Últimas indefectivações

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Ninguém se esqueceu de ti, Ljubomir

"Julian Weigl chega a Lisboa rodeado de um entusiasmo geral na massa adepta encarnada só vista nos tempos em que Pablo Aimar aterrava em Tires, acompanhado de Rui Costa. 11 anos depois, e com o mesmo intermediário a assegurar uma contratação de calibre internacional, o Benfica assume finalmente a ambição europeia tanto discutida pelos seus dirigentes.
Tudo isso, porém, não nos pode fazer esquecer que Ljubomir Fejsa perde cada vez mais espaço. Tornou-se, com a força da sua competência e anos de casa, um artefacto de valor inimaginável e merece uma despedida em grande. Urge que saia com a dignidade intacta. Começa a tornar-se tarde...
Foi com o toque de Midas do nosso tractor sérvio que nos tornámos uma potência hegemónica em território nacional. Saímos dos ciclos de um troféu a cada cinco anos – éramos campeões sazonais – e com ele fazemos seis em dez, igualando as melhores décadas da história do Benfica.
Desde que se estreou nos seniores do Partizan, nos idos de 2008, até à infame época de 2017-2018, Ljubomir foi sempre campeão. Foi o mais campeoníssimo jogador do Benfica, uma aura mística de vitória que influenciava todos no clube e uma integridade que marcou um balneário e fortaleceu-o: nunca se ouviu exageros da sua parte, tiradas ao lado, bocas inconvenientes na imprensa – chegou, trabalhou, cumpriu como ninguém e assumiu-se como uma das grandes figuras desta década por direito próprio. E lembrar que chegou… como solução para o banco de suplentes!
Foi o melhor daquela fornada sérvia que o Benfica explorou, de forma compulsiva e quase esquizofrénica, a começar em 2013 e a acabar em Zivkovic. Os dirigentes encarnados apaixonaram-se pela qualidade dos balcãs (os motivos para súbito interesse são discutíveis, mas a qualidade e influencia de Matic é o mais óbvio) e de todos os que fizeram as malas rumo a Lisboa, foi Ljubomir que se destacou e cinzelou o seu nome na história do Benfica com mais intensidade.
Houve Markovic, um talentozão que durou um mísero ano; houve Djuricic, que só em 2019 se assume como titular numa liga de topo; houve Sulejmani, e pouco mais. Todos os outros não tinham a qualidade suficiente para envergar o manto sagrado ou envolviam-se em questões extra-campo, voluntaria ou involuntariamente. Zivkovic é o maior dos casos e a maior tristeza dos últimos anos em termos de aproveitamento de talento.
Depois de controlar a Superliga Sérvia a seu bel prazer com as listas do Partizan, foi para a bacia do Egeu perpetuar o domínio do Olympiakos, onde limpou últimos terços adversários com a naturalidade que lhe é reconhecida.
O Benfica resgatou-o no ano do all-in, por 4,5 milhões de euros: a final da Champions era em Lisboa e Luis Filipe Vieira montou plantel megalómano, o melhor desde 1992-93. Havia, só para o meio-campo, Enzo, Matic, Fejsa, Rúben Amorim, André Gomes e Djuricic, um luxo que Jesus soube aproveitar.
A qualidade era tanta que permitiu a saída de Nemanja em Janeiro, porque Fejsa dava plenas garantias. Tantas garantias deu que se assumiu como titular desde aí, levando o Benfica a um tetra inédito.
A sua importância nos aspectos defensivos e a eficácia de Jonas na frente garantiram anos de sucesso a vários Benficas, mas o de 2017-18 foi tão mal construído que isso não bastou. Fejsa e Jonas salvaram muitas vezes Rui Vitória, mas a qualidade dos jogadores tem que ser complementada pela visão estratégica do treinador. O piloto automático era já tão natural que o técnico português distraiu-se e o penta foi à vida. Isso, aliado à “distracção” na construção do plantel, e o desfecho foi natural. Uma pedra no sapato de Fejsa e o único ano sem troféu de campeão da sua carreira profissional.
No Benfica, contam-se 308 jogos, cinco campeonatos nacionais, duas Taças de Portugal, três Taças da Liga e uma final europeia. Nada mau para seis anos. Um monstro da história benfiquista e a quem um obrigado não chega, pela sua conduta e respeito ao símbolo que representou com tanta qualidade. Um agradecimento de forma adiantada para um jogador ímpar."

