Últimas indefectivações
domingo, 8 de dezembro de 2019
"Pinto da Costa arrasa ... Pinto da Costa"
"Pinto da Costa declarou no passado que os árbitros não ligam a condicionamentos e que «estar sempre a falar de árbitros, além de estúpido, é ridículo. Como há muito estúpido, vai continuar a falar-se». E se Pinto da Costa o disse, certamente é verdade.
Porém, desde que o Benfica recuperou a hegemonia interna, o FC Porto não hesita em atacar a arbitragem e o Benfica. Tem sido um constante sufoco com a complacência dos media. Manuel Tavares idealizou, o Sporting apoiou, o Altis acolheu, o formalmente condenado Francisco J. Marques operacionalizou, e ratos de esgoto como Diogo Faria , Pedro Bragança, Nuno Saraiva, Carlos Rodrigues Lima, Miguel Guedes, Paulo Baldaia e outros ventríloquos foram destacados para a linha da frente para dar o corpo às balas.
Atentem que, propositadamente, não referimos o nome dos presidentes dos dois clubes visados em cima. Perguntam, caros leitores, porquê? A resposta é de simples compreensão. Acreditamos piamente que Pinto da Costa e Bruno de Carvalho - impolutos cidadãos e baluartes da justiça, transparência e verdade desportiva - não tiveram qualquer papel activo nesta jogada. Tudo foi maquinado sem o beneplácito e assessoria dos presidentes. Os subordinados agiram exclusivamente por sua conta e risco.
O objectivo da campanha montada era simples, e passava por fazer crer às massas os seguintes cenários:
1- O Benfica é sempre beneficiado;
2- O FC Porto é sempre prejudicado;
3- O FC Porto vence sempre estoicamente, contra tudo e contra todos;
4- O Benfica apenas consegue vencer graças a meios ilegais, mafiosos e corruptos.
Fazendo o balanço da inescrupulosa campanha à data de hoje, foram derrotados.
O Polvo das Antas nasceu porque todos ficámos fartos da campanha intoxicante protagonizada pela reconhecida aliança. Não aguentávamos mais sermos espezinhados e enxovalhados perante a passividade do Benfica. Apesar de não reconhecerem, a aliança saiu derrotada. Contudo estamos certos que não estranharam, pois já estão habituados a perderem.
Luís Filipe Vieira acreditava que não se voltaria ao tempo do Apito Dourado, contudo recentemente o Benfica foi alvo do ataque mais ignóbil da história do futebol português. A verdade é que enquanto os mesmos de sempre lá estiverem, nada mudará e cá estaremos para lutar contra aqueles que insistem em utilizar tácticas repetitivas, sujas e desleais pois o dinossauro do futebol português conhece todos os truques.
Esta semana foi passada, publicamente, uma mensagem a 4 varejeiras que controlam o lodo que é o futebol português:
1- Fernando Gomes, Presidente da FPF e ex-administrador no clube que declarou guerra ao Benfica;
2- José Meirim, Presidente do CD da FPF, órgão que bate recordes de multas e processos disciplinares ao Benfica, desculpabilizando o FC Porto (agressão de adepto a Pizzi, tarja dos SD com membros do governo, declarações corrosivas do FJM, etc.);
3- Fontelas Gomes, Presidente do CA da FPF, incapaz de tornar o futebol e arbitragem mais transparente e de dar uma cabal resposta às inúmeras ameaças feitas a árbitros denunciadas pelo próprio Presidente da FPF;
4- Pedro Proença, esse "benfiquista" que foi colocado na presidência da Liga pelo seu ex-colega de Faculdade - que hoje não tem mãos a medir com um julgamento relacionado com terrorismo em Alcochete - e pela "Rainha Isabel" que leva já mais de trinta anos de fintas à Justiça. Entre os pingos da chuva, criou um ambiente ditatorial, onde quem tenha ideias e opiniões divergentes é corrido, como comprova o número de pessoas que deixaram a Liga nos últimos anos (que o diga Andreia Couto) e a defesa intransigente - com unhas e dentes - a pessoas como Sónia Carneiro, que no facebook apelidou o Estádio da Luz de «salão de festas dos adversários».
