Últimas indefectivações

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

MVP Chorão!!!

"A impunidade de Bruno Fernandes é uma coisa chocante. Está bem que hoje era o Lagarto Godinho de Borba mas porra...é demais!
O Senhor 70M€ (na cabeça dos lunáticos de Alvalade) passa os jogos inteiros a distribuir fruta e a insultar de toda as formas e feitios os árbitros. É o verdadeiro Bruno Vale Tudo! 
Impunidade total.
Não há um único cartilheiro do Benfica que fale disto todas as semanas nas TV´s nacionais? Cartilha fraquinha!"

Ao milímetro...!!!

"Sábado, 17 de Agosto de 2019, o mesmo dia e poucas horas de distância, em Portugal assistimos a isto. No jogo do Benfica, um fora de jogo “posicional”, de 30 cm (!), sem interferência na jogada, que resultou num golo anulado. No jogo de juniores do Porto, assistimos a um golo anulado ao Famalicão por fora-de-jogo, estando o jogador em jogo por uns bons 3 metros. Assim vai o futebol português."

O Boomerang das Emoções

"The people have the power
The people have the power
The people have the power
The people have the power.
Vivemos nos 30 segundos do Instagram ou do Twitter. Paredes de Coura ou Estádio da Luz, tudo é um vídeo, uma foto, uma frase, um meme, uma partilha. Tudo é um momento. A emoção é curta mas intensa. Vivem-se rapidinhas emocionais e ninguém quer os altos e baixos de um concerto ou de um jogo. Golo, falta, amarelo, é tudo um orgasmo preso. Com ou sem VAR.
Não sei se o concerto da Patti foi o que teve mais público em Coura, mas pareceu. Ouviu-se. A idade (ainda) é um posto. No palco, no público, no campo, nas bancadas. Houve rock. E é bom ter rock e uma t-shirt preta num mundo de glam e patrocínios berrantes. Os clubes apresentam fanzones bem ao gosto das marcas e dos clientes, os festivais oferecem experiências ao ritmo do brinde fácil. Todos ganham. Todos menos os adeptos e os melómanos porque este país não é para velhos.
O público actual é fraco! Todos são mais exigentes com a banda e com a sua equipa do que nos seus próprios trabalhos. Ou então não é exigência mas apenas apatia. Todos querem filmar o momento e a magia que se vive em volta mas arriscam fazer pouco. Ou nada. Os outros que façam, cantem, votem, enquanto actualizamos o status e fazemos umas stories-caça-likes. Críamos e alimentámos o Inferno da Luz e o «melhor público do mundo», e agora assistimos impávidos ao triunfo dos porcos, dos singles, dos ídolos de pés de barro. Todos têm o futuro-pântano que merecem. Discordam? Provem-me o contrário. Conseguem cantar um pouco mais no próximo concerto, gritar um pouco mais no próximo jogo? O poder é nosso, o Benfica é nosso. Queremos ser o Union ou o Leipzig?"

Angola e Brasil (Comunidade Lusófona) no Mundial de Basquetebol China - 2019

"Pela primeira vez na história do “FIBA Basketball World Cup” que decorrerá entre 31 de Agosto e 15 de Setembro próximo, em oito das mais importantes cidades da China (Beijing, Wuhan, Guangzhou, Fosham, Shanghai, Nanjing, Shenzhen e Dongguan) vão estar presentes 32 selecções nacionais. Por esse facto, foram construídos novos pavilhões e os que já existiam sofreram melhoramentos para se tornarem mais funcionais. Por outro lado, a descentralização programada dos jogos das 32 melhores selecções mundiais, oriundas dos cinco continentes, vai proporcionar espectáculos memoráveis aos jovens chineses funcionando como o mais relevante meio de promoção do basquetebol no país com mais habitantes do nosso planeta. Vejamos, então, a população de cada cidade e a cuidada distribuição por grupos, com cabeças de série complementado por sorteio, das respectivas selecções pelos diferentes locais de competição:
A – Beijing (16.704 milhões) (Costa do Marfim, Polónia, Venezuela e China);
B – Wuhan (7.541 milhões) (Rússia, Argentina, Coreia e Nigéria);
C – Guangzhou (10.641 milhões) (Espanha, Irão, Porto Rico e Tunísia);
D – Foshan (6.771 milhões) (Angola, Filipinas, Itália e Sérvia);
E – Shanghai (20.217 milhões) (Turquia, República Checa, USA e Japão);
F – Nanjing (5.827 milhões) (Grécia, Nova Zelandia, Brasil e Montenegro);
G – Shenzhen (10.358 m.)(Rep. Dominicana,França,Alemanha e Jordania);
H – Dongguan (7.271 milhões) (Canadá, Senegal, Lituania e Austrália).
A presença no Mundial China 2019 das selecções de Angola e Brasil, membros activos da Comunidade Lusófona, são uma enorme satisfação para todas as nações e comunidades de língua portuguesa e, simultâneamente, a confirmação de que, em matéria de basquetebol, estas duas grandes nações são duas referencias à escala mundial atendendo a que, ao longo da história da modalidade, têm alcançado grandes êxitos de âmbito regional e internacional em representação dos respectivos continentes, África e América.

Historial
Esta competição, designada até 2006 (quase seis décadas) por “World Championship for Men”, teve o seu início na Argentina, em 1950, com a participação de 10 selecções nacionais tendo a equipa da casa conquistado o título mundial, ao vencer na final a formação dos USA. A equipa do Chile ficou na 3ª posição. Desde esse arranque inicial, já se efectuaram 17 eventos deste quilate, sendo os cinco primeiros na América do Sul (1950, 1954, 1959, 1963, 1967), ou seja, no continente que menos danos sofreu durante a 2ª guerra mundial. Duas décadas após o seu início, os campeonatos mundiais de basquetebol entraram numa fase fundamental do desenvolvimento da modalidade à escala global, na qual a descentralização da competição se tornava necessária e decisiva. Assim, a federação internacional (FIBA) decidiu realizar a prova mundial de 1970 na Europa, concedendo a organização à ex-Jugoslávia, então a maior potência basquetebolística do continente europeu. Contudo, na competição mundial seguinte (1974) a gestão do evento foi entregue, novamente, a um país do continente americano, Porto Rico, localizado na zona central das Américas.
Entretanto, quatro anos mais tarde (1978) assistiu-se a uma segunda tentativa de descentralização através de um salto para outro continente, o asiático, com uma nova estreia organizacional a das Filipinas. Posteriormente, esta sequência processual não foi bem gerida pelos responsáveis da federação internacional, pois teria sido oportuno evitar a repetição, a curto prazo, do evento na América do Sul. No entanto, a FIBA face às candidaturas apresentadas optou por efectuar a competição raínha do basquetebol internacional, em 1982, na Colômbia. Resumindo, dos nove campeonatos mundiais realizados, até aquela data, seis foram na América do sul, um na Europa, outro na Ásia e, ainda, outro na América central o que, de certa maneira, era desanimador para quem pretendia desenvolver a modalidade de forma equilibrada em todos os continentes.
A partir de 1982 o processo de candidaturas começou a funcionar de uma forma mais ajustada ao desenvolvimento global pretendido para a modalidade e mais consentânea com a necessidade de descentralizar a competição de uma forma equilibrada pelos vários continentes. Assim, os eventos seguintes foram efectuados em Espanha (1986), Argentina (1990), Canadá (1994), Grécia (1998), USA (2002), Japão (2006), Turquia (2010), Espanha (2014) e, este ano, na China. Esperamos que as condições económicas de âmbito regional não condicionem a atribuição ao continente Africano e à Oceania os futuros “FIBA Basketball World Cups”

