"Aos 47 anos e sem que estivesse nos seus planos, Fernando Aguiar tornou-se treinador adjunto do Vilar de Perdizes. O futebol, aliás, passou de hobby para profissão, à força, mais por vontade do pai do que sua. Nascido em Chaves, onde agora vive, continua saudoso de Toronto e do Canadá, país onde começou a praticar futebol e onde jogou hóquei no gelo. Pai de três filhas, conta que veio parar ao Marítimo pela mão de Joe Berardo, ganhou a alcunha de Robocop no Beira-Mar, marcou o golo do Benfica no dia da morte de Fehér e experimentou, sem sucesso, a liga sueca. Também jogou no Nacional, Maia, Gondomar, U. Leiria e Penafiel, antes de pendurar as botas definitivamente no Pedrouços, aos 42 anos. Entre várias histórias que metem roupa e vidros partidos,e cigarros e e balanças, confessa que teria sido melhor hoquista do que futebolista
Origens e família. Fale-nos um bocadinho disso.
Nasci em Chaves, a minha mãe era empregada de balcão num café e o meu pai andava aí a vender gravatas ou uma coisa assim. Tenho uma irmã mais velha três anos e dois irmãos mais novos que estão no Canadá.
O Fernando foi para o Canadá com que idade?
Quando tinha dois anos. Os meus pais tinham lá familiares e, como as coisas estavam difíceis aqui, decidiram emigrar para Toronto. Vivíamos no centro da cidade e já havia uma grande comunidade de portugueses naquela altura.
Começa logo a jogar futebol ou pratica outros desportos?
Lá era como aqui, os miúdos jogavam muito na rua e fazíamos vários desportos, fosse futebol americano, hóquei, futebol, basebol. Mas o futebol era mais fácil.
O primeiro desporto que pratica num clube é futebol?
Sim, comecei com nove anos, por causa de um primo que vinha de férias para Portugal, a equipa precisava de mais um jogador e lá fui eu tomar o lugar dele. A partir daí fiquei nos Scarborough Wizard.
Jogava em que posição?
Avançado. Era mais pequenito, tinha velocidade, metiam a bola na frente e eu agarrava.
Da escola, gostava?
Nem tanto, mas era fácil porque convivia-se com os amigos.
Praticava mais algum desporto federado?
Não, só mesmo o futebol. Na rua é que eu jogava outros desportos. Mais tarde é que surgiu a oportunidade de fazer uma época de hóquei no gelo. Mas aquilo era mais amador do que outra coisa. Tinha 13 anos e jogava com pessoas que podiam ter até 18 anos.
Manteve-se nesse clube de futebol até quando?
Até aos 15 anos. Começo a ficar mais pesado, começo a crescer, já não servia para avançado e o treinador colocou-me a médio. Como as coisas não estavam a correr bem, fui para o banco. Decidi sair para outro clube, o Wexford. Eu tinha sempre clubes interessados. Naquela altura não se ofereciam contratos mas uma sandes mista e uma Coca-Cola. Eles apanhavam-me no café a comer qualquer coisa e falavam comigo. Havia sempre muitas equipas interessadas. Escolhi essa porque era das melhores, ganhava os campeonatos.
Quando era pequeno torcia por que clube?
Acompanhava muito o meu pai que ia ver os jogos por satélite à Casa do Benfica ou a uma outra casa portuguesa de transmontanos que havia em Toronto e aprendi a gostar do Benfica.
Lembra-se do que queria ser quando fosse crescido?
Acho que tinha o sonho dos outros miúdos no Canadá, que era ser polícia ou bombeiro.
Ser jogador de futebol não era um sonho?
Não. Até mais tarde, mesmo quando vim para Portugal, não era uma coisa que eu quisesse fazer.
Quanto tempo fica nessa equipa do Wexford?
Faço uma época, tive dificuldades em entrar na equipa, comecei a ficar no banco e escolhi sair mais uma vez. Fui para outro clube, o Woodbridge, fora de Toronto. Também faço uma época nessa equipa.
Como é que ia para os treinos?
O meu pai estava sempre disponível para me levar. Ele tinha mais esse sonho de eu ser jogador do que eu propriamente.
Os seus pais quando foram para o Canadá o que começaram a fazer profissionalmente?
O meu pai começou a trabalhar com o meu tio, que tinha uma empresa de soalho. A minha mãe foi para uma fábrica de plásticos.
Depois do Woodbridge vai para onde?
Depois fui para a equipa dos Oshawa Turul. Foi onde tive mais sucesso, fiz duas épocas. Era uma equipa que ficava muito mais longe de casa. Fomos campeões da província e campeões do Canadá, em clubes. Depois surgiu a hipótese de ir à experiência para o Toronto Wizard, a equipa profissional da altura, hoje temos o Toronto FC, que é quase o mesmo clube. Fui à experiência e era para ficar, mas como estive seis meses sem assinar contrato, andava sempre a treinar mas nunca jogava.
