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terça-feira, 5 de agosto de 2025
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— SL Benfica (@SLBenfica) August 4, 2025
Sporting, Benfica, FC Porto e SC Braga: o mês em que todos sonham
"Leões sonham com o tri. Águias com o 39. Dragões com ponto final em estranho jejum. Guerreiros em igualar Belenenses e Boavista. Tanto sonho em agosto para só um o concretizar lá para finais de maio de 2026...
Senhoras e senhoras, bem-vindos ao mês e meio em que todos os sonhos são permitidos: a pré-época, quase, quase época. Entre meados de junho e início de agosto todos sonham: verdes, vermelhos, azuis, amarelos, pretos, brancos e tricolores, por exemplo. Há quem sonhe muito alto: verdes, vermelhos e azuis. Há quem sonhe muito alto, mas ainda assim com um pezinho atrás: vermelhos e brancos. Há quem sonhe encostar-se a quem sonha muito alto, mas ainda assim com um pezinho atrás: pretos e brancos. E depois há o arco-íris de quem sonha apenas com dez meses tranquilos.
O Sporting, bicampeão nacional, contratou João Virgínia (guarda-redes português de 25 anos), Giorgi Kochorashvili (médio georgiano de 26 anos), Alisson Santos (extremo brasileiro de 22 anos), Luis Suárez (ponta de lança colombiano de 27 anos), Ricardo Mangas (lateral-esquerdo português de 27 anos) e Georgios Vagiannidis (lateral-direito grego de 23 anos). É com estes homens, mais duas dezenas de campeões ou bicampeões, que o leão de Rui Borges quer chegar ao que não chega desde 1954: três campeonatos de rajada. Só por duas vezes, aliás, o conseguiu: 1951, 1952 e 1953 e 1952, 1953 e 1954. Quem tem menos de 70 anos não se lembra. Mas todos os sportinguistas sonham. Porque esta é a época em que todos os sonhos são permitidos.
O Benfica, clube português com mais campeonatos ganhos, avançou por Rafael Obrador (lateral-esquerdo espanhol de 21 anos), Enzo Barrenechea (médio argentino de 24 anos), Franjo Ivanovic (ponta de lança croata de 21 anos), Amar Dedic (lateral-direito bósnio de 22 anos) e Richard Ríos (médio colombiano de 25 anos). É com eles e mais uns quantos que a águia de Bruno Lage quer voltar a ganhar um campeonato, após ter falhado em 2023/2024 e 2024/2025 e de só ter vencido um nas últimas seis épocas. Nada que se compare, porém, com os míseros dois em 19 anos (1994 a 2013). Quem tem mais de 30 anos lembra-se bem dos dois campeonatos ganhos: 2005, Trapattoni, Quim, Luisão, Petit, Simão ou Nuno Gomes: 2010: Jesus, Quim, David Luiz, Aimar, Di María ou Cardozo. E todos os benfiquistas sonham com o regresso à dinâmica 2013-2018: cinco campeonatos em seis.
O FC Porto, clube português com mais títulos neste século, contratou Jan Bednarek (defesa central polaco de 29 anos), Victor Froholdt (médio dinamarquês de 19 anos), Borja Sainz (extremo espanhol de 24 anos), Alberto Acosta (lateral-direito português de 21 anos), Dominik Prpic (defesa central croata de 21 anos), João Costa (guarda-redes português de 29 anos) e acaba de contratar Luuk de Jong (ponta de lança neerlandês de 34 anos). É com estes homens e mais uns quantos que os dragões de Francesco Farioli querem colocar ponto final num dos piores jejuns dos últimos 40 anos. Só 2014-2017 (Benfica, Benfica, Benfica, Benfica) foi pior e só quem tem menos de dez anos não se lembra deste período negro. E todos os portistas sonham com o regresso, por exemplo, ao famoso penta (1995-1999), ao menos famoso tetra (2006-2009), ao tri (2010-2012) ou, no mínimo, a um campeonato (último: 2022).
