"Aconteceu ao Sporting ter agora um presidente que consubstancia essa figura do adepto-carnaval-o-ano-inteiro que redunda sempre num festim para a imprensa. E qual é o problema?
O Benfica apresentou-se ao jogo com o Braga sem Óscar Cardozo na equipa e sem Jorge Jesus no banco.
Ou seja, fazendo a todos os que, depois da final da Taça, suplicaram pela saída de ambos, em prol disciplina, do bom senso e da dignidade, este Benfica de sábado passado esteve em sintonia com os reclamados saneamentos de Maio.
Gostaram?
Nem por isso, não é?
E quem faz mais falta, Jorge Jesus ou Óscar Cardozo?
Respeito todas as opiniões mas tenho a minha. O que de bom aconteceu no jogo com o Braga, para além do fulgor de Matic e do golo de Matic, foi o facto de ter o Benfica conseguido aguentar-se 90 minutos sem sofrer um golo de pontapé de canto.
O Benfica começou o jogo com três sérvios e acabou só com um, Matic, naturalmente. Djuricic esteve discretíssimo em campo e até no momento em que foi substituído se manteve discreto. Já Markovic esteve menos apagado do que o seu compatriota e até no momento em que foi substituído se mostrou menos apagado protagonizando um gesto de desagrado dirigido ao banco, melhor dizendo, ao treinador-substituto.
Espero que Matic os tenha convidado para jantar depois do jogo. São muito talentosos, muito jovens e precisam, ambos, de comer uns valentes bifes.
Por falar em bifes, gostava de ver um dia destes outro jovem, ainda que português, na equipa principal do Benfica. Chama-se Bernardo Silva. Estará pronto para os desafios de primeira categoria, tal como as suas exibições na equipa B sugerem, ou também ele precisará de ganhar corpo para as guerras do mundo dos adultos?
Só vendo, não é? Só vendo.
NUNCA será demais realçar a proeza de termos três treinadores compatriotas qualificados com as respectivas selecções para a fase final do campeonato do mundo de futebol.
É obra. Melhor dito, são obras. E logo três.
De Paulo Bento já se disse tudo na semana passada. Encómios atrás de encómios como sempre quando acontece nestas felizes ocasiões. E Paulo Bento fez por merecê-lo, alguém duvida?
Mal, mal, apenas esteve Judite de Sousa quando, no rescaldo da incursão épica à Suécia, perguntou ao seleccionador nacional se, numa próxima fase da sua carreira, ambicionava treinar «um grande».
Francamente...
Rápido e atento, Paulo Bento logo corrigiu a gafe da entrevistadora naquele seu português meio-espanholado com que se exprime para delícia dos seus imitadores.
Fernando Santos e a sua Grécia que, tal como Paulo Bento e o nosso Portugal, teve de porfiar no play-off para se poder ver seguro e certinho no Brasil, também merece um grande aplauso.
Reza a história que a Grécia até já ganhou uma vez um campeonato da Europa que, nesse ano, já nem me recordo, com certeza que deve ter sido um torneio muito esquisito e original, benza-o Deus.
Mas, para além do prazer que é sempre ver um compatriota triunfar num país estrangeiro, Fernando Santos mostrou-nos a todos como se trabalha para triunfar lá fora. O treinador português expressou-se fluentemente em grego na conferência de imprensa que fechou o jogo de Bucareste.
Fluentemente grego foi, pelo menos, o que me pareceu, a mim que não falo grego.
Sobra Carlos Queiroz, há muito apurado com o seu Irão.
Instado a pronunciar-se sobre o sucesso português de Estocolmo e, inevitavelmente, sobre a exibição individual de Cristiano Ronaldo, coroada com um hat-trick, o professor saiu-se com mais uma das suas afirmações ligeiramente ressabiadas que em nada o ajudam a ser uma figura popular no país, globalmente estimada como seria devido a um técnico com o seu currículo.
Disse Queiroz, depois de Estocolmo, que Portugal teria seguido para os quartos-de-final do Mundial de 2010 se Cristiano Ronaldo tivesse jogado «assim» com a Espanha.
Francamente...
