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sábado, 6 de janeiro de 2024

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GloREIoso Eusébio | Dez anos de saudade, nem um segundo de esquecimento


"O Rei partiu para outro Reino há dez anos. Celebra-se hoje uma década não da perda de Eusébio da Silva Ferreira, mas da última vez que um dos mais genuínos sorrisos da história do futebol mundial agraciou o mundo dos comuns mortais, no qual o Pantera Negra jogava apenas por empréstimo. E estou ciente de que o uso do verbo “celebrar” em questões de perecimento não cai bem junto de toda a gente, sobretudo na tradição cristã, mas não há outra forma de colocar o predicado: hoje celebra-se Eusébio da Silva Ferreira.
Hoje… e sempre. Imortalizado em bronze junto ao Estádio da Luz, imortalizado a ouro nas páginas da história do Sport Lisboa e Benfica e do futebol português e imortalizado a tinta de memória nas almas encarnadas, o Bola de Ouro de 1965 é celebrado a cada golo, a cada conquista, a cada impulso de fervor benfiquista e lusitano. Está na voz de todos quantos entoam o hino do clube e do país, está na mente de todos quantos recordam tempos áureos, está na alma de todos quantos sentem mesmo sem saberem sequer começar a explicar o que é o Sport Lisboa e Benfica.
É precisamente graças a figuras, senhores, semideuses, deuses da bola como o Pantera Negra que hoje os benfiquistas – e creio que compreendem a tendência para centrar nas águias esta escrita – podem virar o olhar coletivo atrás e soltar, por entre os lábios, um seguro e convicto “Glorioso”. É graças a figuras como Eusébio que os seis campeonatos conquistados nos últimos dez (desde a partida corpórea do Rei) sabem a pouco. Foi com Eusébio da Silva Ferreira na proa que os encarnados conheceram e se deram a conhecer ao mundo “por mares nunca dantes navegados”.
Foi com Eusébio da Silva Ferreira que as águias cimentaram o estatuto de Glorioso e que Portugal fez saber ao mundo que nesta toalha à beira-mar estendida também se joga à bola como os grandes mundiais. Foi com Eusébio da Silva Ferreira que o futebol lusitano granjeou a admiração de Pelé, Maradona, Cruyff…
O melhor jogador português de sempre? Talvez. O mais fundamental jogador português de sempre? Sem dúvida. O único Bola de Ouro português a receber o galardão enquanto jogava em Portugal, o único futebolista do SL Benfica a ser homenageado com uma estátua junto à Catedral, o único jogador que mereceu o título de Rei num clube de raízes democráticas. O homem, o mito, a lenda. O Rei.
Tu és o nosso Rei, Eusébio. Hoje e sempre. Para sempre."

O Benfica e a (má) superação de Grimaldo- Um problema para se resolver em janeiro?


"O SL Benfica conta com David Jurásek e Juan Bernat para a posição de lateral esquerdo. Morato e Aursnes já foram utilizados na função. 

