-apresentar (com Jorge Jesus) o novo livro de Vítor Serpa Há vida nas estrelas. Como então tive ocasião de dizer, trata-se de um livro que concilia, com mestria, de sensibilidade, de saber acumulado. Com uma linguagem de preciosa filigrana ética e deontológica, é um importante testemunho para memória futura da história humanizada do nosso futebol. A não perdera sua leitura.
- Vitória: O jogador setubalense Nuno Pinto pisou novamente o relvado do Bonfim, depois de largo interregno por grave doença. Motivo forte para o saudar num momento em que os minutos que jogou são a vitória do homem sobre o mais importante na vida.
- Regresso: Do bom Eliseu que, de lambreta, voltou ao seu Estádio para estar com os seus ex-colegas na festa do título. Um jogador que continua a ser acarinhado no clube. Um angrense que assim juntou o seu Benfica e um valoroso clube açoriano, numa manifestação de saudável exteriorização do seu (nosso) contentamento."

Bagão Félix, in A Bola

Vieira acima de todos

"Pinto da Costa corre o risco de na próxima vez ouvir Vieira proclamar que o Benfica venceu um campeonato que vale por 10: a diferença entre 38 e 28

Na edição da noite do último domingo, em A Bola TV, com liberdade total para os intervenientes se expressarem em absoluto respeito pela opinião alheia, sem necessidade de vocábulos dispensáveis, despropositados ou deselegantes, que se vão tornando corriqueiros um pouco por todo o lado, o tema obrigatório foi a eleição do principal responsável pelo sucesso futebolístico do Benfica.
O treinador Bruno Lage recebeu os aplausos, pela grande conquista alcançada, pelos resultados que lhe deram vida e ainda por uma vastidão de motivos que ajudarão a preencher os espaços de debate durante o próximo defeso. Houve unanimidade, mas, sem querer circular em contramão em relação ao Diogo Luís e ao Júlio António, os meus companheiros de animada conversa, gostaria de fazer um ligeiro desvio argumentativo de forma a ligar a importância deste título para o emblema da águia à preocupação com que o seu principal rival o encara por lhe ver associado o perigo de uma alteração hegemónica no espaço nacional.
Há um ano, o Benfica falhou o penta porque Rui Vitória não se apercebeu do que verdadeiramente estava em jogo, respaldando-se nos dois campeonatos que inscrevera no currículo para desculpar a perda do terceiro, como se fosse uma situação normal. Na altura, agradeceu o presidente portista por lhe terem sugerido o mote com que abrilhantou as suas intervenções, sabiamente aproveitadas para exultar a proeza do dragão com «um título que valeu por cinco».

O Benfica faltou o penta, mas não pode falhar o projecto, razão pela qual a Reconquista se transformou em objectivo inadiável, apesar de Vitória continuar mal sintonizado com a realidade. Por isso, a relação acabou em separação mais ou menos amigável, sem nenhuma surpresa, independentemente da data em que foi tomada.
Creio que pouca importará aos adeptos benfiquistas saber o lugar que Bruno Lage ocupava na lista de preferências. Se o presidente diz que era o primeiro é porque era, acrescento eu, mas ninguém fica obrigado a acreditar, a duvidar ou, até, a desmentir se se considerar dono de alguma verdade alternativa. Sinceramente, penso que o caso é de fraco significado, a não ser para os coleccionadores de enigmas, porque o que quer que fosse que Luís Filipe Vieira tivesse em mente é inquestionável que decidiu bem, no sentido de vingar o espírito da reconquista e de manter em passo firme e acelerado a tomada do futuro. Porque o presente está assegurado.
Este pode ter sido o campeonato que abriu as portas de mudança e o principal emblema oponente agitou-se em estratagemas comunicacionais e na procura de aliados para tentar travar o percurso benfiquista. Esforçou-se e denunciou-se, porém, na medida em que, depois do que se passou nas últimas duas ou três semanas, só ainda não identificou o local de onde brota a intriga quem não tiver cabeça para pensar ou... olhos para ver.

