Últimas indefectivações

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O mês de todos os perigos

"O mês de todos os perigos inicia-se com o jogo de todos os perigos. A deslocação à Madeira é muito difícil, diria que um dos jogos mais difíceis e traiçoeiros que teremos no caminho do tetra. Primeiro porque vencemos por 6-0 este rival há 15 dias, e isso traz uma ilusão de facilidade; depois porque no subconsciente de muitos estará a jornada europeia determinante para a escolha da prova em que ficamos na Europa do futebol; por fim porque antecede a recepção ao velho rival e é impossível tirar isso da agenda de jogadores e adeptos.
A tudo isto acresce o calvário de lesões que não pará de engordar, agora o Eliseu. Mesmo com boa fazenda, o fato já precisa de remendar o remendo. É demais.
Temos o caldo perfeito para dar asneira, se não percebemos que estes são mesmo os três pontos mais decisivos no nosso rumo. Hoje na Madeira jogamos a qualidade do nosso futuro. Com a overdose de triunfos (ganhamos nove títulos nos últimos três anos) o nosso organismo de benfiquistas tem da vitória uma dependência muito saudável. Esta adição de vitórias é um vício que não queremos perder por muito azedume que cause noutras latitudes.
É muito mais determinante ganhar na Madeira que ao Nápoles (até porque não é liquído a derrota do D. Kiev frente ao Besiktas). Na Europa do futebol vamos continuar, resta escolher a prova, e a Champions é um objectivo.
Só uma vitória nos Barreiros dará confiança, pontos e uma liderança sólida para enfrentar um Dezembro com as quatro competições em risco e em disputa. Marítimo, Nápoles, Sporting, Real, Estoril, Rio Ave e Paços de Ferreira, que maravilha um sapatinho superlotado de jogos, de ambições e de vontade de novas e repetidas conquistas.
Um Dezembro imaculado traria a certeza de um 2017 repleto de alegrias. Há outra hipóteses mas não era a mesma coisa..."

Sílvio Cervan, in A Bola

Confiança


"É gratificante verificar as assistências no Estádio da Luz na presente temporada. A média, acima dos 55 mil espectadores por jogo (55 174), é a maior de sempre após cinco jornadas disputadas na (actual) Luz. Se em 2012/13 e na temporada seguinte a média não atingiu os 35 mil, em 2014/15 registou-se um incremento de cerca de 8500 espectadores por jogo (43 964). Em 2015/16, novo aumento significativo, com 49 497 por partida, mantendo-se a tendência de crescimento na presente época (sem defrontar o Sporting, ao contrário das duas últimas épocas). Impressionante!
Tanto quanto o caminho percorrido por Rui Vitória no Benfica. Ao fim de 70 jogos a contar para competições oficiais, o ribatejano contribuiu para uma percentagem de triunfos a rondar os 77% só superada, se não me falham as contas, por Guttmann e Riera.

E não menos que o desempenho de Pizzi, já com cinco golos marcados no Campeonato Nacional, a adaptação imediata de Cervi, as investidas de Guedes, a liderança de Luisão, a segurança de Ederson, o instinto goleador de Mitroglou, o omnipresença de Fejsa e tudo o resto porque este plantel, em extensão, qualidade e espírito de equipa - dá-nos garantias de que com ele, orientado por Rui Vitória, poderemos encarar o futuro com optimismo. E é neste sentimento que reside a principal justificação para a notável média de espectadores no Estádio da Luz.

P.S. Sobre o lance polémico no Bessa, em benefício do Sporting, desconheço qualquer declaração de Bruno de Carvalho a evocar a necessidade de utilização do videoárbitro. Fica a dúvida: com o seu silêncio, cuspiu ou expeliu fumo na tão propalada 'luta pela verdade desportiva'?"

