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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mais do que uma demissão

"Há menos de um ano, Paulo Fonseca era o treinador mais desejado do futebol português. O FC Porto antecipou-se à concorrência, contratou-o para suceder ao bicampeão Vítor Pereira e acabou, indirectamente, por ajudar os dirigentes do Benfica a tomarem a arriscada decisão de manter Jorge Jesus, apesar dos repetidos insucessos deste. Sim, por pequenas diferenças, pequenos incidentes de percurso e meras opções conjunturais, podíamos ter hoje um cenário com Paulo Fonseca treinador do Benfica e Jorge Jesus treinador do Porto.
É verdade que, há um ano, Paulo Fonseca estava no topo da lista para suceder a Jesus no Benfica, à frente de Rui Vitória e Marco Silva e que, neste momento, tem a cotação pelas ruas da amargura e um futuro nada prometedor, a avaliar pelo que aconteceu a outros treinadores mal sucedidos naquela casa. O FC Porto é o clube onde qualquer um se arrisca a ser campeão e quem falha é estigmatizado e dificilmente consegue dar a volta por cima.
Falta conhecer a posição de Pinto da Costa sobre a evidente vontade do treinador em fugir da pressão a que a grandeza do FC Porto o submete e para a qual não estava preparado. Aceitar a demissão de Paulo Fonseca sem que este possa ser promovido a um lugar na FIFA ou a um grande clube da Arábia Saudita traduz uma enorme perda de influência do velho dirigente e confirma a ideia de que cada dia que passa tem menos poder na SAD.
Por outro lado, se obrigar o técnico a prosseguir até final da temporada estará a jogar no vermelho perante uma roleta que sai sempre no preto. É um momento raríssimo este, que apetece seguir de perto e que vai entrar na história. Mais do que a mera demissão de um treinador, é do fim de um ciclo que se trata, uma crise da qual vai ser extremamente difícil recuperar. O nervosismo do dirigente a tratar do magno problema do trânsito à saída do estádio para assegurar que treinador e jogadores teriam de passar pelo meio dos adeptos em fúria, disse muito sobre como está aquela cabeça.

P.S. 1: Momento autocrítico da noite de ontem quando Pinto da Costa afirmou que só os ratos fogem. É verdade, excepto se forem para Vigo.

P.S. 2: Momento anticonspirativo da noite de ontem quando o árbitro Vasco Santos, do Porto, assinalou penálti e expulsou um jogador da casa, desmantelando a tese conspirativa sobre o facto de os clubes da 1.ª Liga unidos na luta pela demissão da direcção da Liga serem os próximos dez adversários do Benfica no campeonato."