Porque esteve esse tempo sem assinar?
O meu pai estava com ideia que eles tinham assinado contrato comigo mas eu deixei andar. Entretanto houve um jogo em casa e só foram quatro para o banco. O meu pai ficou um bocado espantado e fartou-se de me perguntar porque é que eu não fui para o banco. Entretanto passou-se da cabeça, foi falar com os dirigentes e no outro dia já estava a assinar contrato [risos].
Foi aí que começou a ganhar dinheiro com o futebol?
Sim. Mas não faço ideia de quanto. Só sei que guardei o dinheiro, nessa altura guardava bem o dinheiro [risos]. Faço uma época no CSL [Canadian Soccer League], só não fui à final porque fui castigado com acumulação de amarelos. Depois faço mais uma época na APSL [American Professional Soccer League] onde marco nove golos. A seguir surgiu a oportunidade de vir à experiência para o Marítimo.
Como?
Através de uma pessoa muito falada ultimamente, o Joe Berardo. Não sei se tinha negócios também em Toronto. O meu pai tem um amigo que o conhece, esse amigo falou com ele, acho que ele tinha ligações ao Marítimo na altura, e disse: "Diz ao Carlos para levar o filho dele à Madeira à experiência, a ver se ele fica". E foi assim que surgiu a minha primeira experiência em Portugal.
Veio mais por vontade do seu pai do que sua.
Sim. Como costumo explicar, uma coisa é ir buscar um jogador à América do Sul e África, onde nós sabemos que muitas vezes passam dificuldades na vida. Eu tinha uma vida tranquila, vivia numa sociedade completamente diferente, então é muito mais complicado sair de um sítio onde estou bem, onde tenho amigos, os meus pais estão bem, tenho o meu quarto, não me falta nada. Foi sempre um bocado difícil para mim sair de Toronto.
O seu pai veio consigo?
Acho que vim sozinho, porque lembro-me que foi o próprio Joe Berardo que me foi buscar ao aeroporto, na Madeira. Ele tinha o Savoy Hotel e instalou-me numa casa atrás do hotel, uma casa enorme e estive lá sozinho. Estive à experiência durante cinco semanas.
Como foi o primeiro impacto?
Foi muito complicado. Hoje Portugal está muito mais evoluído do que em 1994. A Madeira então, não tem nada a ver. Era completamente diferente do que estava habituado, não tinha amigos, a minha vinda para Portugal parecia-me um atraso de vida, foi muito difícil. Eles quiseram assinar contrato comigo durante cinco anos e no último dia estive a pé toda a noite, e decidi ir embora, fui até ao aeroporto e apanhei o avião para Toronto. Não queria ficar.
Mas acaba por ficar no Marítimo. O que se passou entretanto?
Chego a Toronto, eu e o meu pai discutimos e saí de casa. Aluguei um quarto numa casa e andei assim uns tempos. O meu pai sabia que eles queriam assinar comigo durante cinco anos.
Com que dinheiro alugou o quarto? Começou a trabalhar?
Eu tinha dinheiro guardado e também trabalhei em Toronto, como estafeta, a fazer entregas de jornais e trabalhei num centro comercial. Regressei à escola, porque faltavam-me três créditos para terminar o 12º ano. Mas entretanto o meu pai lá conseguiu arranjar maneira de eu ir à experiência ao Belenenses. Ele pensava que Lisboa era melhor para mim porque era uma cidade grande, mais parecido com Toronto. Lá vim eu outra vez à experiência, para o Belenenses.
Foi mais fácil?
Fui bem recebido. Conheço pessoal com quem nunca joguei na equipa, mas comecei a dar-me bem e foi agradável. Só que o meu pai era muito amigo do presidente do Chaves, o Castanheira, e o Chaves estava na II Liga, por isso ao fim de semana íamos para Chaves e o Castanheira queria que eu ficasse a jogar no Chaves.
O seu pai nessa altura veio consigo para Lisboa?
Sim [risos].
Não fica no Chaves porquê?
Porque o meu pai tinha aquela teimosia de que eu tinha de jogar na I Liga e como o Chaves estava na II... Entretanto, sai no jornal que eu estava à experiência no Belenenses, o Marítimo viu aquilo, ligaram para o Joe Berardo, o Joe Berardo ligou para a minha mãe, a minha mãe ligou para o meu pai. E lá fui eu para o Marítimo assinar contrato de três anos. Desisti de lutar contra o meu pai e comecei a fazer a minha vida como jogador em Portugal.
É um jogador de futebol à força, contrariado.
[risos] Sim, é verdade.
Chega ao Marítimo com Paulo Autuori aos comandos da equipa. Os treinos eram muito diferentes do que estava habituado, em Toronto?
Sim, a realidade era muito diferente. Nn Canadá, as cidades e o próprio país era mais evoluído, já a nível de futebol em Portugal os treinos eram muito mais desenvolvidos do que lá.
