Últimas indefectivações

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Tudo em aberto


"Já se esperavam enormes dificuldades ante um adversário, o Arsenal, que, apesar do percurso abaixo das expectativas no campeonato do seu país até ao momento, é considerado por diversos analistas, em função da inequívoca qualidade do seu plantel, um firme candidato a vencer a Liga Europa.
O empate a uma bola no jogo da primeira mão, longe de ideal, deixa a eliminatória em aberto. A nossa equipa apresentou-se sólida, focada, muito bem organizada e soube condicionar as manobras ofensivas adversárias, nunca deixando de espreitar a oportunidade de chegar à baliza contrária.
Não obstante a maior iniciativa dos gunners na partida, ninguém se surpreendeu quando o Benfica se adiantou no marcador. Pena foi, conforme afirmou Jorge Jesus após o jogo, que o Arsenal tenha alcançado o empate pouco depois, num período do jogo que até estava a ser, de acordo com o nosso treinador, o melhor da equipa ao longo dos noventa minutos.
Na segunda mão, disputada novamente em campo neutro, lutaremos pelo apuramento sabendo que teremos de vencer ou empatar com golos a partida para seguirmos em frente. E Jorge Jesus já deu o mote: "Acreditamos que temos possibilidades de passar esta eliminatória, mas temos noção que o Arsenal é uma grande equipa. Vamos à procura de ganhar e de fazer golos na Grécia." Esta postura foi secundada por Diogo Gonçalves, Pizzi e Weigl, os porta-vozes do plantel no rescaldo do jogo.
Merece destaque a organização da equipa, apresentando-se num sistema raramente utilizado, o 3-5-2, ainda mais com a estreia de Lucas Veríssimo, o defesa chegado do Santos no final de janeiro, o qual, pela exibição conseguida, mereceu elogios do treinador.
Nota ainda para Pizzi, que com o golo obtido chegou aos sete na presente edição da Liga Europa e é o atual melhor marcador da prova. Totaliza 12 na temporada e é, a par de Darwin e Seferovic, o mais goleador da equipa. Refira-se ainda que alcançou a terceira posição no ranking de goleadores benfiquistas na Liga Europa/Taça UEFA, com nove golos, só superado por Cardozo (22) e Nuno Gomes (12), sendo agora o oitavo melhor de sempre do Benfica nas competições europeias, com 14.
O embate da segunda mão com o Arsenal está agendado para a próxima quinta-feira, dia 25, às 17h55, em Atenas. A tarefa não se afigura fácil, mas será certamente com raça, querer e ambição que a nossa equipa abordará a partida.
Mas antes haverá ainda o desafio com o Farense, em Faro, a contar para a Liga NOS. O jogo está agendado para domingo, às 20h15. O objetivo, como não poderia deixar de ser, passa por somar três pontos. Há muito campeonato por disputar e, jogo a jogo, procuraremos fazer o melhor possível.
De Todos Um, o Benfica!

P.S.: Chamamos a atenção para o especial sobre o Benfica Olímpico publicado hoje no Jornal O Benfica. Os protagonistas são os 19 atletas do Benfica já qualificados para os Jogos Olímpicos de Tóquio (o número de apurados do Clube pode ainda subir nos próximos meses), demonstrando a enorme vitalidade e sucesso de uma aposta que, independentemente de alguns ajustes que se entenda justificarem-se, perdura no Clube."

A magnífica estreia de Lucas Veríssimo


"O Lucas é um excelente jogador, fisicamente sabia que ele ainda não estava preparado e se tivéssemos de jogar com apenas dois centrais ainda teria mias dificuldades. É muito forte no jogo aéreo, com excelente saída de bola e muito forte no um contra um. No primeiro jogo, contra uma equipa como o Arsenal, demonstrou ser um jogador de qualidade e podemos contar com ele."

Jorge Jesus"

“Tekerisi, Luca, não te apoquentes que isto vai ao sítio”: Waldschmidt precisa de carinho de um sexagenário da Amadora


"Helton Leite
Felizmente entrámos em campo com cinco defesas, o que permitiu ao Helton Leite sair da sua baliza apenas 3 vezes com o intuito de evitar que saíssemos de Roma com a eliminatória resolvida.

