Últimas indefectivações
domingo, 8 de julho de 2018
Atrás de uma grande velha senhora está sempre il Grande Torino. Ou como Superga mudou a história de Turim (e do futebol italiano)
"O acidente de avião que matou toda a equipa do Torino, a 4 de maio de 1949, depois de um jogo no Estádio da Luz, mudou o fado do calcio. A partir daí, a Juventus conquistou o papel de papão do futebol italiano. A Tribuna Expresso viajou na máquina do tempo, em Turim, e foi conhecer o Torino, o rival da Juve
- Ciao, al stadio del Toro, per favore.
- … De la Juve, no?
- No, no. Toro, Torino.
- Hmm… OK.
Peppe estranhava. Afinal, quem é que nos dias que correm, com a suposta chegada iminente de Cristiano Ronaldo, quer saber do Torino Football Club? Ainda por cima é o clube deste taxista de cabelo grisalho impecável, agradado com a história deste escriba ter a Fiorentina debaixo da pele, um clube amigo do Toro. “Se vais ao Stadio Comunale, tens de ir ao Filadelfia. E à Basilica di Superga!”
Ahhh, claro. Já agora, a chegada de Cristiano preocupa-o? Peppe olha para trás e abana a cabeça para cima e para baixo, custando-lhe admitir, juntando um sorriso malandro talvez para desvalorizar o sofrimento que está por vir. “Mas é igual, com Ronaldo ou sem Ronaldo, eles são muito mais fortes…”
Começamos pelo Filadelfia. É aqui que os granata colocam uma bandeira gigante no mapa-mundo. Na Via Filadelfia, diz a lenda nomeada pelos emigrantes que regressaram à terra de sempre, é onde está uma ruína do estádio velhinho que viu os rapazes do Grande Torino jogarem como deuses. É um naco da curva, com pedaços de cimento cansados e esburacados. Os ferros que servem de moldura denunciam a antiguidade. A vegetação invade-lhe a espinha, numa inversão de papéis, quer sentir a que cheira a glória. Ao lado está o renovado estádio, onde os profissionais treinam e os jovens jogam.
O Comunale fica a cinco minutos. Maior, imponente, cinzento, com pouca graça. Atrás há um parque enorme, sossego, relva e árvores a perder de vista, pessoas a curtir o sol com fato de banho e bikini. Faz muito calor. Esta zona é residencial, não há a confusão do centro, parece andar tudo mais devagar. Naquela hora que andámos por ali não se ouviu uma palavra sobre Cristiano Ronaldo.
Recordámos Peppe, que sorrira como quem sofre um ataque de cócegas meigo quando falou no seu herói que agitava o Comunale. “Paolo Pulici… Dizia-se Puliciclone!”, não esconde o entusiasmo. O melhor marcador da história do clube devolveu o orgulho à cidade quando conduziu os granata à conquista da Serie A em 1976. O título fugia-lhes desde 1949, ano da tragédia que marcou o clube.
“Até fico com pele de galinha”, diz outro taxista, incumbido de nos levar lá acima, à Basilica di Superga, onde o avião que levava de volta a casa o Grande Torino se despenhou. A viagem dura 30, 35 minutos. “Sou da Juve, mas essa história é…”, vai-lhe faltando as palavras.
No dia 3 de maio de 1949, o Torino deslocou-se ao Estádio da Luz para homenagear, jogando, o capitão Francisco Ferreira, que se ia despedir do futebol.
Marco mais parece um embaixador da cidade, fala de tudo e expressa-se num inglês muito bom. Vive preocupado com o populismo e com essa mesma denominação: “São fracassados, não são populistas”. Nunca foi a Florença ou Roma, mas conhece Lisboa, Estoril e Sintra e gostou. “Para quê sair daqui? Tenho tudo.” Turim é uma bela cidade, admitimos. É mais um a querer que Cristiano Ronaldo aterre finalmente no Allianz Stadium, mas vai torcendo o nariz. “Será que vem?”, questiona como todos, pouco crentes, ainda por entusiasmar.
A basílica aparece finalmente no horizonte. Amarela, inofensiva, testemunha de algo horrível. É recompensada pela vista maravilhosa da cidade, com os corredores de água e algumas avenidas compridas, culminando nas montanhas, algumas com neve, que se vislumbram lá ao fundo. A cúpula é escura e as colunas, à entrada, cinzentas claras ou brancas. É uma basílica como tantas outras, mas a lenda que a abraça esmaga. Há por ali talvez três dezenas de visitantes. “Tens de ir lá atrás”, avisa Marco.