Foi viver para onde no Funchal?
Vivi numa casa com um brasileiro que jogou muitos anos no Marítimo, o Herivelto. E também estava lá um argentino dos juniores, se não me engano, e cujo nome já não me recordo. Tínhamos uma senhora que fazia almoço e jantar para nós. Depois comecei a habituar-me à Madeira. A parar mais vezes na marina, nos cafés. Como ganhava bem nessa altura, comprava muita roupa, andava sempre às compras.
Os namoros começam aí ou já havia namorada em Toronto?
Havia, em Toronto. Custou-me um bocado porque na altura não havia redes sociais. Eu recebia cartas do Canadá. Tinha-a conhecido nos EUA, numa viagem que fiz com amigos de Toronto até à Flórida e mantivemos sempre contacto.
As saídas à noite começam também na Madeira?
Sim. A Madeira foi bom para mim mas ao mesmo tempo prejudicou-me em termos de carreira, de projecção, porque atrasei a minha ida para um grande.
Porquê?
Porque, como não era convocado, era miúdo, saía muitas vezes e nunca houve ninguém que me chamasse à atenção... Eram muitas saídas, só fiz sete jogos no Marítimo e todos fora de casa, nunca fiz um jogo em casa.
Nunca chegou atrasado a um treino? O Paulo Autuori nunca lhe puxou as orelhas?
Por acaso não. Tive alguns episódios engraçados, em relação a alguns treinos em que cheguei atrasado. Havia quem brincasse com isso. Joguei com o Paulo Madeira e ele dizia quando eu chegava atrasado que eu tinha ficado atrás de uma coluna a dormir [risos]. Mas não é verdade [risos].
Nunca teve problemas disciplinares por causa das saídas à noite?
Não. Eu achava que como não era convocado podia abusar mais um bocadinho.
Custou-lhe a adaptação ao futebol português da I Liga?
Vou responder assim: há uns anos fui fazer um jogo a Famalicão e encontrei o Paulo Alves, com quem joguei. E ele virou-se para mim e disse-me: "Fernando, eu quando te vi a chegar ao Marítimo disse 'este gajo nunca vai ser jogador. Não tem estilo para ser jogador'" [risos]. Mas ele também disse que ficou impressionado com evolução que tive dos 21 aos 25/26 anos, em termos de qualidade.
Essa evolução deve-se a quê ou a quem?
Sempre fui bom no desporto. E no futebol, no Canadá, fui sempre dos melhores, portanto, eu tinha isso dentro de mim. Se calhar, simplesmente não estava preparado para estar em Portugal, não quis estar e por isso demorei mais um bocado a encontrar-me.
Sai do Marítimo para o Nacional como e porquê?
Entrou um treinador novo que já não contava comigo e rescindi contrato. Mas como já namorava com uma miúda na Madeira, a dificuldade em voltar ao Canadá era maior e sair da ilha também. Então fui bater à porta do Nacional para assinar contrato. Não foi o Nacional que estava atrás de mim, fui eu que bati à porta.
Tinha empresário?
Não. Fui lá falar com o Rui Alves. Eu tinha uma pessoa amiga que era sócia do Nacional e dava-se bem com o Rui Alves e que foi comigo. Assinei por duas épocas.
O que mais o marcou nessa duas épocas no Nacional?
Na primeira época tínhamos excelentes jogadores mas a equipa não andava, acabámos por descer de divisão e descemos até à II B. Na II B, foi quando entrou o Costinha, o Luís, o Carlos Ferreira, defesa direito, o Rui Miguel, avançado, tínhamos uma equipa recheada de bons jogadores.
Vivia com a namorada?
Não, estava a viver com o Luís num apartamento.
Como se dá a vinda para o Maia?
Subimos de divisão, fizemos apuramento de campeão e viemos jogar à Maia. Fiz um excelente jogo e o Maia ficou logo interessado em mim.
Aí já não lhe custou sair da Madeira?
Nessa altura a minha vontade já era fugir da ilha. Sabia que se ficasse lá nunca ia ser jogador. O namoro já tinha acabado [risos]
E que tal a Maia?
Isso foi em 1997, a Maia também não era aquilo que é hoje. Foi porreiro porque encontrei um plantel onde fiz muitas amizades. Foi muito fácil a adaptação porque fazíamos os nossos almoços e os nossos jantares.
Continuava a sair à noite?
Bem, a malta da Maia gostava de sair à noite, e de vez em quando íamos beber uns copos, sim. Já havia mais controlo, mas foi quando comecei a namorar com a mãe das minhas três filhas e aí acalmei bastante.
Como a conheceu?
Conheci a Rosa num café onde ia beber café e jogar bilhar. Ela é cabeleireira, parava lá muitas vezes e foi assim que nos conhecemos. Mas já estou divorciado.
Não tem nenhuma história para contar dos tempos na Maia?