Para finalizar, nunca é demais recordar que o “Papa” da verdade desportiva tem no seu currículo:
- Incitamento a uma guerra norte-sul apelidando compatriotas de mouros;
- Suspeito em inúmeros casos de corrupção e tráfico de influências entre eles:
- Caso Calheiros;
- Caso Cadorín;
- Caso Guarda Abel;
- Caso Quinhentinhos;
- Apito Dourado;
- Caso Envelope;
- Caso Kléber;
- Operação Fenix;
- Caso dos emails.
O Polvo das antas sabe que o "Papa" adora declamar poemas, pois a poesia relaxa-o. Portanto, em tempos stressantes dedicamos-lhe um que o possa acalmar:
O centralismo continua a asfixiar o país
E em breve só o Clube do regime restará
Mas depois de Abril, ditadura nunca mais
Pois o Porto contra tudo e todos lutará
Contudo não nos deixemos iludir com os cantos da sereia
E não nos deixemos enganar pelas aparências
Porque os hipócritas iludem todos com areia
E por vítimas se fazem passar suas eminências.
Boa semana a todos."
RTP e Sport TV. A verdade da mentira
"Tudo não passaria de uma guerra de comadres, se não estivesse em causa o teor da reportagem: os negócios do lixo e do lítio que chamuscam os responsáveis governamentais com a pasta do Ambiente, nomeadamente Matos Fernandes e João Galamba.
Portugal é mesmo um jardim, e não me estou a referir ao da Madeira. A RTP vive momentos de glória, como há muito não se via, e poucos se importam com isso. Esta semana na Assembleia da República, na Comissão de Cultura e Comunicação, estiveram presentes três elementos da direcção de Informação e a jornalista Sandra Felgueiras, responsável pelo programa Sexta às 9. Em causa estava uma questão muito simples: o programa foi ou não silenciado durante a campanha eleitoral? Pelo que foi dito, foi sem qualquer dúvida. Maria Flor Pedroso, a directora, mas não a responsável directa pelo programa, defendeu que o silenciamento do Sexta às 9 se deveu a um arranjo da estação que quis concentrar todos os meios na cobertura eleitoral e, por isso, Sandra Felgueiras não pôde ir para o ar. Mas Flor Pedroso disse ainda mais: que o programa nunca podia ter sido emitido em Setembro porque não estava finalizado.
Acontece que Sandra Felgueiras demonstrou o contrário: que o Sexta às 9 podia perfeitamente ter sido emitido nessa altura e que o comunicou, então, à directora adjunta Cândida Pinto, chefe directa.
Quando existem duas versões da mesma história, é normal que quem tem a verdade possa revelar os documentos que o comprovem. Porém, quando questionada sobre o email que a equipa do referido programa tinha enviado na altura para a direcção, a dizer que estavam prontos para ir ‘para o ar’, Flor Pedroso recusou mostrá-lo aos deputados.
Tudo não passaria de uma guerra de comadres, se não estivesse em causa o teor da reportagem: os negócios do lixo e do lítio que chamuscam os responsáveis governamentais com a pasta do Ambiente, nomeadamente Matos Fernandes e João Galamba.
Não será o assunto suficientemente grave para se criar uma Comissão de Inquérito para apurar toda a verdade? Ninguém diz que foi o Governo que censurou o programa, mas parece evidente que houve alguém que quis ser mais papista do que o Papa.
Se assim não foi, que o demonstrem.
Se a televisão pública segue a estratégia que muito bem entende sem ter de explicar coisas tão graves como esta do Sexta às 9, o que dizer de um canal privado, a Sport TV, que perdeu os direitos televisivos dos campeonatos de futebol de França, Alemanha e Espanha, além da Liga dos Campeões – já não falando da Fórmula 1 –, e mantém o mesmo preço de assinatura mensal? Ok, têm os direitos do campeonato português, com excepção dos jogos do Benfica na Luz, e do melhor campeonato do mundo: o de Inglaterra. Têm? Bem, não é totalmente verdade, já que muitos dos jogos da Liga inglesa são transmitidos em diferido, numa situação completamente inédita.
Quem gosta de futebol, adora a Liga Inglesa, e não conseguir ver os jogos da sua equipa preferida em directo ou dos emblemas onde jogam ou treinam portugueses é completamente inadmissível. A estação quando questionada sobre este assunto, remete-se ao silêncio, julgando que é a melhor arma. Todos sabemos os dramas por que passa a comunicação social, mas não ter dinheiro não é necessariamente sinónimo de ‘preguicite’. Se têm os direitos porque não dão vários jogos em directo como faziam no passado? Se não têm, porque não o assumem?
