Últimas indefectivações

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Um Brahimi não vale uma torre de Lopetegui

"Jamais Maxi Pereira conseguiria arremessar a bola até ao coração da área e à anca de Lima se à sua frente, no lugar de Brahimi, estivesse a torre de 7 metros de Lopetegui.

SE para alguma coisa haveria de servir a imponente estrutura de sete metros na vertical que Lopetegui mandou erguer no campo no Olival para, lá do alto, semi-divino, observar a evolução de los chicos, serviria muitíssimo bem para, postada à frente de Maxi Pereira, impedir que o tal lançamento de linha lateral resultasse em golo.
Se alguma utilidade prática um dia se iria descobrir para o objecto em aço inoxidável plantado no relvado de modo que os jogadores passam o tempo a esbarrar naquilo que, ainda assim, deve ter custado uma pipa de massa, descobrir-se-ia que com um campanário daquela envergadura a dois metros de distância jamais Maxi Pereira conseguiria fazer a bola por si arremessada chegar ao coração da área e à anca de Lima.
Se um qualquer destino grandioso de fulgor tecnológico e de benefício estava reservado para a Torre de Lopetegui pela sua altura de majestade, desperdiçou-se a ocasião ao minuto 35, o minuto em que alguém da casa com autoridade na matéria, querendo legitimamente ver rentabilizado o projeto metálico e querendo ao mesmo tempo ganhar o jogo, deveria ter gritado da tribuna presidencial para o relvado:
- Julen, tira o Brahimi e mete mas é a tua torre à frente do Maxi!
É que, numa circunstância daquelas, um Brahimi não vale uma Torre de Lopetegui.

CONFIRMOU-SE, quase na plenitude, o difícil que é jogar para a Europa a meio da semana e jogar em Portugal uns poucos dias depois.
Das cinco equipas portuguesas que estavam ainda nas competições da UEFA na semana passada apenas o Benfica, que já se despediu dessas bonitas andanças internacionais, conseguiu vencer o seu jogo a contar para o nosso campeonato.
O Rio Ave e o Estoril, que também já estão fora da UEFA onde nem fizeram má figura, foram no fim-de-semana empatar a Guimarães e ao Funchal, o que nem é mau de todo tendo em conta as suas respectivas e legítimas pretensões internas.
Já o Sporting, que segue para a Liga Europa, só conseguiu arrancar um precioso e muito festejado empate em tempo de compensação no seu jogo caseiro com o insolente Moreirense.
Quanto ao Porto, que segue para a Liga dos Campeões com o seu plantel de luxo, perdeu o seu jogo caseiro a contar para o campeonato porque, porventura distraído com as suas glórias internacionais ou imbuído do espírito da tão celebrada “aliança”, abdicou de montar aquele sempre profícuo clima saudável de confrontação nas vésperas do encontro.
Esse suposto e inaudito desconchavo político e institucional, tão criticado nos dias seguintes por gente de altíssima categoria, teve, naturalmente, consequências. E grandes.
Ao ponto de o árbitro nem se ter sentido na obrigação de validar, como era da tradição, a Jackson Martínez aquela única bola que o colombiano fez entrar na baliza de Júlio César depois de a ter ajeitado para o pé com a mão.
Lamentável anulação de um golo irregular, francamente. Com o melhor árbitro do mundo em campo, meus amigos, outro galo cantaria. Enfim…
Cabe agora aos vencedores do jogo do Dragão não confundir os 6 pontos que levam de avanço com a ideia absurda de que está garantida a revalidação do título.
E cabe aos vencidos, por amor à retórica sem dor, continuar a cantar loas ao actual plantel de luxo confundindo-o com o já desaparecido plantel do Lucho, que sempre era outra música.

ESTA é a semana de Jorge Jesus ser bestial. Há semanas assim na vida de um treinador. Jesus que até subiu ao relvado do Dragão com as orelhas a arder.
'Ardem-me tanto as orelhas', confidenciou Jesus a Pietra, em voz muito baixa para não alarmar ninguém, enquanto se dirigiam para o banco antes do jogo começar.
Pietra, grande conhecedor da alma benfiquista, explicou-lhe com a maior calma do mundo: 'É o pessoal todo furioso contigo por meteres o Lima e não meteres o Jonas.'
Ao que Jesus, encolhendo os ombros, logo respondeu a Pietra olhando-o de soslaio: 'Ah, é por causa disso? Então já passa e não tarda nada.'
E, mais uma vez, não se enganou.

JÚLIO CÉSAR esteve em excelente plano no domingo. O guarda-redes brasileiro tem contrato por duas temporadas e muito gostaria de o ouvir dizer em Junho de 2016, quando terminar o seu vínculo com o Benfica e, provavelmente, a carreira:
- Comecei no Flamengo onde fui campeão e termino no Benfica onde fui campeão. Entre estes dois colossos joguei uns anitos em Itália e também por lá ganhei umas coisas…
Sonhar é bom.

