Últimas indefectivações

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Vitória na Madeira...


Madeira SAD 24 - 31 Benfica
10-15

Início de jogo 'sem golos', mas ainda chegámos aos 30!!! Com alguns jovens não inscritos(!!!), com um plantel curto, mas sem lesões, vencemos tranquilamente...

O Cantinho Benfiquista #183 - Vamos a Isso!

RND - Carrega...

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Águia: Diário...

Zero: Tema do Dia - A análise ao relatório e contas do Sporting CP

Zero: Reactzz - S02E01 - A Rentrée do Reactzz

Observador: E o Campeão é... - Não há cura milagrosa que salve Renato Sanches

Observador: A Bélgica tem saudades de Roberto Martínez?

Negócio Mistério - Especial - Os franceses do Arsenal

No Princípio Era a Bola - A falta de honestidade na análise que Roberto Martínez juntou à incoerência. E a incógnita de Bruno Lage (para o Benfica e os adversários)

3x4x3


Benfica: Quando o tamanho importa


"Há uns dias percebi que a Godzilla não gosta de matemática e, segundo parece, é tudo uma questão de tamanho.
Nisto do tamanho, também nós começamos a formular uma teoria – o Sport Lisboa e Benfica é demasiado grande, tem demasiada gente, é um gigante com todos os problemas que isso coloca.
Hoje permiti-me refletir sobre isto.
Querem embarcar comigo nesta viagem?
Apesar de Portugal não ser um país amigo da ferrovia, viagem comigo nesta metáfora – o Sport Lisboa e Benfica é um comboio, qual snowpiercer.
Nesta série, depois do planeta ter ficado tempo a mais no congelador, a humanidade remetida a um comboio gigante, anda às voltas numa viagem mais ou menos circular e infinita.
Ora, sinto que o Sport Lisboa e Benfica também está a andar em círculos, voltando sempre aos trilhos que nos trouxeram problemas, como se ir a Ho Chi Minh fosse uma peregrinação obrigatória para a mais brilhante das ideias. Diz-se que a maior viagem de comboio do mundo começa na Luz e termina onde os americanos passaram uns verões complicados.
Vejamos.
A carruagem da frente é o Povo do Benfica!
Aquele que nunca falha!
Mas, aos comandos do comboio vai um maquinista, que sendo do Povo Vermelho, parece ter perdido a capacidade de ver para lá do óbvio.
Na carruagem seguinte, o motor – a equipa de futebol.
As carruagens que se seguem recebem todas as nossas equipas, das diferentes modalidades, nos diversos escalões. Centenas de jovens, de homens e de mulheres que semanalmente vestem o Manto Sagrado.
E algures perdidos no fim do comboio, os Ases que nos honraram!
São 19h04 e o comboio partiu com destino à Europa e ao mundo, das provas europeias aos jogos no Japão que nos trouxeram a vénia, a África que nos brindou com Eusébio e Coluna ou até à América do Sul e a história que fomos desenhando com o Santos. Isto para me focar no motor da nossa composição – a equipa de futebol.
Mas, a vertigem do fim do século vinte, depois de mais duas finais dos campeões perdidas, fez-nos entrar em trilhos que teimam em nos levar até Ho Chi Minh (ainda não foram googlar este nome?).
O povo, esse, continua a puxar um enorme comboio de desilusões que persiste em viajar por onde não deve. Mas, é mesmo aqui que reside o nosso problema. O nosso maior potencial – a nossa dimensão gigantesca e planetária – é também a nossa maior fraqueza.
A agitação em torno do Sport Lisboa e Benfica é permanente, a comunicação social alimenta-se da polémica em torno do vermelho. O regresso de um Renato é o retorno das lesões, a norte a vinda do Fábio é o voltar a casa de um campeão. Os sucessivos falhanços verdes na compra de um avançado são vendidos como uma brilhante capacidade do Sporting em gerir o mercado. Vamos à Champions e ao Mundial de clubes, mas apesar disso, quem vive o Sport Lisboa e Benfica todos os dias vive em depressão permanente – “mas, não temos um dia de descanso?”, talvez o post mais lido no X vermelho.
Como bem diz o Aires – diversidade!
A palavra que nos define.
Ora, perante isto, como se gere esta diversidade?
Penso que a resposta é liderança.
E esta tem duas formas de chegar:
- por via da evolução capitalista que tem marcado o futebol, isto é, a entrada de capital estrangeiro que venha definir um rumo, um caminho e que trilhos o comboio vermelho irá seguir. Os passageiros que quiserem, sentam-se no seu lugar e apreciam a viagem. É o Benfica empresa. - por via de uma liderança carismática que seja capaz de congregar uma visão para o Benfica. Um rumo de futuro, mas que honre os ases que nos honraram no passado. Creio que a chave poderá passar por aqui. Rui Costa pareceu ensaiar esse caminho colocando junta a si no camarote craques do passado, mas não desistiu de colocar a sua imagem em tudo o que é “coiso”. A referência ao Rui na despedida do Mister Eriksson foi ridícula.
Não sei se fica clara a ideia, mas será algo como isto, uma liderança virada para o futuro e que seja capaz de gerir vitórias em campo, nos pavilhões, nas pistas e nas piscinas. Mas, que seja igualmente competente a incluir no processo as memórias que unem os adeptos, seria esta a cola que nos tornaria parte do processo. Claro que gosto mais de ser sócio do que cliente, mas até o sou se vir o sr. Shéu ou o Vitor Paneira por perto. Quem deixaria de ficar feliz por ver publicações, programas, acontecimentos sobre o Manuel Bento ou sobre José Águas? E tantos outros...
Lido com naturalidade com o DJ Kamala, mas gosto mais das gargantas do povo que encheu Moreira de Cónegos. Há espaço para todos e foi sempre essa a nossa marca – capazes de inovar, sem esquecer o nosso passado.
Procurar fazer luz sobre o que nos une, procurando não valorizar o que nos separa.
Podemos não saber para onde se dirige o comboio vermelho, mas sabemos que nas carruagens mais importantes vão os Benfiquistas e todos os homens e todas as mulheres que nos fizeram chorar de alegria.
Ainda não sei em que estações vamos parar, mas continuo a acreditar que a diversidade das nossas composições é a nossa maior riqueza porque “Não há pai para o Benfica”.