Presidente, treinador, claquista e associados, poderia ser esta a designação de uma sociedade virtual com sede na cidade do Porto e sucursal em Lisboa, que, em segunda época, não se poupou a esforços no sentido de promover uma campanha agreste não contra a instituição Benfica de forma vaga, mas sim contra ao seu presidente de forma concreta, por verem nele o pilar principal do edifício encarnado e a trave mestra da estrutura profissional. A garantia da estabilidade. E foi assim que tudo valeu e tudo se permitiu em obediência a um conluio gigantesco que viso, por todos os meios, iludir as evidências e transferir as culpas para os árbitros. O costume, há décadas, e, para espanto meu, com tanta gente prestimosa, como a que enche as feiras e os mercados nesta desinteressante campanha para as europeias a troco de bonés, bandeirinhas e esferográficas. Sejamos claros:
- quem marcou mais de 100 golos no total e marcou mais 29 do que o FC Porto, mais 31 do que o Sporting e mais 47 do que o SC Braga merece ser campeão;
- quem venceu em casa é fora o FC Porto (seis pontos a zero), quem empatou em casa e venceu fora o Sporting e quem ganhou em casa e fora ao SC Braga merece ser campeão;´
- quem, nos jogos fora, marcou dois golos ao FC porto, quatro ao Sporting e quatro ao SC Braga merece ser campeão.
- quem venceu todos os encontros realizados fora na segunda volta, com uma média de golos superior a três golos por jogo, merece ser campeão;
- quem (Bruno Lage), no total de 19 jogos como treinador principal, venceu 18 e empatou um, merece ser campeão.
- quem tem resultados para apresentar, arrebatadoramente esclarecedores de uma supremacia e de uma qualidade inquestionáveis, com certeza que merece ser campeão. Foi o melhor e o mais forte.
Bruno Lage foi o treinador vencedor, mas Luís Filipe Vieira quem o nomeou.
Pinto da Costa percebe a diferença e fica preocupado. Se foi ele, à custa do penta falhado pelo Benfica, a propalar que o FC Porto ganhou, um campeonato que valeu por cinco, corre o risco de no próximo ano ouvir Vieira proclamar que o Benfica venceu um campeonato que vale por dez: a diferença entre 38 e 28. Como diz o povo, pôs-se a jeito..."

Fernando Guerra, in A Bola

De olhos já postos na próxima época

"Dissipados, na Praça do Município, os derradeiros fumos da festa do 37.ª campeonato do Benfica, um primeiro balanço à época prestes a findar aponta-nos uma verdade insofismável: o único caminho, para os clubes portugueses, capaz de conciliar competitividade com equilíbrio financeiro, é o da aposta na formação. Tome-se o exemplo do Benfica, que investiu sem hesitações, ao longo de mais de uma década, no Caixa Futebol Campus e pode apresentar ao mundo esta equipa de campeões em 2018/2019, made in Seixal:
Ederson (25), Man City; Semedo (25), Barcelona; Rúben Dias (22), Benfica; Ferro (22), Benfica; Cancelo (24), Juventus; Florentino (19), Benfica; Gedson (20), Benfica; Renato Sanches (21), Bayern; Bernardo (24), Man City; João Félix (19), Benfica; Jota (20), Benfica.
Sendo verdade que o segredo do sucesso competitivo passa por juntar cirurgicamente, alguns jogadores mais experientes à juventude inquieta que sai da formação (basta pensar na importância de Tadic, 30 anos, no êxito do Ajax...) é essencial que os clubes, especialmente em países de reduzido poder aquisitivo, num mercado cada vez mais virado para os ricos, tenham convicções fortes no mérito do investimento em escolas de futebol.
Num momento em que o Benfica parece firme nesta senda da formação, que caminho escolherá o FC Porto, campeão em título da Youth League, no contexto de reformulação profunda do plantel que vai viver? E o Sporting, que conta com um treinador-formador, como se adaptará às exigências orçamentais apertadas de 2019/2020? Vira-se para Alcochete? Boas perguntas. Aguardemos pelas respostas..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Pizzi, Ferro, Gabriel, Seferovic & Almeida

Almeidinhos... em sacrifício!