O SC Braga, em busca de igualar Belenenses (1946) e Boavista (2001) e confirmar ser mesmo o quarto grande, foi buscar Alaa Bellaarouch (guarda-redes marroquino de 23 anos), Gustaf Lagerbielke (defesa central sueco de 25 anos), Leonardo Lelo (lateral-esquerdo português de 25 anos), Gabriel Moscardo (médio brasileiro de 19 anos), Mario Dorgeles (médio costa-marfinense de 20 anos), João Marques (extremo português de 23 anos), Simon Banza (ponta de lança congolês de 28 anos) e Pau Victor (avançado espanhol de 23 anos).É com eles (e mais uns quantos) que os guerreiros de Carles Vicens querem fazer enorme upgrade a três Taças de Portugal (1966, 2016 e 2021) e três Taças da Liga (2013, 2020 e 2024). Entretanto, os guerreiros sonham.
É altura de sonhar. Daqui a 9 meses, meus caros, dois de três treinadores (Borges, Lage ou Farioli) serão péssimos, dois de três presidentes (Varandas, Costa ou Villas-Boas) sê-lo-ão igualmente, embora haja também a possibilidade de Cristovão Carvalho, Noronha Lopes, Diogo Manteigas ou Martim Mayer serem levados na enxurrada.
PS: Pum, Luuk de Jong! Não é tanto o impacto da noticia, antes o impacto de o FC Porto ter (de novo) conseguido manter tudo em segredo até ao último instante. Nos tempos que correm, é notável."
Missão Nice
"São vários os temas nesta edição da BNews.
1. Intensidade e compromisso
O plantel às ordens de Bruno Lage prepara a 3.ª eliminatória de acesso à fase de liga da Liga dos Campeões, cuja primeira mão é na 4.ª feira no reduto do Nice. O mais recente reforço, Ivanovic, já se treinou com os novos companheiros.
2. Sorteio play-off
Em caso de passagem da 3.ª pré-eliminatória de acesso à fase de liga da Liga dos Campeões, o Benfica defrontará o vencedor da eliminatória entre Feyenoord e Fenerbahçe.
Para o diretor-geral do futebol, Mário Branco, "voltaram a sair em teoria os adversários mais complicados". A prioridade é o Nice: "Estamos com foco total no Nice e não faz sentido olharmos mais para a frente. A vitória na Supertaça foi muito importante para a confiança do grupo, mas também já é passado. A nossa energia e o nosso pensamento estão exclusivamente na eliminatória com o Nice."
3. Trubin centenário
O guarda-redes chegou aos 100 jogos em competições oficiais pelo Benfica. "Jogar 100 jogos pelo Benfica é um sonho para muitas crianças, para mim também é uma grande conquista e estou muito, muito feliz por isso", afirmou.
4. O filme de uma conquista
Veja os bastidores do triunfo da 10.ª Supertaça do palmarés benfiquista.
5. Pré-época da formação
A Equipa B realizou um jogo-treino frente ao Casa Pia. Os Juniores defrontaram os séniores do 1.º de Dezembro. E os Sub-15 começaram a pré-temporada.
6. Estágio
Os campeões nacionais de futsal estão em Alfândega da Fé a cumprir o estágio de pré-época.
7. Entrevista
Maria Sofia Silva abordou o dodecacampeonato nacional de hóquei em patins e perspetivou a próxima temporada.
8. Voleibol feminino
Veronika Djokic renovou o contrato e tem como novas colegas de equipa os reforços Mayara Barcelos e Anna Dixon.
9. Bons desempenhos
Os atletas do Benfica obtiveram 22 medalhas nos Campeonatos de Portugal de atletismo em pista ao ar livre."
ACUSAÇÕES DE VIEIRA NÃO PODEM CAIR EM SACO ROTO
"1. Não acredito que Luís Filipe Vieira dirija um ataque tão violento a Pedro Proença sem ter na sua posse provas fortes e testemunhas credíveis para atestar as suas acusações. Aquilo que disse de Pedro Proença foi mais que arrasador, foi um assassinato de caráter.
2. O comunicado-resposta da FPF ontem emitido pareceu-me próprio de quem tem culpas no cartório: ameaça para tentar lavar a face; não concretiza porque receia as consequências.
3. A FPF é uma importantíssima instituição com estatuto de utilidade pública, que recebe muitas dezenas de milhões de euros dos nossos impostos todos os anos. Ora o presidente de uma instituição desta relevância jamais pode estar sob suspeitas com a gravidade das que Vieira lhe apontou na entrevista de sexta-feira.
