"Tudo não passaria de uma guerra de comadres, se não estivesse em causa o teor da reportagem: os negócios do lixo e do lítio que chamuscam os responsáveis governamentais com a pasta do Ambiente, nomeadamente Matos Fernandes e João Galamba.
Portugal é mesmo um jardim, e não me estou a referir ao da Madeira. A RTP vive momentos de glória, como há muito não se via, e poucos se importam com isso. Esta semana na Assembleia da República, na Comissão de Cultura e Comunicação, estiveram presentes três elementos da direcção de Informação e a jornalista Sandra Felgueiras, responsável pelo programa Sexta às 9. Em causa estava uma questão muito simples: o programa foi ou não silenciado durante a campanha eleitoral? Pelo que foi dito, foi sem qualquer dúvida. Maria Flor Pedroso, a directora, mas não a responsável directa pelo programa, defendeu que o silenciamento do Sexta às 9 se deveu a um arranjo da estação que quis concentrar todos os meios na cobertura eleitoral e, por isso, Sandra Felgueiras não pôde ir para o ar. Mas Flor Pedroso disse ainda mais: que o programa nunca podia ter sido emitido em Setembro porque não estava finalizado.
Acontece que Sandra Felgueiras demonstrou o contrário: que o Sexta às 9 podia perfeitamente ter sido emitido nessa altura e que o comunicou, então, à directora adjunta Cândida Pinto, chefe directa.
Quando existem duas versões da mesma história, é normal que quem tem a verdade possa revelar os documentos que o comprovem. Porém, quando questionada sobre o email que a equipa do referido programa tinha enviado na altura para a direcção, a dizer que estavam prontos para ir ‘para o ar’, Flor Pedroso recusou mostrá-lo aos deputados.
Tudo não passaria de uma guerra de comadres, se não estivesse em causa o teor da reportagem: os negócios do lixo e do lítio que chamuscam os responsáveis governamentais com a pasta do Ambiente, nomeadamente Matos Fernandes e João Galamba.
Não será o assunto suficientemente grave para se criar uma Comissão de Inquérito para apurar toda a verdade? Ninguém diz que foi o Governo que censurou o programa, mas parece evidente que houve alguém que quis ser mais papista do que o Papa.
Se assim não foi, que o demonstrem.
Se a televisão pública segue a estratégia que muito bem entende sem ter de explicar coisas tão graves como esta do Sexta às 9, o que dizer de um canal privado, a Sport TV, que perdeu os direitos televisivos dos campeonatos de futebol de França, Alemanha e Espanha, além da Liga dos Campeões – já não falando da Fórmula 1 –, e mantém o mesmo preço de assinatura mensal? Ok, têm os direitos do campeonato português, com excepção dos jogos do Benfica na Luz, e do melhor campeonato do mundo: o de Inglaterra. Têm? Bem, não é totalmente verdade, já que muitos dos jogos da Liga inglesa são transmitidos em diferido, numa situação completamente inédita.
Quem gosta de futebol, adora a Liga Inglesa, e não conseguir ver os jogos da sua equipa preferida em directo ou dos emblemas onde jogam ou treinam portugueses é completamente inadmissível. A estação quando questionada sobre este assunto, remete-se ao silêncio, julgando que é a melhor arma. Todos sabemos os dramas por que passa a comunicação social, mas não ter dinheiro não é necessariamente sinónimo de ‘preguicite’. Se têm os direitos porque não dão vários jogos em directo como faziam no passado? Se não têm, porque não o assumem?
Já nem falo de como gostaria de ver muito mais acção do que palavras: programas onde mostrassem o melhor golo, nas diferentes vertentes: cabeça, pé esquerdo e direito; as melhores defesas; as melhoras jogadas colectivas, etc. A Sport TV, à semelhança de quase todos os canais, prefere palavras atrás de palavras. Afinal, é bem mais barato e dá menos trabalho. Não é pois de admirar os diferidos da Liga inglesa."
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