Já nem falo de como gostaria de ver muito mais acção do que palavras: programas onde mostrassem o melhor golo, nas diferentes vertentes: cabeça, pé esquerdo e direito; as melhores defesas; as melhoras jogadas colectivas, etc. A Sport TV, à semelhança de quase todos os canais, prefere palavras atrás de palavras. Afinal, é bem mais barato e dá menos trabalho. Não é pois de admirar os diferidos da Liga inglesa."
Futebol: os misters portugueses à conquista do mundo
"Cada vez mais gente pergunta onde está o segredo para este sucesso do treinador português: na sua formação? Na forma do treino? Na preparação dos jogos?
«O poder simbólico e identitário do futebol não encontra rival nas sociedades modernas».
Elísio Estanque
Nas últimas semanas o futebol português voltou a ser notícia pela positiva e com impacto mediático mundial.
Pelas vitórias de Jorge Jesus na Taça dos Libertadores e no campeonato brasileiro – Brasileirão – e pela escolha de Cristiano Ronaldo para terceiro melhor jogador do mundo, de Bernardo Silva como nono melhor jogador do mundo e de João Félix como terceiro golden boy da época passada. A somar à conquista do titulo mundial de futebol de praia.
Existe um fio condutor nisto tudo – Portugal, desporto e futebol. Algo que durante décadas foi menosprezado, diabolizado, por vários sectores da sociedade portuguesa. Até por titulares de ‘cargos’ políticos, membros actuais de órgãos de soberania e ex-políticos hoje transvestidos de analistas nacionais de comentário regular nos espaços mediáticos. Que agora adoram colar-se às multidões de adeptos e fãs do desporto-rei, sobretudo nos momentos destas e de outras conquistas.
Num tempo em que as modas são ditadas por aquilo que algumas notícias impõem, é claro e magnânimo que o desporto e o futebol têm sido, são e vão continuar a ser instrumentos não só culturais e sociais mas também económicos relevantes para o nosso país.
E ainda bem que assim é. Porque no mundo global em que vivemos países com a nossa história mas com a nossa dimensão territorial e peso populacional têm de se distinguir pela positiva em actividades como o futebol e o desporto em geral.
Ganhámos o campeonato da Europa de selecções, ganhámos a Liga das Nações, temos o melhor jogador do mundo (quase sempre...), somos o único país do mundo (à frente de países como a Alemanha, a França, o Brasil, a Argentina...) com treinadores nacionais que venceram a Liga dos Campeões africana (Manuel José), a Taça dos Libertadores (Jorge Jesus) e a Champions League (José Mourinho).
Somos um dos países da Europa que mais ‘exportam’ jogadores para os clubes de topo dos principais campeonatos da Europa.
Somos dos países que mais treinadores de futebol ‘exportam’ para campeonatos dos vários continentes. Aliás, a esse propósito, temos cerca de 12 mil treinadores com licença para treinar, para serem misters. Nas várias categorias. Sendo justo destacar que as portas do futebol global se abriram definitivamente para os treinadores portugueses com as conquistas de Carlos Queiroz em 1989 e 1991.
Cada vez mais gente pergunta onde está o segredo para este sucesso do treinador português: na sua formação? Na forma do treino? Na preparação dos jogos? Mas algo de semelhante acontece com os jogadores portugueses. Com Cristiano Ronaldo e Figo, distinguidos como os Melhores Jogadores do Mundo, e outros muito provavelmente a caminho de tal vir a acontecer. A revista Four/Four (inglesa), que identifica os possíveis craques do futuro, referiu vários jovens jogadores nacionais.
O futebol mundial, de clubes e de selecções, está em mudança.
As diferenças entre os clubes muito ricos e os menos ricos são grandes demais. E a UEFA, por exemplo, tem vindo a fazer o caminho certo para acabar com isso. Subsistem vários desafios. Desde o fair play financeiro, a equilibrada distribuição de receitas televisivas, a agenciação de jogadores, os valores das transferências, o novo modelo de competição entre clubes intercontinentais, etc. Acrescem a tudo isto os efeitos do cada vez mais certo Brexit, na maior liga de futebol mundial, onde os responsáveis britânicos querem defender e promover o ‘jogador inglês’.
