Últimas indefectivações
sábado, 6 de abril de 2024
Vitória...
Benfica 5 - 1 Leões Porto Salvo
Complicado, só fizemos o 3-1 a 6' do fim, num jogo onde voltámos a não concretizar o domínio na quadra!
Mais uma arbitragem ridícula...
João Neves é diferente, a contagem já começou
"Influência e evolução do médio não têm termo de comparação no futebol português e apontam-no a um outro patamar de exigência, mesmo que a tenra idade aconselhe cautelas
Lembro-me de me embriagar com a elegância e classe de Dani e não vislumbrar aquele Cruijff contrarrevolucionário deste lado do espelho, satisfeito com o status quo e pouco disposto a sacrifícios, que nos desiludiu época a época qual falso Messias. Garanto-vos que até hoje, com estes olhos que a terra um dia acabará por comer, nunca vi melhor naquela tenra idade, mesmo que a última imagem que tenha deixado, uma de burguês acomodado, o coloque mais perto da mediania que o mais mediano dos mortais.
Tive a certeza de que Futre era um Dom Quixote dos tempos modernos, com capa e cabelos ao vento, a correr, sonhador, ao encontro de todos os moinhos de vento que cerravam fileiras como gigantes imaginários. Tudo para dedicar a vitória à Dulcineia que lhe acenava sempre expectante perto da baliza. Pensei outras vezes que se a Argentina podia ter um Maradona, o Paulinho era a nossa rockstar, não em cima do Rocinante, mas sim ao volante daquele Porsche amarelo, living in the fast lane. Por instinto. Incontornável. Imbatível. Inquebrável. Aquele golo de nenhures e antes que se fizesse tarde à Estónia, feito de uma fé gigantesca, preparou o terreno para um dos maiores anticlímaxes da minha vida. Eu sei que o show must go on, sócio. Só que, de repente e injustamente, o joelho cedeu. Logo depois da armadura.
Antes de a trivela começar a aparecer como golpe final após aquele finish him que se ouvia das colunas da máquina arcade favorita, descobri coisas em Quaresma que nunca encontrei em Cristiano. O engodo e a deceção. Essa magia de ilusionista, a mesma que hoje parecem querer destruir nas redes sociais, desvendando todos os truques e mais alguns. E nós, parvos curiosos, a passar de vídeo para vídeo sem nos apercebermos de tudo o que se perde... Admito: faltava-me perceber a importância do contexto. Talvez também ao próprio Harry Potter. Já aquela capacidade sobre-humana, robótica, de aguentar sempre uma repetição mais, fosse no ginásio ou a cada cruzamento ou livre, criada por uma fome inexplicável e inesgotável que se renovava a cada recorde, tornou-se maior do que qualquer talento inato. E tornou-o muito mais do que uma simples némesis de Messi. Num melhor de sempre alternativo.
Achei que a visão de Hugo Leal poderia decalcar a de Rui Costa, e Manuel Fernandes criar mais impacto do que Moutinho, de quem me habituei por fim a ouvir que fazia sempre tudo bem, sem nunca lhe ver nada de realmente extraordinário. Porque havia qualquer gene de médio francês nos jeitos do ex-Benfica e que batia certo com aquilo que me diziam ao ouvido: «Olha que ele vai acabar como médio defensivo.» Um Manelélé! Talvez tenha sido injusto, que me perdoe aquele que bate sempre bem. Fui também quase capaz de jurar que Figo, numa vida feita de curvas e contracurvas, nos iria levar ao primeiro título da nossa história, já depois de Chalanix (tantas saudades!) não ter bebido poção mágica suficiente antes de defrontar aquela França de Platini. E Tigana. Giresse. Fernández. Ou Genghini. Le carré magique. Oh là là!