Diogo Gonçalves
A versão ofensiva faz-nos sonhar com um flanco direito oleado dentro de algumas semanas, em que as triangulações com Rafa, Pizzi e companhia se sucedem e os cruzamentos saem quase de olhos fechados para a cabeça de Darwin ou Seferovic, que se encarregarão de falhar o golo.

Otamendi
Ao que isto chegou. Hoje a nota artística do Benfica está na nossa organização defensiva. Ouço pessoas falarem da nossa linha a colocar adversários em fora de jogo como se fosse um lance do Everton a passar por 4 adversários (enquanto isso o Everton perde a bola 4 vezes). Neste frenesim de organização defensiva, Otamendi conseguiu o golo da noite ao evitar o 1-2 para o Arsenal que nos colocaria em maior desvantagem na eliminatória. Lucas Veríssimo Envergou a camisola 4 e parecia que já ali jogava há muito tempo. É uma situação perigosa. Não me admirava se o empresário dele começasse a exigir uma renovação já amanhã.

Verthongen
Não é fácil aos 33 anos acompanhar a movimentação de dois ou três adversários e de um colega de equipa quase tão perigoso como eles (Grimaldo), mas Verthongen fez tudo isto com espantosa sobriedade.

Grimaldo
Teve uma excelente oportunidade para fazer esquecer a noite de sobressalto causada pela dupla Saka - Bellerin. Optou por tentar passar a bola ao Darwin. Terá agora de viver com esta escolha. É castigo que chegue até à 2ª mão.

Weigl
Seja como médio centro ou como defesa central, quase todas as suas decisões em campo parecem ser tomadas no superior interesse do Benfica. Chegou à flash interview, exibiu a mesma atitude demonstrada em campo e terminou dizendo que com esta atitude era possível ganhar o jogo da 2ª mão. E não é que eu acreditei?

Taarabt
Os muitos ingleses que esperavam ver um festival de cuecas terão ficado desapontados. E tal como os meus filhos quando pedem ao pai para brincar com legos a meio de um jogo do Benfica, poderão encontrar algum conforto no YouTube.

Pizzi
Impressionante como, após mais de 2 meses sem oportunidade para testar a marcação de penalties em jogos oficiais, mantém intactas as suas qualidades. Uma pena os regulamentos da modalidade em Portugal não lhe permitirem mostrar estas qualidades na nossa liga.

Rafa
Quase me calava aos 62 minutos. Passou por ele alguma da melhor circulação de bola na segunda parte, o que nos fez parecer um pouco menos o Vilafranquense a jogar na Luz para a Taça, imagem que retive a espaços durante a 1ª parte.

Waldschmidt
Não percebo se está nervoso, ansioso, deprimido, farto das promessas de um país solarengo no Sul da Europa que mal o deixa sair de casa, ou se é tudo isto. Seja qual for a causa, precisa de apoio. Precisa de carinho. Precisa de solidariedade e compreensão. Precisa que um sexagenário da Amadora se aproxime dele e lhe diga apenas “Não te apoquentes que isto vai ao sítio. Tekerisi!”.

Darwin
Se este rapaz não mostra serviço nos palcos da Liga Europa, palcos esses que podem fechar portas já daqui a uma semana, suspeito que nem o Mendes vai conseguir resolver este magnífico Sudoku de engenharia financeira.

Seferovic
Entrou para refrescar o ataque e tentar fazer melhor do que Darwin. Atingiu 50% dos objetivos a que se propunha.

Everton
Calma. Ele há-de voltar a marcar um golo com a já mítica jogada em que flecte para dentro e desfere um portentoso remate ao ângulo, com a bola a ir parar à bancada. Só não sabemos quando será.

Gabriel
É nisto que Gabriel é muito forte”, explicava o comentador da Sport TV no exacto momento em que um daqueles passes incompreensivelmente mal medidos saía pela linha de cabeceira.

Chiquinho
Vamos fazer assim. Deixem o Chiquinho acumular pelo menos 45 minutos em diferentes jogos e eu escrevo qualquer coisa sobre isso."