Campeonatos/Classificações
1950/Argentina - Classificação: 1º Argentina, 2º USA, 3º Chile;
1954/Brasil – Classificação: 1º USA, 2º Brasil, 3º Filipinas;
1959/Chile – Classificação: 1º Brasil, 2º USA, 3º Chile;
1963/Brasil – Classificação: 1º Brasil, 2º Jugoslávia, 3º União Soviética;
1967/Uruguai – Classificação: 1º União Soviética, 2º Jugoslávia, 3º Brasil;
1970/Jugoslávia - Classificação: 1º Jugoslávia, 2º Brasil, 3º União Soviética;
1974/Porto Rico – Classificação: 1º União Soviética, 2º Jugoslávia, 3º USA;
1978/Filipinas – Classificação: 1º Jugoslávia, 2º União Soviética, 3º Brasil;
1982/Colombia – Classificação: 1º União Soviética, 2º USA, 3º Jugoslávia;
1986/Espanha – Classificação: 1º USA, 2º União Soviética, 3º Jugoslávia;
1990/Argentina – Classificação: 1º Jugoslávia, 2º União Soviética, 3º USA;
1994/Canadá – Classificação: 1º USA, 2º Rússia, 3º Croácia;
1998/Grécia – Classificação: 1º Jugoslávia, 2º Rússia, 3º USA;
2002/USA – Classificação: 1º Jugoslávia, 2º Argentina, 3º Alemanha;
2006/Japão – Classificação: 1º Espanha, 2º Grécia, 3º USA;
2010/Turquia) – Classificação: 1º USA, 2º Turquia, 3º Lituânia;
2014/Espanha – Classificação: 1º USA, 2º Sérvia, 3º França.

Medalhados
USA (12 medalhas) 5 títulos (1954, 1986, 1994, 2010, 2014) 2º lugar (1950, 1959, 1982) 3º (1974, 1990, 1998, 2006); Jugoslávia (10 medalhas) 5 títulos (1970, 1978, 1990, 1998, 2002) 2º lugar (1963, 1967, 1974) e 3º (1982,1986);
URSS (8 medalhas) 3 títulos (1967, 1974, 1982) 2º lugar (1978, 1986, 1990) 3º (1963, 1970);
Brasil (6 medalhas) 2 títulos (1959, 1963) 2º lugar (1954, 1970) 3º (1967, 1978);
Argentina (2 medalhas) 1 título (1950) 2º lugar (2002);
Espanha (1 medalha) 1 título (2006);
Rússia (2 medalhas) 2º lugar (1994,1998);
Chile (2 medalhas) 3º lugar (1950, 1959);
Filipinas (1 medalha) 3º lugar (1954);
Croácia (1 medalha) 3º lugar (1994);
Alemanha (1 medalha) 3º lugar (2002);
Grécia (1 medalha) 2º lugar (2006);
Turquia (1 medalha) 2º lugar (2010);
Sérvia (1 medalha) 2º lugar (2014);
França (1 medalha) 3º lugar (2014).
Os maiores opositores, em termos desportivos, aos norte americanos e outras selecções dos países ocidentais, foram sempre as formações da ex-Jugoslávia e da ex-União Soviética que através do seu sistema político/desportivo conseguiram apresentar super/selecções que incluíam atletas oriundos das nações sob a sua tutela. Depois das alterações políticas verificadas naquelas duas super potencias do basquetebol, surgiram novas nações independentes que já começaram a mostrar resultados surpreendentes a nível internacional. A Eslovénia é o actual campeão europeu e a Sérvia, República Checa, Lituânia e Montenegro conseguiram o apuramento para este mundial. No actual ranking internacional a Sérvia ocupa o 4º lugar, o 6º a Lituânia, o 7º a Eslovénia, o 9º a Croácia, o 15º a Letónia, o 19º a Ucrânia, o 24º a R. Checa e o 26º a Georgia, o que é surpreendente em termos de desenvolvimento da modalidade ao mais alto nível.

Melhores jogadores (MVPs)
1950 – Oscar Furlong (ARG),
1954 – James Kirby (USA),
1959 – Passos Amaury (BRA),
1963 – Vlamir Marques (BRA),
1967 – Ivo Daneu (JUG),
1970 – Sergei Belov (URS),
1974 – Dragan Kicanovic (JUG),
1978 – Dragen Dalipagic (JUG),
1982 – Rolando Fraser (PAN),
1986 – Drazen Petrovic (JUG),
1990 – Toni Kukoc (JUG),
1994 – Shaquille O´Neal (USA),
1998 – Dejan Bodiroga (JUG),
2002 – Dirk Nowitzki (ALE),
2006 – Pau Gasol (ESP),
2010 – Kevin Durant (USA),
2014 – Kyrie Irving (USA).
Os melhores jogadores em cada evento, foram sempre atletas de enorme qualidade, com percursos notáveis quer nas suas selecções quer na NBA. Figuras incontornáveis na história do basquetebol, em diferentes épocas, que maravilharam todos aqueles que tiveram a oportunidade de os ver jogar. Do continente americano tiveram essa distinção James Kirby, Shaquille O´Neal, Kevin Durant e Kyrie Irving (USA), Passos Amaury e Vlamir Marques (Brasil), Oscar Furlong (Argentina) e Rolando Fraser (Panamá). Da Europa foram galardoados como MVP os jugoslavos: Ivo Daneu, Dragan Kicanovic, Dragen Dalipagic, Drazen Petrovic, Toni Kukoc e Dejan Bodiroga, assim como Sergei Belov (Rússia), Dirk Nowitzki (Alemanha) e Pau Gasol (Espanha). Quer dizer, mais europeus (9) do que americanos (8) com uma acentuada presença dos atletas oriundos da antiga Jugoslávia (6). 