NOTA: parabéns ao Maior!"

Não queiram comparar o que não é comparável.

Maquilhagem...

Rendimentos...

Renato, infelizmente, sem surpresa


"Depois de Draxler e Bernat, a proveniência parisiense continua a não ser sinónimo de «garantia de utilização» de jogadores em condição periclitante…

Da mesma forma que não havia quem não soubesse que Julian Draxler, Juan Bernat e Renato Sanches eram excelentes jogadores, também não havia quem não soubesse que, em circunstâncias normais, estariam para lá das possibilidades financeiras do Benfica, e toda a gente sabia que só aterraram na Luz porque padeciam de limitações físicas que os tornavam em riscos que o Paris-Saint-Germain não queria correr, preferindo emprestá-los a preço de saldo.
Foi nesse contexto, e sem surpresa, que Draxler, campeão do Mundo em 2014 pela Alemanha, e Bernat, tetracampeão por Bayern e PSG, tivessem passado discretamente pelo Benfica, ficando a conhecer melhor o posto médico do que o relvado da Catedral.
Como não há duas sem três, o clube da Luz resolveu aceitar o empréstimo de Renato Sanches, na esperança de que o adágio «o bom filho à casa torna» falasse mais alto que as lesões que têm vindo a martirizar o campeão europeu por Portugal em 2016, de há vários anos a esta parte, impedindo-o de levar até onde podia o extraordinário potencial que toda a gente lhe reconhecia.
A notícia de uma nova lesão de Renato Sanches, que irá mantê-lo em doca seca por algumas semanas, sendo sempre negativa para o jogador, não podia ter caído em pior altura para o Benfica, que procura criar em torno do regresso de Bruno Lage (que é como quem diz, simultaneamente, do despedimento de Roger Schmidt), uma vaga de fundo que afaste o clima de crispação em que o clube tem vivido.
Mais uma razão para tornar importante o jogo de sábado com o Santa Clara, e a partida da quinta-feira seguinte, em Belgrado, 48 horas antes de uma Assembleia Geral que terá o ambiente muito temperado pelos resultados destes dois jogos.
Sendo certo que nunca há lesões oportunas, esta, de Renato Sanches, afigura-se particularmente inoportuna pelo ‘anticlimax’ que cria. Mas que ninguém diga que foi apanhado de surpresa…"

Benfica: novo treinador, os melhores adeptos e olhar em frente


"Não se esperam no Benfica, frente ao Santa Clara, grandes alterações quem em termos de nomes quer de sistema tático. Equipa açoriana, vinda Liga 2, tem duas vitórias fora de casa

Encerrado que está o processo Schmidt, um novo capítulo que se deseja independente do anterior, e mais feliz, no Benfica se inicia. O tempo, como se sabe, não sobra, estando o comboio em andamento e já com um atraso acumulado logo nas primeiras estações.
A expectativa é como sempre muita, num processo de grande exigência para a nova equipa técnica. O trabalho nesta altura é muito mais de análise do que passou do que treino efetivo, impossível pela ausência de jogadores ou pela recém-chegada de outros. A avaliação atenta dos novos jogadores será feita certamente, para concluir quem poderá desde já ser protagonista. Uma equipa base anterior já existente e que naturalmente poderá suportar, pelo menos no início, os caloiros entretanto contratados.
Reunir os atletas, uns vindos de seleções, outros de outras competições e países, em torno de ideias base simples, explicadas e visionadas. Não me parece que aconteçam neste jogo grandes alterações quer dos nomes, quer do sistema tático a utilizar. Veremos se é assim.
A próxima equipa visitante, o Santa Clara, conhecendo a realidade que o Benfica vive, estará apostada em complicar e tirar proveito.
Mesmo regressada da Liga 2, o rendimento da equipa é interessante neste início, incluindo duas claras vitórias forasteiras, a ter em especial conta. É de longe a equipa mais brasileira do nosso campeonato, nada muito contra porque a nossa lei o permite, e que tem revelado, nos últimos anos, um critério apurado na qualidade dos jogadores escolhidos por lá.
Em relação ao regresso do técnico do Benfica, alguns anos passados, perceber que as pessoas inteligentes e profissionais, como Bruno Lage, evoluem, tornando-se melhores.
A escolha do presidente Rui Costa é prometedora, bem como os jogadores entretanto conseguidos.

