"Sim, como escreveu o meu camarada Nélson Feiteirona, só nos resta mesmo ganhar consciência. Em silêncio!
Custa muito a aceitar que no século XXI um avião possa ter-se despenhado e vitimado mortalmente dezenas de pessoas por ter ficado sem combustível. Custa mesmo muito! Custa tanto como custou aceitar que um piloto alemão tenha decidido levar para o seu suicídio quase centena e meia de passageiros do voo da Germanwings que em Março do ano passado terminou tragicamente nos Alpes franceses, no que foi, segundo as explicações encontradas, um dos mais cruéis acidentes aéreos jamais ocorridos.
Desta vez, a poucos quilómetros de Medellín, na Colômbia, a tragédia bateu assim de frente no futebol, como valente soco no estômago de cada um de nós, adeptos do mais popular jogo do mundo, no mais duro e pesado cenário do género.
Na verdade, nenhum dos semelhantes acontecimentos ocorridos antes (com Torino, Manchester United ou mesmo Alianza Lima, por exemplo) vitimou como agora tanta gente ligada ao futebol, entre jogadores, técnicos e dirigentes da Chapecoense, mas também inúmeros jornalistas, a classe, como diria Galvão Bueno - estrela televisiva do esporte brasileiro - sem a qual as emoções do futebol (e do desporto em geral) não chegariam ao povo.
Uma tragédia que nos bateu de frente porque ao evidente choque pelo brutal acidente, junta-se ainda o impacto fortemente motivo provocado por um conjunto de circunstâncias que é impossível que não nos toquem especialmente.
O ter envolvido uma heróica equipa de futebol aos nossos irmãos brasileiros, representativa da quinta maior cidade do estado de Santa Catarina, no interior-sul do Brasil, e por ter vitimado uma figura como a de Caio Júnior, que nos toca também por ter sido futebolista em Portugal.
São tantas as ironias à volta desta tragédia brutal que quanto mais penso nela menos vontade tenho de dizer alguma coisa, a não ser expressar uma certa raiva pela forma tão negligente, tão dolorosamente negligente, como o comandante de uma companhia de aviação - da qual era, ao mesmo tempo, proprietário, note-se... - conduziu mais de 70 pessoas pela ténue e absolutamente irresponsável linha entre o céu e o inferno, devastando, por fim, uma cidade, uma região e um país e ainda todos os que nem precisam de gostar de futebol para encontrar no silêncio e nas lágrimas o único conforto possível perante tão cruel destino.
Como ainda ontem tão bem escreveu neste jornal o meu camarada Nélson Feiteirona, pelos que morreram já nada podemos fazer a não ser ganhar consciência.
Bem precisamos!
A vida continua, pois claro que continua, e pelo menos o futebol tem a invulgar força de unir sempre que a vida nos prega uma partida assim. E foi arrepiante ver e sentir o modo como em tantos estádios pelo mundo equipas e adeptos testemunharam o respeito e associaram à dor das famílias das vitimas, de toda a cidade de Chapecó e do povo brasileiro, de que foi sublime exemplo o silêncio do teatro de Anfield, minutos antes do Liverpool - Leeds, na noite de terça-feira.
Profundamente tocante!
Como profundamente tocante foi ouvir o presidente do Atlético Nacional, clube colombiano que defrontaria o Chapecoense nesta final sul-americana, lembrar-nos com a intensidade dilacerante de uma espada que «sem adversários não há futebol e sem adeptos rivais não há festa!».
Mas é preciso isto?!
«Dinheiro, fama, futebol... isso hoje não vale nada!!!»
Marcelo Boeck, jogador da chapecoense
'Penalty'
Ninguém pode deixar de admirar o carácter e o comportamento de Nuno Espírito Santo, independentemente das críticas que se lhe possam apontar na forma como está a conduzir a equipa do FC Porto. Infelizmente, só o carácter não ganha.
Livre Directo
O Benfica tem um jogador de indiscutível dimensão mundial que vai continuar certamente a surpreender a Europa. O médio Fejsa tem qualidade para jogar em qualquer uma das equipas de topo da Liga dos Campeões.
Qualquer uma!
Livre Indirecto
Vão chover impropérios... mas confesso que o muito talentoso Gonçalo Guedes me faz lembrar, em muitas coisinhas, o fenómeno brasileiro Ronaldo, quando este apareceu (com 17/18 anos) no PSV. O remate, a explosão, a técnica, o não ter medo de errar. Muito bom!
(...)"
João Bonzinho, in A Bola
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