"Todos os dias, antes de se preocuparem com eles, só pensam no Benfica.
O mundo (para os dois...) não chega
Em 1999, ... 007 reapareceu, com 'The worls is not enough'. Apesar da violência crescente, de filme para filme, continuo a gostar do espião com ordem para matar. Uma aventura que me veio à memória por a história se parecer com o que se passa com um determinado clube. Onde coabitam (ou melhor, se toleram... até um dia...) dois egos do tamanho do mundo!
Tal como o 'vilão' no filme do 007 - que acaba como terminam todos os maus da fita - para eles, para os dois, para a ideia que fazem de si... o mundo não chega! Um presidente e um treinador com egos do tamanho do mundo...
Denominador comum: um ódio imenso ao Benfica
Um dia - talvez mais depressa do que possamos imaginar eles estarão um contra o outro. Aí, zangar-se-ão as comadres e saber-se-ão as verdades!
Até lá... têm - os dois - um denominador comum. Não suportam a ideia de alguém que lhes possa ser superior. Superior e ganhar! O que nem sempre é a mesma coisa! Como, aqui, por acaso, acontece. Mas esse ódio, embora se traduza nos mesmos tiques, tem origens diferentes.
Um, o primeiro, porque o não deixaram continuar naquela que era a sua cadeira de sonho!
Ao outro, o segundo, por esse ódio ter, pela além de um hipotético sentimento, uma preocupação estratégica bem definida.
Porque esse é o lema que encontro no seu mandato: sem o antagonismo ao Benfica já não existiria. Pois é: um e outro não gostam do maior de Portugal.
Um porque lá não o deixaram continuar, ... o outro porque precisa desse mesmo ódio como de pão para a boca... para continuar onde está.
Por isso, todos os dias, antes de se preocuparem com eles, só pensam no Benfica. Desde o malabarismo financeiro ou a contabilidade criativa, no âmbito de um artigo seu intitulado de 'O curso da incompetência' - para falar, pasme-se, sobre... negócios relativos a vendas de jogadores - ao caso dos vouchers, entretanto arquivado...
Para já não falar dos processos intentados contra comentadores do Benfica, por terem revelado a existência de distúrbios numa assembleia-geral da SAD do Sporting, uma revelação porventura não destituída de sentido, uma vez que estava em causa a apresentação de resultados negativos da SAD, do ponto de vista económico-financeiro (porque se fosse falar do desporto...).
«Não é o Benfica que vai parar o Sporting»
Mas - confesso - do que eu gostei mais, nos últimos tempos, foi a afirmação do Presidente da Assembleia Geral do Sporting. Companheiro de percurso político, com quem partilhei solidariedades, mesmo que, circunstancialmente, em campos opostos... Posso mesmo dizer... meu amigo (possivelmente, a central de comunicação que por lá existe vai obrigá-lo a dizer que nunca foi, mas isso pouca importará ao caso, nem será por isso que eu me aborrecerei com ele). E gostei, porque, em vésperas de mais um Benfica - Sporting, ouvi-o dizer.. que «não é o Benfica que vai parar o Sporting»...
Sabemos todos, hoje, que o Benfica parou o Sporting. Sim, parou, segundo aquela velha piada (tão velha quanto a superioridade do Benfica perante o Sporting) que... «jogaram como nunca, perderam como sempre».
Pois, espantado com aquele declaração (não é o Benfica que vai parar o Sporting), dei-me ao trabalho de procurar a razão da mesma.
E conclui ser pura publicidade enganosa!!!
Sim, enganosa, claro...
Porquê?
Porque dessa declaração, concluir-se-ia que ninguém, esta época, pelo menos, tinha conseguido parar o Sporting... já que, para usar as palavras do próprio Jaime Marta Soares, o Sporting estava «embalado». Embalados ficaríamos nós, nestes cantos de sereia, se não lhes lembrássemos que isso não é verdade.