Ver multidões de pessoas, de quase todas as idades e condições sociais, nas ruas, a endeusar o treinador Jorge Jesus e os jogadores do Flamengo não é uma coisa de somenos importância. Antes pelo contrário. O futebol já é muito mais do que um fenómeno de massas, é um negócio. A ontologia do adepto de futebol é uma realidade. Na condição de adepto de futebol, encontramos várias especificidades. Identidades clubísticas. Paixões incondicionais de tipo clube tribal e paixões racionais de tipo clube cívico. Com alegrias e dramas. Com mobilização onde os mitos e as percepções (mesmo que às vezes contraditórias) mediatizados são o sal e a pimenta para as vidas de muita gente."
Um olhar sobre o Boxe, com 'rodriguinhos'
"Entre os vários filmes consagrados ao boxe, existe um realizado por Robert Wise, intitulado “Marcado pelo Ódio” (1956), com a participação do actor de cinema Paul Newman. Tem o duplo mérito de se inspirar da história de um verdadeiro campeão do mundo de pesos pesados, em 1947, Rocky Graziano, e de desenvolver perante todos a fórmula pela qual a ideologia americana converte a violência em estado selvagem de um delinquente em uma violência canalizada, regulamentada: a do desporto de combate. Podemos resumir o filme em dois tempos. Primeiro tempo: o jovem Graziano foi durante muito tempo violentado e aterrorizado pelo seu pai; um falhado pugilista. Crescido, ele vinga-se dele, batendo em todos os homens que detêm uma qualquer autoridade. Ele boxeia, perdidamente, com a vontade de matar. Segundo tempo: Ele continua a boxear, freneticamente, mas no ringue, segundo as regras. Ele compreendeu, com os árduos treinos e o seu treinador, que o verdadeiro inimigo não era o seu pai, mas os outros: os responsáveis pela injustiça social que, precisamente, impediram o seu pai de ter sucesso. Em vez de matar simbolicamente o seu pai, a cada altercação, ele vinga-o. O mesmo ódio que fazia dele um bandido perigoso, levou-o, agora, a ser um cavalheiro. Do Nero (referência ao Imperador Romano, considerado um sádico) adolescente, o desporto tornou-o um “Rodriguinho”, um responsável adulto. Tomamos aqui a referência “Rodriguinho” como surge no dicionário: “[Gíria] Objecto de pouco valor; sentimentalismo barato utilizado como recurso pelo actor para fazer emocionar o público; tremelique, trejeito, frescura. Frase feita para tudo; indivíduo excessivamente apurado no vestir; janota [...]”. Na sua acepção mais popular, quando se diz “deixa-te de rodriguinhos” significa: “deixa-te de intrigas/de conversas sem interesse nenhum”). Como diz Pichon (2015, p. 15), atleta campeão de corrida de corta-mato (de 5 e 10 km), por diversas vezes, e que foi ordenado padre anos mais tarde: “desporto, meu amigo, meu irmão, tu não foste, para mim, somente uma bela e sã ocupação, tu foste uma real e total transformação”."
"O Cru e o Cozido" - uma breve reflexão
"O Cru e o Cozido é uma obra em que o célebre antropólogo Claude Lévi-Strauss procura esclarecer os leitores sobre os vários mitos indígenas da Amazónia, de modo muito especial os que se prendem com o uso do fogo, na cozinha. E porque Lévi-Stauss seleciona, interpreta, diagnostica estes mitos que, por vezes, nos parecem indecifráveis? “Porque, diz ele, a cozinha assinala a passagem da natureza para a cultura. O cru representa o estado natural. O cozido é uma transformação operada pelos homens. A cozinha representa a construção da autonomia do homem face à natureza, a sua capacidade de se diferenciar e de ser. O homem não é só fruto das circunstâncias naturais, ele também empresta alguma coisa de seu, de único” (José Tolentino Mendonça, Nenhum Caminho será Longo, Paulinas, 2012, p. 82). Desde a grande explosão do “big-bang”, descobre-se um dinamismo omnipresente e misterioso, produtor da auto-criação e auto-organização do universo, chamado a cosmogénese. A partir deste momento inicial, estabelecem-se redes de ligações entre os inúmeros seres que vão surgindo, mas que são, afinal, emergências de um único e mesmo processo, que já tem biliões e biliões de anos. Todos os seres e leis conspiram para que despontem seres cada vez mais complexos, mas interdependentes. Afinal, todos os seres se relacionam entre si, precisam inapelavelmente uns dos outros. O universo é um “imenso evento de comunhão”. Com a cosmogénese, surge a biogénese e da biogénese nasce a antropogénese e, com a antropogénese, aparecem a inteligência e a consciência humanas, capazes de captar esta imensa realidade relacional. Na religião, assim o dizem os teólogos, encontramos a mais arcaica forma de inteligência e de consciência. Os nossos ancestrais antropóides viram nela o elo necessário, que ligava todos os seres. A esse elo chamaram-lhe inúmeros nomes, incluindo o de Deus.