João Tomaz, in O Benfica

Lugar na história

"Entre 1987 e 1995, Caio Júnior espalhou classe - para usar um jargão do futebol - pelos relvados portugueses. O brasileiro chegou a Portugal para o Vitória SC, onde esteve cinco épocas. Seguiram-se CF Estrela da Amadora (onde jogou com Abel Xavier e Calado) e CF Belenenses, onde se manteve até regressar ao Brasil. em 1995. A imagem de marca era o equipamento imaculado, o que o impediu de fazer grandes exibições contra os três grandes. Funcionava como maestro e matador, chegando a quase 50 golos em Portugal. Depois, o jogador ainda rodou por mais meia dúzia de equipas até abandonar o futebol em 1999.
No ano seguinte passou a treinador e nesta época preparava-se para atingir o momento mais alto da carreira - a final da Taça Sul Americana, a Liga Europa das Américas. Caio Júnior seguia com a restante equipa da Associação Chapecoense de Futebol, da cidade de Chapecó, estado sul-americano de Santa Catarina, para defrontar os colombianos do Atlético Nacional, em Medellín. Em circunstâncias ainda por confirmar, o avião despenhou-se e das 81 pessoas a bordo, apenas seis terão sobrevivido. Na semana passada, vi a Chapecoense jogar contra o San Lorenzo (a equipa do Papa Francisco), empatar a zero e apurar-se para a final. Pensei como seria bonita esta história de sucesso.
O conto de fadas da equipa que veio dos escalões secundários chegou ao fim na passada terça-feira.
Chapecoense junta-se a Torino (1949), Manchester United (1958), selecção olímpica da Dinamarca (1960), Green Cross (1961), The Strongest (1969), Pakhkakos Tashkent (1979), Alianza Lima (1987), Colorful 11 (1989) e Selecção da Zâmbia (1993) na lista de equipas de futebol vitimadas em acidentes de aviação."

Ricardo Santos, in O Benfica

Momento chave

"Júlio César, André Almeida, Jardel, Samaris, Carrillo, Rafa e Mitroglou. A espinha dorsal de um onze de topo? Não, o sumptuoso banco de suplentes do Benfica na última jornada, mesmo com os lesionados Grimaldo, Horta e Jonas (todos eles, também, possíveis titulares) fora do leque de opções. 
Por este banco, e por estes nomes, percebe-se a qualidade que existe, hoje, no nosso plantel. Dispomos, de facto, de uma equipa de luxo, e só assim tem sido possível resistir aos azares que têm atirado para o departamento médico vários jogadores nucleares, mantendo um nível competitivo muito elevado, e uma pontuação a condizer.
Diga-se, igualmente, que só uma grande equipa pratica um futebol do nível daquele que pudemos ver, durante mais de uma hora, em Istambul, na passada semana. O resultado foi amargo, e foi-o precisamente por não fazer justiça a uma exibição de gala que, aos 80 minutos, se aprestava para entrar na história europeia do Benfica das últimas décadas, ao lado de célebres recitais, que todos recordamos, no Olímpico de Roma em 1983, em Highbury Park em 1991, em Leverkusen em 1994, ou em Anfield Road em 2006.
O que passou, passou. E as próximas partidas requerem essa melhor roupagem. Terça-feira ficará decidido o futuro na Champions, enquanto Funchal e Sporting, podem dizer muito acerca da caminhada para o “Tetra” – cuja prioridade se sobrepõe a todas as outras.
Três grandes jogos em apenas 10 dias, constituem um tríptico de respeito, que é também um desafio à resistência física e mental dos atletas. Estamos com eles, confiamos neles e em quem os dirige. Comecemos então pelo Marítimo.

NOTA: Este texto foi remetido ao Jornal O Benfica antes de conhecer a tragédia da Chapecoense. Já não houve tempo de lhe fazer qualquer referência. Porém, a minha consternação é enorme, como será a de todos aqueles que amam o desporto, e o futebol em particular. Não podia deixar de aproveitar este meio para a expressar."

Luís Fialho, in O Benfica

A consciência

"Sim, como escreveu o meu camarada Nélson Feiteirona, só nos resta mesmo ganhar consciência. Em silêncio!