Cada vez mais longe do ruído, os sons daquela natureza assumem o protagonismo. A sombra vai aligeirando a caminhada. A água fresca dos bebedouros sai da boca de um touro, é assim por toda a cidade. É uma cidade de toros, do Torino. “A Juve é o clube de Itália, aqui é Torino”, explicam várias vezes durante a nossa estadia na primeira capital italiana.
Lá atrás mora um monumento em honra dos futebolistas que perderam a vida naquela colina, depois de o nevoeiro e o altímetro do Fiat G-212 terem traído o comandante. Há cachecóis, fotografias da equipa, outras que individualizam os heróis do povo. Há um cartaz que conta a história em quatro línguas. Está mais silêncio aqui do que dentro da basílica. Afinal, morreram ali dirigentes, treinadores, futebolistas, staff do clube e jornalistas há quase 70 anos. O mármore elegante revela os 31 nomes. Aos pés deles, em vez de estar uma bola, descansam flores.
- Grande Torino, era melhor do que a Juve.
- Sim, sim…
- Era pois.
- História…
A incapaz batalha de um homem na casa dos 50 contra miúdos, sentados, encostados a um muro, a jogar no telefone, aborrecidos.
O Grande Torino foi a cúpula do futebol italiano nos anos 40, com cinco títulos conquistados, seguidos, o último já depois do acidente, jogando com os miúdos da casa nos últimos quatro jogos, uma medida que se alastrou aos outros clubes da Serie A. “Eram incríveis. Aquela equipa era a selecção italiana, bastava trocar a camisola”, conta Marco, rindo.
Até 4 de maio de 1949, a Juve tinha no museu sete scudetti, enquanto o Torino ganharia o sexto. Superga mudou a história do calcio. A vecchia signora ganhou força e nunca mais parou: hoje tem 34 títulos (sete seguidos desde 2012) contra os sete do Toro, o último conquistado em 1976, à boleia do herói de Peppe, Palucci.
A vida segue.
Marco lamenta que a Serie A não seja a de antigamente e lembra as cinco finais da Liga dos Campeões perdidas pela Juve desde 1996. Parece que correu uma maratona nestes dois segundos. Cristiano ia ajudar a mudar essa cantiga, seguramente, garante. Mas se não vier, está tudo bem, o clube primeiro. Afinal, Cristiano não lhe amansa a alma como o seu trio maravilha. “Platini, Roberto Baggio e Del Piero. Já imaginaste estes juntos?”"
Um Mundial dececionante com mensagens suspeitas
"Como tantas outras coisas na sociedade actual, o periférico merece mais atenção que o substancial no futebol. Este decepcionante Mundial pretende maquilhar as suas carências com a instalação do VAR como novo altar do futebol, uma reinvindicação tão lamentável que produz um efeito alienante. O suposto novo sistema de justiça oferecia o mais parecido ao rigor infalível, mas para cada decisão correta produziu-se o mesmo número de erros. Acções iguais foram decididas de maneira contrária. Jogadas que mereciam a verificação do VAR não foram analisadas. Nogeral, os maiores acertos ocorreram em episódios mais relacionados com o velho olho de falcão, uma técnica simples, barata e objectiva, do que com as deliberações de um árbitro e um grupo de colegas sentados em frente a um painel de monitores num escritório às escuras. Fala-se do VAR e fala-se de uma mudança de tendência no futebol para tentar justificar o medíocre desenvolvimento de um Mundial que se caracteriza pelo número sem precedentes de golos marcados em livres, pontapés de canto e penáltis. Isto é, através de aspectos importantes, mas bastante aleatórios e pouco relacionados com o jogo.
Com este material deficiente, foi construído um Mundial que os seus partidários defendem com uma velha e repetida canção: impõe-se o jogo físico e a qualidade atlética. É o típico mantra que se estende quando o futebol se torna medíocre. Um olhar sobre a história desmente a ideia desta nova hegemonia física. Inglaterra ganhou o Mundial de 1966 com um estilo que se catalogou como dinâmico, potente e atlético, ao contrário do domínio do Brasil de 1958 a 1962. Quatro anos depois, no México 70, os brasileiros foram mais brasileiros que nunca e maravilharam o mundo com o futebol mais criativo e versátil que se havia visto até então. O aparecimento da Holanda em 1974 ajudou a finalizar o trabalho que havia começado no Ajax no final dos anos 60. Os holandeses destruíram o catenaccio, instalado pelos italianos como o supremo exercício de astúcia táctica, destinado, segundo os seus propagandistas, a governar o futuro do futuro. Cruyff e companhia acabaram com esse mito.
