"Durante anos esforcei-me por explicar uma evidência: só com paciência e estabilidade o SL Benfica conseguiria atingir o patamar do FC Porto. Por isso, disse que Vieira teria de ficar muito tempo na liderança e Jesus deveria ser o Ferguson do Benfica – que esteve 5 anos em Manchester sem ganhar nada. Mas a emoção em Portugal sobrepõe-se à racionalidade.
1. Critica-se o facto de Jesus ter desperdiçado 5 pontos de avanço. Até parece que foi outro que os ganhou e Jesus que os esbanjou. Ora esses pontos de avanço foram conquistados por... Jesus.
2. Diz-se que Jesus falha nos momentos decisivos. Só que os outros não falharam porque não chegaram... aos momentos decisivos.
3. Afirma-se que Jesus tinha obrigação de ganhar porque tem um plantel caríssimo. Mas esse plantel é quase dez vezes mais barato do que o de equipas (como o United) que o Benfica eliminou. E além disso foi pago em boa parte com o dinheiro 'ganho' por Jesus. Quanto embolsou o Benfica nesta Champions ou com a venda de jogadores que ele potenciou, como Di Maria, David Luiz ou Coentrão? Já se esqueceu o tempo em que os jogadores vinham para a Luz e perdiam valor em vez de o ganharem?
4. Em que épocas recentes a equipa do Benfica atingiu o patamar exibicional médio dos últimos 3 anos?
5. Quem poderá fazer melhor que Jesus, que foi o treinador do Benfica nos últimos 60 anos com maior percentagem de vitórias (70%)?
Mas todos os argumentos são inúteis. Quando não corre tudo bem, há que arranjar um bode expiatório. E esse hoje chama-se Jorge Jesus. O resultado é previsível: o treinador que vier será despedido ao fim de um ano, depois acontecerá o mesmo ou pior - e assim por diante. Não há nada a fazer."