"Em 1980/1981, o Real Madrid perdeu, na pré-época, por 9-1, com o Bayern. No final da temporada jogou a final da Taça dos Campeões...
A propósito dos resultados da pré-época, e daquilo que valem, ou não, tenho sempre presente o Real Madrid de 1980/1981, comandado pelo mago Boskov, onde pontificavam Del Bosque, Camacho, Stielike e um tridente atacante de luxo formado por Juanito, Santillana e Cunningham. Ora, estes senhores, que tinham feito a dobradinha em Espanha na época anterior, jogaram, a 5 de Agosto, com o Bayern, em Munique, e perderam por 9-1. No final do desastre, Boskov teve uma frase célebre: «Prefiro perder um jogo por nove golos do que nove jogos por um».
O jogo seguinte do Real Madrid foi contra o Belenenses, onde eu jogava, em Palma de Maiorca. Os merengues ganharam por 2-1, com um golo de Juanito já depois da hora e, sobretudo, graças a uma arbitragem supercaseira, como era apanágio dos veraniegos.
No final dessa época, o Belenenses salvou-se da despromoção ao vencer, em Portimão, na penúltima jornada do Campeonato e o Real Madrid foi à final da Taça dos Campeões Europeus (perdeu 1-0 com o Liverpool).
Qual o sentido deste longo intróito? Apenas um, o de dizer que o mais importante é sempre como acaba e nunca como começa, no fim é que se fazem as contas, e, que eu saiba, não há troféus, que devam ser levados a sério, para o campeão dos jogos particulares.
Dito tudo isto, e no que concerne aos três grandes do futebol português, candidatos crónicos ao título, percebe-se que o estado de prontidão do Benfica é superior ao do FC Porto e do Sporting. Enquanto os encarnados evoluem na continuidade possível - é imperioso não esquecer que substituir Jonas e Félix requer muito mão de obra - mostrando uma sedimentação de processos muito interessante, os dragões revelam não só lacunas no plantel como algum nervosismo e muita ansiedade. A eliminatória com o Krasnodar é de tremenda responsabilidade e a equipa de Sérgio Conceição precisa de fazer mais do que mostrou até agora para passar, sem sobressaltos, ao play-off da Champions.
Já o Sporting continua mergulha na incerteza por Bruno Fernandes, uma circunstância que deve deixar Marcel Keizer, por umas razões, e Frederico Varandas, por outras, à beira de um ataque de nervos. Como é impossível ter sol na eira e chuva no nabal, ou recebem o dinheiro que faz falta, ou ficam com o jogador, que também faz falta. Um dilema!
Ás
João Félix
Um jogo no palco global e o mundo ficou a seus pés. Mas Félix terá mais a ganhar se acreditar nos que dizem que ainda tem muito a aprender, do que naqueles que passaram da dúvida à adoração. Uma coisa é certa, estamos perante um fenómeno futebolístico e mediático que atirou os 126 milhões para segundo plano.
Ás
Filipe Ramos
Desta vez não deu para trazer o caneco para a Cidade do Futebol, mas a afirmação de Portugal como potência mundial da formação é um dado insofismável, que deve encher-nos de orgulho. Finalistas nos sub-19 pelo terceiro ano consecutivo, há que distribuir felicitações por clubes e Federação. E pelos jogadores, é claro.
Ás
Bruno Lage
O Benfica parece mais confortável nos confrontos com boas equipas internacionais, e é evidente que há dedo do treinador. Na Luz, há boas soluções (a dobrar) para quase todos as posições, e se Bruno Lage conseguir manter fidelidade à capacidade de não complicar, a época pode ser muito interessante.
O que se aprende com a ascensão de Adel Taarabt?
«Estava à entrada da área, mas foi com um pouco de sorte... Ainda assim, acho que merecemos ganhar»
Adel Taarabt, jogador do Benfica
Há um ano, quem dava alguma coisa pelo futuro do marroquino Taarabt no Benfica? O mínimo que dele se dizia era que tinha sido um barrete sem nome, culpa da prospecção que viu um cavalo de corrida onde só havia um burro. Mas um homem é ele e a sua circunstância, e a de Taarabt alterou-se com Bruno Lage, que teve o respaldo de Filipe Vieira. Uma lição, sobre futebolistas e enquadramento...
Espanha derrota Portugal e faz a festa
O diário 'Marca' não fez por menos e dedicou a manchete de ontem à vitória dos sub-19 de Espanha sobre Portugal, na final do Europeu. 'Nuestros hermanos' sabem bem que não há um grande futebol sem uma formação de qualidade. Não é por acaso que Portugal, Espanha e França são quem são e estão onde estão.
Colômbia em êxtase
Há 110 anos que ninguém, tão jovem, ganhava o Tour de France, três semanas a pedalar, por monte a vales, numa das competições desportivas mais exigentes do mundo. Ultimamente, criou-se a convicção de que só corredores com traquejo podiam vencer o Grand Boucle. E não é que um colombiano de 22 anos chegou de amarelo aos Campos Elísios, superando em precocidade nomes como Gimondi, Anquetil, Fignon, Hinault e Merckx? A pergunta que se coloca é óbvia: será que vem aí uma era sob o signo de Egan Bernal?"
José Manuel Delgado, in A Bola