Modelo de competição
Face ao considerável aumento do número de selecções dos diversos países participantes no “FIBA World Basketball Cup” o sistema competitivo teve que ser reformulado. Assim, apresentamos o novo modelo de competição exclusivamente adoptado para esta competição:
1ª Fase (31 Agosto a 5 de Setembro)
Na 1ª fase as selecções dos 32 países encontram-se distribuídas por 8 grupos de 4 equipas cada, tal como foi indicado anteriormente disputando, entre si, o apuramento dos dois primeiros classificados de cada grupo para a 2ª fase (1º ao 16º classificado).
2ª Fase (6 a 9 de Setembro)
Nesta fase as 16 selecções apuradas da fase anterior são novamente agrupadas de acordo com a seguinte distribuição:
Grupo I - Foshan (1º e 2º do grupo A e 1º e 2º do grupo B);
Grupo J - Wuhan (1º e 2º do grupo C e 1º e 2º do grupo D);
Grupo K - Shenzhen (1º e 2º do grupo E e 1º e 2º do grupo F);
Grupo L - Nanjing (1º e 2º do grupo G e 1º e 2º do grupo H).
Em cada grupo as equipas jogam entre si para apuramento dos dois primeiros classificados para a fase final.

Fase final
Quartos de final (10 e 11 de Setembro)
As oito selecções apuradas da fase anterior disputam entre si a passagem às meias finais de acordo com a seguinte fórmula: 
Dongguan - (1º do grupo I – 2º do grupo J) (1º do grupo K – 2º do grupo L)
Shanghai – (1º do grupo J – 2º do grupo I) (1º do grupo L – 2º do grupo K)

Jogos de Classificação do 5º ao 8º lugar (12 a 14 de Setembro)
Os jogos de classificação do 5º ao 8º lugar são disputados entre as equipas eliminadas nos quartos de final e são necessários porque o ranking final do “FIBA Basketball World Cup 2019” será utilizado para qualificar directamente 7 selecções para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e, ainda, seleccionar 16 equipas para os Torneios FIBA de qualificação para os Jogos Olímpicos.

Meias finais (13 de Setembro)
As meias finais serão efectuadas na cidade de Beijing entre os vencedores dos quatro encontros dos quartos de final da seguinte maneira: 
Beijing – (vencedores dos jogos realizados em Dongguan)
Beijing – (vencedores dos jogos realizados em Shanghai)

Apuramento do 3º lugar (15 de Setembro)
Beijing - Jogo entre as selecções eliminadas nas meias finais para atribuição da medalha de bronze. 

Final (15 de Setembro)
Beijing - Jogo entre as selecções vencedoras das meias finais para atribuição do título de Campeão Mundial e das respectivas medalhas de ouro e prata.

Favoritos
Se analisarmos os resultados dos dois últimos mundiais e, também, os Rankings da FIBA à escala internacional, tudo apontaria como grande favorita para a conquista do terceiro título consecutivo a equipa representativa dos USA. Contudo, a onda de lesões dos seus principais jogadores, a necessidade de recuperação da exigente competição profissional norte americana e o facto da época da NBA ter início uma semana após o final do campeonato mundial, são factores que condicionam a disponibilidade dos atletas, na casa dos trinta anos, com contratos milionários. Não se pode obrigar atletas profissionais a participar numa competição desta envergadura, nesta altura do defeso, pondo em risco a sua integridade física que, eventualmente, os impeça de cumprir o contrato de trabalho que assinaram com uma equipa da NBA ou de qualquer outra liga profissional de outro continente. No entanto, apesar da ausência da maioria dos jogadores que conquistaram o Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos no Rio- 2016, a FIBA continua a indicar a selecção dos Estados Unidos como a principal favorita, logo seguida das formações da Sérvia, Grécia e Espanha."

A nostalgia é um campo de estrelas

"Recordar Archie Hunter à beira de uma pateira sem patos. A morte repetia-se nos campos de Inglaterra. Para todos os gostos

