Últimas indefectivações

sábado, 25 de julho de 2020

TAD suspende interdição do Estádio da Luz

"No seguimento da providência cautelar interposta pelo Sport Lisboa e Benfica, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) suspendeu a recente decisão, emanada do Conselho de Disciplina da FPF, de interdição do Estádio da Luz por dois jogos. A suspensão teve o acordo de ambas as partes.
Esta deliberação do TAD está em linha com outras decisões que anularam este tipo de castigos impostos pelo Conselho de Disciplina, órgão que, conforme o Tribunal entendeu recentemente no âmbito de um processo análogo, "não tem competência legal para a aplicação de sanções relacionadas com a concessão de apoios a grupos organizados de adeptos que não estejam registados junto do Instituto Português do Desporto e Juventude, na medida em que tal competência é exclusiva do IPDJ".
Noutro caso, lembre-se também que ainda há pouco tempo, como foi noticiado no dia 15 de Julho, o Tribunal da Relação de Lisboa deu razão ao SL Benfica ao considerar improcedente o recurso do Ministério Público (MP) da decisão que, em primeira instância, já absolvera o Clube do castigo (um jogo à porta fechada e multa de 56 250 euros) aplicado pelo IPDJ em 2018 por alegado apoio ilegal a Grupos Organizados de Adeptos (GOA).
Com este despacho, o Tribunal da Relação reiterou a legalidade dos procedimentos do SL Benfica, sendo os mesmos conformes aos imperativos e às necessidades de segurança para um espectáculo desportivo, como é o caso de um jogo de futebol, e alinhados com as exigências de uma boa organização deste tipo de eventos."

Benfica: desde quando contratar o melhor treinador português é uma má notícia?

"Há um antes e um depois de Jesus.
Pode parecer uma metáfora vulgar, e é verdade que o é, mas neste caso é também a mais pura das verdades. Há um antes e um depois de Jorge Jesus no Benfica.
Antes de Jorge Jesus, o Benfica também fazia grandes contratações e tinha excelentes jogadores. Tinha por exemplo Cardozo, Pablo Aimar, David Suazo, Miccoli ou Di Maria. Mas a verdade é que não ganhava. Foi uma vez campeão em quinze anos e aconteceu por falta de comparência.
Veio Jorge Jesus e com ele tudo mudou. O Benfica foi campeão seis vezes em onze anos, sendo que três desses títulos aconteceram com Jesus e os outros três aconteceram a partir da herança que ele deixou no clube. Desde então o Benfica nunca mais foi o mesmo.
No entanto, as sementes que o português deixou, secaram na terra: e no fim de uma época decepcionante, Luís Filipe Vieira decidiu recuperar o treinador que mudou o clube.
Nesta altura não faltou quem recordasse as críticas feitas ao treinador, as acusações de não servir ao Benfica, o processo que lhe foi movido na justiça, as denúncias de roubar conhecimento e programas informáticos, enfim, um quadro completo de queixas, incriminações e disparates.
Ora por isso, o que fica deste regresso de Jorge Jesus?
Fica que Luís Filipe Vieira teve de engolir um sapo (ou dois, ou três), teve que dar um nó no orgulho e teve que assumir que errou. E isso também é um sinal de inteligência.
Era provavelmente mais fácil ir buscar outro treinador, mas essa opção não lhe garantia a criação de uma base tão vitoriosa como Jorge Jesus garante.
Afinal de contas estamos a falar daquele que é provavelmente o melhor treinador português da actualidade: e contratar o melhor treinador português da actualidade nunca será uma má notícia."

Rui Baião...

Jesus garante Benfica à Benfica

"Jesus é quem mais rapidamente pode colocar o Benfica a ganhar ainda mais e a jogar ainda melhor