Take it Easy traduziu a Noite Feliz do Benfica


"De forma surpreendente (ou não), o Benfica apresentou-se num 5x3x2 em Roma para receber o Arsenal. Surpreendente, pela abordagem ao jogo, pela escolha dos jogadores e pela disposição dos mesmos em campo. Longe de ser um jogo perfeito para os encarnados, foi um jogo com um final feliz pela forma como o Arsenal dominou o jogo e chegou com facilidade ao último terço defensivo das ‘Águias’. No último terço, a coordenação da última linha do Benfica impediu a criação e finalização de situações de perigo e quando a mesma não conseguiu resolver os problemas que na frente não se resolveu, os jogadores do Arsenal tomavam más decisões.
Desde cedo, o Arsenal começou a controlar o jogo desde a sua construção e a toada do mesmo manteve-se durante toda a partida. Optando por um pressing sobre a sua construção, a equipa encarnada foi sempre incapaz de travar a chegada ao último terço pela equipa comandada por Arteta. Para além disto, colocou Pizzi e Taarabt a marcar individualmente os médios do Arsenal, ao mesmo tempo que, ambos teriam de saltar nos corredores aos laterais adversários. A enorme superioridade na construção permitiu ao conjunto londrino, ultrapassar com facilidade as duas primeiras linhas de pressão encarnadas. Para além da superioridade numérica, as características dos jogadores que pressionavam nesta primeira fase não eram as mais indicadas para conseguir roubar a bola em zonas altas.
Se a estratégia passaria por pressionar a construção dos ‘Gunners’ então faria sentido colocar outros jogadores como Gabriel ou Seferovic em detrimento de Taarabt ou Luka Walschmidt mas também a forma de defender no meio campo adversário teria de ser diferente, de forma a que, a sua equipa conseguisse recuperar mais bolas no meio campo adversário. Foram várias as vezes em que os jogadores do Arsenal ficaram de frente para a linha defensiva do Benfica, não só por demérito das ‘Águias’, mas também pela qualidade coletiva e individual da equipa inglesa. Caso, o Arsenal tivesse conseguido transformar as chegadas ao último terço em oportunidades de golo, poderia a eliminatória estar já fechada.
Por estas razões, noite feliz e com alguma sorte à mistura para as “Águias” que se expressou na divertida flash e conferência de imprensa do seu treinador que não se deverá deixar enganar pelo resultado após um jogo incapaz da sua equipa."

Benfica diz Presente!


"Vivemos na era do exagero, na era onde tudo, quase tudo, é considerado uma ofensa. E, para não variar, há quem use o clima para criar ofensas plásticas que convêm a uma narrativa, a um enquadramento, a um propósito. Sabemos, portanto, do momento desequilibrado que o Benfica vive. Nos resultados sim, mas no topo da pirâmide também – que, depois de tempos inquestionáveis, abana agora também pelo cimo. Isto para trazer à baila a estéril polémica com Rafa, que antecedeu o Benfica-Arsenal desta quinta-feira. O extremo apareceu como que a desvalorizar o passado (não se lembrando da conquista das águias no Highbury Park, em 1991) e, rapidamente, se puderam ver todas as divisões que o actual Benfica atravessa. Todas elas, garanto, muito por culpa de algo que, nesta noite, não se viu. 

Encarnados com linha de cinco (Lucas Veríssimo a aparecer a titular, apresentando-se em excelente plano) atraíram a profundidade de um Arsenal que raramente tirou proveito dela.

Falo-vos da incapacidade, do temor, da falta de ambição, que por norma condiciona toda a habilidade técnica que os jogadores de uma equipa grande em Portugal até costumam ter. À imagem do FC Porto, o Benfica que defrontou os gunners fez algo muito importante. Não tremeu, não cedeu, não ofereceu. E isto, para um clube de uma Liga que se vê espoliada dos seus melhores jogadores ano sim, ano sim, é, garanto, algo bastante importante. Se calhar, com esta conjuntura, não se pode exigir vitórias no Emirates (ou no caso portista em Turim) como antes havíamos visto em Highbury, ou em San Siro. Ah, os 90’s, os belos 90’s que ainda mostraram alguma da força encarnada na Europa, que é onde agora o Tribunal da Luz vai buscar a, por vezes, desmesurada exigência que, não poucas vezes, faz tremer a equipa.

Pressão adiantada do Benfica com o extremo do lado da bola a ir, e o outro a fechar. Se a bola circular até David Luiz, Everton vai, Rafa fecha.