4. O urgente apuramento de toda a verdade impõe-se. Uma situação destas não pode esperar pelos lentos tempos da justiça, menos pode cair em saco roto, isto é, tem que ser imediatamente resolvida. Porque se as acusações de Vieira se confirmarem, Proença tem que deixar, na hora, a presidência da FPF - não terá quaisquer condições de se manter na presidência do organismo.
5. Se o governo já se meteu em assuntos do futebol como a centralização de direitos, tem que se meter neste também, tem que chamar a si a resolução rápida desta gravíssima situação. É o que espero que faça já a partir de amanhã."
«Estudem o meu cérebro, por favor»
"A tragédia que envolveu, no prédio onde tem sede a NFL, em Manhatan, o ex-'running back’ Shane Devon Temura, deve, pelo menos, servir para que, na morte, se mantenha vivo o tema da encefaloptia traumática crónica entre ex-desportistas...
Não fosse ter acontecido em Nova Iorque, no coração de Manhatan, a dois passos do Rockfeller Center e do MOMA, e o tiroteio provocado por um ‘lobo solitário’ há precisamente uma semana, que ceifou a vida a quatro pessoas, até podia ter passado quase despercebido, ou não se tivesse tratado da 255.ª ocorrência do género, nos Estados Unidos, em 2025.
O autor do massacre, que se suicidou, foi Shane Devon Temura, 27 anos, antigo ‘running back’ da Granada Hill Charter, uma escola de Los Angeles, que sofria de encefaloptia traumática crónica, que imputava aos danos provocados durante a sua atividade desportiva, razão pela qual escolheu a sede da NFL (entrou no prédio certo, armado com uma AR-15 devidamente legalizada, mas no elevador errado, que o levou ao 33.º andar onde funcionavam outros escritórios, onde haveria de matar e morrer) para o tresloucado ‘statement’ que quis deixar como legado. Na nota de suicídio, que tinha no bolso, podia ler-se «estudem o meu cérebro, por favor». E é aqui que nos devemos deter, no sentido de analisarmos esta tragédia na ótica desportiva. Há um ano, no livro «Pulsação», dediquei um capítulo à galopante demência dos ex-desportistas, já regulada e ‘indemnizada’, ‘post mortem’, nos Estados Unidos, mas ainda motivo de discussão e polémica na Europa, relativamente ao futebol e aos malefícios para o cérebro dos cabeceamentos constantes.
Há estudos, de universidades escocesas e suecas, que provam que um futebolista tem cerca do dobro de possibilidades de vir a padecer de Alzheimer do que um cidadão dito ‘normal’, em Inglaterra (onde houve uma razia na seleção que se sagrou campeã do Mundo em 1966) estão em curso litigâncias judiciais sobre o tema – que têm sido contestadas pelas entidades patronais, por falta de substância científica, alegando que esta só pode ser verificada na autópsia... -, mas a verdade é que não é preciso sair das nossas fronteiras para encontrar dezenas (!!!) de casos, especialmente em quem jogou nos anos anteriores à entrada em campo de bolas capazes de manter o peso (entre 410 e 450 gramas), independentemente das condições climatéricas (pelo menos até final dos anos 80 do século passado, em dias de chuva e lama, a bola ficava quatro ou cinco vezes mais pesada). Entre os ex-jogadores portugueses que já partiram padecendo de estados demenciais precoces, nomeadamente o Alzheimer, e aqueles que hoje em dia estão a perder o contacto com a realidade (não referirei casos concretos, mas, acreditem, sei do que falo) há demasiados exemplos que justificam uma abordagem mais séria do assunto, quer em termos de compensações às famílias, quer na profilaxia do mal, especialmente entre as gerações mais novas, no que respeita ao cabeceamento. A UEFA tem um protocolo neste sentido, em Inglaterra há uma tabela de utilização semanal da cabeça para jogar em função do escalão etário, mas, na prática, os efeitos destas medidas são residuais. Que o desespero de Shane Devon Temura, que levou com ele vítimas inocentes, nos faça meditar sobre a sua nota de suicídio: «estudem o meu cérebro, por favor.»"
O estapafúrdio de já não chegar ser campeão mundial
"O fastio tem cara e essa era a de Summer McIntosh, a servir trombas molhadas mal emergiu da piscina de Singapura e mirou, ao primeiro relance água fora, o ecrã dos tempos. Com testa pesada, sobrancelhas-eira a carregar nos olhos, nem era preciso ter dito o palavrão que captou as notícias para transmitir o seu desagrado. Soltado o “fuck” ao acabar de ser campeã mundial dos 200 metros mariposa, a canadiana pareceu uma contradição em clorofila, de toca posta, e não só pelo ato em si.