Por mais que estique a vista, por entre o lusco-fusco, não vejo patos vogarem nas águas da pateira. A noite foi caindo, plácida, sobre as mesas de madeira que ficam à beira dos juncos e das canas, narcisos à superfície. A gente vai fumando «biris» indianos, aquele cheiro forte a tabaco queimado, só folha, sem papel. Uma pateira sem patos. Águeda e o ponto mais alto das memórias. O Major discute com o David, o chef, os pratos e as guarnições e nada como um Major para discutir guarnições, quem pode perceber mais de guarnições do que um Major?, mesmo que Major só de nome, Joaquim e tudo.
Regressar a casa é regressar aos amigos e às conversas que Lisboa interrompe, por vezes meses a fio. Eira do Pato Ougado, eis um novo nome, com chiste, palavras atrás de palavras atrás de palavras com silêncios abruptos pelo meio que o Xauleta não deixa que se imponham porque o Xau não gosta de silêncios e tem a necessidade de os estilhaçar com gargalhadas incontroláveis e epidémicas.
Passam espanholas:
«Espérame en el cielo corazón
Si es que te vas primero
Espérame que pronto yo me iré
Allí donde tú estés».
Por que é que até no riso, me lembro da morte? Eu vinha para aqui, para estas letras, escrever sobre a morte, e ela não demorou a chegar. Talvez porque a cada regresso a casa, há sempre alguém que falta, algum de nós que se ficou pelo caminho, que não respeitou a chamada de uma reunião de amigos num sereno pacífico sobre o qual mandam as estrelas. Alguma delas será algum deles?
Hunter é nome de caçador. Os caçadores vinham por aí, pelas margens do Cértima e do Águeda, disparando sobre os patos e sobre as narcejas. Outros vinham para a caça à cana e à sediela, quero dizer, a pesca do achigã. «O futebol também é uma caça», dizia Hunter. Ou melhor, escreveu Hunter no seu livro Triumphs of The Football Field, Narrated by Archie Hunter, The Famous Villa Captain. «Quantos morreram nessa caçada? Queremos ganhar, batemo-nos para ganhar, mas muitos de nós caiem no campo. Jogamos nas situações mais duras. Sob o frio mais extremo, por vezes. O meu camarada Yates apanhou uma terrível constipação por jogar num terreno repleto de neve. Depois veio a pneumonia. E a morte». O próprio Hunter veio a saber do que falava. Durante um jogo sofreu um ataque cardíaco e teve de ser levado de urgência para o hospital. Morreu com 35 anos, não muito após esse episódio. Claro que isto foi há muito, muito tempo. Em 1890.
A morte rondava os campos de futebol. A sombra sinistra da senhora da gadanha entornava-se sobre os rectângulos de Inglaterra e Hunter dedicou parte da sua curta existência a alertar para um fenómeno preocupante. Jovens, praticamente crianças. James Dunlop, do St. Mirren, chocou cabeça com cabeça com um adversário. Do golpe adveio o tétano. E a morte. Joseph Powell, do Arsenal, levantou a perna para disputar uma bola e acertou no ombro de um adversário. Caiu e fez uma fractura exposta no úmero direito. O outro agarrou-se ao ombro e desmaiou. A imagem do osso de Powell perfurando a pele foi demais para a sua sensibilidade. Joseph foi amputado pela zona no omoplata. De pouco lhe serviu. Morreu dois dias depois. Tinha 26 anos.
Num artigo publicado numa revista de medicina, The Lancet, no dia 22 de Abril de 1899, surgiu uma estatística: nos oito anos anteriores, as vítimas mortais do futebol e do râguebi atingiram o número brutal de 96. Alguns especialistas insistiram que os principais motivos de tal razia assentavam na frequência dos choques cranianos. Mas havia mortes para todos os gostos. Di Jones, do Manchester City, rasgou um joelho, a rótula saltou-lhe como se impulsionada por uma mola. Septicemia. Condenado! Thomas_Blackstock, do Manchester United: simplesmente colapsou em campo. Relatório da autópsia: «Causas naturais». A naturalidade da morte.
Archie Hunter viveu depressa, morreu cedo e foi um cadáver bonito, como era prática dizer-se. Com seu bigodinho meio trocista tinha tocado num ponto doloroso. E fornecera aos detractores do futebol uma arma potente para combaterem a imparável popularização do jogo.
Mas nem a maldita morte tinha força para acabar com uma das expressões mais entusiásticas da vida. Archie, na verdade, não morreu. Tanto assim que aqui está, como se conversasse, alegremente, entre nós. «Archie Hunter was a prince of dribblers. It was not an unusual performance of his to start at the half way mark, and dribble through the whole of the opposing team! He would not lose the ball until he had literally dribbled it between the posts», escreveram no seu epitáfio. O príncipe dos dribles. Olho para o alto. A nostalgia é um campo cintilante de estrelas pendurado no céu de Fermentelos."

Quebrando o enguiço

"Foi uma extraordinária festa do futebol o jogo deste sábado no Jamor. Da nossa parte, missão cumprida com enorme qualidade frente a um adversário mais uma vez muito difícil e que na época passada nos tinha ganho cinco pontos.
Num relvado longe da qualidade que se exige, começámos da melhor forma este ciclo muito difícil de três jornadas em que defrontaremos de seguida dois dos candidatos ao título.
A equipa voltou a demonstrar elevada segurança na defesa e forte resiliência e criatividade no ataque, sobressaindo a abnegação com que todos os jogadores lutaram em prol da equipa.
Parabéns também ao incansável apoio e mobilização dos benfiquistas que transformaram o Jamor numa imensa mancha vermelha e branca. Conforme Rúben Dias afirmou, foi um “ambiente incrível”, atestando, uma vez mais, a comunhão perfeita vivida, no presente, entre todos.
Com esta vitória e sob o comando de Bruno Lage, o Benfica passa a contar com vitórias sobre todos os seus adversários da primeira liga (dos actuais primodivisionários, Lage só não defrontou Famalicão e Gil Vicente na Liga NOS), numa impressionante média de 95,2% de vitórias e 3,76 golos marcados por jogo, claramente acima dos 68,2% de vitórias ou dos 2,41 golos marcados por jogo conseguidos ao longo da história até Lage ter assumido o comando técnico da nossa equipa A. 
Agora toda a concentração e foco passa para o próximo desafio, um dos clássicos do futebol nacional, um Benfica-FC Porto que esperamos que seja um grande espectáculo com desportivismo dentro e fora do campo e que prestigie o futebol português.
Usando o lema que Rafa usou com confiança, ambição e humildade, “vamos por muito mais” procurar, jornada a jornada, superar cada jogo e cada obstáculo, certos do rumo que tem sido seguido.
Uma nota final para a necessidade de se proteger o talento. Qualquer que seja a cor do clube e jogadores – existindo esta referência porque Rafa começa a ser alvo e vítima de sucessivas faltas e entradas muito duras como única forma de o parar – apela-se somente por uma criteriosa e rigorosa aplicação das leis do jogo que termine com esta espécie de “caça ao Rafa”."

Bernardo...

João, tu brincas!

"Continua a ser um jogador ainda com mais potencial do que rendimento. E isto quando já está no topo do mundo só em rendimento!
A forma como tecnicamente “limpa” bolas que chegam com “picos” é uma verdadeira delícia.
A sua estreia na Liga Espanhola no Atletico x Getafe foi de um nível pornográfico – Porque jogar bem não é apenas ter notoriedade – Também a teve – é criar condições a cada acção para que a sua equipa e os seus colegas tenham sucesso. Cada domínio e toque na bola, mantendo a posse mesmo em condições impossíveis para praticamente qualquer outro jogador de futebol, é um hino e uma delícia para quem é apaixonado pela beleza deste jogo."