Podemos tirar o miúdo do bairro, mas é difícil tirar o bairro do miúdo

"Seguindo um trabalho feito pelo Ajax (equipa holandesa) que decidiu mandar os atletas para a rua (literalmente) com o objectivo de descobrir a essência da prática do desporto rei nas ruas, e que desenvolvimento de competências / habilidades os jogadores ganham com esta prática, decidi falar um pouco sobre o futebol de rua e que importância tem isso para o desenvolvimento do jovem enquanto jogador.
Posto isto, a minha proposta irá prender-se, essencialmente, em discutir acerca do prazer pela prática de futebol e este, praticado “sem muitas regras”.
Cada vez mais, o futebol segue um caminho de maior “objectividade”, de algo muito mais pensado/estruturado, ou seja, algo que vai ao encontro de uma espécie de controlo sobre o outro. Cada vez mais, há uma maior “protecção” sobre os novos craques, sobre os futuros artistas do desporto rei. Com a minha experiência, ainda não muito extensa no mundo do desporto, e mais propriamente na área mais psicológica do jogo, questiono-me, por vezes, se a motivação dos jovens para a prática do futebol ainda existe de forma abundante em comparação com outros tempos. Questiono-me, constantemente, se o bem-estar do sujeito não terá um impacto brutal no rendimento do atleta.
A sociedade está em clara evolução e as pessoas em constante inovação. Existem mudanças e mudanças estas a decorrer de forma constante. Cada vez mais, há uma exigência de resultado, há uma enorme vontade de se ganhar sempre! E por vezes, não percebemos que estamos inseridos num contexto de competição, onde a vontade de vencer o adversário é colocada acima de qualquer outra coisa e nos esquecemos que do outro lado existem pessoas que querem tanto ou mais vencer do que nós.
A ideia do futebol de rua passa pelo desenvolvimento de competências pessoais e interpessoais dos atletas. E acredito que, de certa forma, se originam memórias por parte dos atletas, onde esta prática era constante nas suas zonas de habitação (principalmente jovens que moravam em bairros de cariz social). E, como referi no título do texto: Por vezes nós conseguimos tirar o miúdo do bairro, contudo, é difícil tirar o bairro do miúdo.
Os grandes clubes, cada vez mais, adoptam este tipo de dinâmicas: sair da academia, do treino, da fomentação orientada para o técnico/ táctico, focando-se no desenvolvimento pessoal com maior autonomia! Autonomia: algo que parece que vai desaparecendo ao longo do tempo.
Recordo-me, com saudade, das publicidades de grandes marcas desportivas, que incentivavam à autossuperação, mostrando dribles fantásticos, excelente controlo da bola, agilidade e gestos precisos. Estes modelos faziam as crianças sonhar, tentando imitar os seus ídolos e superando-se a si próprios. 
Assim, nos recreios, nas ruas e fora dos espaços específicos para o efeito, desenvolvem-se competências que são importantes para o crescimento da criança enquanto atleta, mas sobretudo, enquanto pessoa! Não importa se as balizas são sem rede, aliás, não importa sequer se há balizas! Basta vontade, imaginação e paixão!
Quando uma criança joga na rua, onde o piso é totalmente diferente daquele onde se treina constantemente, desenvolve imensas habilidades! Por exemplo, se a criança tem uma queda, ela estará a promover mecanismos de defesa para evitar novamente essa queda. O espaço é determinante.
Assim, para terminar, deixo uma pergunta retórica: Devemos ou não de abdicar de mais treinos de campo e levar os miúdos a promover, cada vez mais, a sua paixão pelo jogo em zonas onde muitos deles começaram a sua prática pelo grande "amor”? Ou seja, promover mais futebol de rua? Aquele jogo que só terminava quando a mãe chamava para jantar”"

Reflexos !!!

O ano de Krovinovic


"Depois de um período brilhante ao serviço do SL Benfica, quebrado por uma lesão gravíssima, Filip Krovinovic, o mágico croata procura a redenção no Championship, competição que o seu West Brom lídera a par do Leeds de Marcelo Bielsa.
É muito difícil encontrar um jogo do Croata em que a percentagem de passe tenha andado abaixo dos 90 porcento de bolas que encontram um colega. Muitas vezes como concorrente de Matheus, jogando nas costas de um ponta de lança, Krovi ainda precisará de ser um jogador com mais acções de risco, para aumentar o seu próprio impacto em zonas de criação. É no momento escandalosa a percentagem de bolas a que dá seguimento – Não perde a posse! Entrega sempre com qualidade.
Quando voltar a encontrar o elevado acerto com mais acções de criação, será muito naturalmente um jogador para um patamar bem distinto."

La Paliciana...!!!

Engenho e Arte !!!


Antevisão...

Objectivo: três pontos

"A filosofia "jogo a jogo", advogada e implementada por Bruno Lage com os resultados positivos que todos conhecemos, é para manter. Amanhã, às 20h30 em Guimarães, quando a nossa equipa iniciar a muito difícil partida com o Vitória, o foco estará unicamente apontado para a conquista de mais três pontos, numa longa caminhada que se deseja rumo ao 38.
A liderança isolada da classificação, com quatro pontos de avanço sobre o FC Porto, entusiasma, mas não decide. Na temporada passada, por esta altura, tínhamos sete pontos de atraso do então líder, mas encetámos uma recuperação brilhante e fomos campeões nacionais. Esta é a prova de que, em futebol, é sempre possível as coisas mudarem, mesmo quando as vantagens parecem significativas. 
Assim como não serão relevantes, para o jogo em Guimarães, o Campeonato e Supertaça conquistados no ano passado, a série de onze vitórias consecutivas na Liga NOS em que a nossa equipa se encontra, o impressionante registo defensivo na presenta época na principal prova nacional ou os 148 golos marcados e os 21 jogos com mais de três golos concretizados durante 2019 (quarto e segundo melhores registos de sempre). O importante, quanto a estes registos, será procurar dar-lhes continuidade, como é apanágio do Clube e tem sido deste grupo de trabalho em particular.
Além disso, teremos pela frente um Vitória a jogar no seu reduto, elogiado pela crítica, actual quinto classificado do Campeonato e motivado pela campanha feita, apesar da eliminação, na fase de grupos da Liga Europa, em que teve de defrontar Arsenal, Eintracht Frankfurt e Standard Liège.
Mas muito motivada, empenhada e ambiciosa estará também a nossa equipa. Essas são algumas das suas características mais vincadas, e os quase 22 mil adeptos que marcaram presença no Estádio da Luz no treino aberto realizado na passada quarta-feira representam um tónico adicional para a forma de estar habitual dos nossos treinadores e jogadores. Quem confunde estas manifestações de apoio com euforia não conhece o Benfica nem os benfiquistas. Conforme disse Grimaldo em entrevista após o treino, "todos queremos o mesmo, que é conseguir títulos para o Benfica".
#PeloBenfica

P.S.: O regresso às competições estende-se às restantes modalidades, com destaque para o dérbi no hóquei em patins. Benfica e Sporting jogarão na Luz no domingo, às 15 horas."