Detestei Vidigal, confesso, por substituir com força bruta o futebol trigonométrico de Paulo Sousa, e desejei que se Capucho não jogasse como se pisasse areia quente na praia à procura de oásis um dia conseguiria chamar-lhe um Figo. E o menino de oiro, bicampeão dos miúdos, que se era assim mais cedo do que os outros tinha naturalmente de ser o maior de todos? Pensava eu. Era especial JVP. Nem sempre o compreenderam, mas quem joga para nota 10 num dérbi decisivo e consegue ser o pai de Jardel, tem de perceber que houve demasiados momentos da carreira em que não esteve na estrada certa.
O futebol é o mais espantosos dos jogos. Por não haver verdades absolutas e por ser sempre capaz de nos surpreender. De nos atirar da cadeira abaixo e nos levantar, sem ajudas, no ar. De nos dar socos no estômago e palmadinhas nas costas. De nos entregar cansados às costas do sofá, braços paralelos ao corpo desfalecido, a pensar em tudo o que acontecera. De fazer com que o coloquemos à frente de coisas mais importantes na vida. E quando não é imediato, quando nos bate às portas da memória, traz consigo uma paleta completa de sentimentos e o prazer de voltar a recomeçar. Porque é o que fazemos quando vemos um jogador pela primeira vez. E tentamos adivinhar o impossível.
Os primeiros toques na bola que vi de João Neves não me arrebataram. Percebia-se o que queria fazer, porém ainda era figura demasiado frágil, tenra, mal se aguentava em pé. Era preciso pisar o relvado como se estivesse inclinado e aprender primeiro a escalá-lo em vez de correr ou caminhar. Saber como resistir. Hoje, é impossível não ficar boquiaberto perante o que leva para cada partida. O crescimento é absurdo. Já não é, aos 19 anos, daqueles que se constrangem com um rótulo ou uma comparação. Já deixou o instinto de sobrevivência para trás. Quer saltar mais do que os outros, aguentar na luta contra os que vierem, recuperar a bola e passá-la rapidamente, chegar perto da baliza e rematar. Do primeiro ao último minuto. Não se nega a nada. E, com isso, sem o saber ou querer, lidera pelo exemplo. É ele quem faz toda a equipa mexer. Se é que já não repararam.
O que mais encanta é a velocidade com que pensa e depois decide, bem à frente do que sempre aconteceu neste país. Porque o mau passe leva logo atrás a recuperação, a bola perdida traz colada a reação, o drible curto encaixa à primeira no espaço exíguo e a visão tem aberto, parecendo-o elevar bem acima do próprio corpo, dando-lhe a leitura periférica para passes de rotura. A influência que ganhou não é natural e, não querendo ser novamente injusto com quem nada tem que ver com o assunto, não há termo de comparação. Apreciem, sim, enquanto o temos por perto. A contagem decrescente começou e é imparável."
Refila, Ofende, Bate... Repeat!!!
As épocas passam e os castigos a sério ficam na gaveta. pic.twitter.com/kXwzERVqj2
— Hugo Gil (@HugoGil07) April 5, 2024
Socos & Pontapés!!!
A @estorilpraiasad tem imagens de tudo o que se passou.
— Alberto Mota (@lbrtmt1904_mota) April 5, 2024
Tenham a coragem de as divulgar... pic.twitter.com/TPJLHcw484
Mini-Éder's!!!
Vestidos a rigor!
— O Fura-Redes (@OFuraRedes) April 5, 2024
Éder, bem! pic.twitter.com/T2CvDNvQBG
Comunicado
"O Sport Lisboa e Benfica esclarece que não foi oficialmente informado de qualquer impedimento relativo à presença dos seus adeptos em Marselha para o jogo da 2.ª mão dos quartos de final da Liga Europa.
O Sport Lisboa e Benfica acrescenta que, em face das notícias veiculadas esta tarde em França, já encetou contactos com a UEFA e com a direção do Olympique de Marselha, sendo que, concretizando-se esta decisão das autoridades locais francesas, o Benfica tomará as decisões adequadas para melhor salvaguardar os interesses do Clube e dos seus adeptos."