Pareceu-vos então porventura que algum dos jogadores do Benfica que esteve em campo não sabia a história do clube? Num Benfica que se teve de adequar estrategicamente à largura do Arsenal, o 523/532 acabou por se aguentar num controle de profundidade testado imensas vezes pela equipa de Arteta ao longo da 1.ª parte. Não se via assim o gigante Benfica de ir lá à frente roubar bolas (e bem tentou, com a linha de pressão bem subida mas sem real apetência para o fazer) mas viu-se uma águia que foi atraíndo o Arsenal para os corredores laterais, fazendo os gunners esquecerem-se de Odegaard. Com isto (e com a pressão adiantada a não obter os resultados desejados) não podemos dizer que o Benfica não se expôs. Mas o que é certo é que ao final dos primeiros 45 minutos, a linha defensiva encarnada havia colocado por 7(!) vezes os avançados do Arsenal.


Arsenal sempre à procura da profundidade e sem paciência para explorar outras opções. Odegaard, na segunda imagem, mostra como o seu posicionamento poderia ter sido mais bem utilizado.

Copo meio vazio, copo meio cheio, dependendo do enquadramento. Ah se ela passa, ah se eles acertam os timings (com aquela – a única – em que Bellerín ganha as costas e deixa Aubameyang à beira do primeiro, a ser vir para assustar), a verdade é que o Benfica foi controlando as costas e ia, até, tendo alguma bola para respirar. Não a usava para arriscar, para se impôr, para se mostrar superior, porque afinal de contas não o é. E querer ser mais (já e já rápido, se fazem favor!) poderia retirar a eliminatória daquele registo que vos falo acima: não dar erros forçados, não oferecer, não atrapalhar.
Isto porque parte do planeamento para um jogo destes foca-se em retirar ao adversários os seus momentos mais importantes. E ao meter o Arsenal um jogo (quase) inteiro a ter que circular para criar, revela debilidades. Como dito, os gunners não acertaram com o timing de entrada dos avançados e caíram sete vezes em offside na 1.ª metade (facto comprovado logo à entrada da etapa complementar, quando Rowe caiu na mesma armadilha). E causar esse desconforto, enquanto não se erra, não se oferece e não se atrapalha, tem o condão de deixar uma equipa dentro do jogo. E isso, obviamente, faz com que um lance possa fazer o jogo mudar de feição. Com ou sem surpresa, uma bola parada ensaiada iria garantir um golo. Pizzi aproveitou o penálti criado por um pontapé-de-canto para ir confirmando o plano de Jesus.

Costas da defesa ganhas e bandeirola em baixo. Aconteceu uma vez durante a primeira-parte naquela que foi a melhor ocasião dos gunners.

O problema é que os minutos que antecederam esse tento do capitão já haviam demonstrado um Arsenal a entrar melhor por dentro. Mais afinado e, depois do golo sofrido, a impor um ritmo mais alto, o Arsenal acabaria mesmo por marcar (por Saka, que respondeu ao cruzamento de Cédric). Algo que pareceu descontrair os britânicos, pois o registo até ao fim nunca mais teve aquilo que lhes deu o golo (a associação num ritmo bastante elevado e difícil de parar). Facto que o Benfica aproveitou para ir congelando o jogo, como para ir aparecendo a tentar colocar a cereja em cima do plano (Rafa e Everton poderiam ter feito o 2-1, mas talvez por não conhecerem Isaías não o tenham conseguido)."