Entrelinhas do Desporto: Match Fixing na Turquia

"O referido caso é sobre viciação de resultados e, portanto, corrupção no mundo do futebol e envolve a FIFA, a UEFA, a Federação Turca de Futebol (“TFF”) e dois clubes da Superliga da Turquia.
As esperanças do Trabzonspor de anular o resultado da Superliga Turca de 2010/2011 parecem ter terminado após o recurso ter sido rejeitado pelo Tribunal de Arbitragem do Desporto.
Na época 2010/2011 da Super Liga turca, o clube turco Fernerbahçe conquistou o primeiro lugar, enquanto o Trabzonspor ficou em segundo.
No entanto, mais tarde, em 2011, várias pessoas são presas na Turquia por manipulação de resultados e, em Agosto de 2011, a Federação Turca retira o Fernerbahçe da Liga dos Campeões da UEFA 2011/2012 e substitui-o pelo Trabzonspor.
Em Dezembro de 2011, a Federação Turca publica um relatório que contém vários actos de manipulação de resultados envolvendo funcionários (incluindo o Presidente e o Vice-Presidente) de Fernerbahçe, e, subsequentemente, sancionou os 3 oficiais, em 2012, mas não puniu o Clube. 
Entretanto, o Trabzonspor apresentou um recurso à Federação Turca para ser assim declarado campeão da época 2010/2011. A resposta da Federação Turca: uma vez que apenas alguns funcionários da Fernerbahçe (incluindo o presidente e vice-presidente!) estavam envolvidos na manipulação de resultados, não ficou provado que os outros membros da direcção estavam cientes dessas actividades e, portanto, não poderiam ser responsabilizados. Em 2012, a Federação Turca decidiu que o Trabzonspor não tinha o direito de recorrer contra uma decisão de sancionar outro clube.
Enquanto isso, o tribunal penal turco descobriu que uma organização criminosa havia sido formada sob a liderança de Aziz Yildirim, o presidente da Fernerbahçe e que a actividade de manipulação de resultados e incentivos por parte do clube havia ocorrido com relação a 13 jogos durante o ano de 2010/2011. O presidente do Cube foi condenado a 6 anos de prisão, mas foi, após passar 1 ano na cadeia, por recurso às instâncias superiores, em 2015, absolvido junto com outros 35 arguidos por falta de provas.
Após a recusa do recurso pela Federação Turca de Futebol, o Trabzonspor solicitou em 2012 à UEFA que sancionasse Fernerbahçe pela manipulação de resultados. A UEFA abriu processos disciplinares contra o Fernerbahçe, mas não contra a Federação Turca.
Em 10 de Julho de 2012, o organismo de recursos da UEFA excluiu Fernerbahçe de duas competições consecutivas da UEFA por violação do princípio de lealdade, integridade e desportivismo (art. 5, Regulamentos disciplinares da UEFA) que o CAS confirmou em 2013 (processos CAS 2013 / A / 3256). No entanto, a UEFA recusou-se a intervir a nível nacional na Turquia para declarar o Trabzonspor campeão da época 2010/2011, alegando falta de competência. O CAS confirmou sua decisão. (Proceedings CAS 2015 / A / 4343). Em 2015, o Trabzonspor fez uma petição à UEFA para sancionar a Federação Turca, uma vez que não sancionou Fernerbahçe a nível nacional.
Por carta de Junho de 2011, o Trabzonspor informou o presidente da FIFA, Blatter, da história da manipulação de resultados e, em 2013, o Trabzonspor apresentou uma queixa oficial à FIFA solicitando que intervenha de acordo com o Código Disciplinar da FIFA e retire o título do Fenerbahçe na época 2010/11 e declarando que a Federação Turca de Futebol havia violado os estatutos da FIFA. A FIFA respondeu mais de um ano depois afirmando que, desde que a UEFA esteve envolvida, a intervenção do Comité Disciplinar da FIFA foi “inoportuna”. Em Julho de 2017, o Trabzonspor apresentou uma queixa formal ao Comité de Ética da FIFA e ao Comité Disciplinar da FIFA (“FIFA DC”) contra a Fernerbahçe e a TFF.
Em 2018, o Secretário da FIFA DC enviou uma carta ao Trabzonspor a informar que não estava em posição de intervir, uma vez que “parece que o caso foi processado em conformidade com os princípios fundamentais da lei” depois de ter analisado cuidadosamente os documentos relevantes, em particular, as decisões do Comité Disciplinar do TFF prestadas em maio de 2012 e a decisão da Câmara de Apelações do TFF proferida em 4 de Junho de 2012. (Desde quando o “não sancionamento-match-fixing” é o cumprimento dos princípios fundamentais de direito, realmente FIFA?).
Em Abril de 2018, o Trabzonspor interpôs recurso junto do Comité de Apelação da FIFA. No entanto, por carta, datada de 27 de abril de 2018, o vice-secretário da FIFA AC escreveu ao Trabzonspor, dizendo que “de acordo com o artigo 118.º do Código Disciplinar da FIFA, uma vez que o Trabzonspor não era parte no processo, Trabzonspor não podia recorrer da decisão.
Em Maio de 2018, o Trabzonspor apresentou recurso no CAS contra a recusa da FIFA DC em intervir na viciação de resultados, tendo sido ouvido em Março deste ano. Por comunicado o Tribunal Arbitral do Desporto disse: “Tendo considerado as provas conclui-se que o Trabzonspor não tinha legitimidade para processar a FIFA e, consequentemente, não tinha legitimidade para recorrer contra ela.”
Depois desta decisão do tribunal Arbitral do Desporto, só podemos concluir que a tolerância zero contra a corrupção da UEFA, da FIFA e do Tribunal Arbitral do Desporto é uma falácia."

Benfiquismo (MCCLXVI)

Braços ao ar...!!!

Jamor... aquilo que 'escapou' à PorkosTV!!!

Quanto vale um clássico?