Sonho concretizado

"O ano que ficará para sempre na nossa memória como o da Reconquista terminou da melhor maneira com a atribuição do prémio de melhor academia do mundo pela segunda vez nestes últimos cinco anos ao Sport Lisboa e Benfica.
É por isso justo lembrar e dar o devido mérito a quem, desde a primeira hora, teve a visão estratégica de um projecto absolutamente decisivo no crescimento a todos os níveis que o nosso Clube tem conhecido e que planeou e concretizou a obra construída no Benfica Campus no Seixal.
Essa obra tem assinatura e merece o mais justo reconhecimento de todos nós de forma pública a Luís Filipe Vieira.
Um prémio que, importa recordar, culmina um ano que também será sempre recordado pelos novos protagonistas que deu a conhecer, seja pelo percurso absolutamente demolidor de Bruno Lage, pela explosão de talento que culminou com a maior transferência de sempre do futebol português de João Félix ou por prémios individuais como o de Seferovic, como goleador do Campeonato.
Terminou agora uma década em que o Sport Lisboa e Benfica teve um crescimento contínuo a todos os níveis, seja desportivo, financeiro ou patrimonial. Uma década de consolidação de toda a evolução e ambição de que o Clube com a nossa grandeza e história merece e exigia.
E a maior demonstração da vitalidade que vivemos foram os sinais com que terminámos o ano e demos início a um novo ano e a uma nova década.
A contratação de Julien Weigl representa todo o salto qualitativo que o Benfica pode dar devido à sua boa saúde financeira em termos de contratações. A aquisição de um internacional alemão a uma das principais equipas europeias era um cenário absolutamente impossível até há pouco tempo.
Importa também desconstruir a visão infantil de considerar que este tipo de aquisições coloca em causa a aposta no Seixal.
Pelo contrário, é essa aposta que permite hoje ao Clube dar um salto qualitativo em termos desportivos e financeiros e é na conciliação dessa base da formação com aquisições de jogadores de topo que permitirá ao Benfica enfrentar o novo ciclo ainda mais exigente em termos internacionais que esta nova década trará.
Simultaneamente, o ano iniciou-se da melhor maneira.
Primeiro com a enchente de ontem na Luz com cerca de 22 mil pessoas para assistir a um treino aberto, demonstrando a confiança e o ambiente de entusiasmo que os nossos milhares de sócios, adeptos e simpatizantes vivem.
Depois, hoje, com o lançamento do Benfica Play, um novo projecto de conteúdos que irá desvendar todos os bastidores e histórias – a que por norma não se tem acesso – sobre todo o Universo Benfica. 
Em síntese, conquista de títulos e reconhecimento internacional, paixão dos nossos adeptos, saúde financeira, capacidade de inovar nas áreas mais exigentes de produção de conteúdos. Assim se constrói o futuro!
#PeloBenfica"

Desmentido

"O jornal "A Bola" noticia na sua edição de hoje que o jogador Julian Weigl jantou ontem, 5.ª feira, em Lisboa, com o seu pai, com a sua namorada, com o seu advogado, com Tiago Pinto (director-geral do Benfica) e com José Veiga. É absolutamente falso que José Veiga tenha participado nesse jantar, que decorreu num restaurante em Lisboa.
Lamenta-se que "A Bola" não tenha sequer procurado confirmar a informação que publicou e que é, reitera-se, totalmente infundada."

Benfiquismo (MCDI)

Gigantes!!!

Os costumes

"É costume nesta altura do calendário fazerem-se resumos do ano que passou e apontar os principais objectivos para o que aí vem. Olhando para trás, foi uma época desportiva bastante positiva para o futebol (masculino e feminino) do Sport Lisboa e Benfica.
E nas modalidades também houve muitas alegrias, em ambos os géneros, aliás. Na formação, os sucessos continuarem a surgir nos campos, pistas rinques ou pavilhões. Também houve algumas derrotas difíceis de digerir, mas isso só acontece aos clubes que têm equipas em posição de conquistar títulos nas mais diversas modalidades. Umas ganham-se, outras não. Quem inventa equipas principais nas secretarias, ou quem nem sequer as apresenta, tem outros costumes: lamúria, queixume, inveja, maldizer, ressabiamento, o normal, como sabem.
Em 2020 vamos novamente ter de enfrentar gente sem escrúpulos que, seja através de coação sobre árbitros ou corrupção ao jeito Cashball, vão tentar tudo para nos fazer frente. Porque, afinal, é esse o maior desejo dos nossos rivais: ser como nós. É o costume.
Depois de passado o Natal, que, tal como de costume, é vermelho - e a azia que isso lhes causa -, vem agora a última noite do ano, aquela em que se formulam desejos e se tomam decisões para os meses que se seguem. Da minha parte, é simples, porque peço sempre o mesmo (sem passas, porque não gosto de uvas, nem frescas, nem secas), mas consigo imaginá-los, pequeninos, nas suas salinhas acanhadas, agarrados aos seus telefones inteligentes, a inventar mais sujidade para 2020. Pode ser que em vez de um, desta vez sejam os dois, juntinhos, a não conseguirem chegar sequer ao Natal. Um costume, portanto.
Votos de um feliz 2020 para nós, para as nossas famílias, e um abraço especial a todos os que semanalmente pensam, escrevem, fotografam e fazem o jornal O Benfica."

Ricardo Santos, in O Benfica

Troca de prendas no balneário

"Então e esse Natal, caro leitor? O meu foi óptimo. O polvo estava macio como o meio-campo do Sporting, as rabanadas saborosas como as vitórias do Glorioso, e os presentes foram desembrulhados com a mesma simplicidade com que o Pizzi tem desembrulhado as defesas adversárias. A consoada do meu pai é que fez lembrar o VAR nos jogos do FC Porto: passou o tempo todo a dormir. Gosto imenso do Natal pelo convívio em família, espírito de união e camaradagem que paira no ar. Na noite de 24 para 25 de Dezembro, a atmosfera lá em casa era tão amigável, que parecíamos o balneário do Benfica. É incrível o ambiente que os nossos craques deixam passar para o exterior, não é? Eu não tenho dúvidas de que a solidariedade foi uma das palavras de ordem por estes dias entre os jogadores. Até imagino como terá sido a troca de prendas.
O Vlachodimos deve ter recebido uma Nintendo Switch com o Pokémon Let's Go para passar mlehor o tempo durante os jogos, enquanto o Ferro e o Rúben Dias tratam de impedir que a bola passe do meio-campo. O Tomás Tavares recebeu algumas bandeirinhas para decorar o manjerico que transporta na cabeça. O André Almeida deu-lhe uma que dizia: 'Puto, vê lá se abrandas um pouco, que eu também quero participar na caminhada rumo ao 38 dentro do relvado'. O Grimaldo, o Gabriel, o Taarabt, o Chiquinho e o Pizzi foram brindados com um violino. Têm sido uns maestros autênticos em todos os estádios por onde passam, assim também podem começar a dar concertos na Casa da Música. O Vinícius recebeu ainda uma placa com as siglas 'MGV'. Se há um comboio chamado TGV (Train à Grande Vitesse), então também faz sentido haver um MGV (Máquina Goleadora Vinícius).
Eu prefiro viajar no segundo."