SL Benfica 1-1 Arsenal FC: Pouca ambição encarnada deixa eliminatória em aberto


"A Crónica: Apatia Encarnada Resulta Em Frente
Chegados a Roma, a Catedral que acolheu um dos jogos de cartaz foi outra mas nem isso impediu que, consumando-se o expectável, as equipas tentassem algo mais: jogo tático – aproveitando o termo técnico para fugir ao descaramento do calão – e um SL Benfica sem grande astúcia para impor aos ingleses o seu futebol.
Foram eles quem se assumiram como senhores da bola desde o apito inicial e a partir do momento que se aperceberam da melindrosa abordagem dos encarnados, que introduziram Lucas Veríssimo para completar a linha de cinco atrás, aproveitaram para pôr em prático o seu plano de controlar as operações e gerir o ritmo do encontro, já que o calendário aperta. Arteta, tão ou mais interventivo do que Jorge Jesus na linha lateral, percebendo o contexto, pediu mais atrevimento aos seus homens – eles corresponderam ao criarem a primeira grande oportunidade do encontro, quando Bellerín se vê sozinho nas costas de Grimaldo e assiste Aubameyang no coração da área, mas o gabonês falhou clamorosamente, certamente reavivando memórias duma noite negra que teve frente ao mesmo SL Benfica, em Lisboa, na primavera de 2017 (emendaria o desleixo nos 4-0 da segunda mão).
Estavam, então, completados 18 minutos quando o nulo foi ameaçado, e o ultimato inglês à apatia portuguesa teve efeito positivo – o SL Benfica, que até aí apenas tinha mostrado que a sua principal preocupação seria impedir a derrota, ganhou atitude e começou a equilibrar as forças, guardando a bola mais tempo em seu poder e usando e abusando do seu meio-campo compacto, com Adel e Pizzi lado a lado, escudados por Julian Weigl. O trio começou a ter mais influência a partir da meia-hora, principalmente, ao mesmo tempo que Lucas Veríssimo se ia impondo após um início inseguro.
Uma das grandes oportunidades surge nestas circunstâncias, aos 32 minutos, quando Darwin encontra espaço para remate na meia-esquerda, com Leno a defender a dois tempos. Cinco minutos passados, nova boa iniciativa dos encarnados, desta vez pela direita, consumada em tentativa de triangulação entre o uruguaio e Waldschmidt, terminada in extremis por Cédric Soares. As lutas que se iam passando a meio do terreno continuavam a dar a imagem dum jogo demasiado estratégico para o talento ofensivo das duas equipas, sensação que apenas se alterou quando já todos se preparavam para o descanso: Xhaka tenta (mal) a variação de jogo para David Luiz e a pressão alta encarnada resulta em situação de superioridade na grande área – mas Grimaldo vê o seu cruzamento interceptado para canto quando esperavam na zona de finalização Darwin, Waldschmidt e Pizzi.
O início da segunda parte prometeu desatar o nó estratégico e acabar com os bocejos dos adeptos, com muitas jogadas de perigo de parte a parte e um jogo muito mais aberto. Saka e Aubameyang ameaçaram a baliza de Hélton Leite – Vlachodimos continua ostracizado – e prometiam continuar até inaugurar o marcador não fosse o colega Smith Rowe levar a mão à bola dentro da área. Pizzi agradeceu, marcou como manda a lei a grande penalidade e, com o 1-0 na mão, esperava-se outra predisposição para alargar a vantagem e levar boa dose de golos como almofada para o confronto no Karaiskakis. Mas não houve tempo nem de conferir a suposta pedalada benfiquista, já que o Arsenal FC imprimiu logo o ritmo de Premier League a um jogo de segunda categoria – e demorou dois minutos a igualar a contenda.
Foi Cédric a assistir Saka, após a insistência dos Gunners meter a defesa encarnada aos papéis. Estavam completados 57 minutos. A monotonia tinha desaparecido, o SL Benfica tinha obrigação de ir para a frente e assegurar mais golos: Rafa, entrado ao intervalo, tem uma excelente iniciativa individual quando passa por dois adversários e finaliza sob forma de trivela, defendida a muito custo por Leno. Seria confirmação que os portugueses quereriam mais? Como se viu na restante meia-hora, não.
O único apontamento de registo a seguir a esse foi de Everton, num remate em arco de belo efeito que tirou tinta ao poste. Fora isso, o Arsenal FC geriu como quis e como pode – há jogo domingo, frente ao Manchester City FC – o SL Benfica pouco tentou, sempre acomodado ao seu próprio meio-campo e com muito mais medo de sofrer o segundo que marcá-lo. Nessas circunstâncias, foi possível assinalar a grande aptidão e desenvoltura para lidar com os problemas da última linha encarnada, sempre sincronizada no controlo da profundidade, como ficou demonstrado sobretudo na quantidade de foras-de-jogo assinalados ao Arsenal FC – dez! – e nos grandes cortes de Otamendi aos 70’, impedindo bola teleguiada de Smith Rowe de prosseguir a trajetória rumo ao centro da área e de Veríssimo – aos 74’, quando Aubameyang tentava artimanha de calcanhar para ficar isolado.
Foi sempre essa a principal motivação benfiquista para esta primeira-mão. Jogando em função do adversário e impondo sempre toada mais lenta, no encontro do seu objetivo primordial de não perder. Esforço defensivo tão grande originou até que a equipa acabasse fisicamente de rastos, dando a ideia duma diferença abismal para os ingleses nesse capítulo – que se confirmou, mais uma vez, estarem perfeitamente à vontade na dificuldade máxima competitiva. Tamanhos e tão notórios contrastes complicam ainda mais a missão quando, aos lusitanos, lhes é pedido para abordar os jogos de tração atrás, representando um retrocesso competitivo de décadas e que, olhando à classificação interna do Arsenal FC (décimo posto), é um contrassenso na retoma europeia da equipa.