TENHO vindo a dar conta de que a derrota do Porto frente ao Benfica, que é sempre notícia, provocou e provoca maiores enguiços de alma e maioríssimos prantos de revolta entre os sportinguistas do que, como seria natural, entre os portistas.
E aproveito para os avisar:
Amigos portistas, vejam bem como esta aliança com o Benfica vos é contra-natura. É o Sporting que é o vosso grande amigo, não duvidem nem por um segundo.
De portistas anónimos, conhecidos e amigos, obviamente tristes com o resultado, ouvi dar os parabéns aos vencedores, ouvi as inevitáveis críticas ao treinador e constatei uma indisfarçável irritação com Brahimi por o argelino, segundo dizem, já estar 'com a cabeça noutras paragens' para além de umas outras leves irritações com uns quantos dos seus jogadores.
Com toda a franqueza vos confesso que, vindo de um portista, foi isto o mais insultuoso que ouvi na noite de domingo:
- Olha, resumindo, o Benfica parecia o Porto e o Porto parecia o Sporting!
O que não deixa de ter a sua grande graça pelo que nem insulto se pode considerar. Eu, pelo menos, não considero.
A outro portista, meio a sério e meio a brincar, ouvi acusar o seu treinador pela campanha impecável na fase de grupos da Liga dos Campeões:
- Este é que era o nosso ano de estarmos na Liga Europa e nem a Liga Europa este ano podemos ganhar! 
O que tem a sua lógica, ainda que derrotista. Convém lembrar a todos os interessados que o campeonato nacional está longe de estar entregue a quem, quer que seja quando ainda há 63 pontos por disputar e que a própria Liga dos Campeões ainda não tem vencedor embora tenha alguns fortes candidatos.
Já a amigos e a conhecidos sportinguistas ouvi coisas de outro jaez, mais sofrido, mais inconformado. A um até ouvi dizer que a vitória no Dragão tinha sido do Sporting porque 'o Jesus é um sportinguista doente' e o que conta nestes jogos 'é o treinador' pelo que, 'uma vez mais' o Benfica 'beneficiou, sabe-se lá como, de 3 pontos caídos do céu sem fazer nada por isso'.
Eu respeito todas as opiniões. Mas uma coisa é certa: se Jorge Jesus for mesmo um sportinguista doente, como dizem, nesse caso é o único sportinguista doente que não ficou doente esta semana.

PINTO DA COSTA foi visitar à prisão o ex-primeiro ministro. Que bom. É que, muito simplesmente por não gostar de ver o envolvimento de símbolos do meu clube com a política e com a justiça, fiquei um bocadinho incomodada com a visita dos populares adeptos benfiquistas, 'Barbas' e Jorge Máximo, ao ex-primeiro ministro detido. Respeitando, como é óbvio, todas as vontades e sem fazer juízos morais.
Agora com a visita de Pinto da Costa pelo menos neste capítulo já estamos empatados.
Que alívio."

Leonor Pinhão, in A Bola

Eliminação prematura...

Benfica 1 - 2 Braga

Quando foi o sorteio, avisei logo que este jogo devia ser adiado para outra altura. Independentemente do resultado no Dragay, a equipa nunca iria estar a 100% nesta semana. Além dos impedimentos do 'costume': Fejsa, Amorim, Eliseu e Sílvio (aparentemente o Jara e o Sulejmani não são opção), nestes últimos dias perdemos o Salvio e Luisão, e durante o jogo ainda ficámos sem o Enzo. São demasiadas ausências.. E o Jesus ainda optou por dar descanso ao Samaris e ao Talisca!!! Ainda por cima num jogo, onde voltámos a defrontar uma equipa caceteira, que mais uma vez teve a colaboração do apitador (menos que no Campeonato, é verdade... mas o Pardo tinha que levar vermelho. No início do lance o André Pinto desvia a bola com o braço, e só depois o Jardel joga a bola com o braço).

Entrámos muito mal nas duas partes... Se na 1.ª parte o Júlio César resolveu, a entrada no 2.º tempo foi suicida (com o 1.º golo do Braga a ser obtido irregularmente, pois o Éder toca a bola com a Mão)!!! No final da 1.ª parte podíamos ter 'matado' o jogo, falhámos demasiados golos, tempo 2.º tempo voltámos a desperdiçar muito... sendo que o guarda-redes (agora, outro...) foi novamente o melhor em campo!!! O Jonas que marcou o golo, acabou depois por ser o principal esbanjador...
Depois das boas indicações com o Bayer, as segundas opções que jogaram hoje não impressionaram tanto, como no jogo com o Alemães. Eu avisei que os adversários eram diferentes, as equipas Tugas estrategicamente usam outro tipo de artimanhas, e por isso o César e o Pizzi tiveram muito mais dificuldades... Creio que só o Cristante acabou por confirmar as qualidades.
Muitas vezes fazem-se avaliações prematuras, creio que hoje foi evidente que o Enzo não tem actualmente substituto no plantel...