Custa muito a aceitar que no século XXI um avião possa ter-se despenhado e vitimado mortalmente dezenas de pessoas por ter ficado sem combustível. Custa mesmo muito! Custa tanto como custou aceitar que um piloto alemão tenha decidido levar para o seu suicídio quase centena e meia de passageiros do voo da Germanwings que em Março do ano passado terminou tragicamente nos Alpes franceses, no que foi, segundo as explicações encontradas, um dos mais cruéis acidentes aéreos jamais ocorridos.
Desta vez, a poucos quilómetros de Medellín, na Colômbia, a tragédia bateu assim de frente no futebol, como valente soco no estômago de cada um de nós, adeptos do mais popular jogo do mundo, no mais duro e pesado cenário do género.

Na verdade, nenhum dos semelhantes acontecimentos ocorridos antes (com Torino, Manchester United ou mesmo Alianza Lima, por exemplo) vitimou como agora tanta gente ligada ao futebol, entre jogadores, técnicos e dirigentes da Chapecoense, mas também inúmeros jornalistas, a classe, como diria Galvão Bueno - estrela televisiva do esporte brasileiro - sem a qual as emoções do futebol (e do desporto em geral) não chegariam ao povo.
Uma tragédia que nos bateu de frente porque ao evidente choque pelo brutal acidente, junta-se ainda o impacto fortemente motivo provocado por um conjunto de circunstâncias que é impossível que não nos toquem especialmente.
O ter envolvido uma heróica equipa de futebol aos nossos irmãos brasileiros, representativa da quinta maior cidade do estado de Santa Catarina, no interior-sul do Brasil, e por ter vitimado uma figura como a de Caio Júnior, que nos toca também por ter sido futebolista em Portugal.

São tantas as ironias à volta desta tragédia brutal que quanto mais penso nela menos vontade tenho de dizer alguma coisa, a não ser expressar uma certa raiva pela forma tão negligente, tão dolorosamente negligente, como o comandante de uma companhia de aviação - da qual era, ao mesmo tempo, proprietário, note-se... - conduziu mais de 70 pessoas pela ténue e absolutamente irresponsável linha entre o céu e o inferno, devastando, por fim, uma cidade, uma região e um país e ainda todos os que nem precisam de gostar de futebol para encontrar no silêncio e nas lágrimas o único conforto possível perante tão cruel destino.
Como ainda ontem tão bem escreveu neste jornal o meu camarada Nélson Feiteirona, pelos que morreram já nada podemos fazer a não ser ganhar consciência.
Bem precisamos!

A vida continua, pois claro que continua, e pelo menos o futebol tem a invulgar força de unir sempre que a vida nos prega uma partida assim. E foi arrepiante ver e sentir o modo como em tantos estádios pelo mundo equipas e adeptos testemunharam o respeito e associaram à dor das famílias das vitimas, de toda a cidade de Chapecó e do povo brasileiro, de que foi sublime exemplo o silêncio do teatro de Anfield, minutos antes do Liverpool - Leeds, na noite de terça-feira.
Profundamente tocante!
Como profundamente tocante foi ouvir o presidente do Atlético Nacional, clube colombiano que defrontaria o Chapecoense nesta final sul-americana, lembrar-nos com a intensidade dilacerante de uma espada que «sem adversários não há futebol e sem adeptos rivais não há festa!».
Mas é preciso isto?!

«Dinheiro, fama, futebol... isso hoje não vale nada!!!»
Marcelo Boeck, jogador da chapecoense

'Penalty'
Ninguém pode deixar de admirar o carácter e o comportamento de Nuno Espírito Santo, independentemente das críticas que se lhe possam apontar na forma como está a conduzir a equipa do FC Porto. Infelizmente, só o carácter não ganha.

Livre Directo
O Benfica tem um jogador de indiscutível dimensão mundial que vai continuar certamente a surpreender a Europa. O médio Fejsa tem qualidade para jogar em qualquer uma das equipas de topo da Liga dos Campeões.
Qualquer uma!