"Não, não é um texto sobre carros antigos. Trata-se de uma tentativa de analisar e antever a importância de um clássico entre SL Benfica e FC Porto jogado num momento precoce da temporada. É mais do que um jogo? Vale mais do que os pontos em disputa? Pode revelar-se um ponto marcante ou até de viragem no campeonato?
A expectativa que o precede, a romaria ao estádio que gera, o impacto mediático que causa, a qualidade das equipas que o disputam e a dimensão dos clubes em questão impedem qualquer pessoa de menosprezar um clássico com chavões do género “É só um jogo”. É mais que isso. É uma festa – muitas vezes arruinada por quem utiliza o futebol como um subterfúgio para expor as suas competências violentas e as suas incompetências civilizacionais (par inseparável) –, é um hino ao futebol quando bem jogado, é a reunião de 159 títulos nacionais e internacionais (incluindo 65 ligas portuguesas e quatro Taças dos Campeões Europeus/Liga dos Campeões), é o confronto de duas histórias e dois historiais por poucos clubes igualados e por menos suplantados no panorama futebolístico mundial.
Sendo tudo isto – e mais –, reveste-se inevitavelmente de uma importância muito grande para todos os envolvidos. O resultado e a performance, por esta ordem, podem ditar o futuro próximo de treinadores, jogadores, dirigentes. Nesse sentido, pode ser decisivo. No entanto, como temos visto nos últimos anos, vencer ambos os clássicos não é sinónimo de conquista do campeonato. Assim, dificilmente um clássico – ou mesmo os dois – é decisivo para a conquista do campeonato. Importante, claro, mas não decisivo numa maratona de 34 jogos.
Olhando para o clássico da próxima jornada percebemos isso. Uma vitória do FC Porto deixa os rivais igualados a 31 jornadas do fim. Um empate deixa uma brecha de três pontos entre ambos e uma vitória do SL Benfica abre uma vantagem de seis pontos favorável ao clube da Luz, mas que não é irrecuperável, como vimos em anos anteriores. Todavia, olhando para o contexto em que surge percebemos também a importância do jogo para o futuro dos envolvidos, como referi acima.
A má entrada na época por parte do FC Porto torna uma vitória azul e branca na Luz quase uma obrigação, podendo uma derrota portista ter repercussões que se poderão fazer sentir em toda a estrutura do vice-campeão. Por outro lado, uma derrota encarnada pode ter o condão de arrefecer os ânimos benfiquistas e tirar a graça ao estado em que se encontram os encarnados. Um mau resultado, por se tratar de um jogo que é mais do que isso, terá que ser compensado na jornada seguinte. Assim, não é despiciendo o facto de nessa jornada o FC Porto receber o Vitória SC e o SL Benfica visitar o SC Braga. Vencer o clássico ganha ainda maior carácter de urgência.
No meio de tudo isto, importa não descurar os “direitos de gabação” que estão em jogo, na perspectiva dos adeptos e associados dos dois clubes. Vencer um campeão europeu por duas vezes aumenta o ego e orgulha qualquer adepto. Vencer um rival tem o mesmo efeito. Vencer um rival campeão europeu por duas vezes tem um efeito que é mais do que a soma dos efeitos em separado – é um dos raros casos em que 1+1 não é igual a 2.
Posto isto, o clássico vale mais do que os pontos em disputa e é mais do que um jogo, podendo ser um ponto marcante ou de viragem no campeonato e na época. No entanto, não sendo o único, não poderá ser considerado o momento decisivo. No dia 24 de Agosto, a partir das 19 horas, disputa-se no Estádio do SL Benfica um jogo que é e vale mais do que um dito normal, um jogo a que vale a pena assistir, um jogo com potencial para ser um dos jogos do ano, mas que não decide o campeonato. Após o jogo, o foco, de um lado e do outro, terá que estar no que faltará jogar. Mas até lá, as atenções estarão centradas num jogo que é… um clássico!"

Três pontos estimulantes

"Neste Benfica que vale como um todo há uma tripla portuguesa que enche os relvados: Pizzi, Rafa e Florentino embalaram a equipa.

1. No Jamor Bruno Lage venceu Jorge Silas. Num Jamor vestido de vermelho o Benfica venceu com toda a justiça. E neste Benfica que vale como um todo há uma tripla portuguesa que enche os relvados. Pizzi e Rafa (marcaram) e Florentino (dominou o centro do relvado) embalaram o Benfica para uma vitória merecida mas difícil. E na baliza há um guarda-redes que, em instantes, segura a bola... que quer entrar. Do Algarve à Luz e ontem no relvado do Estádio Nacional - com uma relva que exige uma rápida revisão como se constata claramente! - eles mostram o seu valor, a sua imensa qualidade e seu sentido colectivo. Este Benfica tem de ser realista. Não é tempo de euforia. É tempo agora de preparar o jogo com o Futebol Clube do Porto, sabendo que importa sonhar com a vitória. Sabendo que as goleadas acontecem mas não se repetem. Sabendo que cada jogo é uma final. Sabendo que cada jogo implica a conquista de três pontos. E os próximos jogos são bem estimulantes. Bruno Lage face a Sérgio Conceição e, depois, frente a Ricardo Sá Pinto. Sabendo todos que este Benfica vale pelo todo. E todo são os jogadores, a equipa técnica, o Presidente e a competente estrutura e, como se provou ontem, os fiéis e apaixonados adeptos. E esta sintonia é uma mais valia. Dirão que é colinho. Mas, sendo-o, é tão bom!!! É mesmo!!! Foram três pontos bem conquistados e muito estimulantes!

2. O Benfica ficou, com a eliminação do Porto, no pote dois para o sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões. Neste momento já conhecemos vinte e seis equipas, sendo que dezanove são originárias das cinco grandes ligas (inglesas, espanholas, alemãs, italianas e francesas). Faltam seis equipas que sairão dos play-off que se iniciam na semana que vai começar. Semana relevante para Braga e Guimarães na sua luta, e ambição, para chegarem à fase de grupos da Liga Europa. E, aqui, já temos vinte e uma equipas apuradas e só Portugal acompanha, por ora, as grandes ligas com duas equipas apuradas. Falta conhecer vinte e sete equipas. Vinte e uma disputam os play-off e as outras seis são as derrotadas dos play-off da Liga dos Campeões. O certo é que as grandes ligas dominam e seria muito bom para Portugal, e para o seu ranking, que Braga e Guimarães entrassem na fase de grupos da Liga Europa. O nosso adversário em termos de ranking é a Rússia e, depois da derrota do Porto, seria uma grande notícia que o Braga, no meio de um ciclo infernal de jogos que hoje se inicia em Alvalade, conseguisse ultrapassar um dos grandes nomes do futebol russo, o Spartk Moscovo.

3. São 64 edições. Sim da Taça dos Clubes Campeões e depois de 1992 da sua sucessora, a Liga dos Campeões. Com lógicas diferentes e acompanhando o princípio da industrialização do futebol. Mais equipas das grandes ligas e, logo, mais receitas. Com a televisão para a ditar regras, horários e condições de acesso. Nasci em 1956 e o primeiro vencedor da competição foi o Real Madrid. Cresci e comigo cresceu na Europa, que duplamente conquistou, o Benfica. Na verdade o Real tem cinquenta presenças nesta emblemática, e hoje financeiramente atractiva, competição. O Benfica pela décima época consecutiva marca presença na fase de grupos. E só é acompanhado nesta performance por Real, Barcelona e Bayern Munique. E permitam, aqui, que sublinhe e aplauda a objectividade de Bruno Lage ao afirmar que nos últimos anos o Futebol Clube do Porto foi o clube que mais contribuiu com pontos para a posição de Portugal no importante ranking da UEFA. Reconhecer o óbvio e notório não é, muitas vezes, uma realidade no nosso futebol. Ao fazê-lo Bruno Lage deu mais um salto e marcou, outra vez, a diferença. Merecedora deste registo simples. A que acresce a outorga em Setembro próximo da Medalha da Cidade de Setúbal na categoria de desporto. O Município de Setúbal, na pessoa da sua dinâmica e sagaz Presidente(a), merece um especial aplauso!