Vlog: futuro de Jonas

Reforçar – a palavra-chave

"Com a temporada a chegar ao fim e os dias de férias dos jogadores a aproximarem-se parece que o que vai pairar na Luz é uma fase de férias para todos os responsáveis do clube encarnado. Mas não. Engane-se em pensa assim. Quando alguns viajam para os seus países, outros ficam por cá, a relaxar após uma temporada de jogos, existem uma equipa organizada pela estrutura que tratará de gerir o plantel para a próxima temporada. Uma equipa, que a meu ver, deve ser comandada pelo homem do balneário: Bruno Lage.
E se fosse eu Bruno Lage? E se fosse eu o homem que reforça a equipa? Este texto trata-se das minhas escolhas de posições e alternativas que, por alguma razão, precisam de ser reforçadas.
Na baliza é necessário um reforço. Um reforço que substitua Svilar no banco de suplentes. O belga não tem ainda qualidade suficiente para defender a baliza encarnada e precisa de uma ou duas temporadas de empréstimo. Sugiro para a baliza encarnada Cillessen. O substituto de Ter-Stegen tem muita qualidade, joga bem com os pés e seria um óptimo reforço para o plantel encarnado. Além disso, corresponde aquilo que o SL Benfica precisa, um reforço que não seja jovem nem que haja dúvidas da qualidade futebolística. Poderia, facilmente, disputar um lugar no onze encarnado com o camisola noventa e nove.
Com o mercado a apertar e as óptimas exibições de Grimaldo a defesa esquerdo será difícil mantê-lo na equipa. Assim sendo, gostaria de ver a compra de Cucurella ou de Rebocho. Cucurella é um polivalente da equipa do FC Barcelona B que jogou esta temporada emprestado ao SD Eibar. 
Completando 30 jogos na LaLiga, o esquerdino espanhol provou ter qualidade suficiente para representar o clube da Luz, oferecendo ao corredor esquerdo movimentos muito semelhantes àqueles que Grimaldo faz. Rebocho é um homem da casa que conhece bem o futebol nacional tendo jogado na primeira liga ao serviço do Moreirense FC e que para mim tem muito mais qualidade que Yuri Ribeiro.
Chiquinho esteve em evidência durante toda a temporada. A sua polivalência e a sua técnica são as suas principais armas. O “regresso” ao SL Benfica seria uma boa forma de crescer junto de atletas de categoria e que podem ajudá-lo a tornar-se num melhor jogador Fonte; Moreirense FC

Do lado oposto da defesa, no corredor direito, André Almeida precisa de um substituto de nível, tendo sempre em equação a possibilidade ou não de Pedro Pereira estar nos inscritos da próxima temporada. Como reforço da temporada Alex Pinto da equipa B poderia subir para o plantel principal, não precisando assim a estrutura de investir no mercado de transferência. Adaptar Salvio também é uma possibilidade mas que até ao momento parece estar descartar pelo treinador do Benfica.
No meio campo o equilíbrio do plantel é notável onde vários jogadores podem jogar em várias posições oferecendo assim uma vasta opção de escolha do treinador Bruno Lage. Mesmo saindo algum jogador seja das alas ou da zona mais central, o Benfica está muito bem reforçado para a próxima época.
A frente de ataque precisa de um reforço de peso. Um homem que responda a possíveis ataques do mercado a João Félix. O Benfica conta com Jonas, Seferovic e Ferreyra. Com Jonas a entrar nos trinta e cinco anos, Seferovic como possível opção A da próxima temporada e Ferreyra mais um ano emprestado ao futebol espanhol, o Benfica precisa de reforçar o ataque com um jovem jogador que possa aos poucos entrar na equipa e ganhar confiança e experiência. Chiquinho é o nome.
O jovem português, que passou pelo Benfica mas que não cumpriu nenhum minuto de águia ao peito, mostrou muita qualidade esta temporada jogando bem à frente do meio campo, quase nas costas do ponta-de-lança. Contudo, fugindo à regra de ser jovem, gostaria de ver no Benfica Dyego Sousa. É verdade que o final de época do português não foi a melhor mas não há dúvidas que é um óptimo avançado e que precisa de jogar num palco maior que o do SC Braga. Assim sendo, seria um óptimo reforço para o Benfica.
Estas são as minhas escolhas para posições e alternativas a reforçar no mercado de transferência que se aproxima."