Limites para os treinadores
"Treinadores devem ser iguais aos jogadores: fora do mercado só assina quem está livre
O SC Braga-Arouca está marcado apenas para amanhã, mas os clubes já andaram a trocar galhardetes por causa do treinador que é de um mas vai ser do outro.
É possível que Daniel Sousa só agora tenha apertado a mão a António Salvador, mas há muito que se percebera que o técnico ia para a Pedreira. Faltava apenas perceber quando, mas Artur Jorge, ao sentir que o estavam a tentar segurar com empurrões nas costas, decidiu aproveitar a boleia de John Textor para ir treinar o Botafogo.
O acordo permitiu ao SC Braga um encaixe de aproximadamente dois milhões de euros, mas António Salvador não quis gastar metade a recrutar um treinador que fica livre daqui por sete jogos. A questão é que o próximo desafio é precisamente em Braga, e isso dificultou a negociação com o Arouca, que colocou um prazo-limite para um entendimento. No meio de tudo isto até a saída de Artur Jorge foi colocada em causa, mas já não havia margem para recuar.
Salvador decidiu esperar sem esperar. Avançou já para Daniel Sousa, mas apenas com a possibilidade de o ter na próxima época. O antigo adjunto de André Villas-Boas venceu 10 dos 25 jogos disputados no Gil Vicente, primeira equipa que liderou, e agora já igualou esse número de triunfos em 18 jogos pelo Arouca. Na Liga, esta época, tem 31 pontos somados em 16 jogos, o que dá um aproveitamento pontual de 65%. Praticamente ao nível do SC Braga, que amealhou 69% dos pontos que disputou, com recursos obviamente superiores.
Daniel Sousa não só tem o direito de querer o melhor para a sua carreira, como é livre de assinar um contrato válido a partir da próxima época, mas o processo é desconfortável para todas as partes, e em particular para o (ainda) técnico do Arouca, que vai visitar o futuro patrão após ser acusado de falta de ética pelo atual, que também não se pode dar ao luxo de o libertar gratuitamente. Não está em causa o profissionalismo do treinador de 39 anos, mas só a circunstância de ser confrontado com o cenário de lutar por pontos que podem condicionar aquela que será a sua missão na próxima época deveria ser o suficiente para questionar os regulamentos. É irrealista pensar que os conflitos de interesse seriam abolidos, mas o caso prova a necessidade de regular este mercado.
O modelo espanhol, que limita os treinadores a um clube por época, será excessivo na forma como condiciona o direito ao trabalho, mas faz todo o sentido aplicar regras idênticas às dos jogadores: fora da janela de transferências só pode assinar quem está desempregado. Daniel Sousa continuaria a ser livre de assumir um compromisso com o SC Braga para a próxima época, mas estaria excluído o cenário de mudança imediata.
Em vez de recear menos oportunidade de trabalho, a classe dos treinadores deveria pensar nesta mudança como acréscimo de estabilidade, por mais ligeiro que seja. Com menos opções de mala feita será de esperar que alguns dirigentes pensem duas vezes antes de despedir."
Descubra as diferenças!
"Regresso a este tema só para ver se a minha caixa pessoal de mensagens tem algum descanso (preciso do espaço para coisas realmente importantes):
- Tenho recebido dezenas de vezes a imagem que segue abaixo, algumas sem legenda, outras com comentários a sugerir parcialidade, incoerência, favorecimento a A, prejuízo a B, além dos habituais impropérios e ameaças...
A vontade de ofender, de insultar, de tentar descredibilizar é tanta, mas tanta, que a alminha que se deu ao trabalho de fazer a montagem para sugerir desonestidade, nem percebeu que estava a fazer o exato oposto:
- É que na primeira imagem, Pote estica a perna para a direita, para a frente da corrida de Neves, fazendo-o tropeçar.
Não há penalti do médio encarnado, houve rasteira do avançado.