Há muitas. Uma vez saímos à noite e estávamos na fila para entrar no Bufalo's. Eu estava há pouco tempo na Maia, mas o segurança vira-se para mim, chama-me: "Quantos é que são?"; "Sou eu e mais três"; "Podem entrar". E os outros que estavam há mais tempo a viver na zona do Porto viraram-se para mim: "Como é que é possível, chegas aqui à Maia e já tens esse moral todo?" [risos]. Há muitas histórias, mas do Beira-Mar e do Benfica é que tenho umas giras.
Vamos já ao Beira-Mar porque é o clube para onde vai a seguir. Como lá foi parar?
Eu tinha marcado oito ou dez golos, o Beira-Mar ganhou a Taça de Portugal e desceu de divisão. Mostraram interesse em mim, mas como eu namorava, o Beira-Mar estava na II divisão e o Maia também, a minha prioridade era o Maia. Só que do Maia chegaram à minha beira e disseram: "Ganhas muito dinheiro. Por metade, ficas". Foi aí que percebi que não estavam a contar comigo e aceitei ir para o Beira-Mar. Assinei por três épocas.
Foi viver para Aveiro?
Sim, para a Barra. Fui sozinho mas ficava muitas vezes em casa dos meus futuros sogros, na Maia. Era pertinho.
Teve o António Sousa como treinador no Beira Mar.
Exacto. Tanto ele como o Eduardo Luís, com quem tive na Maia, eram espectaculares. Eram daqueles treinadores que se estávamos a fumar eles vinham pedir-nos um cigarro. Era assim, não chateavam. Tínhamos um grupo fantástico, em Aveiro.
Começou a fumar cá?
Eu já fumava no Canadá mas quando saía à noite. Comecei a fumar mais na Madeira.
As coisas correram bem no Beira-Mar...
Sim, subimos de divisão, fui sempre titular, marquei oito golos. Na época seguinte, o início não foi fácil. Isso acontece normalmente quando as equipas sobem de divisão, de repente A, B e C já não servem. Começo a época no banco.
Quando ficava no banco, reagia mal, perguntava ao treinador por que ficava de fora?
Eu tinha aquele feitio... Era um bocado trombudo, mas não deixava de treinar a 100%. Era uma das vantagens que tinha. São as opções do treinador. Deixei andar. Houve jogadores que tinham moral na equipa e sei que foram ter com o treinador para lhe dizer que eu tinha de jogar. Mas compreendo, foram buscar jogadores que achavam ser melhores para a I Liga e fiquei no banco. Só quando as coisas não correram bem em termos de jogo é que entrei na equipa.
Quando diz que era trombudo, pode especificar melhor?
Nos treinos estava sempre a mandar vir [risos]. Era refilão. Mas trabalhava.
E as histórias do Beira-Mar?
Na altura havia brincadeiras com a roupa. Um dia chego lá, tomo banho, vou a vestir as meias e tenho as meias cortadas, fiquei furioso e não aceitei bem a brincadeira. Havia lá uma balança antiga, estava toda a gente a tomar banho e eu agarrei na balança e atirei-a para o chuveiro. Toda a gente ficou calada. Tudo cheio de medo [risos]. Entretanto entro no carro, começo a conduzir e liga-me o Elísio, que era o guarda redes, e diz-me baixinho: "Fernando, desculpa, fui eu que te cortei as meias". Eu comecei a rir. Havia várias brincadeiras com a roupa. O Ricardo Sousa equipava-se e levava a roupa para o carro, trancava o carro para as pessoas não brincarem com a roupa dele. Chegámos a esse ponto.
O Fernando não fazia partidas?
Também comecei a fazê-lo. Mas tenho outra história engraçada. Uma vez, éramos quatro e íamos muito para a Maia, então o Ricardo Sousa pediu-me boleia até casa. Eu disse-lhe para ele se despachar. Entrou no carro, atrás. Deixo-o em casa, vou dar a volta e ele está com o meu saco de treino na mão, no ar. Ele deixa o meu saco no chão e tranca-se dentro do prédio. Quando vou abrir o saco está cheio de espuma de barbear. Como eu estava sempre com pressa de ir embora, vejo aquilo cheio de espuma e atiro o meu saco contra o vidro do carro, furioso, só que eu tinha o perfume lá dentro. Aquilo bateu e estalou-me o vidro todo [risos]. Os outros três colegas que estavam comigo não falaram a viagem inteira, estava tudo a fingir que estava dormir [risos].
Ferve em pouca água?
Sim [risos], infelizmente.
A alcunha do Robocop surge quando?
Foi no Beira-Mar, numa altura em que tive o problema no joelho, fiz um curativo, tinha uma ligadura, e fui treinar. O Carlos Oliveira, do "Record", estava na bancada e quando me viu assim começou a chamar-me Robocop - e ficou.
Alguma vez se meteu numa confusão mais a sério?