Este jogo não apaga em nada, o que foi conseguido no Campeonato até agora, em nada... apesar da campanha de desinformação que se vai abater nos próximos dias nos mérdia. O importante é recuperar as forças para o jogo de Domingo, onde não vamos ter o Enzo, o André Almeida, e o Salvio... estando o Luisão em dúvida. Tal como aconteceu após a eliminação da Champions, o 1.º objectivo mantém-se intacto, aliás a partir de agora até é mais evidente...

Para o Benfica vencer um jogo apitado pelo Soares Dias, é preciso ser dia Santo... Além de ter atrasado ao máximo os amarelos aos caceteiros (por exemplo o Tiba...), o Pardo tinha que ser expulso, pois o Jonas ia isolado... Além disso permitiu a irregularidade no 1.º golo do Braga, e não marcou um penalty do Djavan sobre o Lima na parte final do jogo... Também não deixa de ser engraçado o zelo nos 4 minutos de compensação, depois de todo o anti-jogo permitido, com substituições que levaram eternidades, e já nos descontos permitiu ao Pardo ficar na relva mais de 1 minuto... mas aos 4.01m parou o jogo!!!
Mas o mais irónico, é que provavelmente amanhã, os avençados vão falar de um suposto penalty do Jardel, quando a falta é do Central do Braga!!!

Curiosidades e lições da Champions

"Na fase de grupos da Champions houve quase uma correlação perfeita entre a classificação final e a divisão por potes no sorteio. Em 5 dos 8 grupos acabou-se tal qual o ranking. Em outros dois, a alteração foi quase imperceptível (troca de Arsenal cm Dortmund ou Roma com Dínamo de Moscovo). Mas houve um grupo onde a classificação foi exactamente a inversa da que presidiu ao sorteio, que, assim, transgrediu a 'norma'. Precisamente a do Benfica:
Clube........Pote.........Classificação
Benfica........1.º ................ 4.º
Zenit..........2.º ................ 3.º
Bayer.........3.º ................ 2.º
Mónaco.... 4.º ................. 1.º

Poderemos especular sobre as razões deste desvio. Evidentemente que a principal explicação está nos próprios jogos efectuados. Mas há uma outra razão: a lógica do sorteio, ao seriar os clubes apenas pelo seu anterior desempenho, não tendo tanto em conta o respectivo país. Neste caso, o sorteio ditou que a 3.ª e 4.ª equipas proviessem de fortes campeonatos como o alemão e o francês. Já noutros grupos, a 4.ª equipa (ainda que campeã no seu país) proveio de Chipre, Suécia, Bulgária, Eslovénia, Bielorrússia e Bélgica...
Todavia, , nada disto explica o lugar do Benfica. Curiosamente, embora último, foi quem venceu e empatou com o 1.º (Mónaco), tendo-lhe marcado o único golo que os monegascos sofreram (!).
Por sua vez, o BATE Borisov conseguiu a proeza de sofrer 24 golos em 6 jogos! Uma equipa houve (Basileia) que se apurou para os oitavos com 7 pontos, quando, na época anterior, o Benfica com 10 não o conseguiu. Esta 'vaquinha suíça' calhou agora ao Porto."

Bagão Félix, in A Bola

O 'cocktail' de Lima em porto 'ruby'

"Antes do jogo, lia-se e ouvia-se que a vitória do Porto era mais ou menos inevitável. Que tinha melhor e mais motivada equipa. Que, no Benfica, a (não) Champions deixara marcas. Que os tremeliques no Dragão iriam acontecer.
Um resultado, porém, tudo muda. Dos mesmos, li e ouvi o oposto. É assim a magia do futebol. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O Benfica venceu porque os seus astros virtuosos foram sobretudo operários solidários na virtude do conjunto. No Dragão, o Benfica de Jesus foi, afinal, o que o Porto costuma ser nestes jogos: consciente, com capacidade de luta, eficácia e cultura de união. O Porto foi uma união desunida, com buracos de alguma sobranceira no relvado e no banco. Os BATE Borisov habituaram mal Lopetegui...
Um jogo sem casos, hélas! Sem a obsessão de se tentar, numa imagem repetida pela 50.ª vez, dissecar um fora-de-jogo ou um penalty duvidosos. Um encontro sem marcas negativas por parte de quem esteve nas bancadas. Tudo limpinho! Lima foi segredo de Jesus para um cocktail com porto ruby que, como dizem os entendidos, tem sabor de fruta silvestre.
Com pouco mais de um terço do campeonato, ainda há muito a percorrer. Todavia, o Sporting está já fora da corrida e restam os dois do costume. O Moreirense não teve procuração do SLB para responder ao vídeo da saudade dos 7-1 de há 28 anos, mas contribuiu para aquela festiva celebração de efeméride.
Dos 3 grandes, o Benfica venceu 85% (11 em 13) dos jogos. O Porto não ganhou 39% (5 em 13). E o Sporting 54% (7 em 13)."

Bagão Félix, in A Bola