Deduzir a razão da sua moléstia não era um pedregulho de tarefa. Ficara a 18 centésimos de segundo do recorde mundial da distância, menos tempo até do que aquela impossibilidade de mantermos os olhos abertos durante um espirro, ela tão perto e no entanto longíssimo desse “grande objetivo”, afirmaria depois, para o qual treinara “expressamente” e “estragou tudo nos últimos 15 metros” da prova onde, apesar da desfeita que lhe ceifou a alegria, foi buscar a terceira medalha de ouro na prova. Aos 18 anos, era a décima primeira vez que Summer McIntosh se proclamava campeã do mundo, um rácio absurdo de tão irreal.
A pepita de vernáculo unida ao trombil da fenomenal canadiana deu forro a questionar se estaremos a presenciar, aqui e ali, os humanos tocados pela excelência a alcançarem o cume do descontentamento com o muito no desporto. De nadadores, por obrigação imposta pelo seu estado sublime, a serem pobres e mal-agradecidos com eles próprios, evoluídos ao ponto de as suas superiores capacidades os levarem à insatisfação por ganharem, com regra, as provas nas quais se especializaram e que 99% dos adversários nem a esfolarem-se conseguem disputar. Os 2:01.81 segundos do recorde perseguido por Summer, fixados pela chinesa Liu Zige, em 2009, sugerem irrealidade pelas evidências: desde então, só por quatro vezes (incluindo esta) houve quem nadasse abaixo dos dois minutos e quatro segundos.
Desconhecendo nós as agruras e os demónios, os bicharocos mentais e as frustrações de nascer com arestas físicas brutais cujos presenteados limam excelsamente para serem como são, se calhar não há outra maneira, não têm como não exigir à exigência o que um atleta ‘normal’ nem imagina exigir a ele próprio. Summer McIntosh ganharia quatro medalhas de ouro nos Mundiais, sendo apenas a segunda mulher na história a lográ-lo numa edição do evento, juntando-se à americana extraordinária Katie Ledecky. Mas, antes de entrar em competição na Singapura, pintou de dourado as cinco unhas de uma mão, vidrada na caça aos cinco penduricalhos dessa cor, feito em que apenas a sueca Sarah Sjöström tocou, em 2019.
O facto de ser campeã do mundo, ter feito cócegas ao recorde individual da natação em piscina longa que vigora há mais tempo, conseguido a segunda marca mais rápida da história e deixado um sério cutxi-cutxi a quebrá-lo em breve equivaler a um “estou feliz, mas…”, revela as distâncias a que uma nadadora tal, e quem a treina, se força a colocar as fasquias para saciar a motivação e manter-se esfomeada por um tipo de alimento que já não tem a ver com os outros. Ainda adolescente, Summer nada atrás do seu próprio verão (fora os 800 metros livres, onde ainda deve à Anfitrite das piscinas que é Ledecky) assim como Léon Marchand parece perseguir já só a sua própria barbatana.
O francês padeceu, sem hesitações, da cisma de McIntosh por recordes quando, ao ser o primeiro a tocar na parede dos 200 metros estilos, se encavalitou sobre a boia divisória das pistas, estendeu os braços em pose triunfal, fletiu o bíceps de um braço à macho man e esmurrou depois a água, por momentos embriagado de alegria, numa meia-final, por bater o recorde do mundo. Todos esses sorrisos abandonaram-no na final que diligentemente ganharia com feições somenos: sóbrio, austero, quase indiferente ao ouro conquistado. A mostrar ser outro nadador sublime que se diferencia também pela predileção por ter os melhores tempos da história - e, pelos vistos, priorizá-los às medalhas que o identifiquem como campeão do mundo.
A fatura de almejar ir lá bem ao fundo das águas com cloro, aos abismos subaquáticos a que uma ínfima quantidade de pessoas pode aspirar, mói a mente, imprimindo a devida fatura no corpo. Explodida a efusão de alegria pelo recorde mundial (o terceiro da sua carreira em piscina longa), Léon Marchand não pregou olho, culpa da adrenalina a retribuir-lhe com uma noite em branco. “Perdi muita energia”, confessou. Tentou acalmar-se, ver vídeos, ler um livro, meditar, mas não dormiu durante a noite. Só mesmo no dia da final da prova, em que ficou na cama até às 12h30.
