"Até ao fim de semana de 15 de Abril, quando recebermos o FC Porto na Luz, teremos de conquistar 33 pontos em 11 jornadas
1. O Benfica, com uma primeira parte de elevada nota artística, aproximou-se do Sporting e mostrou, a alguns distraídos, que está, de verdade, na luta pela conquista desta Liga. Este Benfica, forte e com dinâmica, com muito talento e elevado convicção, está no caminho da conquista do penta. Faltam oito jogos no Estádio da Luz, outros quatro da área metropolitana de Lisboa e deslocações a Portimão, Paços de Ferreira e Santa Maria da Feira. O que importa, mesmo a sério, e até ao fim de semana de 15 de Abril - data em que receberemos, na Luz, o Futebol Clube do Porto - é conquistar três pontos nas próximas onze jornadas. Trinta e três pontos que, se conquistados, serão determinantes para as vitórias finais numa competição em que alguns jogaram, até ao momento, muito fora dos relvados e outros não reconheceram - pelo menos até ao jogo de ontem frente ao Chaves - o valor desta equipa do Benfica. Mas o Benfica, jogo a jogo, e com o colinho dos seus fiéis adeptos, e concentrado apenas na Liga, está a provar, dentro dos relvados, que tem vontade e valor, para se sagrar campeão e atingir um feito histórico na sua secular história.
2. No passado domingo o Benfica conquistou, em futsal, a Taça da Liga. Foi a sua primeira conquista desta Taça e, assim, garantiu o único troféu que lhe faltava nesta cada vez mais atractiva modalidade. E, no final, tivemos um momento de imenso fair play: o Sporting, digno vencido, saudou o Benfica e fez alas para aplaudir a indiscutível equipa vencedora. Recordei, no momento, um dos homens que marcou o século XX, Winston Churchill: «No desporto, na coragem e à vista do céu, todos os homens se encontram em termos de igualdade». E o desportivismo, de ontem e de hoje, é isto mesmo. E aqueles aplausos, neste concreto momento e nas suas actuais circunstâncias, foram um bom exemplo de uma moral que alguns julgavam esquecida. Mas o desporto, em certos instantes, pode pôr na ordem naquilo que é um relativo caos. Tal como, em outra medida e em outra moral, o bolo de bolacha do restaurante Lisboa à noite, nos prepara, em muitas quintas-feiras, para um animado, pluralista e respeitador Quinta na BolaTV! Com o tom azul do Miguel a garoupa do À Toni - um abraço! - e os desejados chocolates do Professor Henrique. E sempre como um Amigo, amigo de peito, a jantar duas vezes às quintas!!! E agora com o estimulante regresso, na próxima semana, do nosso Bom amigo Vítor Serpa. Sempre a tempo!
3. Fábio Coentrão perdeu a cabeça no final do jogo de Setúbal. Perdeu a caneça, espalhou a língua e mostrou a sua força no banco de suplentes do Estádio do Bonfim. Acredito que só a boa vontade, mais a complacência, do árbitro e do conjunto dos seus auxiliares, permitiu que não fosse severamente sancionado Com a consciência que o Sporting perdeu os três pontos aos noventa e quatro minutos e o Vitória de Setúbal de José Couceiro conquistou um preciso ponto.
4. Terão sido trinta e cinco metros. Quase mais doze metros que a onda surfada pelo americano - e cada vez mais português - Garrett McNamara na Praia do Norte, na cada vez mais atractiva Nazaré. E com este município, tal como a Ericeira ou Peniche, a saberem aproveitar a crescente procura da prática do surf para um outro desenvolvido turístico. Terão, sido trinta e cinco metros de onda. Sim o português Hugo Vau - fixem este nome que vive e agarra o mar nos Açores, em concreto na Terceira - pode ter batido o recorde da maior onda surfada e assim ter aproveitado, neste inverno, o cada vez mais famoso canhão da Nazaré. A ser certificado este momento único - o que se deseja firmemente - fica não só como uma «história de persistência» mas também como um momento para a história da Nazaré e das suas singulares ondas gigantes. E sendo história será, como já é, um espaço cada vez mais procurado e referenciado. Também desta forma se constroem destinos, singularidades, ondas únicas e heróis que só são anónimos no topo da espuma, bem deliciosa, daquela onda que os faz entrar na história concreta de um canhão que está a levar a Nazaré, e as suas gentes, a todas e a todos os surfistas desta aldeia global. Que são cada vez mais, de todas as idades e cores, de todas as classes e origens. Afinal são nossos vizinhos!
5. Faltam dez dias para o término deste período de inverno do mercado de transferências. Vi negócios de milhões e empréstimos julgados impossíveis. Alguns jogadores, escondidos em plantéis ditos de luxo, ambicionam a mudança de camisola, principalmente se legitimamente desejarem marcar presença no lote de seleccionados da respectiva selecção nacional no Mundial da Rússia. E se repararmos no lote de campeões da Europa há jogadores que precisam de jogar, que desejam mudar de clube ou que esperam outro treinador para sonharem integrar o pequeno lote que Fernando Santos escolherá para representarem a selecção de todos nós. Nestes dez dias vai aquecer o mercado de transferências. Como vão enriquecer - em tese! - os intermediários já que, nesta sede, o controlo é, em certos casos, bem escasso em razão da sedimentada globalização financeira. O agente de Aleis Sánchez, que ontem chegou ao Manchester United - de seu nome Fernando Felicavich - arrecadou 17 milhões de euros pela intermediação! Bem longe, recordemos, dos 48 milhões de euros que couberam a Mino raiola, o intermediário que levou da Juventus também para o Manchester United o francês Pogba. Ou seja em menos de dois anos o MU pagou, em apenas duas transferências, à intermediação 65 milhões de euros. É dinheiro! Muito dinheiro. E assim se faz, e constrói, uma certa prestação de serviços associada ao futebol contemporâneo.
6. Importa acompanhar a segunda Liga. Talvez a mais competitiva dois últimos anos. A diferença entre os segundos - hoje Académica de Viseu e Nacional - e o décimo quarto, o União da Madeira é de doze pontos. A diferença do FC Porto para o quinto classificado da Liga é, hoje, se o Rio Ave vencer o Boavista, de quinze pontos. E importa não ignorar que quem subir à primeira liga vê multiplicar por dez os seus direitos televisivos. Talvez seja importante, também em razão do Gil Vicente, não descurar o acompanhamento permanente desta Liga 2. Que época a época tem menos jogadores portugueses. Como bem evidencia o sério estudo do nosso Sindicado dos Jogadores. Bem liderado pelo Joaquim Evangelista."
Fernando Seara, in A Bola