Samba!

100

A tolerância e bem-estar que o futebol nos dá

"Ao menos, o futebol, muitas vezes criticado pela violência e falta de verdade desportiva, tem esta vantagem de nos deixar ser "livres" e nos expressarmos à vontade. Obrigado, futebol!

Tendo em conta os destaques nos "telejornais", os vários programas televisivos sobre o tema em hora nobre, os 3 jornais diários sobre desporto (em que o futebol é a parte mais relevante), e outras "mediatizações", o futebol parece ser o tema mais abrangente na sociedade portuguesa, de norte a sul, atravessando todas as classes económicas e sociais. O futebol alimenta paixões, já o sabemos. Gera discussões, por vezes acaloradas, e nalguns casos (felizmente raros, mas que não deveriam existir de todo) violência física entre algumas pessoas.
Então o que tem o futebol a ver com tolerância e bem-estar? Num almoço onde estive esta segunda-feira, falávamos sobre vários assuntos, até que surgiu o tema do futebol. Havendo apoiantes de diferentes clubes, cada um tinha a sua opinião em relação ao desempenho dos diferentes jogadores, treinadores e árbitros, à hipotética existência de corrupção a árbitros e/ou jogadores, debatendo-se quais os clubes que supostamente são mais beneficiados pelos árbitros, entre outros. E aí nos apercebemos de que, na generalidade dos casos, quando se fala de futebol as pessoas sentem-se livres para criticar os outros, discordar frontalmente do que os outros dizem, defender acerrimamente as opiniões próprias.
Isso permite às pessoas "libertarem-se", e sentirem-se bem por se poderem expressar sem condicionantes, pois os outros podem discordar, mas aceitam que as pessoas tenham opiniões próprias e as defendam.
E qual é a relevância de algo que parece ser normal? É que receio que infelizmente a sociedade esteja cada vez mais "castrante", onde muitas opiniões "fora da norma", ou que possam ser alvo de uma eventual interpretação negativa (interpretação por vezes sem qualquer sentido, mas que alguém decide invocar e consegue ter uns poucos adeptos), são fortemente atacadas. Por vezes, pior e mais triste, em vez de se discutirem as opiniões decide atacar-se logo as pessoas que as emitem. Obviamente não estou a dizer que deveremos ser tolerantes com tudo. Há questões intoleráveis, mas há muitas outras que não o são, embora rapidamente alguém as tente transformar em intoleráveis.
Ao menos, o futebol, muitas vezes criticado pela violência e falta de verdade desportiva, tem esta vantagem de nos deixar ser "livres" e nos expressarmos à vontade. Obrigado, futebol!"