O SL Benfica despediu-se no verão de 2023 de Alejandro Grimaldo. O lateral esquerdo espanhol passou oito temporadas na Luz, assumindo-se como fundamental para todos os técnicos que passaram pelo emblema encarnado. Grimaldo fez uma época de 2022/23 de elevado quilate, tanto em exibições, como em números: 54 jogos, com oito golos e 14 assistências. O atleta conseguiu manter a boa forma no Bayer 04 Leverkusen, liderado por Xabi Alonso e que está a encantar na Bundesliga. As águias não lucraram nada com a saída do jogador, já que o mesmo saiu a custo zero, por ter chegado o término do seu contrato.
O conjunto de Roger Schmidt sofreu assim uma baixa muito importante, que tinha que ser superada, algo que se afigurava uma tarefa complicada. O alvo principal era Milos Kerkez, mas o húngaro assinou com o AFC Bournemouth, depois de ter brilhado ao serviço do AZ Alkmaar. A dupla Rui Costa-Rui Pedro Braz tiveram que apostar na opção B. David Jurásek aterrou em Lisboa pelo valor de 14 milhões de euros, preço que demonstra a aposta forte que estava a ser feita no lateral checo. Proveniente do AC Sparta Praga, o atleta tinha realizado um 2022/23 com uma boa avaliação: 44 jogos, dois golos e 11 assistências. Aos 23 anos (Kerkez tem somente 20), Jurásek dava assim um passo em frente, mais perto das Big 5. Assinou com o Benfica até 2028, o que realça a aposta da equipa dirigida por Roger Schmidt. 
No último dia de mercado, os encarnados anunciaram um nome de relevo, igualmente para o posto de defesa esquerdo. Juan Bernat chegara cedido pelo PSG, num empréstimo válido até ao final da temporada. Aos 30 anos, o espanhol vinha para ser um peso pesado do nosso campeonato, depois de 36 jogos em 2022/23. Apesar do fracasso de Julian Draxler ainda dar alguns pesadelos aos benfiquistas, Bernat podia vir com a mentalidade de Pablo Sarabia, que encantou no Sporting CP e conseguiu relançar a sua carreira.
Ora, com um certo esforço financeiro, o Benfica conseguira duas opções para tentar suprimir a ausência de Alejandro Grimaldo. Porém, chegamos a janeiro e deparamo-nos que o titular a lateral esquerdo é Morato, que é um defesa central de posição natural. Verificamos que Fredrik Aurnses, um médio de origem, também marcou presença na posição (sendo que o norueguês consegue desempenhar vários papéis sem perder qualidade).
O Benfica já realizou em 2023/24 um total de 26 partidas para todas as competições, mas David Jurásek jogou somente 12 (zero golos e zero assistências) e Juan Bernat atuou em seis (zero golos e zero assistências). São números muito curtos, nomeadamente no caso do checo. Juan Bernat está parado desde o começo de novembro, devido a uma lesão nos adutores, o que pode servir, em parte, a sua curta utilização. Porém, o ex-Sparta Praga “só” falhou seis jogos devido a lesão (na zona do tornozelo). 12 jogos, para um elemento que custou 14 milhões de euros, é muito curto.
Esta gestão tem sido muito criticada pelos adeptos. Jurásek mostrou pouco e cometeu vários erros com a camisola do Benfica, enquanto que Bernat tem um salário dantesco (mais de oito milhões de euros, de acordo com o Salary Sport), embora as águias somente paguem uma percentagem.
Este dossier não foi bem tratado pela direção e terá que ser resolvido em janeiro, com todas as limitações que este mercado implica. David Jurásek tem sido apontado à saída, rumo à Ligue 1, por empréstimo. Caso os salários sejam pagos pelo emblema recetor, não é um mau negócio. O lateral tem somente 23 anos e pode ganhar caule numa Big 5. Ainda assim, Juan Bernat não consegue assegurar a posição sozinho e tanto Morato, como Aursnes são necessários nas suas posições de origem. Com isto, o Benfica devia atacar o mercado já a pensar em 2024/25, ou seja, assegurar alguém que saiba que irá fazer parte do plantel para a próxima época, acompanhado previsivelmente por David Jurásek. Ao mesmo tempo, terá que ser um elemento que possa oferecer rendimento imediato, pois a turma da Luz está envolvida em quatro frentes.
Neste caso, existe o “azar” de não existir um elemento na formação com capacidade para subir um degrau, ao contrário do que acontece em outros postos, ou em outros clubes. O scouting, que seguramente trabalhou em vários nomes na primeira metade da época, terá que ser seletivo nos elementos a apresentar (Álvaro Fernández tem sido o mais falado, sendo que poderia ser uma boa opção, mas o Manchester United FC teria que terminar a cedência do galego ao Granada CF, sendo que atua igualmente a médio esquerdo, o que pode ser uma bela ajuda em jogos mais complicados, onde as águias terão que se fechar mais, como na Liga Europa, ou até em certos momentos contra Sporting, FC Porto ou SC Braga), num mercado em que os clubes não estão em saldos. O ativo que se quer comprar, provavelmente será mais caro em comparação com o seu hipotético preço no verão. Nenhuma equipa quer perder as suas mais-valias durante a época desportiva e isto aplica-se a qualquer caso.
Se a fonte for o mercado sul-americano, a situação é diferente. As equipas estão a entrar na pré-temporada e poderá haver margem negocial. Mas é precisamente desse continente que vai chegar um reforço para o Benfica que irá limitar o orçamento para a contratação de um lateral esquerdo. Marcos Leonardo custará 18 milhões de euros, oriundo do Santos FC e é um investimento para ser aposta (mais um nome “caro” para a frente de ataque, tal como Arthur Cabral, mas com diferentes caraterísticas).
Somado a Marcos Leonardo, não nos podemos esquecer que o Benfica procura igualmente um reforço para a lateral direita. Pedro Malheiro é nome mais badalado, sendo que o Boavista FC não está disposto a vencer o seu craque por um preço curto. Esta contratação terá um peso no orçamento de transferências, longe do de Marcos Leonardo. Claro que esta situação muda no caso da realização da venda de um ativo importante, mas é algo pouco provável. Roger Schmidt não aceitará perder ninguém por um valor abaixo da cláusula de rescisão. Podemos assistir ao maior investimento feito por um clube português no mercado de janeiro, se somarmos todas as cifras, sem esquecer Gianluca Prestianni, que já está fechado há algumas semanas.
O mercado de janeiro é curto e não é para o bolso de todos, mas o Benfica terá que o utilizar para reforçar certos lugares, incluindo o de lateral esquerdo, depois de ter falhado essa missão no verão. Hoje em dia é fácil escrever que Juan Bernat e David Jurásek (ainda) não resultaram. Porém, é igualmente uma tarefa simples concluir que é necessário algo mais, caso se queira ganhar algum troféu relevante em maio.
Morato e Aursnes poderiam aguentar o restante da temporada a lateral esquerdo? É bem possível, mas parte dos melhores atributos de cada jogador não seriam aproveitados."