Para piorar as coisas, disse-o em português. E toda a gente entendeu. Dissesse-o em persa, fluente ou não, de modo a que o seu triste desabafo não contribuísse para o afastar do pessoal em festa por São Cristiano.
O sorteio da próxima fase de grupos da Taça da Liga colocou o Sporting no caminho do FC Porto, ou vice-versa, e o Benfica no caminho do Nacional, ou vice-versa. Sem menosprezar os demais adversários de ambos os grupos, poucos acreditam para as respectivas decisões não se travem entre os emblemas mencionados.
O caminho não é fácil para ninguém.
Naturalmente, o grupo que mete Sporting e FC Porto ao barulho concita as atenções gerias. Sempre são dois grandes. Embora, neste caso particular, um seja maior do que o outro em função de declarações expressas.
Do lado do Sporting, já ouvimos Bruno de Carvalho assumir publicamente que a Taça da Liga é um dos objectivos para 2013/2014. Enquanto do lado do FC Porto, ainda ninguém veio desdizer o postulado antigo de que a Taça da Liga é para fazer rodar jogadores menos utilizados da equipa principal com uma pitada de juniores, quanto baste.
Vamos ter assim, uns diazinhos antes do fim do ano, um Sporting «mais grande» do que o FC Porto porque é da Taça da Liga que se trata.
Quando ao grupo que engloba o Benfica e Nacional, faço votos sinceros de que ninguém do meu clube venha falar na besta negra. E que ganhe o melhor.
QUATRO pontos perdidos em duas jornadas consecutivas da Liga e um percurso periclitante na fase de arranque da Liga dos Campeões deixam o ex-Paulo Fonseca mal visto pelos adeptos do FC Porto que, ao contrário dos adeptos de outros clubes, não estão habituados a estas coisas.
Bem cedo nesta época, comecei a referir Paulo Fonseca por ex-Paulo Fonseca em função duma aparente alteração de personalidade do jovem treinador que o fazia parecer outro que não o Paulo Fonseca que, na temporada passada, treinou o Paços de Ferreira.
É o peso da camisola, já me explicaram as mais variadas pessoas. Mesmo assim, para mim ficou como ex-Paulo Fonseca porque este não reconhece o anterior. Esquisitices minhas.
Depois do jogo de sábado com o Nacional, no Dragão, e do jogo de terça-feira, também no Dragão, lendo de soslaio nos jornais o noticiário sobre o desencanto das hostes portistas com o seu treinador, a visita presidencial ao treino, etc... mais me que parecer que o ex-Paulo Fonseca vem na linha de um ex-Vítor Pereira. Sendo que este último, noblesse oblige, foi sempre o mesmo.
COM toda a franqueza custa-me entender a indignação que grassa por entre algumas hostes do meu clube depois de o presidente do Sporting ter afirmado que os problemas do país se resolviam tirando o vermelho da bandeira nacional.
Onde para o nosso sentido de humor?
É sabido que todos os emblemas grandes, médios ou pequenos, têm as suas figuras típicas, adeptos que à força de uma originalidade desconcertante, ora verbal ora de figurino, atraem a comunicação social na mesma medida em que se sentem atraídos por ela.
Estas figuras estimáveis cumprem garbosamente a sua função social. Respondem individualmente a um anseio geral.
Do Manuel do laço do Boavista ao Emplastro do FC Porto, do Adepto Possuído do Benfica ao velho Manolo da pandeireta que acompanha a selecção espanhola pelo mundo de lés-a-lés, não há equipa de futebol que se preze que não tenha o seu adepto especial. Muito especial.
Aconteceu agora no Sporting ter um presidente que consubstancia essa figura do adepto-carnaval-o-ano-inteiro que, seja em que emblema for, redunda sempre num festim para a imprensa.
E qual é o problema? Nenhum.
BELÍSSIMO resultado e exibição mais do que suficiente ontem em Bruxelas, não se desse o caso de o Benfica ter complicado as suas contas nos dois jogos com o Olympiakos. Ainda há esperança. Refiro-me à Liga dos Campeões. Quanto à Liga Europa, essa já está assegurada e, francamente, até nos calha melhor. Bonito foi ver o Sulejmani e o Rodrigo saltarem do banco para a decisão da vitória."
Leonor Pinhão, in A Bola