Discutia muito, mas também era muito brincalhão. Por exemplo, no Beira-Mar, às vezes entrava pelo balneário e fazia carrinhos às pessoas, mesmo com as calças de ganga vestidas.
Na época seguinte começa no Beira-Mar, mas entretanto vai para o Benfica.
Eu sabia que tinha equipas interessadas em mim e já estava forçar a saída no final da minha segunda época no Beira-Mar.
Como é que se força a saída?
Nessa altura ia falar com o treinador e com o presidente e dizia que queria sair.
Mas já tinha sido contactado pelo Benfica?
Não. Eu sabia, através de empresários que falavam comigo, que tinha o Guimarães, o Braga e algumas equipas estrangeiras interessadas.
Acabou por não sair logo.
Acabei por ficar, porque tinha contrato e eles é que mandavam.
Então como se dá a passagem para o Benfica?
Essa é uma história engraçada. A época estava a correr-me bem e há um jogo em casa, com o Benfica, a 9 de Setembro de 2001, no dia em que a minha filha mais velha, a Sofia, nasceu. Ela nasceu às cinco da manhã, estava eu em estágio, fui fazer o jogo e empatámos 3-3. Depois do jogo o Toni, que era o treinador do Benfica, chegou à minha beira e disse-me: "Fernando, passaste ao lado de uma grande carreira". Eu pensei que a minha carreira tinha acabado ali, ou seja, o sonho de jogar num grande tinha acabado.
Qual foi a sua reacção?
Nenhuma. Ele abraçou-me, começou a falar comigo e disse aquilo. Se calhar era pela idade, eu tinha 29 anos e provavelmente as pessoas já não acreditavam... Aliás, eu próprio, depois daquilo também pensei que ia acabar em equipas como o Beira-Mar e por aí abaixo. Em Janeiro, surgem notícias que o Benfica estava interessado em mim. Ainda com o Toni. Na janela de transferência lá fui eu vendido ao Benfica.
Mas quem é que o contactou nessa altura?
O José Veiga. Assinei dois anos e meio.
Veio viver para Lisboa sozinho?
Elas vieram comigo, mas como a minha filha era pequenina e eu estava muitas vezes em estágio, decidiram regressar à Maia.
Quando chega ao Benfica, só tem o Toni como treinador por um jogo, não é?
Sim, foi no Bessa, perdemos 1-0 num jogo polémico, com dois penáltis que ficaram por marcar e foi aí que o Toni saiu. O prof. Jesualdo que era o adjunto, assumiu a equipa.
E que tal, foi uma grande mudança?
Sim, eram estilos diferentes. O Toni tinha aquela escola velha, um grande senhor, foi uma peça fundamental no Benfica, mas acho que ele compreendeu que estava na altura de sair. Jesualdo já era uma escola um bocado diferente. Ele gostava de jogadores mais raçudos, jogadores do norte, como ele costuma dizer.
Enquadrava-se?
Sim, ainda fiz 13 jogos na segunda parte da época.
Disse numa entrevista que nos primeiros seis meses no Benfica foi "rasgado de alto a baixo". O que quis dizer com isso?
Quando cheguei ao Benfica aquilo era uma casa a arder. Não havia estrutura, não havia projecto, vinha de uns anos muitos complicados com o Vale e Azevedo à frente do clube e foi nessa altura que o Vilarinho e o Vieira pegaram no Benfica. Naquela altura os jornais abusavam na escrita, não havia contenção em falar mal dos jogadores. Havia aquelas brincadeiras que os jornais faziam na última página e eu apareci uma vez. Foi muito complicado para mim. Não achei correto.
O que fez?
Falei com o Jesualdo disse-lhe que achava aquilo inadmissível e que o clube devia proteger mais os jogadores, como muitos clubes faziam, quando faziam blackout, por exemplo. Eu também sou contra isso, os blackout, mas a minha maneira de ser considera que deve haver um bocado mais de respeito perante os jogadores. Pedi ao Jesualdo para ver se havia mais contenção na escrita por parte de alguns jornalistas.
O que lhe respondeu?
Disse que ia ver, que era difícil, porque o Benfica estava a passar um mau bocado. Entretanto, aquilo passou, acabei a época e fui emprestado ao U. Leiria.
Foi emprestado porquê?
Quando começámos a pré-época o Jesualdo já não contava comigo, eu sentia isso. Ele fazia 11 contra 11 e eu mais dois ou três ficávamos de fora à espera de entrar na segunda equipa, portanto, percebi que tinha de sair.
Adaptou-se bem a Lisboa?
Sim, ficava muito em casa, não era muito de sair. Dava-me muito com o Tiago e o Ricardo Rocha, que eram pessoas muito pacatas. Íamos almoçar juntos, passear para o shopping, coisas muito simples.
Jogava Playstation?
Sim, jogava, mas não tenho problema de admitir que o Tiago dava-me coça sempre, nos jogos de futebol [risos].