“Esse Deus é compreendido como a força misteriosa que cria e organiza todo o universo. Está em acção em cada movimento, em cada conexão, em cada ascensão. A moderna cosmologia refere-se a um abismo omninutridor que actua desde o começo do universo, há 15 biliões de anos. Não se trata de um lugar físico, mas de algo inominável, uma espécie de energia suprema que gera todos os seres e os absorve, quando desaparecem. É um oceano incomensurável de virtualidades, possibilidades e probabilidades. Se todas as coisas do universo, por uma hipótese impossível, evaporassem, conforme nos diz um cosmólogo contemporâneo, Brian Swimme (…), sobraria somente um infinito de puro poder generativo. Dele, todos viemos; nele, todos encontramos consistência; e para ele todos retornamos. Se não é Deus – porque Deus é sempre mais do que podemos imaginar – é pelo menos um poderoso sinal da sua presença” (Leonardo Boff, A voz do arco-íris, Sextante, Rio de Janeiro, 2004). Do que venho de escrever, até aqui, neste artigo, se infere que, na natureza, assim como houve um caos originário donde tudo surgiu, assim também, ao longo das idades, o caos tem sido generativo e criador. Com efeito, tudo é relação e é na relação que cada um dos seres constrói a sua identidade. Portanto, se bem penso, e porque tudo é relação, o pecado não é mais do que a recusa visceral da relação fraternizadora. Não pretendo escamotear o que no caos pode persistir de existência brutalizadora, mas também recuso o reducionismo de um caos que não possa converter-se em factor de mudança e de novo equilíbrio. Aliás, o caos acontece, porque a “idade de ouro” está à frente e não atrás de nós, ou seja, é sempre o anúncio da retificação do erro anterior. Como Jung já o formulou, na mente humana trabalham animus e anima: aquele, o inconsciente masculino, fonte de mobilidade em direção ao futuro e de espírito crítico; e o inconsciente feminino que “canta e sonha” e estabelece uma beatífica adesão ao “cosmos”. Animus e anima são igualmente necessários, para que o ser humano possa progredir com passada mais certa, nos diversos momentos da História.
Também o cru e o cozido são igualmente necessários, porque somos natureza que se fez e se faz cultura. O universo dá-nos lições a que é preciso atender. Talvez porque seja mais antigo do que nós e, para muito do que fez, não precisou do nosso contributo. Somos natureza, antes de sermos cultura. Pertencemos ao universo e não o universo a nós. Importa, por isso, escutar as mensagens que ele, a toda a hora, nos confia. Chegou a época da celebridade para todos. Na nova idade de oiro da sofística, que atravessamos, a mania do estrelato cresce em termos exponenciais. Demais, a sociedade mediática faz de qualquer pateta um sábio e de qualquer conselheiro Acácio (a quem o Eça insuflou a vida eterna) uma inteligência de brilho singular. E, se todos somos célebres, assim nos desabituamos de ser solidários e nos habituamos a ser solitários. Ora, o universo é de uma exemplar atenção, em relação ao diverso. Temos de aprender, com o universo, a ver tudo em tudo e treinarmos a nossa capacidade de atenção e de escuta. Relembro um texto de Clarice Lispector: “Eram duas horas da tarde de verão. Interrompi meu trabalho, mudei rapidamente de roupa, desci, tomei um táxi que passava e disse ao chofer: vamos ao Jardim Botânico. “Que rua?” perguntou ele. “O senhor não está entendendo” expliquei-lhe: “não quero ir ao bairro e sim ao Jardim do bairro”. Não sei porquê, olhou-me um instante com atenção. Deixei abertas as vidraças do carro, que corria muito e eu já começara minha liberdade deixando que um vento fortíssimo me desalinhasse os cabelos e me batesse no rosto grato de felicidade. Eu ia ao Jardim Botânico para quê? Só para olhar. Só para ver. Só para sentir. Só para viver”. Clarice Lispector quis, de certo, interpretar e ouvir, com uma candura que se adivinha, as vozes e os sinais das árvores e das flores, pois que sabia que o universo é, sobre o mais, cooperativo, dado que todos os seres são, entre si, interdependentes. Cumpre-me também notar que todos os seres, criaturas de Deus que são, têm valor, merecem respeito, são portadores de dignidade infinita.