Pedro Soares, in O Benfica

Dinastia

"Nem o espírito natalício impediu algumas arbitragens de se fazerem notar pelas piores razões na última eliminatória da Taça de Portugal. Artur Soares Dias, na Luz, o Fábio Veríssimo, no Dragão, foram protagonistas, prejudicando Benfica, e beneficiando FC Porto, respectivamente, como aliás é hábito naqueles dois artistas.
Se fosse preciso encontrar sucessores para Pedro Proença e Olegário Benquerença, que a seu tempo gozaram com a nossa cara nos campos de futebol deste país, eis que temos dois candidatos exemplares. Um, Veríssimo, mais ostensivo, mais preocupado em fazer-se notar em agradar ao dono (expulsão de Renato Sanches no Funchal, golo anulado na meia-final da Taça da Liga, agora este golo do FC Porto ao Santa Clara, etc.). Outro, Soares Dias, mais requintado, mais habilidoso, sabendo chegar onde quer sem dar tanto nas vistas (por exemplo: 3 minutos de compensação no Moreirense - Benfica com 1-1 no marcador, e 5 minutos no Benfica - SC Braga com 2-1 e sem qualquer interrupção a justificar), sendo necessário alguma atenção para o perceber em todas as suas admiráveis dimensões.
Um e outro têm sido, nos últimos anos, os exemplos maiores de um certo apito-douradismo latente em alguns jogos e em alguns momentos. Um triste e sinistro legado, que as instâncias da arbitragem parecem sancionar com nomeações nos limites da provocação.

Não nos deixemos enganar: quando virmos Artur Soares Dias ou Fábio Veríssimo nomeados para arbitrar jogos do Benfica ou do FC Porto, já sabemos que alguém nos quer prejudicar. Habituámo-nos a isto durante anos. Durante décadas. Mas a paciência tem limites."


Luís Fialho, in O Benfica

Ano novo

"A época do ano em que impera a paz, o amor e a harmonia é tempo de balanço e de manifestar o meu orgulho de sócio que sente que 2020 será um período de verdadeira revolução no Clube e em todo o seu universo empresarial. Sinto que o presidente Luís Filipe Vieira irá brindar-nos com uma prensa que levaremos algum tempo a desembrulhar e que será a garantia de um futuro empolgante.
Em 2003, prometei devolver o Benfica aos benfiquistas. Em cinco mandatos, o presidente foi cumprindo todas as promessas eleitorais a um ritmo impressionante. A ponto de atingir os objectivos antes do prazo. Avizinham-se tempos em que se irá falar muito no SL Benfica, no seu modelo de gestão desportiva, económica, financeira e patrimonial, Depois de várias reformas encetadas nos ciclos de 2003/2006, 2006/2009, 2009/2012, 2012/2016 e 2016/2020, este último prestes a concluir-se, chegou a altura da revolução. Nada será como dantes a partir de 2020, Luís Filipe Vieira teima em olhar para a floresta, ignorando a árvore. E, por isso, conseguiu catapultar o SL Benfica para uma dimensão internacional. O presidente habituou-nos sempre a pensar em grande, a sonhar alto, mas com a sensatez de termos a perfeita noção de quem somos, onde estamos e para onde queremos ir.
O sonho europeu de Luís Filipe Vieira era uma inevitabilidade depois da obra feita. Recuperado que foi o prestigio do clube, o presidente encetou um trajecto que nos levou à hegemonia desportiva em Portugal, em praticamente todas as modalidades.
No futebol, com ele ao leme, conquistámos 22 títulos e estivemos presentes em quatro finais europeias.
Boas festas!"

Pedro Guerra, in O Benfica

Mães Natais

"É o que apetece escrever quando se revêm as memórias da recepção natalícia que o plantel de futebol feminino do Sport Lisboa e Benfica fez ao Lar Madre Teresa Saldanha. Sabe quem lá esteve que foi muito mais que uma visita solidária, tendo-se na verdade extravasado a mera solidariedade formal e criado uma atmosfera de partilha autêntica e de dádiva mútua como raramente se vê. A estas meninas a quem a vida negou a própria mãe, trouxe-lhes o Benfica uma alegria de Natal como não imaginavam. Os sorrisos encheram as caras, e a algazarra cortou os silêncios mais frios, mas quem fez o milagre não foram os presentes em si, e sim o contacto com as jogadoras. Este contacto directo com atletas de alta competição, mulheres vigorosas e fortes, modelos de atitude e força de vontade que nivelavam o discurso com as meninas e partilhavam a intimidade das suas histórias mútuas, em voz baixa ao redor dos presentes cujos laços e embrulhos se esfrangalhavam a um ritmo assustador.

Não eram mães, que essas não se substituem, muito menos nesses dias, mas foram, seguramente, Mães Natais e estiveram bem à altura desse enorme desafio. Traziam no caso prendas e embrulhos, mas o que deixaram, sem a menor dúvida, foi uma memória para a vida e uma dose de inspiração que aumentou o acreditar de cada uma e alimentou o sonho das suas vidas."