A Figura
Odegaard (Arsenal FC) – Interpretou excelente confronto com Julian Weigl – não é claro qual o vencedor, já que ambos assinaram exibições sólidas. O norueguês assinou vários bons pormenores, esteve sempre disponível para receber entrelinhas e ser ele o principal municiador dos homens da frente, encontrando espaços onde aparentemente não os havia. É dele a abertura para Cédric no golo do empate e é também dele o excelente passe a isolar Aubameyang, que atirou centímetros a rasar o poste numa das boas oportunidades dos ingleses. “Casamento perfeito”, a sua transferência para Londres.

O Fora de Jogo
Jorge Jesus (SL Benfica) – Nunca desfez a linha de cinco, demonstrou receio excessivo e protegeu-se na redoma do terreno neutro, aconselhando á equipa um respeito desmedido por um Arsenal FC que não é brilhante. Disputou o jogo, mas a aceitação descarada do empate não é um bom sinal para o jogo da segunda mão.

Análise Tática – SL Benfica
O 4-4-2 deu lugar a um 3-5-2, com Pizzi e Adel a encaixar no duplo-pivot gunner e Waldschmidt a tentar ligar entrelinhas o pouco que existiu ofensivamente. Diogo Gonçalves, principalmente, esforçou-se imenso no preenchimento da ala direita e anotou vários pormenores positivos. Veríssimo, Otamendi e Verthongen sempre extremamente coordenados na execução da armadilha de fora de jogo, Weigl voltou a cumprir na perfeição o papel de pêndulo da equipa, ainda que Odegaard lhe fosse sempre ameaça, sobretudo pelas movimentações e trocas posicionais com Smith Rowe.

Onze Inicial e Pontuações
Helton Leite (5)
Lucas Veríssimo (5)
Otamendi (6)
Vertonghen (6)
Diogo Gonçalves (6)
Weigl (5)
Taarabt (5)
Grimaldo (5)
Pizzi (5)
Darwin (4)
Waldschmidt (4)
Subs Utilizados
Everton (5)
Gabriel (4)
Seferovic (3)
Chiquinho (4)
Rafa (6)

Análise Tatica – Arsenal FC
Arteta manteve o 4-2-3-1, com Ceballos e Xhaka a controlar todas as ações a meio do terreno, entregando o último terço à criatividade de Odegaard, Smith Rowe e Saka no apoio a Aubameyang. Cédric Soares surgiu na esquerda, consolidando o seu posto nesta nova solução do treinador espanhol, que remete Kieran Tierney para um papel secundário. A capacidade associativa do português, que mais facilmente explora terrenos interiores fruto do pé direito preferencial , é o complemento perfeito à sua capacidade física, que assegura outra solidez defensiva.

Onze Inicial e Pontuações
Leno (6)
Bellerin (6)
David Luiz (6)
Gabriel (7)
Cédric (7)
Odegaard (7)
Ceballos (7)
Xhaka (5)
Saka (6)
Aubameyang (5)
Smith Rowe (4)
Subs Utilizados
Elneny (4)
Martinelli (4)
Nicolás Pépé (5)
Tierney (5)
Willian (5)"

Rescaldo...

Vender a alma...!!!

Memória...


"Que nunca se esqueça desta arbitragem de Manuel Oliveira, o Chalina.
Que nunca se esqueça do VAR Fábio Melo que sonegou e ocultou imagens ao árbitro para reverter um penalti bem assinalado pelo fiscal de linha.
Que nunca se esqueça que passados dois dias Fábio Melo foi nomeado como 4ºárbitro de um jogo da 1ªLiga.
Que nunca se esqueça que Luis Filipe Vieira permaneceu calado perante o maior escândalo nacional desde que há VAR em Portugal.
Que isto tudo nunca se esqueça."