- Na segunda, Coates faz exatamente o mesmo que o colega de equipa em Alvalade: esticou a perna para a direita (embora aí para jogar a bola, mas sem sucesso), colocando-a à frente da trajetória de corrida de Rafa. De novo, a infração é de quem correu o risco e não de quem tropeçou e caíu por força do obstáculo que estava no seu caminho.
Ou seja, a analise foi exatamente a mesma nos dois lances: infração de quem esticou a perna para a frente da corrida dos adversários. Ponto.
Naturalmente que vocês podem ou não concordar com ela, podem ou não aceitar ou gostar. Faz parte, é compreensível. Mas é a minha opinião técnica e é essa que eu dou onde trabalho e aqui.
O que "não devem" fazer é sugerir que lances iguais tiveram tratamento diferente.
Não!! Tiveram exatamente o mesmo tratamento em termos de análise técnica.
E lucidez para entender isto?"
A desesperada insuficiência
"O Benfica caiu aos pés dos rivais na Taça de Portugal, no primeiro de dois duelos consecutivos entre as equipas. Numa altura em que os encarnados não se encontravam propriamente numa fase espetacular da época, no que diz respeito ao nível exibicional apresentado em jogos anteriores, o desempenho das águias no dérbi foi positivamente surpreendente. No entanto, acabou por não ser suficiente para seguir em frente.
Durante os 90 minutos, os encarnados mostraram-se superiores face aos adversários em vários aspetos do jogo. A pressão alta, que atingiu níveis parecidos aos da época passada, condicionou a saída de bola do Sporting como há muito não se via. A utilização de Tengstedt na frente de ataque, foi um dos principais elementos responsáveis por esse feito. Sem bola, o avançado dinamarquês é do melhor que se pode ter numa equipa.
É um atleta que corre longas distâncias na frente de ataque, sempre à procura de pressionar a saída da equipa adversária da melhor forma, muitas das vezes acabando mesmo por recuperar a posse na primeira fase de construção oposta. Além disso, e ainda no que diz respeito aos movimentos sem bola, Tengstedt destaca-se pelas movimentações de desmarcação marcadamente intensas e constantes, que permitem uma boa ligação com os companheiros que atuam atrás dele. No entanto, aquilo que mais falta ao nórdico é aquilo que mais se quer num ponta de lança: o aproveitamento de oportunidades. O poder de finalização de Tengstedt ainda está muito distante do desejado, e, num jogo deste caráter, o desperdício de grandes oportunidades mostra-me fatal para o conjunto.
Do outro lado, a fluidez ofensiva não esteve perto daquela apresentada pelos encarnados, mas, quando criadas, as oportunidades foram convertidas da melhor forma pelos leões. Um fator incontornável e que fez a diferença.
Dito isto, a culpa não recai apenas nos ombros do avançado do Benfica, até porque, face ao contexto, é a melhor opção para os encarnados nestes duelos.
O aproveitamento não foi o esperado, mas toda a equipa mostrou competência e desejo de reverter o desfecho da eliminatória. Os laterais Bah e Aursnes, por exemplo, voltaram ao seu melhor nível, e controlaram o ataque leonino enquanto rompiam com as linhas adversárias. João Neves e Florentino mostraram mais uma vez o ritmo categórico que impõem no jogo, e foram novamente referências para o bom funcionamento da equipa. O trio formado por Di Maria, Rafa Silva e Neres, muitas vezes ausente nas tarefas de pressão, foi a par de Tengstedt, essencial para o retorno dos ideais apresentados e para a criação das oportunidades de perigo. Exemplos curtos mostram que o resultado não surge pela incompetência dos elementos, mas sim pela insuficiência dos mesmos em tornarem a superioridade jogada em números no marcador.
Em relação ao papel do treinador, há que notar que o planeamento de Roger Schmidt para o jogo efetivamente surtiu efeito e isso é algo que pode ajudar a equipa daqui em diante.