Jorge Miranda, in O Benfica

Metáfora crua

"Pronto. Aqui estamos no fim do ano, o que, evidentemente, não quer dizer que, no Futebol e nas outras Modalidades, já estejamos em condições de fazer quaisquer contas.
As contas só se fazem no fim.
É assim na vida e é assim no Desporto. As caminhadas individuais e colectivas, determinadas com percursos e objectivos singulares, são parecidas na forma como as cumprimos, ou sozinhos ou em grupo; numa equipa, numa empresa, num empreendimento, ou numa tarefa pessoal.
Mesmo conhecendo teoricamente o que temos pela frente, depois de começar, as caminhadas a que nós próprios nos propomos tanto podem consagrar certos momentos altos que nos são dados viver com respiração mais ofegante e um especial sentimento de felicidade e de alegria, da mesma forma como, subitamente podem levar-nos a um não esperado patamar de inferno que nos abate o ânimo, primeiro pondo à prova a nossa resiliência e, logo depois, a nossa capacidade de superação.
Por isso há quem, mesmo nas melhores ocasiões, prefira não perder de vista que é aí, nos difíceis momentos de quebranto, que se vê quais de nós, quem de entre todos (e, tantos somos!) melhor consegue superar-se a si e aos seus competidores, e se afirmar mais apetrechado e mais capaz nas suas valências, para vencer e conquistar todos os obstáculos e antagonismos que se lhe apresentem no futuro mais próximo.
Como dizem os meus netos, o Benfica está 'em altas'... Mas nunca fiando. Conforme a história abundantemente nos prova, a 'lógica' que serve (e da qual se têm tão impunemente servido) os nossos mais constantes adversários, no campo desportivo, tal como na vida cívica, não é evidentemente a mesma que nos tem garantido a soma de tanto título, tanto campeonato e tanta vitória.
À exuberante competência que, prova a prova, vimos exibindo e acumulando há cento e quinze anos para incessantemente dilatar o império dos nosso afectos, os outros só muito escassamente deixaram de responder por sistema, com esbulhos e armadilhas, cobiças e invejas que, na pequenez dos casos e na miséria comportamental dos protagonistas, só os empolgavam eles.
E neste momento alto da caminhada no final de outro ano exuberante, quanto mais tivermos nós presente esta metáfora tão crua, mais preparados estaremos para todas as manigâncias com que, sem dúvida, uns e os outros, nos tentarão impedir de prosseguir no sentido de fazermos de 2020 um novo grande ano."

José Nuno Martins, in O Benfica

A era de Zlatan

"Leio que ele regressa e vou logo confirmar a data de nascimento, aqui mesmo no zerozero, 3 de Outubro de 1981, já não há jogadores de 81, muito menos se não tiverem as luvas calçadas, mentira, há ainda uns quantos mas só um Zlatan, só ele e que volta a ser diavolo, Zlatan como ele gosta de ser chamado e lhe chamamos nós, que o seguimos desde que lhe percebemos o génio no Malmo, confirmado a seguir no Ajax, e depois na Juve, no Inter, no Barça, no Milan, no PSG, andou quase dez anos a ser campeão em todo o lado, e depois ainda o Man United, o LA Galaxy no que parecia a entrega dos papéis para a reforma, mas eis que de novo o Milan, já com os 38 completados, uma vez mais de volta ao topo: Zlatan, ou Ibra, aquele que é mesmo feito de outra fibra. Sempre me encantaram os jogadores que desafiam o tempo e a gravidade, desde Zoff em 1982, no meu Mundial eterno, 40 anos tinha o homem, espantava-me eu, quando acreditava que se era entradote aos 40, ancião mesmo, o homem aos 40 lá segurou a baliza italiana até agarrar, a mãos ambas também, a taça do mundo. Ainda o vejo de camisola cinzenta e troféu erguido,
O Zoff, já tem 77 anos, acreditam? Mais que os filhos, são os ídolos que nos fazem velhos.
Totti era eterno e já não joga, como não joga Maldini, talvez o melhor defesa que vi, nem Giggs, e como esquecer Giggs, o mais genial dos Fergie boys, e obviamente Romário, dentro da área ninguém foi melhor que ele, ainda goleador no Vasco já com queda de cabelo acentuada, todos geniais estes, persistentes na recusa de que o tempo lhes levasse o que o talento lhes deu. E já nem Túlio Maravilha por aí anda, parece que se cansou de vez em 2019, em Taboão da Serra, de recolher golos como berlindes, para tentar juntar mais de mil. Há outros que nem imaginamos que mexam todavia, mesmo se uma pesquisa rápida nos mostra que alguns apenas mascaram o fim da carreira, como Lúcio, central campeão do mundo que se equipa no Brasiliense aos 41, Marcelinho Paraíba, que aos 44 anos ainda saltita entre o Treze e o Perilima na Campina Grande, Hleb, agora no Isloch da Bielorrússia natal.
E há sempre hipótese de El Hadary calçar as luvas de um novo clube egípcio aos 46.
Mas há também quem faça de conta que 2020 está mesmo ao virar da esquina depois de 2010, gente para quem a década passou mais devagar que para mim: Buffon, o Zoff destes tempos, ainda rivaliza na baliza da Juve, mas é guarda-redes, dirão, Claudio Pizarro não é, sempre foi avançado e ainda faz golos, aos 41, pelo Werder Bremen, como Ricardo Oliveira no Atlético Mineiro aos 39, mesma idade de José Sand, do Lanús argentino. E da geração de 80 há Emre Belözoğlu, o que foi do Inter e do Newcastle, ainda muito utilizado no Fenerbahçe, nascido uns meses antes de Lucho González, titular e referência do Atlético Paranaense, tal como Andrés D´Alessandro e Nenê, outros craques de 81 e que se preparam para renovar, no Inter de Porto Alegre e no Fluminense. Em Portugal, temos Ricardo Costa, que chega a uns 38 de primeira, no Boavista. E depois há Joaquín, ainda admirável no Bétis e que tinha de fechar este desfile, que ninguém joga mais que ele entre os nascidos antes de Zlatan. 
Zlatan é outra coisa.
Mais que os recordes de títulos e golos, no PSG foi ele a ultrapassar o nosso Pauleta, ou os momentos sublimes, como o calcanhar em 2004, cá pela nossa terra, ou da bicicleta mais longa do jogo, frente à Inglaterra e numa vitória de 4-2 em que marcou todos os golos suecos, ele é seguramente maior que o próprio nome herdado dos Balcãs, é “a” personagem do futebol como não há outra desde que Cantona decidiu engordar. Pode ser o desafio final para o gigante acrobata, cinturão negro de taekwondo, a hora de mostrar que não é apenas um artista lendário em fim de carreira, já mais importante no cartaz do que no palco. Os jornais italianos vêem o Milan ressurgir com ele e graças a ele, e até o juntam nas capas ao melhor que por lá têm, Ronaldo, pois claro, outro óbvio negacionista do envelhecimento. Em 2012, o Conselho da Língua Sueca aceitou um neologismo, “zlatanera”, que significa literalmente “ser Zlatan” como sinónimo de dominar. É impossível evitar o trocadilho, porque a era de Zlatan prossegue, já para lá de uma guerra de tronos sempre na luta por dominar mais um território. Para nossa felicidade, aí está a nova temporada."