O dono manda...!!!


"O dono manda, a Liga faz, e o Vieira continua desaparecido. Melhor ligar para a polícia, não?


Desporto em silêncio


"Em silêncio ansiamos pelo regresso à normalidade. Imaginamos abraçar a família e os amigos, discutir ideias com os colegas de trabalho ou com os professores, fazer compras e refeições com os amigos, sem pressa e sem medo, ir ao teatro, ao cinema, a um concerto, ao museu, deambular à beira-mar só porque apetece, ir à bola…. Argumentar, olhos nos olhos, rir com os outros.
Agora, neste silêncio, damos conta de tantas coisas a que não reconhecíamos a importância que tinham nas nossas vidas!
Para os adeptos e simpatizantes dos vários espetáculos desportivos, para os desportistas – sejam de competição ou de recreação -, para os profissionais, o desporto está sempre presente, sempre foi importante. Dói-nos este silêncio imposto por uma pandemia que nos tem vindo a afligir há praticamente um ano.
Todos os dias sonhamos fazer desporto e todos os dias sonhamos vibrar com o desporto! O desporto é uma linguagem universal que tem um papel crucial na valorização da dignidade humana. Através do desporto e dos seus valores, podemos unir as pessoas para além das fronteiras, fazer pontes para atenuar as diferenças sociais, culturais e económicas. O desporto pode dar um sentido à vida, quando esta parece perdida. O desporto ensina-nos a incluir, a não discriminar, e mostra-nos como pode ser a participação igualitária. O desporto desafia estereótipos que nos ajudam a quebrar barreiras na sociedade e a impulsionar o progresso em questões que são fundamentais para o gozo dos direitos humanos.
Independentemente dos objetivos e motivações, custa muito perceber o impacto negativo que a pandemia provocou no desporto, a todos os níveis, físico, psicológico, social, educativo, económico, turístico, científico, incluindo a saúde e bem-estar. E as consequências são transversais, tanto para as crianças e jovens como para o desporto amador e para os atletas de alta competição.
Agora, o confinamento forçado faz-nos perceber melhor o papel fundamental do desporto na sociedade e na promoção dos direitos humanos. A pandemia silenciou o desporto e colocou em suspenso todo o seu valor formativo, alertando-nos para as fragilidades do sistema desportivo.
A pandemia trouxe o silêncio às bancadas formais dos estádios, dos pavilhões, das pistas, das piscinas. A pandemia trouxe o silêncio às bancadas informais das provas desportivas realizadas ao ar livre, nas praias, nos rios, nas estradas, na floresta. Também trouxe o silêncio para os treinos. Qualquer atividade realizada em ambiente fechado, ou que implique contacto e proximidade física, passou a ser considerada de alto risco.
Os atletas passaram a treinar sozinhos e em silêncio.
Os treinadores tiveram de encontrar formas de comunicar, acompanhar, supervisionar, monitorizar os seus atletas, em modo virtual ou remoto. Tiveram de adaptar as formas de treino para a alta competição e para o desporto profissional. Os treinadores viram-se obrigados a suspender os treinos dos escalões da formação e do desporto escolar. Pior: o desporto, exceção para a alta competição e os profissionais, está encerrado, silenciado, e o seu valor inclusivo e formativo adiado ou perdido. A maioria dos jovens deixou de treinar. A maioria dos idosos está impedida de fazer atividade física.
Lembramo-nos das palavras visionárias de Nelson Mandela, quando afirmava que “o desporto tem o poder de mudar o mundo”, mas, por enquanto, temos de ser resilientes e confiar na capacidade dos atletas e profissionais do desporto para encontrar estratégias seguras e efetivas de retoma e continuidade da atividade desportiva.
E para que este silêncio forçado no desporto não nos torne indiferentes, é preciso que voltemos a usá-lo numa abordagem tão própria do universo desportivo, baseada nos direitos humanos, que possa alimentar a nossa humanidade, através de processos sequenciais que desafiem quem somos e como podemos crescer e moldar um mundo melhor através do desporto.
O desporto tem uma importância real nas nossas vidas. Sem silêncio."

Fever Pitch - João & David... Inglaterra!