Sou, pelo que já escrevi, tentado a duvidar que a Evolução se destine a um cruel e sem piedade triunfo dos mais fortes. Um exemplo: o ser humano é “fisicamente” fraco, chega a ser débil – mas é o “homo sapiens sapiens”, quero eu dizer: está, no desenvolvimento do cérebro e portanto na sua capacidade de raciocínio e de apurada linguagem, a sua superioridade. Que o Darwin me perdoe mas eu, que acredito na Evolução (na Evolução que aprendi, em Pierre Teilhard de Chardin) atrevo-me a escrever (porque já o tenho dito muitas vezes) que o darwinismo assenta em duas pretensões contestáveis: 1. A interpretação da luta pela vida e do triunfo do mais forte, ou do mais apto, como expressão da fórmula do progresso e do triunfo do melhor, do superior num sentido absoluto. 2. A apresentação das ideias de Darwin, como algo mais do que meras hipóteses e portanto como teorias definitivamente estabelecidas. “O darwinismo social consiste em afirmar também que é necessário deixar que se exerça livremente a competição entre os seres humanos, porque a luta eliminará os indivíduos inferiores que travam a evolução e consequentemente o progresso e assegurará o triunfo dos indivíduos superiores, motores da sociedade e do futuro. Importa não intervir, particularmente no domínio económico, que não deve ser entravado por políticos de inspiração social e moral. Assistência socialista e caridade cristã são igualmente recusadas (…) porque contraprodutivas, contrárias ao progresso e à chegada de uma sociedade melhor, povoada por indivíduos superiores” (Gilbert Hottois, História da Filosofia – da Renascença à Pós-Modernidade, Instituto Piaget, Lisboa, p. 215). No desporto em que eu acredito, não há competição, mas coopetição, ou seja, a síntese entre competição e cooperação. Nele, não podemos encontrar, nem derrotados, nem excluídos. Somos relação. Entre Sujeitos. Por isso, existe o Desporto."
Vitória em Famalicão (II)...
Famalicense 0 - 3 Benfica
21-25, 18-25, 17-25
Mais uma nota positiva... numa partida onde deu para descansar alguns dos jogadores mais sobrecarregados...
Na Terça, temos a estreia da Champions na Luz, com o Varsóvia... provavelmente a 2.ª equipa mais forte do grupo, mas num dia bom, quem sabe!!!
Vitória em Famalicão...
Riba d'Ave 2 - 5 Benfica
Jogo 'estranho': 100% nas bolas paradas, um penálty e um Livre Directo!!!
Estávamos a jogar melhor, no pré-roubalheiras... é preciso recuperar a 'atitude'!
Regresso às vitórias...
Benfica 5 - 3 Burinhosa
O mais importante eram o 3 pontos, mas nota-se que a equipa ainda não 'recuperou' da eliminação Europeia...! Os dois golos sofridos na 1.ª parte, eram totalmente 'desnecessários'!!!
Goleada...
Benfica 4 - 0 Ouriense
Vitória com dedicatória especial, para a Evy que lesionou-se gravemente a semana passada, e muito provavelmente não irá jogar mais esta temporada!
Esperado!!!
Vitória em Guimarães...
Guimarães 0 - 4 Benfica
Jogo equilibrado, sem grandes preocupações defensivas, com a expulsão do vimaranense aos 57' a desequilibrar o jogo para o nosso lado!
A equipa está com uma boa atitude, aparentemente a mudança de treinador deu mais gás aos jogadores!
Cadomblé do Vata (analise às analises porcas!!!)
"1. Tem sido atroz a incompetência dos comentadores de arbitragem em relação ao segundo golo do Benfica... ainda ninguém reparou que a entrada calcanhar de Cervi no peito do pé de Marlon era para amarelo, que no caso do argentino era o segundo e deixava o SLB a jogar com 10 desde os 52 minutos.
2. Todas as dúvidas que ainda existem sobre o golo de Cervi são facilmente (repito, facilmente) dissipadas com as imagens da câmera posicionada na zona do meio campo, oposto à câmara principal da transmissão, que a SporTV apenas mostrou no Juízo Final, onde se vê claramente Cervi a antecipar-se a Marlon e a ser pontapeado no calcanhar... neste caso a música preferida na redacção do canal dos Oliveiras, é uma adaptação de "It's My party" de Lesley Gore: "it´s my image and i stream if i want to".