4. O Famalicão regressou à Liga e a cidade abraçou o clube. E, agora, a sua SAD. Na sexta-feira cinco mil espectadores(as) encheram o Municipal de Famalicão e sorriram com a suada vitória frente ao Rio Ave, agora treinado por Carlos Carvalhal. Permitam uma saudação especial ao Miguel Ribeiro, CEO da SAD. É um homem do futebol, experiente e inteligente, e sempre disponível para se enriquecer como testemunhei com a sua empenhada presença num seminário de especialização em futebol profissional. Mas permitam que antecipe que importa acompanhar este Famalicão. Tem o oitavo orçamento desta Liga NOS, com sete milhões de euros. Só superado pelos 90 milhões do Benfica e Porto (aqui exigindo uma série rectificação quanto à rubrica das receitas), os 70 milhões do Sporting, os 25 milhões do Sporting de Braga, os 10 milhões do Vitória de Guimarães e os 9 do Rio Ave. E na cauda desta classificação estão, com apenas três milhões, o Boavista, o Santa Clara, o Tondela e, leio, o Portimonense! Assim a Liga vê os seus clubes atingirem, em termos orçamentais, os 346 milhões de euros, ou seja, mais trinta milhões que na época anterior. O que é uma boa notícia para o seu Presidente Pedro Proença! Boa e motivadora!

5. Duas notas finais. Hoje o nosso João Félix tem o seu primeiro jogo oficial na Liga espanhola. Aqui lhe desejamos sorte. Já que a imensa qualidade deste verdadeiro Viriato de Ouro é inequívoca e já foi evidenciada em múltiplos momentos da pré-época! A segunda para tentar perceber, um dia destes, qual a estratégia de médio prazo em termos de transmissões desportivas dos operadores que possuem exclusivos desportivos em Portugal. Seja a Altice ou a NOS, a Sport TV e a Eleven. E, agora, o 11. Como cliente/consumidor sei bem que é pedir muito... Sei bem! Mas é uma reflexão necessária para meados de Setembro! Com mais dados, certos números e concretas opções. Neste fim de semana são quase 40 transmissões! Para todas as cores, universos e com alguns, decerto, a bufarem... E não por causa desta greve bem singular!"

Fernando Seara, in A Bola

Lições bem estudadas

"Jogo com emoção e incerteza até ao fim, com contributo decisivo de jogadores e treinadores

Belo jogo
1. Belíssimo jogo, com o contributo positivo das duas equipas, e também da arbitragem. Houve de tudo: momentos fortes do Benfica e do Belenenses, no qual prevaleceram as individualidades dos encarnados e algumas dos azuis, estas com as naturais diferenças e limitações. Jogo com emoção e incerteza até ao fim, com contributo decisivo dos jogadores e dos treinadores. Benfica ganha bem, mas Belenenses merecia mais.

Silas
2. O plano de Silas passou, em primeiro lugar, por travar o jogo ofensivo do Benfica e, depois, tentar surpreendê-lo em momentos de desorganização, através de passes longos, para as costas da linha defensiva dos encarnados, procurando a profundidade através de Kikas e Licá e, assim, conseguindo chegar a zonas de finalização. O trabalho de Silas esteve bem presente no jogo. A equipa acreditou, os jogadores interpretaram bem a estratégia, que permitiu ao Belenenses estar no jogo até aos momentos finais.

Bruno Lage
3. Nota positiva, também, para Bruno Lage, ao interpretar, desde logo, a forma como o Belenenses se apresentou e, sobretudo, a encontrar forma de ultrapassar a linha média e os três centrais do adversário. Foi tentando (e conseguindo) desmontar aquela teia através de jogadores com velocidade que pudessem transportar a bola de trás para a frente. Foram esses os papéis de Pizzi e, essencialmente, de Rafa, mas também Raul de Tomas e Grimaldo conduziram a bola embalados. Lage conseguiu, assim que teve conhecimento da equipa adversária, cerca de uma hora antes do jogo, passar a mensagem aos jogadores, de forma a que estes tivessem a preocupação de transportar a bola e promover a intromissão no espaço defensivo do Belenenses. Tem individualidades para fazer outro jogo, mas, ontem, soube que seria com aquela estratégia que poderia chegar à vitória.

Relvado
4. Nota negativa para o péssimo relvado, que travou o desenvolvimento do jogo, impediu a bola de rolar com facilidade e desgastou bastante os jogadores. Depois dos 70 minutos, os jogadores já sentiam dificuldades em recuperar posições e em atacar. Também negativo foi o défice de finalização das duas equipas, que perderam ocasiões flagrantes. O jogo merecia mais golos."

Ulisses Morais, in A Bola

Animais e plantas. Em Agosto, aprender com a natureza

"Em Agosto, as crianças com as famílias, muitas, regressam à chamada terra, seja ela qual for

Agosto
1. Em Agosto, as crianças com as famílias, muitas, regressam à chamada terra, seja ela qual for. E a terra é isso mesmo: de repente, nas férias, quem sai das cidades e vai para as aldeias, percebe que o chão não é feito de madeira ou alcatifa ou calçada portuguesa. Não é direita nem homogénea, feita de encomenda para ninguém se desequilibrar nem sujar. Uma infância com medo das quedas e da sujidade não é bem uma infância, mas adultice pateta antes do tempo.

Desaprendizagem
2. Manoel de Barros, um grande poeta brasileiro, falecido há poucos anos, é um bom exemplo da poesia que fala da necessidade urgente do humano esquecer o que aprendeu técnica e funcionalmente, defendendo uma educação que é, ao mesmo tempo, uma desaprendizagem. E quem aprende ou desaprende? As crianças, mas também os adultos, claro.