Livre Indirecto
Vão chover impropérios... mas confesso que o muito talentoso Gonçalo Guedes me faz lembrar, em muitas coisinhas, o fenómeno brasileiro Ronaldo, quando este apareceu (com 17/18 anos) no PSV. O remate, a explosão, a técnica, o não ter medo de errar. Muito bom!
(...)"

João Bonzinho, in A Bola

A propósito dos 55 da FIFpro

"Foram ontem divulgados os nomes dos 55 futebolistas candidatos ao melhor onze da FIFA de 2016. A lista, da responsabilidade da FIFpro, entidade que agrupa 75 associações de futebolistas de todo o mundo (Portugal é representado pelo Sindicato dos Jogadores), foi elaborada depois de recolhidos profissionais de futebol, dos quatro cantos da Terra.
Não é possível dizer, pois, nem que o painel de votantes não percebe de futebol, nem que não é suficientemente alargado para ser representativo de uma forma de sentir o jogo.
Feita a contextualização, há que perceber por que razão só estão nomeados dois futebolistas portugueses, CR7 e Pepe, num ano em que a Selecção se sagrou campeão da Europa.
Causa, de facto, estranheza, que Rui Patrício esteja ausente e, por exemplo, Gianluigi Buffon faça parte dos cinco keepers escolhidos; ou de Raphael Guerreiro não conste dos eleitos e na lista de vinte defesas esteja o lateral-esquerdo do Barcelona Jordi Alba; e que nenhum dos componentes do meio-campo de ouro da Selecção Nacional (William, Renato, Adrien, João Mário, André Gomes, Moutinho) tenha sido distinguida com uma nomeação, em quinze vagas para médios.
Mais do que pensar pequeno e clamar contra cabalas, dever-se-á reflectir sobre o impacto do nosso futebol no contexto internacional. Parece que nem o oitavo lugar lusitano no ranking da FIFA de selecções e o quinto no ranking da UEFA de clubes têm muito significado para os profissionais da arte.
PS - A AF Porto nomeou o professor Manuel Sérgio sócio de mérito.
Fica bem aos dois a distinção..."

José Manuel Delgado, in A Bola

'Doping-gate'

"As sucessivas notícias de testes positivos de doping nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e de Londres 2012 - e a consequente perda de medalhas - são um sinal de que o problema é muito mais profundo do que o imaginado. Na verdade, poderemos chegar ao extremo de ir retirando medalhas até as atribuir ao primeiro atleta a não ter sido objecto de análise na competição... ou a um que tinha uma isenção terapêutica para o uso de substância dopantes por, supostamente, ser doente.
Programas de dopagem a este nível, profissional, não são feitos num qualquer laboratório caseiro: muitas vezes visam promover uma determinada substância ou produto.
Uma aplicação rigorosa das regras em vigor pode punir os infractores, mas não evita o doping nem persuade todos aqueles que acreditam que esse é requisito inevitável para vencer. E, ao contrário daquilo que se possa crer, existe um grande número de atletas que recorre de forma irresponsável à suplementação, apesar de sucessivamente alertados para os perigos dessa conduta. Sabem da existência de uma percentagem significativa de produtos contaminados, uns de forma consciente e outros por falta de qualidade e controlo dos laboratórios que os fabricam.
Discute-se qual o modelo a adoptar para gerir o controlo antidoping a nível mundial, investindo milhões de euros em laboratórios. Mas todo esse esforço será em vão caso não se invista ainda mais na educação dos atletas, treinadores e dirigentes. São estes a chave para o problema do doping. Esses exemplos deviam partir dos atletas e da sua mensagem. Valorizando os atletas que de forma pedagógica têm assumido essa luta. Se dúvidas houver quando à profundidade deste problema, basta consultar a lista de produtos que muitos dos atletas consomem. Ou a quantidade de atletas que padecem de doenças que justificam o recurso a substâncias proibidas."

Mário Santos, in A Bola

Aquecimento... em semana curta!

Lanças... em semana trágica!

Benfiquismo (CCCV)

Queremos ver o Paulo Lopes lá em cima...!!!