A Alemanha ergueu-se durante anos como grande representante do futebol atlético, tão espectacular que acabou por preencher as suas equipas com avançados de dois metros, em troca de renunciar o brilhante desempenho que caracterizou as equipas do primeiro Beckenbauer - o segundo Beckenbauer foi um factor fundamental para a mudança para o futebol opaco -, Overath, Haller e Netzer. Aquela Alemanha industrial e física acabou por desertar. Precisou de se regenerar pelo caminho oposto. Escolheu a técnica como moeda de câmbio depois da infame passagem pelo Europeu de Portugal, em 2004. Em 2006, uma hesitante mas atraente Alemanha avançou um modelo com bastantes referências espanholas. Durante dez anos, Espanha e Alemanha foram as duas grandes referências, com um estilo que agora foi declarado morto.
A realidade é diferente. O modelo não está morto. O que não garante nenhum estilo é jogar bem. Espanha jogou muito mal no Mundial da Rússia, em grande medida por um assunto nada relacionado com a maneira de interpretar o futebol. A contratação do seleccionador Lopetegui pelo Real Madrid, anunciado dois dias antes do Mundial, actuou como um torpedo na linha de água de Espanha. A confusão e o pessimismo presidiram a decepcionante actuação de uma equipa que pedia aos gritos a sua eliminação. Espanha não foi prejudicada pelo seu peculiar modelo por uma razão tão velha como o futebol: pode-se jogar muito mal com qualquer estilo.
A eliminação precoce de alemães e espanhóis significa o declínio das suas mensagens? Claro que não, embora os dois países precisem de algumas revisões. Espanha confundiu a retórica com o jogo. Refugiou-se na insignificância, talvez porque a nova geração não tem a personalidade, nem o talento, dos seus brilhantes antecessores. Analisando bem, é quase impossível reunir numa equipa Xavi, Iniesta, Busquets, Xabi Alonso, Cazorla, Silva, Fàbregas, Villa, Fernando Torres, Puyol, Sergio Ramos e Casillas, todos no auge das suas carreiras. Este tipo de geração espontânea dificilmente se produz no futebol. A Alemanha foi vítima de um clássico dilema que angustia os treinadores. Joachim Low escolheu os clássicos - Neuer, Boateng, Hummels, Khedira, Ozil, Kroos e Muller -, um sinal típico de respeito e de agradecimento dos treinadores aos seus melhores pretorianos. Vários deles começaram o declínio. Boateng, Hummels, Ozil, Khedira e Muller cada vez impressionam menos.
A repentina eliminação de Espanha e Alemanha gerou um movimento de resposta rápido. Se eles não estão, que modelo lhes sucederá? À falta de uma resposta convincente, regressa o tópico do futebol atlético. A presença de Suécia, Inglaterra e especialmente França funciona como um álibi para a opinião dominante. Quem tiver visto a Suécia sabe é a mesma selecção de sempre: hermética, sólida, pouco imaginativa, beneficiada pela ausência de Ibrahimovic, um tóxico grande talento. A Inglaterra jogou mal ou muito mal. A partida contra a Colômbia foi um monumento ao horror. Não avançaram pelo jogo, nem pela exibição, nem pela ordem. Desta vez torceram o seu mau destino e ganharam nos penáltis.
Diz-se que a França é a apoteose do futebol que aí vem. Talvez, mas a mesma coisa foi dita há 20 anos, quando ganharam o Mundial. É verdade que combinaram talento e um físico portentoso em pessoas como Mbappé, Pogba, Varane e Umtiti. Não é uma novidade: Thuram, Desailly, Vieira pareciam superhomens no final dos anos 90. No entanto, aquela equipa precisava de Zidane como esta requere Griezmann. Caso contrário, são apagadas as luzes dos franceses. O surgimento do jovem Mbappé como próxima grande figura do futebol convida a pensar que ele actuará como modelo de referência para as próximas gerações. Também não é uma novidade. Ronaldo Nazário, o grande avançado brasileiro cheio de lesões, impressionou tanto ou mais que Mbappé. Gente como Cristiano Ronaldo ou Gareth Bale tiveram qualidades atléticas comparáveis às do magnífico avançado francês. O interessante de Mbappé é a capacidade de adicionar um grande talento futebolístico às suas espectaculares condições físicas. Primeiro o futebolista, depois o atleta.
Enquanto se santifica a potência atlética e tudo isso, não é demais recordar que o melhor futebolista deste Mundial é um médio que mede 1,72, é leve como uma pluma e tem 33 anos de idade. Chama-se Luka Modric e é um manual ambulante. Algo parecido ocorre com Ivan Rakitic. Em muitos aspectos representam o oposto das teses que se manejam neste Mundial de futebol raquítico. Que estranho é o futebol: ou coloca o talento sob suspeita ou o subestima."
