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terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Estádio novo, betão velho

"Em 2003, o Benfica terminou a construção do novo Estádio da Luz e da 'velha Catedral' restou... o cimento!

Na viragem para o século XXI, ter um recinto desportivo que cumprisse todas as condições exigidas pela UEFA e pela FIFA tornou-se uma prioridade para o Benfica. Remodelar o Estádio da Luz, inaugurado a 1 de Dezembro de 1954, foi a primeira opção considerada, mas, em Maio de 2001, 'depois de muitos estudos feitos (...), a Direcção decidiu-se pela construção de um novo'.
Foram muitas as vozes que se ergueram, uns contra, outros a favor. A ideia de perder o estádio que tanto tinham ambicionado, e que foi construído com o apoio e mobilização de todos os benfiquistas, mexeu emocionalmente com a massa associativa.
O consenso chegou na  Assembleia Geral de 28 de Setembro de 2001: o novo Estádio da Luz ia avançar! O início dos trabalhos dar-se-ia a 1 de Outubro, sob o olhar atento de inúmeros benfiquistas que, visivelmente emocionados, não quiseram deixar de marcar presença naquele que seria o último dia do Estádio tal como o haviam conhecido durante décadas.
A pouco e pouco o antigo estádio foi dando lugar ao novo. E, em pouco mais de dois anos de empreitada, no dia 25 de Outubro de 2003, o Clube inaugurou a sua nova casa. O Estádio da Luz estava agora apto a receber qualquer competição nacional ou internacional. Da 'velha Catedral' restava... o cimento!
Durante a demolição do antigo estádio, a maioria do betão extraído foi reciclado in situ, por britagem, para que pudesse ser reintegrado na construção do novo complexo desportivo. A iniciativa, para além de amiga do ambiente, foi uma consolação para muitos benfiquistas. Saber que o betão proveniente dos donativos da Campanha do Cimento - uma campanha criada em Fevereiro de 1954 para angariação da matéria-prima para a construção do Estádio da Luz - seria reutilizado minorava um pouco a dor de ver desaparecer o símbolo 'de um sonho de muitos anos', que só foi possível concretizar 'após inúmeras iniciativas e actividades que movimentaram o País e as colónias portuguesas, num esforço gigantesco'.
Para além do betão, outros materiais provenientes de demolição do antigo estádio, como plásticos, madeiras e ferro, foram reciclados e alguns reutilizados no novo edifício. O ferro, por exemplo, foi convertido, na Siderurgia Nacional, em novos lingotes.
No Museu Benfica - Cosme Damião, a inauguração do novo Estádio do Sport Lisboa e Benfica é assinalada na área 15 - No Caminho do Tempo."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

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