Zero: Mercado - Francisco Moura, Tanlongo e Mika

A Verdade do Tadeia #2024/102 - Jornada de dificuldades

A Verdade do Tadeia #2024/101 - Conceição e as "mentiras"

14.º


"🔴⚪️ Orgulho Glorioso! O nosso Benfica brilha na lista dos clubes com a maior média de assistência no mundo em 2023! 🌍
Média de 59,125 adeptos. 🏟️
Isto não é apenas futebol, é uma demonstração de amor e dedicação. Somos mais que um clube, somos uma família unida pelo coração. ❤️
Viva o Benfica! 🦅"

E não é que tem razão?


"ANTÓNIO SILVA E JOÃO NEVES SÃO CONHECIDOS PELA VIOLÊNCIA...
... das suas entradas, pela forma ofensiva como se dirigem aos adversários ou pelos mergulhos e simulações para enganar equipas de arbitragem. De modo que terem só mais um amarelo na Liga do que Pepe e Eustáquio - dois modelos de bom comportamento - é uma boa razão para se afirmar que "nunca são admoestados, mesmo em situações flagrantes"!"

Crises!!!


"Aqui podem ver a tão badalada ‘Crise do Benfica’, que tantas capas e manchetes tem feito nos meios da comunicação social portuguesa, hoje bastante acentuada nas bancadas do Bessa, no jogo entre o Boavista e o FC Porto."

Também vale, pontapés na cabeça?!!!


"Os meninos especiais podem dar pontapés na cabeça que não se passa nada...
Não há amarelo, não há vermelho, vale tudo!!"

Os verdadeiros pontas-de-lança!!!


"O Benfica foi buscar um ponta de lança.
O Sporting foi buscar um defesa central.
O Putedo mandou nomear o Manuel Oliveira do Camarote no Dragão para o jogo com o Boavista.
É assim há 40 anos."

Tacuara, especialista em guarda-redes!!!

Eusébio - As histórias por trás dos objetos

Será, sempre o nosso Rei...

Eusébio confunde-se com o Benfica


"O tempo passa, a saudade cresce. Eusébio partiu há dez anos, deixando um vazio eternamente por preencher.
Ficou a memória de um homem extraordinário, dos melhores de sempre na sua arte de jogar futebol, porém sempre humilde, perante os justos e recorrentes elogios, assim como sempre que foi homenageado pelo Benfica, pelas mais diversas instituições e por milhares e milhares de adeptos.
Mas, também, sem falsa modéstia. Eusébio tinha plena consciência do seu relevantíssimo papel no Benfica e no futebol português, desempenhando-o, primeiro, como jogador, depois, assumindo-o apaixonada e empenhadamente como embaixador.
«Ambicionar um Benfica mais forte a cada dia é cumprir o ideal benfiquista tão nobremente personificado pelo nosso querido Eusébio»
Eusébio confunde-se com o Benfica. Quem quer que tenha tido o privilégio de o acompanhar além-fronteiras, é conhecedor do prestígio granjeado pelo clube por ter contado com Eusébio nas suas fileiras. No entanto, essa perceção nunca foi fomentada pelo próprio, ciente, em permanência, de que o Sport Lisboa e Benfica estará sempre acima de qualquer individualidade.
O seu legado é imenso e inspirador. Desde que nos deixou, o Benfica tem prosseguido num caminho de constante evolução e adaptação aos desafios com que se depara e Eusébio continua a acompanhar os benfiquistas. O seu exemplo e o seu benfiquismo são perenes, simultaneamente motivadores e orientadores! Ambicionar um Benfica mais forte a cada dia é cumprir o ideal benfiquista tão nobremente personificado pelo nosso querido Eusébio.
Como cantam os nossos: tu és o nosso rei, Eusébio."