Ensino
3. O que é então o ensino?
1- desaprender as coisas parvas que se aprendeu.
2. aprender algo de estimulante.
«Nosso conhecimento não era de estudar livros.
Era de pegar de apalpar de ouvir e de outros sentidos.
Seria um saber primordial?
Nossas palavras se juntavam uma na outra por amor e não por sintaxe».
(Manoel de Barros)

Natureza, professor
4. A natureza, portanto, como a professora. Os animais, as plantas, as pedras, a terra como aquilo que nos pode ensinar, como aquilo que está à nossa espera para mostrar um caminho, um obstáculo, uma necessidade de salto, uma urgência ou uma exigência de lentidão; enfim uma natureza que nos ensina que o corpo tem olhos pés pernas mãos tronco e etc. e é com isso tudo que se aprende. Não apenas com olhos para as imagens e ouvidos para a linguagem.
«O lugar onde a gente morava quase só tinha bicho solidão e árvores».
Uma outra escola: em vez de quadro, cadeira e muitíssimas horas sentado: solidão, bicho e árvores.
Agosto pode ser isso.

As primeiras brincadeiras
5. Manoel de Barros fala constantemente desse regressar à infância, dessa necessidade de brincar com o que está à nossa frente - e o que está à nossa frente, o que sempre esteve à frente do homem e da criança, não é a máquina nem é a linguagem: é a natureza.
As primeiras brincadeiras do homem são com a terra, árvore, pedra, animal, com a água, até com o ar, com o vento, com a luz. A inclinação do sol não diz apenas respeito ao sol, diz respeito a quem está aqui em baixo; a inclinação do sol é, então, uma espécie de convite. Brincadeiras debaixo do sol e da chuva. Agosto por ser isso.

E o Avô
6. E Manoel de Barros fala ainda do modo como a natureza e a família se cruzam, por exemplo, nestes versos incrivelmente afectivos e tácteis sobre o avô:
«Andar à toa é coisa de ave.
Meu avô andava à toa.
Não prestava pra quase nunca.
Mas sabia o nome dos ventos.
E todos os assobios para chamar passarinhos».
Manoel de Barros fala ainda das aves que tomavam o avô «por telhado e passavam as tardes frequentando o seu ombro».
Um professor que ensina através de nudez e da imobilidade: só uma não-linguagem e um não-movimento extremamente exactos conseguem atrair pássaros.
Agosto é o mês onde os avós são confundidos, por certos pássaros, com telhados hospitaleiros."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

As respostas que se pediam

"Excelentes as respostas de Benfica e FC Porto numa jornada que representava, embora por motivos diferentes, um teste àqueles que são, até prova em contrário, os dois principais candidatos ao título. Comecemos pelo Benfica, porque bater o Belenenses no Jamor (até pela história recente...) não é exactamente o mesmo que vencer, mesmo que de goleada, o Vitória de Setúbal em casa. Não goleou desta a águia, é verdade, mas é bom que percebam os adeptos que haverá, também, jogos assim. Se calhar muitos. E convenhamos, se o conjunto de Bruno Lage responder sempre como respondeu na partida de ontem, mais golo menos golo, não será mau de todo. Porque deu o Benfica, afinal, novo sinal de pujança, controlando quase sempre um adversário incómodo e vencendo de forma justa. E bem vistas as coisas, se calhar podiam, até, os encarnados ter voltado a golear. Mas o importante são, sempre, os três pontos e esses nunca pareceram, realmente, em causa.
Boa resposta também do FC Porto no regresso ao Dragão depois do descalabro frente ao Krasnodar. Sérgio Conceição mexeu na equipa, lançou Zé Luís e o avançado que o treinador tanta força fez para contratar acabou por responder com um hat trick que serenou os ânimos e permitiu a pacificação do ambiente entre equipa e adeptos. Precisa o FC Porto, é verdade, de mostrar num teste com maior nível de exigência que não se tratou apenas de uma vitória sobre um adversário demasiado frágil. Tê-lo-à já na próxima jornada, na Luz, num clássico que não sendo decisivo pode ser de extrema importância para o que resta da época. Golear antes de um jogo desses não é mau..."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Não há quem escape

"Finalmente. Bruno Lage finalmente venceu todos os adversários que defrontou no plano nacional.
O Benfica, ontem, venceu o Belenenses SAD por 2-0 num jogo mais complicado do que o previsto. Os marcadores foram os suspeitos do costume, Rafa e Pizzi.
Bruno Lage parece ter encontrado um onze base para a turma encarnada, não mudou nada relativamente ao último jogo frente ao Paços de Ferreira.
As dificuldades em criar por dentro continuam as mesmas, está à vista que RDT e Seferovic "se anulam" um ao outro, não têm características complementares e isso reflecte-se na frente de ataque, os criadores são sempre Pizzi e Rafa, apesar do ala-direito ter estado uns furos abaixo em relação às suas ultimas exibições.
Rafa foi o homem do jogo, sempre a procurar linhas de passe, foi quem mais e melhor desequilibrou o conjunto azul, abriu o marcador aos 58 minutos, com um golo de belo efeito fora do alcance do guardião Koffi.
Após o primeiro golo, o Benfica relaxou um pouco, deixou de jogar com tanta intensidade e velocidade, permitindo ao Belenenses SAD causar mais perigo principalmente através de Licá, o elemento mais perigoso dos azuis.
O perigo causado pela equipa da casa já vinha desde a primeira parte, principalmente por erros individuais do Benfica, sempre com Odysseas a proteger as redes encarnadas.
A primeira alteração do Benfica veio tardia, já aos 74 minutos, entrando Chiquinho para sair RDT que não teve inspiração durante o jogo. Chiquinho cada vez mais interioriza os processos impostos por Bruno Lage à equipa, sendo cada vez mais evidente que tem lugar no onze inicial.
Após uma boa jogada colectiva, Seferovic marca golo aos 84 minutos que depois veio a ser (bem) anulado.
O Benfica só relaxou aos 92 minutos, com um golo de Pizzi tendo sido assistido por Rafa, inverteram-se os papéis.
As últimas duas substituições já vieram no fim do jogo, com Taarabt e Vinicius a entrarem para os lugares de Seferovic e Pizzi.
A turma encarnada ainda apresenta algumas lacunas, hoje acentuadas com as más exibições de Nuno Tavares, Samaris e principalmente os homens da frente. Porém nem tudo o que faz parte da rosa são espinhos, Ferro, Florentino e Rafa estiveram num patamar bem acima dos restantes, principalmente o "Flash".
Segue-se agora o maior clássico do futebol português, um jogo onde não há favoritos, porém caso o Benfica vença, distancia-se em 6 pontos relativamente ao rival do Norte."