Então não é que, para o campeonato, a equipa com o melhor treinador do mundo já perdeu 2 jogos (com o Rio Ave, em Vila do Conde, por 3-1, e frente ao Benfica, na última jornada, por 2-1)?
Isto para não falar que o clube com o melhor presidente do mundo, já conta com 3 empates, também para o campeonato (Nacional, Tondela e Guimarães).
E não falemos das quase históricas cinco derrotas, em seis jogos de Jorge Jesus na Liga dos Campeões (só superado, recordaram-me a semana passada, por Augusto Inácio, também... imaginem em que clube...). Uma campanha... à... (podem preencher)!
De facto, perdeu cinco dos seis jogos da fase de grupos!
Perdeu 1-0 com o Legia.
Perdeu 1-2 com o Real Madrid.
Foi a Dortmund perder por 1-0.
Perdeu com o Dortmund, em casa, por 1-2.
Perdeu em Madrid, com o Real, por 2-1.
E ganhou ao Legia, em casa, por 2-0 (também muito mau seria...).
Ou seja, num total de 22 jogos realizados (13 para o campeonato, 1 para a Taça CTT, 2 para a Taça de Portugal e 6 para a Liga dos Campeões) perderam 7 e empataram 3 (menos de 55% de vitórias... é obra!!!). Ninguém os pára... a perder! Ainda bem que continuam imparáveis. De facto, ninguém os pára.
Excepto o Benfica, o Rio Ave, o Tondela, o Nacional, o Guimarães, o Real Madrid, o Borussia Dortmund, o Legia... Há dias, meu caro Jaime Marta Soares, que não podemos sair de casa... e muito menos dizer o que nos vem à cabeça (e muito menos o que nos pedem para dizer, sem antes ver se tem a mínima relação coma verdade).
Porque, onde este ano já ninguém vos pára... é na Europa.
Não pára porque... já lá não estão!!!
O clube onde a culpa morre solteira... ou a dupla 55%
Sei, por experiência própria, que, por um dos vértices daquela famosa dupla, a culpa das derrotas morre sempre solteira! Parece-me que pelo outro lado, ela não morre solteira, porque nem sequer chega a nascer!
A comprovar isso mesmo, veja-se as desculpas invocadas para tanta derrota e empate. Começando pelo fim... No último jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões, que coincidiu com o último jogo nas competições europeias (para o ano há mais...) que, por acaso, voltaram a perder, a desculpa foi a que o Legia (embora confundido com o Dortmund ou com o Liège) «soube jogar com o momento e o resultado e teve mérito». Pergunto eu: mas não será esse o objectivo? Já na recepção ao Real, e não obstante a derrota, podiam ter «criado mais problemas com os jogadores que têm», ... como quem contabiliza uma vitória moral.
Depois da derrota em Dortmund, ouvimos dizer que a estratégia que montaram «na prática deu resultados». E perderam... Nem quero imaginar se, na prática, não tivesse dado resultados.
Após a derrota, em casa, com o Borussia, o ponto alto da conferência de imprensa foi o assumir da falta de experiência em jogos europeus... Em Madrid só não ganhou porque - imagine-se! - não esteve no banco. Como se a expulsão fosse determinada pelo lançar de dados ou por perseguição dos árbitros... Um exemplo, pois então!!! Porque, citando o próprio, «só não ganhámos pontos e jogos porque é preciso andar uns aninhos aqui para perceber o que é a Champions». Ou seja, ... e pelo andar da carruagem, para o ano há mais... competições europeias para ir treinando! A culpa morre solteira ou nunca chega a existir?
No País das Maravilhas em que o clube se tornou, a verdade é que o mundo (para os dois) não é suficiente!!! Só espero é que as eleições não nos tragam nenhuma surpresa... E os dois possam continuar a dar alegrias cá pelo nosso campeonato e a aprender na Europa. Para a dupla 55% (em cada dez jogos perdem ou empatam quase metade deles), ... pela continuidade, pois então!!!"
Rui Gomes da Silva, in A Bola