Termina este fim-de-semana um campeonato sem cor, anémico e pandémico. Falta decidir pouca (ou muita) coisa. Primeiro quem acompanha o Aves na despromoção, depois quem fica em terceiro e quarto lugares e, por fim, se Famalicão ou Rio Ave vão à Europa. Aqui reside o maior injustiça para quem ficar de fora. Pizzi, Carlos Vinícius e Paulinho discutem o vencedor d'A Bola de Prata, num final de campeonato que junta os primeiros quatro classificados em dois jogos. Mesmo neste campeonato fraquinho, fica sempre alguma coisa para ver.
Vitória clara do Benfica nas Aves, por bons números, onde fica a exibição de um grande Pizzi e um cheiro muito intenso a qualidade em sete minutos de Gonçalo Ramos.
O Benfica viu chegar Jorge Jesus, um regresso que me dá imensa alegria. São sabidos e púbicos a relação de simpatia e o apreço que tenho pelo técnico. Curiosamente, a minha alegria não advém porque venha salvar o Benfica de nada ou porque sem Jorge Jesus não houvesse um conjunto de excelentes treinadores que poderia obter sucessos com o Benfica. A minha alegria deriva de Jorge Jesus ser um magnífico profissional, porque sempre admirei a qualidade de futebol que as suas equipas apresentam e porque, para mim, ir ao futebol é antes de mais um momento de prazer para quem gosta do jogo.
Jorge é excelente por si próprio e não ser comparação com terceiros. Nos cinco anos sem JJ, o Benfica venceu três campeonatos e continuaria a ganhar se estão não fosse a escolha. No entanto, esta escolha garante futebol atraente, garante o futebol que eu gosto, garante-me  meu Benfica a jogar à Benfica. Todos queremos ganhar muitas vezes, mas eu gosto de fazê-lo a jogar bem. JJ é isso mesmo, um Benfica a jogar bem e, por isso, sempre mais perto de nos devolver os sorrisos que tanto gostamos.
Ao contrário do que leio e ouço, Filipe Vieira não escolhei um nome que o proteja (e não precisa) eleitoralmente, porque Jorge Jesus é até uma escolha polémica em sectores minoritários de sócios. O presidente escolheu aquele que hoje mais rapidamente pode colocar o Benfica a ganhar ainda mais e a jogar ainda melhor. Analisou bem o momento e decidiu melhor. Liderar é decidir, não é vir atrás a dizer mal. Sendo que as decisões são, em primeira linha sempre, de quem preside, esta, modéstia à parte, sempre teve o meu incentivo, o meu apoio e agora toda a minha admiração. Com JJ, para jogar à Benfica, porque estou cheio de saudades do futuro."

Sílvio Cervan, in A Bola

Jorge Jesus, de novo

"Em 12 de Junho de 2015, após o anúncio da contratação pelo Sporting, escrevi, sobre Jorge Jesus que, 'com toda a competência e mérito que lhe são reconhecidos, foi uma peça importante nas conquistas (e derrotas) encarnadas nos últimos anos'.
Foco-me no mérito e competência do nosso novo treinador e acredito que estaremos muito bem servidos nesse cargo. Jorge Jesus é hoje melhor treinador do que quando chegou ao Benfica pela primeira vez, pois acumulou experiência e títulos ao mais alto nível, no Benfica e no Flamengo.
Desvalorizo alguns dislates da sua parte durante a passagem pelo Sporting. Acho perfeitamente compreensível que um treinador, acabado de ser bicampeão nacional, ao sair do Benfica para o Sporting, se sinta acossado. Afinal, ninguém gosta de ser despromovido. E tendo em conta que a grande maioria dessas declarações visavam o seu sucessor Rui Vitória, entendi-as, sobretudo, como uma tentativa de desestabilizarão do principal candidato ao título. Não foi elegante, mas percebe-se. E eu aí, não perdi uma única oportunidade de o criticar, como criticarei que, em dado momento, sirva o Benfica.
Além disso, o Benfica está hoje mais bem preparado do que estava no passado para acolher Jorge Jesus. Não só a capacidade de investimento, sem recurso sistemático ao endividamento, é maior, como a nossa formação ganhou, nestes últimos anos, o reconhecimento generalizado da sua enorme competência. Contrariamente à ideia vigente, Jesus deu oportunidades a vários jovens jogadores, alguns até da formação. E o excelente trabalho desenvolvimento no Seixal é hoje mais reconhecido que antes, crendo eu que Jesus saberá tirar proveito disso. Estou confiante no nosso sucesso!"

João Tomaz, in O Benfica

Sais de frutos

"Em Janeiro de 1986, eu tinha quase 12 anos e a consciência cívica típica de alguém que cresceu numa família comunista portuguesa. Discussões políticas à mesa, participações em manifestações e colagens de cartazes, tudo fez parte da minha educação. Por isso, quando chegou o momento da segunda volta das eleições presidenciais desse ano, lembro-me bem da angústia que se sentia lá por casa. De um lado estava o concorrente da direita (Diogo Freitas do Amaral), do outro, o da esquerda (Mário Soares). No limbo estava o eleitorado comunista, colocado perante um dilema: não votar em Soares e garantir uma vitória para a esquerda. Recorda que só tinham passado 12 anos desde a Revolução dos Cravos, e o fantasma do Estado Novo podia perfeitamente voltar a pairar.
«Era só o que me faltava votar no 'Bochechas'», lembro-me de ouvir a minha avó dizer. Parecíamos todos de acordo quanto a isso, até que veio a indicação partidária para os comunistas votarem em Mário Soares. Um mal menor por um bem maior. A sugestão era: com uma mão tapar a foto no boletim de voto e com a outra fazer a cruz em Soares. 'Engolir o sapo' tornou-se uma expressão bastante comum, naqueles tempos. E engolimo-lo. Não eu, porque não tinha idade para votar, mas acabei por partilhar aquele digestão difícil de familiares e amigos.
Hoje, 2020, volto a recorrer aos sais de frutos por um bem maior - o Sport Lisboa e Benfica. Se não deixei de apoiar o Glorioso quando Toni foi despedido e Artur Jorge chegou para destruir uma equipa vencedora, não será agora que me vão ver, ouvir ou ler a dizer mal de um treinador do SLB. O Benfica é maior do que a soma de todos os egos."

Ricardo Santos, in O Benfica