O ‘King’ que partiu na véspera do seu dia, o Dia de Reis…


"Retalhos da vida de quem foi grande entre os grandes; o telefonema de Beckenbauer, o almoço com Di Stéfano e o convívio com Pelé...

Durante muitos anos, sempre que pensávamos numa manchete para A BOLA, era da praxe dizer, «a não ser que o Eusébio morra», porque, se tal sucedesse, não havia nenhuma notícia no Mundo que fosse mais importante. Até que esse dia chegou, a um domingo, na véspera do dia de Eusébio, o Dia de Reis. E era por King que o tratávamos, o epíteto que se lhe colou a partir do momento em que foi padrinho, no auge de Pelé, das botas Puma King, nos idos de 60 do século passado.
Em Moçambique, Eusébio da Silva Ferreira era conhecido por ‘Catembe’, uma bebida corrente nos bairros populares de Lourenço Marques, feita com metade de vinho tinto corrente e metade de Coca Cola. No Benfica, já nos anos 80, praticamente só o massagista Hamilton Marques da Pena, que já estava no clube quando Eusébio chegou, o tratava ainda por Catembe, mas toda a gente sabia a quem se referia.
Tive o privilégio de privar bastante com Eusébio, primeiro enquanto jogador e depois como jornalista. A partir de 1983/84, com Eriksson, o King passou a integrar as equipas técnicas do Benfica, com a missão específica de treinar os guarda-redes. Foram anos mágicos, que vivi juntamente com o Manuel Bento e o Neno, precocemente desaparecidos, e com o Silvino Louro, em que fazíamos tudo para ‘picar’ Eusébio e, então, sim, vê-lo caprichar nos remates.
O King já tinha mais de 40 anos, e o joelho que sofreu meia dúzia de operações - «nunca fui capaz de dizer não ao Benfica», foi o título de uma entrevista que muitos anos mais tarde lhe fiz para A BOLA – teria pelo menos 140, mas mesmo assim, quando lhe dizíamos, «estás velho e não marcas golos a ninguém», Eusébio afinava a sério, colocava meia dúzia de bolas à entrada da área e vingava-se como melhor sabia, humilhando-nos.
Porque não só fazia golo em cada bola que chutava, como ainda se dava ao desplante de, antes de rematar, dizer para onde ia enviar a bola. Quando isso sucedia, apesar de nem com asas conseguirmos deter os petardos do King, já tínhamos ganho o dia porque tínhamos sido testemunhas presenciais daquilo que Manuel Alegre, na sua sublima inspiração, escreveu:
«Havia nele a máxima tensão. Como um clássico ordenava a própria força, sabia a contenção e era explosão. Havia nele o touro e havia a corça. Não era só instinto, era ciência, magia e teoria já só prática. Havia nele a arte e a inteligência, do puro jogo e sua matemática. Buscava o golo mais que golo: só palavra. Abstração. Ponto no espaço. Teorema. Despido do supérfluo rematava e então não era golo: era poema.»
Passam hoje dez anos sobre o dia em que partiu, mas também posso dizer que estive, com o Vítor Serpa, a jantar com Eusébio e Cruz dos Santos, o único jornalista que estava no aeroporto da Portela à espera do menino que vinha de Moçambique com o nome de código de Ruth (quem não viu o filme de António Pinhão Botelho, que veja, porque é imperdível), no dia em que perfazia meio século da sua chegada a Lisboa. E que saudades das conversas com Eusébio (e umas quantas entrevistas também) na Tia Matilde, que o Tio Emílio transformou na sua segunda casa.
Recordar Eusébio é ver Wembley ou Celtic Park de pé a aplaudi-lo, é pertencer a uma equipa do Benfica que viajava pelo Mundo, e cada vez que Eusébio aparecia ninguém queria saber dos jogadores no ativo, é vê-lo ser grandes entre os grandes, como no dia em que, na entrega, organizada por A BOLA, da Bota de Ouro a Cristiano Ronaldo em Madrid, Alfredo Di Stéfano ignorou o conselho do Real Madrid e participou no almoço por nós organizado, especialmente para estar com o King, que tinha por Don Alfredo uma verdadeira devoção. Ou ainda estar, num encontro da European Sports Media em Munique com Franz Beckenbauer, e telefonar ao King porque o Kaiser queria cumprimenta-lo.
Aliás, nesse dia, tive oportunidade de brincar com Beckenbauer, monstro sagrado do futebol mundial, dizendo-lhe: «agora estou a entrevista-lo a si, mas já vivemos a situação inversa, quando foi a Lisboa fazer um documentário para a RTL sobre o Eusébio, e eu fui um dos jogadores ouvidos sobre o que representava poder conviver com um dos maiores de todos os tempos…»
De Eusébio tenho saudades, creio que, mesmo quem não o conheceu partilha este sentimento, porque se tratou de alguém que tocou as vidas de várias gerações. No dia do velório de Eusébio da Silva Ferreira, no salão, junto à águia do escultor Soares Branco, na porta 1, Luís Filipe Vieira, muito emocionado, disse-me: «toca-lhe no cabelo, está impressionantemente macio.» Assim fiz, e assim me despedi de um amigo que estava de partida para a morada eterna, no Panteão Nacional, onde pouco tempo depois foi repousar, junto aos maiores da Pátria.
Como nota final, é com muita satisfação que recordo que o primeiro trabalho que assinei em A BOLA, há mais de 20 anos, foi uma entrevista conjunta a Eusébio e Pelé. Uma hora e meia de conversa inesquecível, quinze minutos para registar ‘on record’, e o tempo restante para falar da vida…"