Ticha Penicheiro na elite do basquetebol feminino

"Está marcada para o próximo dia 8 de Junho a cerimónia de consagração da basquetebolista Ticha Penicheiro (n. 1974), a maior referência portuguesa no basquetebol internacional, na “Women´s Basketball Hall of Fame” (WBHF). Esta instituição, criada em 1999, está localizada na cidade de Knoxville, no estado federal do Tennessee (USA). Tem como principal missão honrar o passado, celebrar o presente e promover o futuro do basquetebol feminino. Nesse sentido, anualmente, são premiadas as individualidades que mais contribuíram para o desenvolvimento do basquetebol feminino à escala mundial em diversas categorias: treinador(a), treinadora veterana, jogadora, jogadora internacional, jogadora veterana, dirigente e juíz.
Este ano, para além da Ticha Penicheiro também passarão a pertencer à WBHF as seguintes personalidades:
- Beth Bass (Dirigente): - Directora Executiva (2001 a 2014) da Women´s Basketball Coaches Association (WBCA), - (2004) Prémio Presidencial da National Association of Girls and Women in Sport (NAGWS);
- Joan Cronan (Dirigente): - Athletic Director de Mérito da Universidade de Tennessee após ter exercido as funções de Women´s Athletic Director durante 3 décadas, - (2005) Athletic Director do Ano, - (2016) Prémio Carreira Notável da Women´s Leaders in College Sports;
- Nora Finch (Dirigente): - (1981 a 1988) Presidente do comité inicial da Women´s Basketball (I Divisão) da NCAA; - Membro de diversos comités da NCAA com realce para o da Gestão, - primeira mulher na Atlantic Coast Conference (ACC) a ser nomeada Assistant Athletic Director;
- Ruth Riley (Jogadora USA): - (2001) Jogadora do ano (Naismith Player of the Year) e campeã nacional com a Universidade de Notre Dame, - (2004) Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas com a selecção dos EUA, - (2003 e 2006) bi-campeã da WNBA com a equipa das Detroit Shock e MVP das finais de 2003;
- Carolyn Roddy (Jogadora veterana): - Duas vezes “All American” da National Junior College Athletic Association (NJCAA) em representação do Hiwassee Junior College, - Liderou a equipa de Wayland Baptist Flying Queens (pontos e ressaltos) na conquista de 2 campeonatos nacionais na Amateur Athletic Union (AAU), - (1975) Jogadora do ano (Player of the Year) da região de Panhandle ( estado federal do Texas);
- Valerie Still (Jogadora USA): - (1982) Recordista absoluta em pontos e ressaltos da Universidade de Kentucky e lider da equipa que venceu as competições da Southeastern Conference (SEC), - (1982 e 1983) jogadora eleita “All American Kodak/WCBA”, - primeira jogadora de todas as modalidades desportivas da Universidade de Kentucky a ser premiada com a retirada da sua camisola das competições desportivas.
Para além dos títulos honoríficos, a “Women´s Basketball Hall of Fame” está, também, fortemente envolvida na promoção do basquetebol entre as jovens americanas. A cidade de Knoxville tem imensas tradições no basquetebol feminino através da equipa da Universidade de Tennessee, cuja treinadora, Pat Summitt (1974 a 2012) foi considerada a melhor de sempre nos Estados Unidos e, como tal, também foi eleita para o “Hall of Fame” logo no ano inicial da instituição (1999).Ticha Penicheiro nasceu na Figueira da Foz uma cidade com enormes tradições no basquetebol nacional. Afirmo-o com conhecimento de causa uma vez que, enquanto jogador nos anos sessenta e treinador nos anos setenta, tive a oportunidade de participar na, então, principal prova do basquetebol nacional (campeonato da I divisão). Ao tempo, na equipa do Ginásio Figueirense jogava um jovem, de seu nome João Penicheiro que, mais tarde, foi pai de uma menina, a Patrícia que, desde muito cedo, mostrou possuir excelentes capacidades motoras (skills) e uma enorme vocação para o jogo da “Bola ao Cesto”. Assim, com o apoio dos pais, Ticha foi encaminhada, aos seis anos de idade, para a escola de basquetebol do Ginásio, clube onde fez toda a sua formação inicial como praticante da modalidade.