Griezmann, o falso uruguaio
"Ele que me perdoe. Eis a minha regra: jogador que não festejasse um golo seria expulso. Melhor: jogador que não festejasse um golo dava golo para o adversário.
Não sei de onde vem o hábito de não festejar os golos da equipa, mas o responsável devia ser julgado em Haia pelo crime de gaudicídio, pois tal criatura só pode ser um pérfido assassino de alegrias, próprias e alheias. Como sempre acontece com as maiores catástrofes, se procurarmos atentamente, nas origens encontraremos um bem-intencionado, um rapaz de bom coração que não quis ofender o clube onde foi formado, um indivíduo cheio de nobres valores e com muito respeito pela anterior entidade patronal.
A certa altura, os motivos para não se festejar um golo alargaram-se: homenagens a colegas falecidos, vénias a vagos empresários, datas nefandas, uma crise conjugal, um primo uruguaio. Mas até aqui, que eu me lembre, a praga estava circunscrita ao futebol de clubes. Um jogador não festejar um golo marcado pela sua selecção em nome do respeito e admiração pelo país adversário, nunca tinha visto. Ontem, pela primeira vez na história, isso aconteceu. Antoine Griezmann foi o culpado. Este jovem francês ficou muito célebre por festejar os seus golos de forma um tanto apalhaçada, a simular uma chamada telefónica ou numa espécie de dança que nunca compreendi e muito me irritou. Contudo, ontem, ao vê-lo marcar um golo e permanecer hirto e solene como um cangalheiro, pesaroso como uma viúva russa, dei por mim a ter saudades daquelas idiotices.
Griezmann justificou o seu acto com o facto de gostar muito do Uruguai, beber mate, dançar a cúmbia e de ter convidado uma famosa banda daquele país, os Marama, para actuar no seu casamento. Ele que me perdoe, mas isto não são razões, são atenuantes. Vejamos: um jogador com sangue nas veias em vez de mate tira a camisola para festejar um golo e, de acordo com as regras do International Board, leva amarelo. Regras são regras, dizem. Pois bem, eis a minha regra: jogador que não festejasse um golo seria expulso. Melhor: jogador que não festejasse um golo dava golo para o adversário. De repente, de uma tentativa de gaudicídio passaríamos para a multiplicação da alegria, com onze jogadores a reclamarem alegremente a paternidade de um golo órfão. Pior, de um golo enjeitado pelo pai.
Griezmann, uruguaio de proveta, que aspira à nacionalidade uruguaia por via musical (além do jus sanguinis e do jus solis, teríamos agora o jus musicis – juristas ou latinistas que corrijam a declinação), foi posto no devido lugar por Luis Suárez: “por mais que diga que é uruguaio, é francês e não sabe o que é o sentimento uruguaio. Não sabe a entrega que temos para triunfar, sendo tão poucos. Terá os seus costumes, a sua forma de falar ‘uruguaio’, mas nós sentimos de outra forma.” Desde logo porque ninguém imagina um uruguaio a sério, e não uma versão contrafeita de um uruguaio, a não festejar um golo marcado ao serviço da selecção celeste. É uma impossibilidade patriótica. Portanto, ao não festejar o golo que marcou, o “uruguaio” Griezmann excluiu-se automaticamente da comunidade a que aspira pertencer e tornou-se o inimigo número um da alegria, isto é, o inimigo número um do futebol. O infeliz Gabriel Jesus entrou para a história como o pior avançado brasileiro em mundiais, por não ter marcado um único golo nos cinco jogos em que participou. Se jogou bem ou mal, os livros de história e os almanaques não dirão. Não marcou nenhum golo, é tudo o que os vindouros ficarão a saber. Griezmann já marcou três e talvez por isso se tenha dado ao luxo de não festejar um. Por ser uruguaio, diz ele. Por ser um idiota, digo eu.
Is it coming home? Depois de ver os dois jogos de hoje, temo que sim."
Anjo de pernas tortas
"O Brasil já não joga. Em tempo de angústia brasileira, recordamos o campeão em 1958 e 1962, Mané Garrincha: nome de pequeno pássaro comum que se fez gigante e incomum mortal!
As pernas de Mané arqueavam à esquerda, quais vírgulas que terminavam nos pés. E como vírgula não é ponto final, resistiu ao infortúnio, seduziu o futebol e ludibriou o destino.