José Manuel Delgado, in A Bola

Eusébio - 10 anos sem a maior das papoilas saltitantes


"O Pantera Negra faleceu a 5 de janeiro de 2014. Tão lendário como Amália, Vasco da Gama, José Saramago, Fernando Pessoa ou Luís de Camões: confundem-se com Portugal

Dez anos é muito tempo, canta Paulo de Carvalho. E é. Completa-se hoje uma década sobre o desaparecimento de Eusébio da Silva Ferreira – ‘King’ para os mais amigos, Pantera Negra no mundo do futebol. Eusébio está para Portugal como Pelé para o Brasil. Ou Maradona para a Argentina. Ou Cruyff para os Países Baixos. Ou Platini para a França. Ou Beckenbauer para a Alemanha. É eterno.
Daqui a 100 anos, quando alguém se lembrar da atualizar a história de Portugal, estarão lá, porventura, nomes que ainda nos são hoje desconhecidos, mas Eusébio, o King, continuará lá. Tal como Amália Rodrigues, Vasco da Gama, Fernando Pessoa, Luís Vaz de Camões ou José Saramago, entre outros. Eusébio foi uma cometa que apareceu em 1961 e cuja órbita se tornou eterna.
Eusébio é do tempo das bolas de papel envolvidas em meias de senhora. Do tempo em que o futebol ainda não era comércio, antes apenas festa, lágrimas e risos. Em que havia televisão, mas em que o futebol não era dominado por ela. Em que os heróis falavam com qualquer um e o faziam sem ninguém a dizer-lhes o que deviam ou não deviam dizer. Era o futebol no estado puro. O futebol de Eusébio era o futebol de Hilário, o futebol de Pavão, o futebol de Simões, o futebol de Damas.
Escrever sobre Eusébio é escrever sobre o menino que festejou a conquista da Taça dos Campeões Europeus de 1962 com a camisola de Di Stéfano enrolada à volta da mão e enfiada nas cuecas. Ou sobre o famoso golo ao La Chaux-de-Fonds em que tabelou com Simões e, ao chegar à meia-lua da área, passou a bola por cima de um defesa, depois por cima de outro e, sem a deixar cair, rematou para o fundo da baliza. Sobre o Mundial de 1966, os quatro golos à Coreia do Norte, o golo ao soviético Lev Yashin e as lágrimas após o Inglaterra-Portugal. É escrever sobre as duas Botas de Ouro, a de 1968 e a de 1973. O golo falhado na final europeia de 1968 e as palmas dadas a Stepney e à sua improvável defesa. É escrever sobre os cinco golos ao Olympia.
Ou sobre ou golos ao amigo Vítor Damas. A cumplicidade com Simões, o seu irmão branco. Ou cada um dos 373 marcados no Campeonato Nacional. Ou cada um dos 41 na Seleção Nacional. Sobre os 11 campeonatos ganhos ao serviço do Benfica. Pelas passagens pelo futebol mexicano e norte-americano. Pelo título de melhor jogador da Europa ou pelas sete Bolas de Prata. Escrever ou falar sobre Eusébio é escrever sobre futebol e sobre Portugal. Simplesmente porque, mesmo dez anos após o desaparecimento da mais famosa papoila saltitante, Eusébio é futebol. E Portugal. Tal como Amália é fado e Portugal. Tal como Vasco da Gama é Descobrimentos e Portugal. José Saramago, Fernando Pessoa ou Luís Vaz de Camões são escrita e Portugal.
Eusébio da Silva Ferreira, King para os amigos, Pantera Negra para o futebol, nasceu a 25 de janeiro de 1942 e morreu, reza a lenda, a 5 de janeiro de 2014, completa-se hoje uma década. Parece, porém, que não será exatamente verdade. É que as lendas não morrem. Apenas fazem uma pausa da vida terrestre."