Premier League

"A Premier League é a melhor liga de futebol do mundo. Outras ligas podem ter melhores jogadores como Messi, Ronaldo, Neymar, Mbappé e muitos outros. A Premier League é especial e consegue reunir o melhor de todas as outras ligas.
Começa logo pelo seu calendário sui generis, mais conhecido por Boxing Day que, nesta época natalícia permite ver jogos de futebol enquanto todas as outras ligas param.
Nesta época de férias escolares permite aos ingleses levar toda a família ao futebol, no fundo é uma festa fora dos relvados.
Por outro lado, para os ingleses, o jogo nunca acaba, só acaba quando o árbitro apita. É esse o espírito que fascina qualquer adepto de futebol, uma equipa que pode estar a ganhar nos minutos finais, num ápice, pode ficar a perder.
A concentração e o profissionalismo aliados a uma garra incomum, torna o espectáculo fascinante.
A Premier League é a liga mais antiga do mundo, a sua primeira edição remonta a 1888, mas nunca se deixou ultrapassar e reinventou-se, mantendo bem viva a sua áurea de melhor liga do futebol mundial. Pelo menos sete equipas podem ser consideradas grandes: Manchester United, Liverpool, Arsenal, Everton, Chelsea, Manchester City e Tottenham . Mas há outras logo atrás, como Leicester que podem vencer a Premier League como aconteceu num passado recente, ou outras equipas como Newcastle ou Wolverhampton que brilham.
A distribuição dos direitos televisivos é uma das mais justas do mundo. Na Premier League a sua distribuição é dividida em três partes: a primeira é uma divisão igual entre os 20 clubes; a segunda é dada pelo mérito quanto melhor classificada; a terceira é dada de acordo com os jogos transmitidos pelo clube na televisão.
Segundo estudo feito pela European Professional Football Leagues (EPFL), a Premier League é a segunda liga com a maior média de público na Europa desde a temporada 2010/11, atrás apenas da Bundesliga, contudo não parece, os seus jogos têm quase sempre a lotação esgotada.
As equipas inglesas podem não conquistar tantos títulos europeus como as outras equipas, mas o ano de 2019 foi do Liverpool.
A Premier League tem muito dinheiro e dos melhores jogadores do mundo, mas se não tivesse a mentalidade que tem: jogar sempre para a frente; com garra; querer e vontade; entrega total; nunca desistir. Esta mentalidade é que faz toda a diferença e é seguida por milhões de adeptos em todo o mundo. Recordo-me de ter estado em Hong Kong, no hotel o hall tinha espaços para se ver os jogos da liga inglesa.
A Premier League é realmente a melhor e mais atractiva liga de futebol do mundo. Para nós portugueses também é especial, temos o José Mourinho no Tottenham que regressou e o Nuno Espírito Santo no Wolves com inúmeros jogadores portugueses."

O futebol e os meios de comunicação social: um feliz casamento de conveniência

"No âmbito das guerras de audiências e de conteúdos a que se entregam os diferentes meios de comunicação social, o futebol continua a ser um produto-chave. Se um dia a sua difusão deixar de ter importância, colocará um sério problema na economia do “desporto-rei”.
Para já, existe uma “teledependência”. Os direitos televisivos representam orçamentos colossais. Os jogadores tornam-se estrelas, aumentam a sua notoriedade e o seu valor de mercado. E o mercado do futebol transforma a paixão em lucro e os adeptos em consumidores. O futebol está em todo o lado, ocupando o espaço mediático. Vários canais de televisão têm sido criados dedicados a esta prática desportiva. As emissões concedem a palavra aos convidados, “refazem-se” os jogos, e, não raras vezes, a emoção predomina mais do que a reflexão. A televisão reflecte e constrói os imaginários sociais através das suas imagens e dos seus discursos. Ela é um bom parceiro do “negócio”.
Os jornalistas também procuram o seu lugar neste casamento de conveniência. Se são promotores do espectáculo na televisão, dão uma certa sensação de independência na imprensa escrita ou na rádio. A transmissão de um jogo de futebol não começa no momento em que as equipas se encontram no campo e a bola colocada no centro do relvado. Tudo é “desenhado” antes: a chegada dos autocarros com os jogadores aos estádios, a concentração dos jogadores no túnel que dá acesso ao relvado, a entrada dos jogadores em campo, o momento dos hinos, a tiragem à sorte para a escolha do terreno, as pequenas acções de “carácter mágico”, como diria Marcel Mauss, antes do jogo e, depois do jogo começado, as reacções dos jogadores protagonistas dos momentos decisivos. Se os adeptos aceitam o seu afastamento relativamente ao evento em si, renunciando ao espaço, não rejeitam ver os jogos via a mediação da televisão. No fundo, o desporto de competição, e em particular o futebol, é considerado como uma manifestação exemplar do capitalismo globalizado."

Compras e vendas...

"Necessidades de Benfica (equilibrar). FC Porto (manter...) e Sporting (muitas... - onde o donheiro?). Campeonato regressa (uau!) e logo 'aceso' no duelo pelo topo

Janeiro atribulado (muito ou não tanto, veremos): segunda época do futebolístico mercado de compras e vendas, com consequentes folhetins. Por cá, mormente no eterno trio de grandes clubes, que movimentações são mais expectáveis?