Que a competição drena combustíveis e sufoca ânimos é unânime, até para nós, comuns humanos alheios a estes Olimpos, mas os casos de McIntosh e Marchand, como de Ledecky ou Michael Phelps e Ian Thorpe antes deles, mostram as consequências que por tabela a natação abarca ao ter outliers tão majestosos, gente remetida, pela grandiosidade própria, a banalizar o que é raro: carecem então de estímulos estratosféricos que lhes meta uma cenoura diante dos olhos para se esfaimarem.
E não será a monetização desses píncaros a motivá-los. O ano passado, Léon Marchand recebeu 173 mil dólares e Summer McIntosh levou 113 mil da World Aquatics em prémios de competição, que retribuem com 25 mil por cada marca mundial batida. Ambos têm elogios ditos a respeito e confessaram ser mais um motivo que lhes fomenta o apetite, apesar de longe ficarem das potenciais retribuições das empresas que patrocinam Armand Duplantis, o triplo saltista que já bateu 12 vezes o recorde do mundo e recebe uns 100 mil dólares por cada teto desfeito. Mas não será isso, pelos menos não só isso, que os move.
Todos vivem num plano só deles, onde gozam de um estado por enquanto inatingível. Por serem os melhores, são reféns da insatisfação permanente para se manterem nesse percentil estapafúrdio de já não se contentarem apenas com medalhas de ouro. Chegámos ao ponto de a reação a quente a ser campeão mundial vestir uma cara de poucos amigos nestes peixes mais raros."
O desporto feminino deixou de ser um nicho: é negócio à séria
"Ténis, Atletismo, Natação, ou Voleibol há muitos anos que dedicavam a mesma energia, recursos e atenção às vertentes masculinas e femininas, mas o mesmo não se podia dizer sobre muitas outras modalidades.
O desporto feminino está a viver uma transformação histórica. Em 2025, as receitas globais do setor deverão ultrapassar os 2,35 mil milhões de dólares, segundo a Deloitte. Este crescimento é impulsionado por um aumento expressivo nas audiências, no investimento publicitário e na valorização das atletas como figuras de influência.
Só o setor de transmissões televisivas deverá gerar 590 milhões de dólares este ano, refletindo a crescente procura por conteúdos desportivos femininos em plataformas tradicionais e digitais. O recente Campeonato da Europa de Futebol feminino tem sido marcante com audiências televisivas espantosas e estádios cheios.
O futebol feminino é assim um dos grandes motores desta mudança. A final do Mundial de 2023 foi vista por mais de 2 mil milhões de pessoas ao longo do torneio, e a UEFA Women’s Champions League continua a bater recordes de audiência e patrocínio. O basquetebol feminino também se destaca, com a WNBA a atrair investimentos de marcas como Nike, Google e AT&T. Em 2025, o basquetebol feminino deverá gerar mais de mil milhões de dólares em receitas, representando 44% do total do desporto feminino.
Em Portugal, a Liga BPI tem registado um crescimento sustentado, com clubes como Benfica, Sporting e Braga a investirem nas suas equipas femininas. A Federação Portuguesa de Futebol tem reforçado o apoio à formação e à profissionalização da modalidade. O desporto feminino já não é apenas uma causa social — é uma oportunidade de negócio, de inovação e de expansão de mercado.
As marcas que perceberem isso primeiro estarão na linha da frente de uma nova era no desporto global, onde a equidade e o retorno financeiro caminham lado a lado. Este novo paradigma exige uma abordagem estratégica por parte dos clubes, ligas e federações, que devem investir em talento digital, parcerias tecnológicas e modelos de negócio centrados no adepto.
A capacidade de adaptação será determinante para garantir relevância num ecossistema desportivo cada vez mais competitivo e fragmentado. A explosão do desporto feminina é também benéfica para a vertente masculina pois alarga o mercado de influência da indústria do desporto, trazendo novos consumidores e novas marcas para este território.
Nos próximos anos assistiremos assim a uma aproximação vertiginosa entre as vertentes masculinas e femininas da maioria das modalidades desportivas, onde audiências, receitas, bilhética, salários ou prize-moneys estarão lado a lado."
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