Entretanto, em 1990, na qualidade de Adjunto (na área do desporto) do Ministro da Educação, Roberto Carneiro, tive a oportunidade de acompanhar a criação e implementação do primeiro Centro de Treino da Federação Portuguesa de Basquetebol, então liderada pelo General Hugo dos Santos. O projecto visava concentrar e preparar as jogadoras do escalão de cadetes (das quais a Ticha fazia parte) sob a orientação do Eng. José Leite, então seleccionador nacional, tendo em vista a participação no europeu da referida categoria. O local escolhido para a utilização como centro de treino foram as excelentes instalações desportivas de Rio Maior e, em termos académicos, a actividade curricular decorria na Escola Secundária da cidade, a curta distância do referido centro de treino. Após esta primeira experiência no âmbito da especialização desportiva a Ticha representou o União Desportiva de Santarém tendo contribuído para a conquista de um Campeonato nacional (1992/93), duas Taças de Portugal (1992/93 e 1993/94) e uma Supertaça.
Finalizado o percurso académico no ensino secundário, a Ticha foi convidada para ingressar na equipa da Universidade de Old Dominion (I divisão) da National Collegiate Athletic Association (NCAA) onde, através da atribuição de uma bolsa de estudo na qualidade de estudante/atleta, concluiu uma licenciatura em Comunicação e Estudos Interdisciplinares. No novo percurso desportivo nos Estados Unidos (1994-1998), efectuou 233 jogos oficiais tendo a sua performance técnico desportiva sido notável uma vez que se tornou na grande líder da equipa de basquetebol da referida universidade.
Durante a sua carreira desportiva universitária marcou 1.304 pontos, foi líder em roubos de bola 591 (record da universidade) e fez 939 assistências (segunda melhor marca de sempre), o que corresponde a uma média de 9.8 pontos, 7.1 assistências, 4.7 ressaltos e 4.4 roubos de bola por jogo, o que define bem a sua versatilidade como praticante de excelência. Como reflexo das suas exibições e pelo facto de ter sido a grande responsável por conduzir a sua equipa até à final nacional do campeonato da NCAA em 1997, Ticha foi seleccionada para o cinco ideal (melhores jogadoras por posição) das quatro equipas que participaram na “Final Four” da competição. Na Colonial Athletic Association, conferencia regional em que está inserida a Universidade de Old Dominion, a Ticha foi a novata do ano (Rookie of the Year) em 1994/95, melhor jogadora do ano (Player of the Year) em 1995/96 e 1996/97 e eleita anualmente para o cinco ideal da CAA. Foi seleccionada como jogadora “All American” (prémio Kodak) por duas vezes (1997 e 1998) e foi a primeira jogadora internacional a receber o prestigioso “Lifetime/Wade Trophy” atribuído pela Universidade de Old Dominion. Em 2006 foi eleita para o Hall of Fame da sua Universidade de sempre (ODU).
Concluído o ciclo universitário (1998), entrou no draft da liga profissional norte americana, Women`s National Basketball Association (WNBA) tendo sido recrutada pela equipa das Sacramento Monarchs. Representou as Monarchs até 2009 (12 épocas seguidas) tendo conquistado o título da liga profissional em 2005. Nas épocas seguintes (2010 e 2011) actuou na formação das Los Angeles Sparks e terminou a sua carreira desportiva profissional, em 2012, na equipa das Chicago Sky. Conhecida pelos adeptos da WNBA como (Lady Magic) é recordada como uma das melhores organizadoras do jogo (playmaker) de todos os tempos. Foi seleccionada quatro vezes (1999 a 2002) para o “WNBA All Star Game”, por duas vezes (1999 e 2000) escolhida para a equipa ideal da liga profissional e integrou o melhor quinteto defensivo em 2008. Foi líder em assistências, em sete épocas (1998 a 2003, 2010). Eleita, em 2011, entre as 15 melhores atletas da história da WNBA e, em 2016, entre as 20 melhores de sempre.
