"O leonino choque com a realidade; a geração de Vítor Oliveira, precocemente afastada, que devia estar no activo; e o golo do Flamengo...
O Sporting chocou ontem, de frente, com a realidade, depois de três dias de doce e ledo engano, na sequência do triunfo, e da boa exibição, frente ao PSV. Barcelona, e as três bicadas do galo, serviram para colocar em perspectiva a época dos leões, que deverá estar baptizada para o objectivo do terceiro lugar e ainda para alguns fogachos que irão servir de tira-gosto aos adeptos. Mas, na verdade, por mais que Silas invente e Bruno Fernandes tire coelhos da cartola, há deficiências estruturais no plantel dos leões que os impede de lutar por algo mais. E atrever-me-ei, até, a dizer, que se retirarmos da equação o capitão dos leões, de facto um jogador de extraordinário gabarito, o plantel do SC Braga, por ser mais profundo e coerente, dá melhores garantias que o de Alvalade. Mas o Sporting terá sempre a seu favor o facto de ser um dos maiores clubes do mundo, e isso, no fim do dia, faz toda a diferença, assim haja paciência para compreender que os malfeitores do período conturbado, que culminou em Alcochete não se dissipam de um dia para o outro. Sejamos claros em relação a uma coisa: o Sporting terá sempre solução, por tão grande que é. Só que essa solução demorará muito mais tempo a aparecer, ou se são houver estabilidade, ou se quiserem associar o cumprimento dos mandatos aos resultados desportivos do futebol profissional, perversão que já fez cair Dias da Cunha, Bettencourt e Godinho Lopes.
Em Vítor Oliveira, 66 anos, que este ano já derrotou, em Barcelos, FC Porto e Sporting, saúdo todos os treinadores portugueses da mesma geração, precocemente afastados, em nome de uma modernidade muitas vezes de pechisbeque, dos lugares que deviam ocupar, por razão de competência, com ganhos para o nosso futebol.
No Euro-2000, a belissima equipa de Humberto Coelho fez história ao virar um resultado de 0-2, frente à Inglaterra, para 3-2, e um dos golos, marcados por João Vieira Pinto, foi conseguido depois de termos encadeado 28 passes. Notável! Ontem, em São Paulo, na Arena do Palmeiras, principal rival da época, o Flamengo de Jorge Jesus, já campeão, entrou em jogo de forma exuberante. Aos quatro minutos marcou um golo, pelo uruguaio De Arrascaeta, na sequência de uma posse de bola de 110 segundos, que teve 32 toques na bola, até esta entrar nas redes do goleiro Jailson. Estratosférico!
Ás
José Mourinho
Depois de três vitórias em três jogos, já é possível dizer que o Tottenham de José Mourinh é a última Coca-Cola do deserto? Não, o special one ainda tem muito trabalho pela frente, especialmente no departamento da defesa. Mas a verdade é que há, nos Spurs, um antes e um depois do técnico de Setúbal. E Old Trafford é já a seguir.
Duque
Sporting
Os leões vão ter de pagar três milhões de euros ao treinador Mihajlovic, num processo em que ninguém ficou bem no filme: nem Bruno de Carvalho que o contratou já no lavar dos cestos; nem Sousa Cintra, que o despediu sem fundamentações; nem Frederico Varandas que geriu o dossier com sobranceria. Tanto dinheiro...
Duque
Maurizio Sarri
Não é só em Portugal que há equipas que jogam muito menos que a qualidade dos seus jogadores justificaria. Arsenal, Barcelona, Atlético de Madrid e Bayern são outros exemplos dessa desconformidade, mas a Juventus consegue batê-los a todos. É penosa a forma como a equipa de Cristiano Ronaldo se exibe, coisa mesmo feia!
A lição que Lage nunca mais deve esquecer...
«Os treinadores mais experientes têm aprendizagens ao longo das competições; eu, a cada jogo, estou a aprender...»
Bruno Lage, treinador do Benfica
O Benfica não devia ter abordado a Liga dos Campeões como se da Taça da Liga se tratasse, e essa deficiente avaliação custou caro. Leipzig só confirmou que o Benfica tinha mais para dar do que aquilo que deu à Champions. Adiante. Que do processo de aprendizagem de Bruno Lage passe a constar este postulado: «Os campeonatos de hoje não se ganham com as equipas de amanhã».
A visão romântica dos franceses...
O sorteio da fase final do Euro-2020 não foi nada meigo e colocou no mesmo grupo o campeão do Mundo de 2014, o campeão da Europa de 2016 e o campeão do Mundo de 2018. O 'L'Équipe', de forma sarcástica, apelidou este ajuntamento de favoritos de «Grupo do Amor». Que será eterno, enquanto durar...
Tricampeões do Mundo
Comandado pelo carismático e extrovertido Mário Narciso, antigo médio do V. Setúbal (120 jogos na 1.ª Divisão e 11 golos pelos sadinos), que fez parte da equipa técnica de Carlos Garcia, em 1988/1989, no Sporting de Espinho, que tinha Luís Campos como preparador físico, Portugal sagrou-se, no Paraguai (um dos dois países da América do Sul que não é banhado pelo mar, o outro é a Bolívia), campeão do mundo de futebol de praia, pela terceira vez, ao derrotar a Itália, na final. Mais uma conquista para a FPF, de parabéns os magníficos jogadores, com o melhor do mundo, Jordan Santos, do SC Braga, à cabeça, e... viva Portugal!"
José Manuel Delgado, in A Bola