A tática preparada resultou em preponderância frente aos leões, e esse facto dá à equipa uma lufada de esperança e confiança para os jogos que se seguem. Não apenas para o campeonato, como também para a Liga Europa. Chegando perto dos níveis apresentados no dia de ontem, as águias estendem a passadeira para um futuro de boas perspectivas até ao fim da época.
Antecipando agora a deslocação a Alvalade, os encarnados preparam o jogo tentando antever de que forma podem ferir novamente o jogo dos leões, face às alterações que podem surgir do outro lado. Agora sem o fator casa a favor, terá de ser apenas a definitiva superioridade dentro das quatro linhas a ditar o futuro das águias no campeonato."
Dérbi de sábado, a final da Liga
"Se as duas equipas jogarem o seu normal desta época - o Sporting (bem) e o Benfica (mal) -, os leões ganham. Mas se o Benfica jogar bem – como ainda não fez esta temporada (e terá de ser mais do que na Luz) – os verdes e brancos terão MESMO de jogar o normal (bem, e bem é bem mais do que na Luz)
O segundo dérbi das meias-finais da Taça de Portugal confirmou o que era previsível. A qualificação do Sporting para a final, corolário de superioridade não só no cômputo das duas mãos – Sporting foi melhor em Alvalade do que o Benfica na Luz -, mas também na temporada. Jamor ao que mais o mereceu. Ponto. E eis chegados ao grande momento da Liga, o Sporting-Benfica de sábado. Ainda que o (des)equilíbrio de forças entre arquirrivais não se tenha alterado com o jogo mais bem conseguido dos encarnados da última terça-feira, o próximo será outra história. Partida que é uma final para os campeões nacionais continuarem a ambicionar a revalidação e que não sendo decisivo para os leoninos aspirantes ao título, o empate bastar-lhe-á para ficarem com o troféu entre mãos.
Todavia, os 90 minutos da noite de 6 de abril no José Alvalade são de desfecho imprevisível. O Benfica (os seus jogadores e treinador) sabe que pode inverter um campeonato todo secundarizado ao Sporting se vencer em casa do eterno rival. Parece tarefa hercúlea atentando à mais recente visita. Mas para Roger Schmidt e a sua equipa chegou a hora do tudo ou nada, e que forçando os limites do esforço, do talento e da inspiração poderão encontrar a felicidade. Uma exibição mais inspirada do que recente da Taça na Luz poderá relançá-los na luta pela Liga.
Por seu turno, Rúben Amorim tem missão igualmente delicada. Embora sabendo que pode perder o jogo, que mesmo assim o Sporting continuará a depender de si próprio, o treinador leonino sabe que não pode… E passar uma mensagem eficaz que erradique da cabeça dos seus jogadores essa traiçoeira ideia de que o empate serve, não será fácil.
Se as duas equipas jogarem o seu normal desta época - o Sporting (bem) e o Benfica (mal) -, os leões ganham. À vontade. Mas se o Benfica jogar bem – como ainda não fez esta temporada (e terá de ser mais do que na Luz) – os verdes e brancos terão MESMO de jogar o normal (bem, e bem é bem mais do que na Luz). Amorim sabe-o e os seus comentários a esse jogo revelam-no."
Benfica: com nove titulares já certos, há dois lugares para especular
"Ver Schmidt tirar um coelho da cartola para se ajustar ao Sporting e tentar surpreender Rúben Amorim seria uma grande surpresa
Se juntarmos ao facto de Roger Schmidt ser pouco dado a mudar a equipa, a circunstância de os encarnados terem realizado na última terça-feira a melhor exibição da época, na Luz, frente ao Sporting, para a Taça de Portugal, concluiremos, obrigatoriamente, que o onze que o técnico alemão irá escolher para o dérbi de amanhã, em Alvalade, será o mesmo.