Quem lhe disse que ia para Leiria?
O Luís Lemos, que julgo ainda está no Benfica, chegou à minha beira e disse: "Tens oito clubes interessados em ti para seres emprestado. Nunca vi nada assim". Ele estava impressionado com tantos interessados. Acabei por ir para o Leiria porque foi o que ofereceu melhores condições.
Foi viver para Leiria também sozinho, calculo. Já tinha mais alguma filha?
Em Dezembro de 2003 nasceu a Beatriz, a minha segunda filha.
Chega a Leiria onde está o Cajuda. Gostou dele?
Sim. Nós travamos as nossas guerras, não tenho problema nenhum em dizê-lo. Eu e ele chocámos bastante.
Porquê?
Porque ele tem o feitio dele, toda a gente conhece, é um bocado extrovertido, um homem que gosta de gritar um bocado e eu tenho o meu feitio, gosto de fazer o meu trabalho e não gosto que ninguém me chateie. Na altura até podemos pensar que é uma coisa grave, mas não, são coisas saudáveis e hoje em dia dou-me bem com ele.
Como foi a adaptação à cidade e ao clube?
Mais uma vez apanhei um grupo fantástico. O meu grupinho era eu, o Paulo Duarte, Leão, o Renato, o Silas. Foi bom.
Faz essa época e regressa ao Benfica.
Sim, cheguei a Lisboa e o Camacho chamou-me ao gabinete dele. Disse-me "Conto com quatro jogadores para o meio-campo, o Tiago, o Petit, o Andersson e conto contigo. Queres ficar?"; "Ó mister, se você conta comigo, fico".
É a sua melhor época no Benfica.
Sem dúvida. Ao início não correu bem, mas depois lá ganhei o meu espaço.
Esse ano ficou marcado pelo jogo em Guimarães em que o Fernando Aguiar salta do banco, marca golo e a seguir o Fehér cai em campo, acabando por falecer.
Infelizmente foi o que mais me marcou. E digo infelizmente não só pela morte mas também porque fico marcado na história por isso. As pessoas lembram-se do Fernando Aguiar nesse jogo. É sempre difícil, porque gostamos de ser lembrados por outras coisas.
Apercebeu-se logo que a situação era muito grave?
Sim. Passados uns minutos percebi que se ele sobrevivesse muitos danos já tinham sido causados. Foi muito chocante. Mas essa situação tornou-nos mais fortes e fizemos uma grande recuperação na segunda metade da época, acabámos por ir à final da Taça e ganhámos ao super Porto da altura.
Foi o seu primeiro título.
O primeiro e único, infelizmente [risos].
Depois vai parar ao Landskrona da Suécia. Mas antes, conte lá as histórias do Benfica.
Tem a ver com o Camacho. Eu, o Nuno Gomes e o Petit tínhamos a mania de ir para a casa de banho fumar um cigarro e ler os jornais. O Petit e o Nuno Gomes foram embora e eu fiquei sozinho na casa de banho e ouço uns passos. Era o Camacho. Esqueci-me que os meus chinelos diziam FA. E ele "Aguiar?"; "Sim, mister"; "Também fumas?"; "Sim, Sim". Fiquei à rasca [risos]. Mas ele nunca me disse nada.
Ouvi dizer que deitou abaixo uma porta com um pontapé.
É verdade?
[risos] Deitei uma porta baixo no estágio do Benfica, na Suíça. Eles estavam a jogar cartas e, na palhaçada, e como fecharam a porta, eu para assustá-los deitei a porta abaixo e começou tudo a fugir pela varanda [risos].
Não há mais nenhuma que possa contar?
Dou-me super bem com o Ricardo Rocha e estávamos a jogar cartas, o jogo do Burro, com o Bossio e o Tiago. Eu fiquei chateado, levantei a mesa, mandei a mesa para o chão, comecei a dizer que batia em toda a gente e começou toda a gente a fugir de mim [risos]. Mas nunca bati em ninguém. Eu faço aquilo mas passado cinco minutos já estou calmo.
Mas irrita-se mesmo?
Sim, sim.
Fora do futebol alguma vez andou à pancada?
Uma vez no distrital, quando joguei pelo Pedrouços. Aí é que havia mais confusões. Uma vez fui para a bancada e agarrei um sujeito pelo pescoço, mas não se passou mais nada.
Ele estava a dizer mal de si?
Não. Eu já estava no balneário, mas como estavam dois jogadores nossos aos empurrões com uns tipos, eu entrei lá para o meio.
Vamos à Suécia. Como surge?
O Benfica disse-me para esperar pelo treinador novo e achei um bocado estranho, porque fui o 12º jogador mais utilizado no plantel. E por norma o 12º jogador é sempre uma referência para ficar. Como acabava contrato achei estranho não terem renovado. Estavam a demorar muito. Eu estava no Canadá, o Veiga e o Vieira ligavam para mim e diziam para esperar, para esperar. Só que esperar é a minha morte, surgiu uma equipa na Suécia e acabei por assinar lá.