Benfica: equilibrar plantel deverá ser palavra de ordem. Porque excessivo (29!) e, creio, por necessitar de mais consistentes opções. Veterania de Fejsa e complexo temperamento de Zivkovic voltam a estar na porta de saída; agora quase de certeza. Mas o quase mantém-se problemático - mesmo muito, no caso de Zivkovic: ordenado altíssimo, grande talento esbanjado em sucessivas temporadas (excepção para os meses em que Rui Vitória conseguiu transfigurá-lo de extremo em médio esquerdo no 4-3-3!; seguindo-se rendimento pura e simplesmente nulo!). De potencial forte trunfo para carta em definitivo fora do baralho. Só que... quem se interessa por Zivkovic, abstraindo do seu custo e, quiça sobre tudo, da fama de mau feitio... que já tinha na Sérvia?
Samaris, novo contrato no final da época passada, parece ter continuidade em dúvida (estranhamente). Saída de Conti, por empréstimo, está consumada (penso ter capacidade muito superior à que pôde mostrar em ano e meio, limitadíssimo por ror de lesões). Para Ebueh, defesa direito nigeriano que, também por lesão, perdeu toda a época anterior, nesta se ficando pela equipa B, provável mudança de ares. E Raul de Tomas? Mais perto de sair do que de permanecer? Haver, ou não, possibilidade de muito atenuar investimento de 20 milhões... deverá decidir.
Bruno Lage pede acréscimo de competitividade. Quanto a mim, face a lacunas, lógico o primeiro alvo: meio-campo. Concretizada a aquisição de Weigl, médio germânico. Desconheço de possui as desejáveis, creio, características de todo-o-terreno, justificando €20 milhões. E mais? Vislumbro urgência de defesa central!... Talvez Lage gostasse de ter outro extremo (Caio Lucas sairá?). Duvido imenso de que possa surgir o tal firme competidor do muito bom Odysseas...
Dinheiro não é problema benfiquista. Acertar em reforços - ainda por cima a meio da época - é a magna questão...

FC Porto: manter Danilo e Alex Telles, o ultra objectivo. Até ao final da época... - aí terá necessidade do tal encaixe rondando 70 milhões. Actual trunfo: aquisições são desnecessárias. O FC Porto soube ir às compras no tempo certo. E como era difícil substituir meia equipa!: Casillas, Felipe, Militão, Herrera, Brahimi, Oliver... Acertou no regresso de Marcano e em Marchesín, Mbemba, Uribe, Diaz, Loum, José Luís, Nakajima... que Sérgio Conceição está projectando como novo Brahimi. E até Saraiva, internacional argentino, começa a dar sinais de vida. Hecatombe no acesso à Champions aos seus cruciais milhões e 2.º lugar no campeonato não se devem a não ter forte plantel (quanto a mim, volto a frisar, o melhor em Portugal).

Sporting: SOS por reforços! SOS por dinheiro para consegui-los! Tão evidente: a equipa - vindo a melhorar, passo a passo - estará espremida quase ao máximo. Manter Bruno Fernandes (alto risco de se desvalorizar) e Acuña é premente necessidade competitiva. Se Bruno tivesse saído pelos tais 60 milhões (efeito Félix foi-lhe terrível), isso permitiria aquisição de 2 ou 3 bons avançados; nada a ver com a qualidade de Jesé, Fernando e mesmo Bolasie, empréstimos em ultíssima hora, após última hora nas decerto imprescindíveis transferências de Bas Dost, Raphinha e Thierry (rondaram 37 milhões). E agora? Parece haver busca de ponta de lança, apesar de o jovem Pedro Mendes, enfim inscrito, poder acompanhar Phellype (se este não sair...). Acima de tudo, creio, Silas terá de apostar na recuperação de Battaglia, muito tempo lesionado, e no crescimento dos meninos Camacho, Plata, Jovane, Rodrigo...


Campeonato regressa (teve a 4.ª interrupção!) e com jornada bem importante na corrida pelo título: V. Guimarães - Benfica, Sporting - FC Porto. O 5.º classificado - audácia no seu bom futebol - é duro obstáculo para o campeão e líder. Em Alvalade, o FC Porto soma 11 anos sem conseguir vencer... Na época passada, foi na visita ao Sporting (0-0) que começou a minguar o avanço portista, até aí de 7 pontos. E em Guimarães, apenas no 3.º jogo da era Bruno Lage, muito penosamente vencendo por 1-0, o Benfica embalou para fabulosa 2.º volta que o transfigurou em campeão. Óbvio: recordar isto é mera curiosidade."


Santos Neves, in A Bola

Por uma questão de... milímetros

"Golo! - a alegria do jogo, milhares nas bancadas a festejar, um cacho de jogadores numa comunhão da festa. E, de repente, o árbitro leva a mão à orelha, aconchega o auricular, manda esperar. Faz-se silêncio no estádio, os jogadores, que vibravam com o golo, tornam-se figuras incrédulas. O tempo pára e, com ele, interrompem-se as emoções, como naquele anúncio televisivo que avisa: «As emoções seguem dentro de momentos».
Depois, o árbitro faz um imenso quadrado imaginário, ergue um dos braços e, com o outro, aponta para o falta, por fora de jogo. Há futebolistas com as mãos na cabeça, público irritado, até mesmo os adeptos do clube que beneficia da decisão sentem-se um pouco envergonhados. Nas televisões do país, o comentador assinala o que vê em legenda abaixo: «Estava fora de jogo, por 20 milímetros». Talvez a ponta do pé, a culpa de calçar 45, quando o defesa só calça 42. E nem fora ele a marcar o golo. Aliás, depois dele ter tocado na bola, muito ainda se jogou. Parecia um lance sem mácula, impossível de anular. Ainda por cima, um belo golo, tecnicamente perfeito, aquele remate em arco, ao ângulo. Mas não valeu, por 20 milímetros. Há quem ponha em causa a linha, que não terá sido feita no momento exacto do contacto com a bola. Os especialistas falam em frames. Décimos de segundo e cada um equivale a uma diferença de trinta centímetros. Mas não há nada a fazer. O árbitro lava as mãos como Pilatos e defende-se com a decisão tecnológica. O futebol, visto pelam óptica da tecnologia, assusta, porque, para o espectador comum, a tecnologia é estúpida. Não compreende o jogo. É, pois, urgente repensá-la melhor."