Porém, porque do lado do Sporting, além do regresso de Pedro Gonçalves – que tem golo e é, ao mesmo tempo, capaz de se transformar numa unidade mais a meio-campo —, é muito provável que Rúben Amorim repita o que fez na segunda parte da Luz, privilegiando o ataque pela direita com Geny Catamo, e assumindo maior prudência à esquerda com Matheus Reis (quer para deixar espaço às movimentações, nesse setor, de Pedro Gonçalves, quer para melhor conter a parceria Bah/Di María), Roger Schmidt poderá ponderar uma ou outra nuance. Para já, salvo algum imprevisto de última hora, vamos aos jogadores encarnados com lugar certo, amanhã, na equipa inicial: Trubin; Bah, António Silva, Otamendi, Aursnes; Florentino, João Neves; Di María, Rafa. Estes nove elementos parecem intocáveis. Sobram duas vagas, que permitem várias mudanças, sobretudo estratégicas, porque a base de 4x2x3x1 deverá ser mantida. Se a opção for por um ponta-de-lança clássico, não há nenhuma razão para que Tengstedt não mantenha a titularidade: nele, como acontecia com Gonçalo Ramos, inicia-se o trabalho defensivo da equipa; é expedito a acorrer às diagonais que muitas vezes surgem diretamente dos seus defesas; e consegue, através de uma movimentação constante, manter os três centrais do Sporting em estado de alerta. Portanto, não faria sentido que o dinamarquês ficasse no banco, para dar lugar a Arthur Cabral ou Marcos Leonardo, que apresentam características diferentes, e são menos suscetíveis de bom rendimento quando são chamados a um trabalho não só mais invisível como, sobretudo, mais solitário.
Outra coisa é se Roger Schmidt optar por deixar Rafa na posição mais adiantada da equipa, para aproveitar os espaços que o previsível balanceamento atacante do Sporting, a jogar em casa, permitirá, colocando nas suas costas o turco Kokçu, que não jogou na terça-feira, está fresco, e a um só tempo podia reforçar o meio-campo (contrabalançando a entrada de Pedro Gonçalves nos leões), ganhar poder de fogo na meia-distância, e ter alguém que combinasse, em proximidade, com Rafa. Se esta hipótese vingasse, não seria descabido ver-se João Mário na esquerda, em vez de Neres, para dar não só maior equilíbrio ao meio-campo (onde o Sporting tem sido muito forte), como ainda conter as subidas de Geny Catamo, que, embora ainda apresente algumas debilidades defensivas, é um desequilibrador nato quando a sua equipa tem a bola. Ou seja, a titularidade de João Mário (em detrimento de Neres), mesmo que a opção seja a de manter Tengstedt com Rafa nas costas, não deve ser considerada uma carta fora do baralho. Outra hipótese, quiçá a mais equilibrada, a que Roger Schmidt tem resistido, seria a de dar a posição dez a Kokçu, manter Tengstedt a nove, e fazer derivar Rafa para a esquerda, que seria ponto de partida para as suas ações de um-contra-um.
Estas são, pois, algumas hipóteses que devem estar sobre a mesa de trabalho do treinador alemão do Benfica, de olhos postos no dérbi de amanhã, que tem tudo para ser considerado o jogo do título. No entanto, se tivesse de apostar no onze que será escolhido por Roger Schmidt, colocaria as fichas na mesma equipa que iniciou o belíssimo jogo da última terça-feira, onde o Benfica acabou por receber menos do que aquilo que fez por merecer. Depois de analisar, ao longo de quase dois anos, a forma de pensar de Schmidt, que tem um futebol de matriz ofensiva mas é profundamente conservador quanto a mudanças (até durante os 90 minutos…), vê-lo tirar um coelho da cartola, para se ajustar ao Sporting e tentar surpreender Rúben Amorim, seria uma grande surpresa. Amanhã se verá…"
Benfica: na fraqueza a força
"No Benfica há quem deseje vitórias morais como a peste, mas o jogo com o Sporting reforçará, indiscutivelmente, a confiança
O Benfica recuperou a energia e alma do início da época passada, pressionou com inteligência e coragem como há muito não se via, recuperou bolas no meio-campo do Sporting e fê-las chegar com rapidez à área adversária para finalizar, teve músculo e pulmão de quem não está a caminhar para o fim da temporada, criou sensação de alarme nos jogadores da equipa de Rúben Amorim e obrigou-os a decidir sem tempo de pensar, criou situações, condições e espaço favoráveis, através do envolvimento dos laterais e da gestão de jogo de João Neves, para Di María ou David Neres, junto à área de Israel, fazerem diferença, soube reagir, salvo algumas exceções, aos perigos dos contra-ataques rápidos, diminuindo as situações em que os leões conduziram a bola de frente para Trubin, cortando o mal à nascença, cortando linhas de passe, marcando sem contemplações o homem que poderia receber a bola.