O mercado de janeiro no FC Porto


"«A janela de inverno devia servir para reajustes por algumas razões, como a lesão do Marcano, mas saírem 3 ou 4 vai dar sempre problemas. Ou têm qualidade inequívoca para entrarem de caras… ou o tempo de adaptação vai coincidir com as férias»
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto

Sérgio Conceição pôs travão, no final do ano passado, à chegada de muitos reforços ao FC Porto em janeiro. Lembrando as circunstâncias difíceis do clube mas defendendo também que raramente contratações a meio da época têm efeito imediato.
É normal que os adeptos olhem para os pontos fracos duma equipa e vejam como solução atirar dinheiro para o problema. Às vezes resulta, mas nem sempre. Muito menos com a época em andamento. E sobretudo com um treinador como Sérgio Conceição, que parece demorar a confiar nos reforços.
Mesmo que o FC Porto tivesse 8,4 milhões de euros para gastar num médio, conseguiria, em janeiro, ir buscar alguém melhor que Nico González, que custou esse valor? E o jogador que chegasse, jogaria logo ou teria de fazer a travessia do deserto que o espanhol, e tantos outros antes dele, tiveram de fazer?
Galeno, hoje um dos jogadores mais valiosos do FC Porto, foi contratado ao SC Braga no final de janeiro de 2022 e até final dessa época fez apenas um jogo a titular. Mas a questão não se aplica só a quem chega a meio da temporada. Pepê chegou no verão de 2021 e até dezembro entrou no onze duas vezes. Taremi e Evanilson também demoraram a afirmar-se. E Luis Díaz ficou 11 jogos no banco no primeiro semestre no Dragão.
Há exceções, claro, como Éder Militão, Uribe ou Alan Varela, nos quais Conceição apostou de imediato. Mas como o treinador do FC_Porto lembrou, o clube não tem capacidade para ir buscar estrelas; e sem pré-época para acelerar a adaptação, quando estivessem prontos para jogar estaria o campeonato a acabar.
Quer isso dizer que o FC_Porto não deve contratar? Não. Pelo menos um central é urgente. Mas fora essa necessidade premente, os jogadores que chegarem em janeiro devem fazê-lo para serem solução... em julho."