Mas só fez um jogo.
Só, porque aleijei-me no menisco e tive de ser operado.
Quando chegou à Suécia gostou do que viu?
Fui sozinho, depois levei a família, estivemos lá dois meses. São pessoas muito simpáticas, foram impecáveis, mas não gostei de lá estar. É uma cultura diferente, comida diferente, a comida é muito mais salgada, os costumes são diferentes e estava habituado a outro estilo de vida.
A que lhe custou mais a habituar?
À comida. Íamos buscar comida fora e não é aquela comida portuguesa a que estamos habituados. Senti logo que não ia criar ali raízes. Já sabia que mais cedo ou mais tarde ia embora. Depois havia empresários em Portugal a ligar para mim. Tinha o Penafiel, a Académica e outras equipas interessadas. E eu queria ficar perto da Maia, para ficar perto da família. E optei por Penafiel, que era um instantinho, ia e vinha todos os dias.
Quem era o treinador no Penafiel?
Quando chego era o Manuel Fernandes. Custou-me um bocado no início porque fisicamente ainda não estava 100% bem. Entretanto jogo, mas as coisas não estavam a correr bem para o Penafiel, o Manuel Fernandes acaba por sair e vem o Luís Castro.
Começou a jogar mais.
Sim. Gosto muito dos métodos de trabalho do Luís Castro, para mim foi dos melhores treinadores que tive em termos de treino. Gostei da maneira como ele explicava o treino no quadro. Vamos fazer isto, isto e isto. Assim o jogador tem uma referência daquilo que vai fazer.
Mas as coisas não correm bem porque o Fernando sai logo a seguir.
Sim, marquei três golos, acabou a época, comecei a pré-época e percebi que eles queriam ir buscar mais jogadores, mas o plantel estava cheio. Eles tentam rescindir com alguns estrangeiros mas ninguém quer ir embora. Então sobrou para o mais velho, que era eu. Vou para o Gondomar.
Onde acaba por ficar quatro épocas.
A transição para mim foi um bocado difícil porque eu achava que ainda era jogador de I Liga. Mas as coisas acabaram por ser muito fáceis para mim, marquei oito golos e o Gondomar fez duas grandes épocas, com o Vaqueiro. Mas eu ainda estava magoado e a pensar como é que passei de 12º jogador mais utilizado do Benfica e duas épocas depois estou na II Liga. Foi um choque um bocado grande.
Na última época, no Gondomar, acaba por ter um problema grave no joelho. O que aconteceu?
Eu já tinha sido operado ao menisco. E num jogo em Leiria, aos 44 minutos, vou a rodar e estalou. Aquele spray milagroso não funciona tão bem como eu pensava. Tentei entrar mas não consegui. Tive de ser operado. Neste momento estou sem cartilagem no joelho direito.
Nessa altura já estava com 37 anos. Esperava jogar até que idade?
Até me sentir capaz.
É o Fernando que decide colocar um ponto final na carreira ou é o clube que não conta mais consigo?
Nós os dois percebemos. Ainda hoje em dia dou-me bem com o presidente do Gondomar, é uma pessoa cinco estrelas. Percebemos logo. Eu também não ia forçar uma coisa que sabia que não ia dar. Percebi que era ali o fim da carreira.
Já sabia o que ia fazer da vida a seguir a pendurar as botas?
Não tinha pensado nisso. Na altura ainda estava casado, tinha um salão de cabeleiro com a minha mulher.
O que fez nesses quatro anos em que não jogou, antes de ir para o Pedrouços?
Tinha comprado umas casas no Canadá, tinha investimentos lá e cá. Portanto não me preocupava ter de ir logo trabalhar. Tinha investido em acções também.
Como ocupava os dias?
Tomava conta das minhas filhas e cozinhava [risos]. Gosto de cozinhar.
Tem algum prato que seja a sua especialidade?
Sim, costumo fazer o frango tipo KFC. Fazia isso muito nas festas de aniversário das minhas filhas e toda a gente gosta.
Nesses quatro anos não fez nada ligado ao futebol?
Tirando uns joguinhos, não. Não era uma coisa que estivesse nos meus planos.
Nem estava nos seus planos voltar para o Canadá?
Nós tentámos, em 2011, estivemos lá uns meses, depois regressámos, as minhas filhas mais velhas adoram aquilo e é um sonho delas ir estudar para lá. Eu só não vou agora porque tenho uma menina de seis anos, a Carolina, e custa-me mais.
Como surge o Pedrouços, aos 42 anos?
Eu passava muito num café na Maia e os responsáveis do Maia um dia dizem-me: "Tu ainda estás bem fisicamente, não queres ir treinar com o Maia?" Comecei a treinar com eles, a fazer jogos amigáveis. Entretanto, uma pessoa que está no café em Pedrouços, mesmo junto ao estádio, e que é meu amigo no Facebook, mandou-me mensagem: "Não queres vir para o Pedrouços?" Como o Maia nunca mais se decidia, eu estava a sentir-me bem fisicamente, então fui a Pedrouços e assinei contrato com eles.
