Últimas indefectivações

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Uma resposta oportuna

"1. Pinto da Costa quer guerras e não pára de atacar o Benfica. O melhor que há a fazer é deixá-lo a falar sozinho. Mas há alturas em que deve ter resposta. Jorge Jesus compreendeu-o retorquiu com clareza aos falsos elogios do presidente do FC Porto. Muito bem. E, já que estava com a 'mão na massa', não deixou de aproveitar a oportunidade para salientar as diferenças que vêm existindo entre Benfica e FC Porto nas arbitragens e nas grandes penalidades marcadas e não marcadas. Os penalties não justificam algumas exibições apagadas do início da época, bem longe do brilho da época passada. Mas foram determinantes nos 8 pontos de diferença e, também (e não menos importante), no estado de espírito de jogadores, responsáveis e adeptos que daí resulta. Não é por acaso que, ao longo dos anos 80 e 90 e, mais tarde, nos do mais recente 'Apito Dourado', os principais 'roubos de igreja' se tenham dado nas rondas iniciais...
2. Só na semana passada, e segundo as 'gordas' das capas dos dois jornais desportivos de Lisboa (faça-se, neste caso, justiça a 'O Jogo'), estivemos em risco de ficar, pelo menos, sem Aimar, Cardozo, Luisão, David Luíz, Nuno Gomes e Carlos Martins (se calhar ainda me esqueci de algum...). Este último até mereceu um comentário destacado (recordando o seu passado em Alvalade!) e um 'debate'. Nada de muito grave face às dezenas de jogadores que os mesmos jornais nos deram já como reforços desde Novembro e cujos nomes não fixei, pois notícias dessas passam-me por completo ao largo. Chega a ser caricato!
3. O que se passa com a Federação Portuguesa de Futebol já passa das marcas. As principais associações regionais, com a do Porto (e o seu presidente, Lourenço Pinto) à cabeça, continuam a desrespeitar uma norma governamental que todas as outras federações aceitaram, querendo manter todos os privilégios que serviram de suporte às 'jogadas' que envergonharam (ou deveriam ter envergonhado) o futebol português nas últimas décadas. E o (novo) presidente da Assembleia Geral 'ajuda à festa' marcando eleições com uma assembleia fora da lei. O Governo ainda não quis 'fazer sangue' mas, pelos vistos, não terá alternativa."

Arons de Carvalho, in O Benfica

Objectivamente (Mestre Pinto)

"Quando hoje (3.ª-feira) de manhã dei uma vista de olhos pelos jornais não pude deixar de ficar verdadeiramente siderado com uma - a 2.ª no espaço de 4 dias - longa entrevista de Pinto da Costa ao jornal oficial do FC porto, ' O Jogo', onde li que para PC 'a família é a base saudável e funcional. É fundamental para o bem-estar de cada um de nós, para nos sentirmos parte de algo maior e mais importante que nós próprios'. De facto, é preciso ter uma enorme 'Cara de Pau', como dirá a sua actual namorada brasileira, para vir filosofar sobre a família. Um indivíduo que publicamente casa e descasa à velocidade da luz. Que tem um diferendo com o filho Alexandre há largos anos e que tem processos em tribunal com a conhecida Carolina Salgado onde foi exposta a vida privada de cada um deles da forma mais ridícula e aviltante que alguém possa imaginar. E vem esta alma falar... da família que é a 'base de uma sociedade saudável e funcional'!
Deve ser por gente desta que a sociedade está como está! Quanto ao resto da 'definição' de PC, nem ele de certeza percebeu o que disse...
De resto, nessa entrevista de quatro páginas, a única coisa que salta à vista é o desejo incontido deste jornal em 'lavar constantemente' a imagem de um indivíduo que passa a vida a enxovalhar os adversários sem o mínimo respeito por eles.
Que quer vitórias sem olhar a meios. E que preza muito a provocação ao seu principal rival que é o Sport Lisboa e Benfica. Curiosamente, num dos destaques fala de uma final da Taça de Portugal disputada no estádio das Antas e que ele diz 'quiseram-na tirar daqui com o argumento de que o estádio Nacional era muito helénico...! (nem sabe o que diz), mas afinal acabámos por vencê-la'. Não devia estar a referir-se `que perdeu com um golo do Carlos Manuel. Aliás, por causa disso nunca mais fez questão de jogar a final da taça no estádio do FC Porto."

João Diogo, in O Benfica

Restos de coleção

"São, outra vez, as contratações “noves-fora” (ou seja: se de nove ficar uma, já não se terá falhado tudo) e as ácidas listas de dispensas, com “penas suspensas” para os que não provaram até agora, a dominar as atenções nesta despedida de 2010. Mais três técnicos não chegaram a ver a luz ao fundo do túnel, por causa das funções interrompidas, fosse a mando dos diretores e presidentes – casos do crónico Rogério Gonçalves e do também esperado Litos – ou por um insólito mas respeitável imperativo próprio – como aconteceu com Jorge Costa. A diferença do percurso estende-se à colocação dos dois primeiros naquele “balde de bombeiros”, sempre dispostos a marcar presença assim que há notícia – ou rumor, que chega para agitar os bandos em que não faltam aves predadores; quanto ao segundo, mesmo que cumpra agora o anunciado interregno de um par de anos que lhe permita a retoma plena da vida particular, será lembrado como um dos jovens técnicos que poderia ajudar a elevar o nível médio da classe profissional, um daqueles que parecia destinado a chegar a um “grande”. Talvez venha a consegui-lo na mesma, mas isso acontecerá inevitavelmente mais tarde.

Aos treinadores junta-se os ativos, em muitos casos ávidos de guias de marcha que lhes permitam um recomeço noutras paragens ou pelo menos a conquista de públicos com a mudança de fãs. É curioso perceber como a ambição dos mais-poderosos, por cá, colide com as limitações dos mais-pequenos – e estes teriam, se a lógica não estivesse cada vez mais dependente das finanças, com estas a estabelecerem os princípios em vez de serem apenas chamadas a avalizar os meios – e como, cada vez mais, os clubes nacionais funcionam de forma crescente como um entreposto que abre para a Europa as malas e maletas de matéria-prima, adquirida sobretudo pelas Américas Latinas. Já estivemos mais longe de fretar um charter para os trazermos todos de uma vez…

De resto, Cardozo vai chegar atrasado, agitando atestados médicos em sua defesa quando talvez tivesse sido mais prática a hipótese de vir expressamente a Portugal pedir dispensa. Vukcevic prepara-se para recuperar o protagonismo – sempre dividido com Izmailov – nas novelas que o Sporting mantém a Leste. E José Eduardo Bettencourt estuda a melhor forma de enfrentar uma manifestação de desagravo que lhe é diretamente dirigida. Se acrescentarmos aqui o intolerável tabu de Gilberto Madaíl quanto à recandidatura e a ameaça de a FIFA suspender clubes e seleções nacionais das competições internacionais, é fácil perceber que vivemos aquela época sem graça dos restos de coleção.

Bom Ano Novo para todos, sobretudo se ele puder ser realmente novo."