"Devo confessar que, num primeiro momento, a contratação de Roberto não me entusiasmou particularmente. Por se tratar de um jovem, por não actuar num clube de primeira grandeza, não o conhecia suficientemente bem. Parecia-me, também, que não era de um guarda-redes que o Benfica mais precisava naquela altura, além do elevado custo da transferência fazer aumentar os riscos.
Os primeiros tempos de Roberto na Luz não ajudaram a dissipar as dúvidas. Algumas exibições menos conseguidas lançaram-no para o banco dos réus, e muitos tentaram responsabilizá-lo pelo mau início de época do Benfica (procurando iludir a perseguição de que fomos alvo por parte de certas arbitragens). A verdade é que, volvidos poucos meses, o guarda-redes espanhol tornou-se uma das grandes figuras da nossa equipa.
Descontando um ou outro momento menos feliz, Roberto tem justificado amplamente a contratação, mostrando-se um gigante na baliza e prometendo ainda mais para o futuro. Não esqueçamos que se trata de um jogador com margem de progressão, sobretudo, atendendo à posição específica que ocupa - na qual a experiência é mãe da perfeição.
Recordo que o grande e saudoso Manuel Bento, aos 24 anos, (idade com que o Roberto chegou à Luz) ainda andava pelo Bairreirense, e só muito mais tarde viria a tornar-se naquilo que foi: um dos melhores guarda-redes portugueses de todos os tempos. Acresce que Roberto já demonstrou uma característica que ninguém de boa fé lhe poderá negar: é senhor de uma força mental assinalável, através da qual lhe foi possível resistir à campanha negra que certa Comunicação Social lançou sobre ele naquela fase inicial da temporada - a qual, diga-se, os benfiquistas ajudaram a combater, pois mesmo aqueles que, como eu, não tinham ainda certezas quanto à sua capacidade, nunca deixaram de o apoiar nos momentos mais difíceis.
Hoje ninguém duvida que Roberto é um guarda-redes para o futuro. Debaixo dos postes já é quase intransponível. No jogo aéreo vai, certamente, melhorar com o tempo."
Luís Fialho, in O Benfica