E fê-lo, seguramente, consciente de uma das maiores fraquezas: a falta de ideias, ou pelo menos a dificuldade em executá-las, quando tem a bola e encontra um adversário bem organizado pela frente. Aquilo que pomposamente poderemos chamar agora de ataque posicional ou, usando expressão que se vai perdendo, fio de jogo.
Os jogadores do Benfica nunca tiveram problemas, ou tiveram mesmo ordens, para despachar a bola para longe, para o meio-campo do Sporting, ao menor sinal ou ameaça de desconforto, como provam os oito passes longos (e só um certo) de Trubin. Era, depois, quando o Sporting a recuperava que o Benfica tentava enfraquecer o adversário por asfixia.
Abdicou Roger Schmidt de tentar controlar o jogo com a bola, apesar de no final a posse estar bem dividida (49 contra 51 por cento), para depois, como se disse, a tentar recuperar depressa e chegar com rapidez à baliza.
Essas circunstâncias levaram o Sporting a viver sem a convicção da segurança e a baixar as linhas. E o Benfica, para lá da boa execução da estratégia, sentiu-se, na prática dos lances e emocionalmente, por cima no jogo."
Pôr-se ao fresco antes de sair ‘queimado’
"António Salvador, presidente do SC Braga, indignou-se com Artur Jorge, mas quem quer lealdade tem de saber dá-la
«Perante os importantes objetivos que a época ainda nos reserva, confesso que não esperava que o treinador colocasse em causa o projeto (...). Num contexto desta natureza, mais importante do que as compensações financeiras, são a estabilidade e competitividade da equipa»
António Salvador, presidente do SC Braga, sobre a saída de Artur Jorge para o Botafogo
António Salvador, presidente do SC Braga, mostrou indignação com a atitude de Artur Jorge, já ex-treinador da equipa, que forçou a saída para o Botafogo, chegando a acordo com o clube brasileiro quando tinha contrato com os bracarenses até 2027.
Para o dirigente, o antigo defesa-central pôs o seu bolso à frente da estabilidade da equipa. Faltou dizer que, apesar da recente (em novembro do ano passado) renovação de contrato, Artur Jorge dificilmente iria continuar à frente da equipa na próxima época.
Aliás, não foi por acaso que rapidamente o SC Braga encontrou o sucessor de Artur Jorge: Daniel Sousa. Porque o acordo já estava fechado para a próxima temporada. Salvador ainda tentou antecipar a entrada, mas o Arouca pediu um milhão de euros e o presidente bracarense não quis pagar.
De qualquer forma, o negócio é ótimo para o clube minhoto. Recebe dois milhões de euros por um treinador a quem teria de pagar indemnização em julho, numa altura em que lhe resta lutar por 3.º, 4.º e 5.º lugar, ou seja, acesso à Liga Europa ou Liga Conferência...
Já Artur Jorge pôs-se ao fresco antes de sair queimado em julho, com bom contrato e desafio interessante. Fez bem. Porque quem quer lealdade tem, também, de saber dá-la."
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