Atendendo a que a época desportiva na WNBA decorre no período de Maio a Setembro e na Europa as competições começam em Outubro e finalizam em Maio, as jogadoras que actuam na liga profissional norte americana têm a possibilidade de conciliar a sua actividade desportiva com as de outras ligas do continente europeu. Deste modo, enquanto atleta profissional e após o final dos campeonatos na WNBA, a Ticha representou diversas equipas europeias tendo conquistado os seguintes títulos:
- 2000/2001 - Lotos Gdynia (Polónia) - vencedora da Liga Polaca;
- 2001/2002 - Basket Parma (Itália) - vencedora da Taça de Itália;
- 2003/2004 - UMMC Ekaterinburg (Rússia); 
- 2004/2005 – Valenciennes Olympic (França) - vencedora da Liga Francesa;
- 2005/2007 - Spartak Moscovo (Rússia) - vencedora da EuroCup (2006), da Liga Russa (2007) e da Euroleague (2007);
- 2008 - TTT Riga (Letónia) - vencedora da Liga da Letónia;
- 2009/2010 - Geas Basket (Itália); - 2010 - PF Umbertide (Itália);
- 2010/2011 - Sport Algés e Dafundo (Portugal);
- 2011 - USK Praga (República Checa) - vencedora da Liga Checa;
- 2012 - Galatasaray (Turquia) - vencedora da Taça da Turquia.
Trata-se de um currículo desportivo internacional notável com inúmeros títulos conquistados em representação de diversos clubes de distintos países do velho continente. Campeonatos nacionais em Portugal, Polónia, França, Rússia, Letónia e República Checa e Taças de Portugal, Itália e Turquia. Se a tudo isto juntarmos os títulos da Eurocup e da Euroliga e, ainda, a cerca de uma centena de internacionalizações pelas diversas selecções nacionais, dos diferentes escalões etários, temos que concluir que se trata duma façanha desportiva sensacional. A carreira da Ticha foi extraordinária e, infelizmente, hão-de passar muitos anos até que surja alguém capaz de a igualar.
A carreira desportiva da Ticha Penicheiro também foi seguida, em Portugal, pelos nossos desportistas e eficientemente divulgada pela comunicação social. Os seus êxitos foram comungados por todos aqueles que gostam de basquetebol e sentiram orgulho nas exibições da jogadora portuguesa. As entidades oficiais estiveram atentas às suas façanhas desportivas e prestígio internacional alcançado e, por isso, foi justamente agraciada com:
- Medalha Olímpica Nobre Guedes (1997) pelo Comité Olímpico de Portugal;
- Grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1999) pela Presidência da República Portuguesa;
- Medalha de Honra de Mérito Desportivo (2005) pelo Governo Português.
Para além dos excepcionais sucessos da Ticha, ressalta do seu êxito que não é por falta de portugueses com potencialidades superiores para atingirem um nível de prática desportiva de excelência que o basquetebol, em Portugal, não evoluiu para além do insofrível nível em que se encontra. Por isso não é de admirar que a sua influência como ídolo do desporto no desenvolvimento desportivo do país só tem sido, esporadicamente, aproveitado pela Federação Portuguesa de Basquetebol e, mesmo assim, em projectos sem dimensão nacional, quer dizer, limitados no tempo e no espaço.
É pena que a grande maioria dos atletas portugueses de alto nível como Ticha Pinheiro, acabada a vida competitiva, em função das suas disponibilidades não sejam devidamente integrados num projecto de desenvolvimento do desporto nacional. Só posso concluir que a única razão que pode justificar tal desconsideração é o facto de os dirigentes desportivos poderem temer que o brilho das suas figuras possa empalidecer perante a presença dos antigos atletas de alto rendimento."

Afinar a pontaria...!!!