Disputa de poder


"Termina este ano o mandato atual dos órgãos da Federação. O seu presidente, em particular, não se poderá recandidatar por atingir o limite máximo do DL 93/2014 (regime jurídico das federações desportivas). O artigo 50.º impõe que ninguém pode exercer mais do que três mandatos seguidos no mesmo órgão federativo e, depois de concluídos os seus mandatos, os dirigentes não podem assumir funções durante o quadriénio imediatamente seguinte ao último mandato consecutivo permitido.
Gomes (entre outros) está out mas não se desligará das lides futebolísticas, pois foi eleito para o comité executivo da FIFA até 2027. A sua vida deverá tornar-se mais pacata, a não ser que venha a assistir à desconstrução daquilo que foi o seu plano estratégico 2020-2030. Dado que o avanço de Proença para a Federação é tão certo quanto o apoio que este vai receber das sociedades desportivas (SD’s) das 1.ª e 2.ª Ligas, questiono se Gomes não pretende antecipar uma jogada eleitoral e angariar um nome credível, ao seu gosto, para garantir a continuidade da sua pegada federativa e até do trabalho e sustento de alguns (para não dizer muitos) nomes que trabalham na Cidade do Futebol. Seria uma forma de evitar que o seu atual vice-presidente na Federação (Proença como presidente da Liga é, por inerência, vice na Federação e integra a Direção com base no n.º 3 do art. 41.º do DL 93/2014) transforme num ápice 12 anos de missão.
Basta ler a última entrevista de Gomes para se perceber a distância para o ex-árbitro. É patente a animosidade entre Liga e Federação. Proença já deve ter começado a contar as 55 espingardas (delegados) com poder de voto na AG da FPF: 20 representantes de clubes/SD’s de competições profissionais; 8 representantes de clubes/SD’s de competições não profissionais; 7 representantes dos clubes distritais ou regionais; 5 representantes de jogadores profissionais; 5 representantes de jogadores amadores; 5 representantes de treinadores das competições profissionais e não profissionais; e, finalmente, 5 representantes dos árbitros dos quadros nacionais e distritais ou regionais. Que pena não ser obrigatória a AG no clube Sport Lisboa e Benfica para autorizar e formalizar o apoio a Proença!"

Girona e Victoria Beckham: a mesma luta


"Liga espanhola tem uma das histórias mais bonitas para contar até agora. Girona partilha o topo com o Real Madrid, mas 'sejamos honestos'

Quem viu o documentário de David Beckham na Netflix dificilmente se esquecerá daquela porta entreaberta e da voz do ex-jogador a pedir à mulher, Victoria, que alegava pertencer a uma família de classe média: «Sê honesta». Ficamos a saber depois, através de um suave mas eficaz interrogatório do marido, que a ex-Spice Girl costumava ir para a escola no Rolls-Royce do pai.
Ao olhar para a classificação da La Liga, no início deste novo ano, vemos o Girona, sentado no sofá da liderança, partilhada com o galáctico Real Madrid. E, de imediato, é praticamente inevitável não torcermos pelo underdog, o pequeno clube que ainda há uns anos lutava para não descer à terceira divisão e que agora tem argumentos para, ao fim de 19 jornadas, disputar um título contra Bellinghams, Lewandowskis e Griezmanns.
No futebol como na vida, o fosso entre ricos e pobres continua a ser cavado de forma a que o sucesso dos menos afortunados se transforme numa espécie de conto de fadas, uma história que todos queremos que tenha um final feliz, com uma lição que nos encherá de esperança: afinal, é possível. Ainda é possível.
O sucesso do Girona será a vitória de todas as equipas que ainda acreditam que é possível, de todos os adeptos que ainda compram camisolas do clube local aos filhos antes que estes peçam uma de Mbappé ou Neymar, de todos os crentes que ainda rumam ao estádio ao domingo à tarde sem a dependência do multiecrã. O sucesso do Girona será a vitória do futebol, porque enquanto houver histórias como esta não há Superliga que se imponha.
Pequeno pormenor, no entanto: o Girona está nas mãos do City Football Group. Sim, por trás das listas vermelhas e brancas e dos calções azuis, está Sheikh Mansour e a sua fortuna, influência e sangue real. Ainda que a uma longa distância de poder dar 90 milhões de euros por um defesa, o Girona tem agora uma via aberta para transferências de clubes como o Manchester City, Barcelona ou Bayern Munique. A pérola Echeverri, por exemplo, irá 'rodar' por lá antes de chegar às mãos de Guardiola (ou quem estiver no banco dos citizens nessa altura).
Isto não justificará tudo, e certamente não apagará o excelente trabalho que tem sido feito internamente, com um futebol jogado no relvado que entusiasma, mas é o suficiente para entreabrirmos a porta e, com todo o amor aos contos de fadas, pedirmos com jeitinho: «Sejam honestos». O Girona vai em primeiro na La Liga sem ter o Rolls-Royce do Real Madrid, Barcelona ou Atlético. Mas também não nos queiram convencer que qualquer trabalhador da classe média podia estar ali."

Catarina Pereira, in A Bola

Aquecimento, excerto...

O Futebol é Momento, excerto...

Total, excerto...