3. Não sei se é elogio ou crítica, mas impressiona que independentemente dos presidentes, treinadores ou jogadores que passem pelo Boavista ao longo dos anos, os portuenses tenham conseguido manter sempre a cultura de Futebol Sarrafo que os caracteriza... parecem a FIAT que por muitos CEO's, engenheiros ou funcionários de linha de montagem que por lá passem, conseguem sempre fazer carros feios e de baixa qualidade.
4. Preocupa-me muito que Bruno Lage esteja a revelar desconforto e a responder às críticas... alguém no Benfica vai ter que lhe explicar que ele está a embarcar numa guerra impossível de vencer porque os críticos vão ter sempre camiões de interpretações subjectivas para responder ao pequeno saco de assombrosos factos estatísticos que ele tem para apresentar.
5. Enquanto escrevo isto vou vendo o Borussia Monchengladbach - Bayern, que os comentadores da Eleven apresentaram como sendo "jogo entre líder do campeonato e actual campeão"... se fosse em Portugal era um Benfica - Benfica."
Vitória imaculada
"O Boavista fez o que pôde, mas não teve hipóteses de impor as suas armas
Abordagem forte e controlo
1. Poucas surpresas na abordagem ao jogo pelas duas equipas. Uma expectante e espreitando a exposição espacial do adversário para desferir golpes profundos e pesados de agressividade - Boavista -, outra com diferentes argumentos e líder isolado da competição, a assumir as despesas do jogo, tomando a iniciativa dos acontecimentos, e procurando ser protagonista. Dados lançados e a bola a rolar, ataque em organização pensada, elaborada e com intensidade, critério e dinâmica, pelos visitantes. Bloco médio/baixo e agressividade musculada na disputa dos lances, quando a bola entrava no meio-campo defensivo na procura de a recuperar e, depois, transição em altas rotações, pelos da casa. O Benfica percebeu que para ludibriar a organização defensiva porfiada dos do Bessa havia que colocar intensidade na circulação da bola, mobilidade nos movimentos ofensivos e, após a perda da bola, fazer do primeiro tempo da defesa (reacção à perda de bola) um princípio do seu jogo. Começou bem o Benfica, jogando ao primeiro toque, de forma simples e fluída e o volume avassalador do seu jogo ofensivo foi criando desequilíbrios na forte estrutura boavisteira e o golo apareceu num momento em que os da casa tinham subido linhas e procuravam encontrar os caminhos para ligar o seu jogo ofensivo - contrariando a tendência do jogo - rápida recuperação de bola pelos homens da Luz, Pizzi descobriu Vinícius solto nas costas do trio de centrais e o brasileiro aproveitou a inusitada profundidade e espaço concedidos e o golo surgiu. O Benfica usava as armas da equipa de Lito Vidigal para a ferir e ganhar vantagem, mas por pouco tempo, pois os axadrezados reagiram de imediato e uma bola rápida colocada nas costas da defesa do Benfica desfraldava insuficiências gritantes e posta à prova a concentração encarnada mostrava fragilidades inesperadas. Empate ao intervalo.
Materializar superioridade
2. Voltou o Benfica como começou o jogo, empreendedor, provocando os acontecimentos, rápido a circular a bola e quando perdia a sua posse no desenvolvimento do seu jogo atacante não deixava a equipa de xadrez respirar, garrotando as suas veleidades de sair para contra-ofensiva. Com Gabriel a recuperar e lançar o ataque, Taarabt a transportar para os homens da frente e Vinícius letal nas movimentações a mostrar-se sempre para o jogo, muito cedo o resultado avolumou-se para os encarnados. O Boavista encontrava-se manietado e o filme do jogo prometia novo argumento com os mesmos intervenientes. A perder, exigia-se aos da casa que subissem a bloco e alterassem o método de tentarem agredir a baliza de Vlachodimos, correndo riscos diferentes, vivenciando novos desafios. Até ao fim limitou-se o Benfica a marcar mais um golo e gerir uma vantagem conseguida com mérito e engenho, alicerçada numa abordagem adequada, estratégia perfeita e interpretação competente pelos jogadores. O Boavista fez o que pôde, mas não teve jogadores de impor as suas armas."
Daúto Faquirá, in A Bola
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