Vítor Serpa, in A Bola

Bruno Lage em entrevista...

Weigl chegou...

Cadomblé do Vata (Weigl a caminho de Fátima!!!)

"Eu - Em Itália dizem que Gedson pode estar a caminho do Inter.
Diogo, conterrâneo do Veríssimo e do Olegário - Acho o Gedson um valor seguro para a equipa. Está a ser mal aproveitado. Acho que podia dar... mas se for por 40 milhões, sim.
Eu - Se o plano fosse vender Gedson e ir buscar Weigl, fazia uma procissão a Fátima a pé.
Diogo, conterrâneo do Veríssimo e do Olegário - Almancil / Fátima ahahaha.
Eu - Gedson por Weigl? Arranco já amanhã para cima, é só avisarem.
Diogo, conterrâneo do Veríssimo e do Olegário - Weigl não vem para Portugal.
Eu - Pois isso sei eu. Não aposto 600km a pé assim sem mais nem menos.

Esta transcrição de um diálogo tido no dia em que o interesse do SL Benfica em Weigl foi primeiramente noticiado, mostra bem o que é vida de adepto fala-barato: constantes chapadongas nas fuças para aprender a estar calado. E no fundo, é isto: ainda mal chegamos a 2020 e já empenhei a sola dos calcantes numa aposta que tinha tudo para correr bem. Há uns anos passei uma tarde bem regada com uns amigos, a descarregar uma caixa de chumbinhos de espingarda de pressão, contra um caracol estático numa parede a 3 ou 4 metros, enquanto ele se ria dentro da carapaça por ninguém lhe ter acertado. Numa conversa há 2 semanas, como que lhe acertei num olho, com ele bem enrolado na casinha que traz ás costas.
Em abono da verdade, a vinda para Portugal de um internacional alemão de 24 anos, titular de uma equipa de topo da Bundesliga era uma hipótese tão estapafúrdia como acreditar que eu consigo ir do Algarve a Fátima sem ajuda motorizada. Quando falava com o conterrâneo do Veríssimo e do Olegário, Julian Weigl tinha acabado de marcar um golo ao RB Leipzig perante a Muralha Amarela do moderno Signal Iduna Park lotado por 80.000 espectadores. Se tudo correr bem, antes do final de Janeiro vai marcar um golo ao Paços de Ferreira no Caixote Amarelo do vetusto Estádio da Mata Real que deverá estar cheio com 9.000 almas.
Portanto, fruto de uma daquelas improbabilidades físicas do Universo, mas que inacreditavelmente acontecem, vejo-me hoje na infeliz posição de, a fim de evitar a vergonha desprestigiante de não cumprir uma aposta, desejar que um cracalhão da classe de Weigl chumbe nos testes médicos por se descobrir que é alcoólico, ou tem as rótulas feitas em paté de camarão, ou tem uma mulher feia (já vi, não tem)... e até podem ser todos verdade, porque vamos lá a ver... 20 milhões por Weigl? Por 15 milhões vendíamos nós jogadores da equipa B há meia dúzia de anos. Como não pensar que os alemães nos estão a passar a perna?
Independentemente de todos os problemas e dúvidas que este reforço me acarreta, não posso deixar de referir que é uma contratação gigante, não só pelo valor desportivo do rapaz, como pelo significado da vinda de um teutónico titular do Borússia Dortmund na flor da idade para o Sport Lisboa e Benfica, que pode mesmo abrir portas a outras brincadeiras deste género. E pelos vistos a onda de renovações com revisão de vencimentos que assolou o plantel do Benfica tinha uma razão: dar lastro no balneário, para a chegada de atletas com ordenados acima da média."

Decade of Glorioso

Universo Paralelo: SL Benfica vence FC Porto e voa rumo ao inédito “penta”

"Domingo, 15 de Abril de 2018. Mais de 63 mil espectadores enchiam bancadas da Luz para o jogo contra o FC Porto. Os dragões chegavam a este jogo com menos um ponto do que as águias, sendo que restavam apenas quatro jornadas para o fim do campeonato.
O jogo começou bem para os comandados de Rui Vitória, com Pizzi a abrir o marcador logo aos dez minutos de jogo. O médio português disparou um remate potente ao ângulo inferior direito da baliza de Iker Casillas, materializando o bom arranque dos encarnados na partida.
No entanto, a resposta azul e branca não tardou em chegar e, aos 35 minutos de jogo, Hector Herrera, através de um remate potente ao ângulo superior esquerdo das redes de Bruno Varela, repôs a igualdade no marcador. O resultado manteve-se inalterado até ao final dos primeiros 45 minutos da partida.
No segundo tempo, os homens de Sérgio Conceição entraram mais fortes, mas foi o Benfica a colocar-se, novamente, na frente do marcador. Após uma recuperação de bola de Ljubomir Fejsa, Rafa lançou um contra ataque fulminante pela ala esquerda encarnada, assistindo Raúl Jiménez, que, aos 60 minutos, fez o segundo golo dos encarnados na partida.
Os restantes 30 minutos foram de assédio total à baliza de Bruno Varela. Os dragões estavam instalados no meio campo defensivo dos encarnados, anulando qualquer tentativa de contra ataque por parte dos homens da casa. No entanto, o guardião português mostrou estar à altura do desafio, tendo segurado os três pontos.
Os homens de Rui Vitória davam, assim, um passo enorme rumo à conquista do título. Ao alargar a vantagem de um para quatro pontos, os encarnados ganhavam agora uma almofada pontual mais confortável, que permitia enfrentar as jornadas restantes com mais tranquilidade. A “águia” voava, agora, rumo ao inédito pentacampeonato e, exceptuando um pequeno deslize frente ao Sporting CP – Benfica empatou 0-0 em Alvalade -, manteve a senda de vitórias até ao final do campeonato."