A sua história Mundial começa com a Rússia, contra quem fez o primeiro jogo no Suécia-58. Se agora os brasileiros caíram em terras russas, naquele jogo, Garrincha fintou uma e outra vez uns desorientados russos que iam tombando no chão. O drible de Mané permitia-lhe fazer de "pequeno guardanapo um enorme latifúndio", como bem anotou Armando Nogueira.
Em três minutos, fintou, rematou à trave de Yashin, passou a Pelé que rematou… à trave e assistiu para o golo de Vavá! Gabriel Hanot, jornalista francês, assistira aos melhores "três minutos da história do futebol mundial". Os minutos multiplicaram-se até à final e fizeram do Brasil campeão!
Já o Chile-62 foi quase Mundial de um homem só, onde Garrincha fez também de Pelé, lesionado ao segundo jogo. É desse ano o soneto "O Anjo de Pernas Tortas" de Vinícius de Moraes que incensa Mané: "Dribla mais um, mais dois; a bola trança / Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!".
De finta em finta, Mané ainda contribuiu com 4 golos. Pernas tortas? Assim deixou as dos adversários, levando o jornal ‘El Mercurio’ a interrogar-se: "Garrincha: de que planeta vens?".
Apenas não fintou a bebida. Se as pernas o ajudaram a trocar as voltas a uma vida que nascera desfavorável, o álcool passou-lhe a perna e rasteirou-o aos 49 anos. No seu epitáfio Mané é "Alegria do Povo"; poucos vocábulos porque cada finta valeu mais do que mil palavras.
Após a morte de Mané, Drummond de Andrade foi voz do Brasil: "Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irónico e farsante, e Garrincha foi um dos seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios".
As suas pernas tortas tornaram-se a mais perfeita imperfeição. Ou como os deuses do futebol escreveram direito por… pernas tortas!"
Federer, Lebron e CR7 são trintões valiosos
"Federer lá estava, às 13h00 horas em ponto, ou não fossem os britânicos e os suíços maníacos da pontualidade, a mostrar a todo o planeta o seu novo equipamento
Na segunda-feira passada o ténis agitou-se por Roger Federer aparecer no Centre Court de Wimbledon com roupas surpreendentes.
Não, o maestro suíço não teve a ousadia de entrar na catedral da modalidade com um equipamento colorido, quebrando a centenária tradição do ‘all white’. Isso seria um tremor de terra.
As suas roupas eram bem brancas, mas ao peito já não constava o eterno logo da Nike acompanhado do emblema com as suas iniciais RF. Em seu lugar viu-se a imagem da Uniqlo, a marca japonesa que patrocinou Novak Djokovic e apoia Kei Nishikori.
Há um mês, um jornalista italiano escrevera nas redes sociais de que o acordo de patrocínio estava em risco de não ser renovado.
E nos dias anteriores ao início de Wimbledon Federer tinha treinado no All England Club com um polo da Laver Cup - da qual é copromotor -, para além de ter aparecido numa conferência de imprensa com um casaco com o emblema de sócio do mais famoso clube de ténis do Mundo. Nada de Nike.
Tudo foi mantido em segredo até à última hora e foi uma jogada de marketing simples, mas genial e eficaz.
Nada supera uma mudança de equipamento no primeiro dia de Wimbledon, nem mesmo a primeira sessão nocturna do US Open, por uma razão simples: é no torneio Londrino que há uma tradição que remonta a 1934 do campeão em título abrir o Court Central na primeira segunda-feira da edição do ano seguinte, tal como cabe à campeã estrear a jornada da primeira terça-feira.
A solenidade da ocasião é sentida em todo o mundo do ténis e mesmo em muitas esferas desportivas que extravasam a modalidade. «Jogar o primeiro encontro é uma enorme honra e um grande momento. É quase como jogar a final», referiu o oito vezes campeão da prova.
Na segunda-feira, Federer lá estava no mais prestigiado campo de ténis do mundo, às 13h00 horas em ponto, ou não fossem os britânicos e os suíços maníacos da pontualidade, a mostrar a todo o planeta o seu novo equipamento… embora ainda com sapatos Nike.
Um jornalista televisivo norte-americano garante que o acordo é válido por 10 anos e atinge o valor de 300 milhões de dólares, prevendo que se mantenha em vigor sem alterações, mesmo que King’ Roger entre para a reforma, um detalhe importante para um atleta que está a um mês de completar 37 anos. A Nike recusara dar-lhe um contrato vitalício.
Estranha semana esta em que o caso Federer junta-se aos de Lebron James e Cristiano Ronaldo, ambos de 33 anos. O basquetebolista a caminho dos LA Lakers por 154 milhões de dólares por quatro anos e CR7 a transferir-se para a Juventus por 30 milhões por ano."
Subscrever:
Mensagens (Atom)