Assinou porquê? Porque lhe apetecia voltar a jogar futebol ou pelo dinheiro?
Pelo dinheiro não era de certeza absoluta. Sentia-me bem fisicamente, queria jogar. O cheiro a relva molhada acabada de cortar dá uma saudade enorme.
Não se arrependeu?
Não. As coisas não correram muito mal. Marquei cinco golos, fiz um hat-trick. O mais complicado foi ter de jogar em pelados e sintéticos. O Pedrouços era relvado, mas muitos dos outros clubes têm sintéticos e pelados e eu gosto é de relva. No final da época o presidente falou comigo, queria que eu ficasse mais uma época mas decidi que não valia a pena. O dinheiro também não era grande coisa. E torna-se complicado ouvir certas coisas... "Ó velho"...
De 2014 até agora o que fez da sua vida?
Entretanto as coisas lá em casa complicaram-se, divorciei-me. Estive um ano a viver sozinho na Maia. Passei um período um bocado complicado, porque um divórcio é sempre difícil. As pessoas que nós conhecemos há muitos anos desaparecem do mapa. Nós também temos culpa porque afastamo-nos um bocado das pessoas. Há culpa das duas partes. Decidi vir para Chaves. A minha mãe está em Chaves, o meu pai ainda está no Canadá, e achei que era melhor opção mudar de ares.
E as suas filhas?
Elas vivem com a mãe. Mas muitas vezes vou à Maia, estou lá no sábado e aproveito para estar com elas. A minha ex-mulher não complica nada, vou buscá-las quando quero. Recentemente passaram cinco dias comigo, em Chaves.
Esta época aparece como treinador adjunto do Vilar de Perdizes.
É verdade. Tenho o nível I do curso de treinador. Entretanto recebi uma mensagem no FB, do Tiago, que é o treinador principal. Conversámos e decidi-me. Não estava nos meus planos, mas até agora as coisas têm corrido bem, a malta recebeu-me bem. E mato as saudades daquele dia a dia, daquele bichinho, que já voltou outra vez. Também é uma maneira de aprender.
Vê-se como treinador no futuro?
Não estava nos meus planos, mas, a cada dia que passa, já ando na net a ver planos de treino, a ver os resultados, e começo a ficar mais entusiasmado, nunca se sabe.
Onde é que ganhou mais dinheiro?
No Benfica.
É crente?
Não.
Tem superstições?
Não. Só com o número seis, que era um número fundamental na minha camisola. Gosto do número seis.
Disse numa entrevista há uns tempos que o Benfica ficou a dever-lhe dinheiro.
Foi da Taça de Portugal.
Foi prometido um prémio, nós ganhámos e não recebi.
Foi só o Fernando ou foi a equipa toda?
O que me foi transmitido é que os que saíram não receberam.
Chegou a jogar pela selecção do Canadá. Quando se estreou?
Eu joguei nos sub-20, mas a minha estreia na selecção principal foi num torneio a três, contra Portugal e Dinamarca. Estreei-me contra Portugal.
Ainda sonha viver no Canadá?
Sim. Acho que depois das minhas filhas mais velhas tomarem uma decisão, se calhar é uma coisa que vou fazer.
Tem tatuagens?
Tenho. A primeira, para as pessoas ficarem esclarecidas, é uma águia nas costas. Fiz em 1996, muito antes de ir para o Benfica. Tenho o nome das duas minhas filhas mais velhas em caracteres chineses no braço e na perna em baixo tenho uma rosa com o nome das minhas duas filhas mais velhas, falta fazer o nome da mais pequena.
Qual foi a maior extravagância que fez na vida?
Negativa, foi comprar uma televisão de €5 mil para mim. Era o plasma que saiu na altura e achava que precisava de um para casa. Mas é deitar dinheiro fora. Pela positiva, as viagens que fazia com as minhas filhas para Toronto. O dinheiro gasto lá era muito bem gasto.
Tem algum hobby?
Gosto de ginásio e de caminhar muito.
Tem algum outro desporto que siga com atenção?
Hóquei no gelo.
Acha que teria sido melhor hoquista do que futebolista?
Acho que sim. Acho que tinha capacidade e físico para isso.
Qual foi a maior amizade que fez no futebol?
O Tiago, ex-Atlético de Madrid. Um homem simples e espectacular.
Do que mais se arrepende na sua carreira?
Ter começado na I Liga. Devia ter começado em divisões mais baixas para jogar mais e acho que tinha chegado a um grande muito mais rápido.
A I Liga é uma grande montra.
Mas na altura não estava preparado e não jogava. É uma montra mas se não jogas acabas por ir parar às segundas divisões, foi o que aconteceu."