Facto
As jornadas como a última do nosso campeonato são daquelas que quem gosta de golos não quer. Oito das equipas não conseguiram marcar um único golo e, no total, somente 14 golos foram marcados em nove jogos... Foi esta a pior produção dos goleadores nesta nova época, mas também relativamente a quase toda a época passada. Uma única exceção aconteceu em dia de pontaria ainda mais desafinada: apenas 12 golos (!!!) marcaram a 20ª jornada do anterior campeonato. Têm a palavra a criatividade e precisão de quem faz assistências e a inspiração dos finalizadores.

Língua
A maneira como o treinador se expressa publicamente tem evidentemente extrema importância. Quer seja na qualidade do futebol que apresenta, quer na gestão que faz do banco, mas também a comunicação a que está obrigado durante e no final de cada jogo. É isso que o adepto vê.

Estas três vertentes assumem papel relevante, ainda mais quando o publico não tem acesso a uma muito importante fatia do êxito de qualquer equipa: o processo de treino e a relação diária com os jogadores.
Esta introdução recua ao trabalho de Roger Schmidt no Benfica e à língua inglesa usada para comunicar. Não custa tentar se tivermos vontade, mas imaginamos que aprender português não será fácil, sabendo igualmente que hoje os planteis estão repletos de jogadores das mais diferentes origens, o que dificulta e muito o processo comunicativo. Isto a propósito da recente e original entrevista dada por Zidane, assumindo que não tem aceitado treinar em Inglaterra por não falar fluentemente a língua. Esta escolha resulta da fundamental importância que tem para si a comunicação com os jogadores, principais figuras do jogo. Julgo ter percebido que sabe que essa aproximação constitui uma das suas principais valências enquanto líder de uma equipa e fez dele vencedor. O que não entendo é o que impede a inscrição, nem que seja online, num curso de inglês."

Não há meio termo para Bruno Lage


"Bruno Lage regressa ao Benfica pela mão de Rui Costa e não pelo chamamento dos adeptos. Essa reconquista da família encarnada será o seu primeiro grande desafio.

O endeusamento dos técnicos do Benfica que conseguiram (alguns) bons resultados só é um problema porque quanto mais alto se coloca alguém num pedestal, pior é o tombo. É a lei da gravidade e a lei do adepto. Talvez por isso nenhum dos nomes que contribuíram para que o Benfica ganhasse seis das últimas 11 edições da Liga – Jorge Jesus, Rui Vitória e Bruno Lage – fosse consensual ou equacionado pela maioria dos adeptos para substituir Roger Schmidt.
Relativamente ao alemão, estou certo que aproveitará a pausa bem paga que tem pela frente não para aprender português, mas para finalmente estudar as equipas portuguesas – pode começar aleatoriamente pela letra F, de FC Famalicão. Lage esteve no melhor e no pior da vida dos encarnados. Não há meio termo. Ganhou o 37.º título quando ninguém esperava que alcançasse tamanha proeza e perdeu o bicampeonato depois de uma 1.ª volta épica e uma 2.ª volta deplorável.
A curta carreira de Lage como treinador principal é muito feita destes detalhes: um bom ano Wolverhampton e um arranque horrível no segundo ano; boa primeira impressão no Botafogo e um timing de intervenção completamente errado («Coloco o meu lugar à disposição», disse, após derrota em casa com o Flamengo e eliminação anterior da Taça Sul Americana) para chamar a si a pressão e por ela ser impiedosamente engolido. Por isso é que os adeptos do Benfica se interrogam sobre qual é a versão de Bruno Lage que aterrou na Luz em missão de socorro. Esperam que seja a primeira, mas pode ser qualquer uma delas."

Benfica: vem aí austeridade?


"Outra solução para as águias (e para os outros grandes) estaria num produto global criador de maior riqueza, mas essa é uma luta que levará muito tempo

Há duas formas de entender a derrapagem nas contas do Benfica: o descontrolo na gestão de Rui Costa e o modelo de negócio do futebol português. Se por um lado assistimos a uma deriva expansionista assente numa espécie de fezada, por outro continuam as limitações de crescimento de uma liga que não consegue abandonar a periferia e apanhar o comboio que a leve para o centro, o que ajuda a expor as debilidades dos passageiros, seja a águia que voou alto demais e terá de mudar de rota, ao dragão que tem o fair play financeiro da UEFA à perna, ao Sporting que para manter Gyokeres tem de se livrar de um pequeno diamante chamado Mateus Fernandes ou dos vários Boavistas que andam sempre na corda bamba, empurrando os problemas com a barriga.
No que respeita ao Benfica, há um óbvio problema: em 2022, no primeiro exercício sob a gestão do atual presidente, a SAD apresentou um prejuízo de €35 milhões. Justificação de Rui Costa: as vendas foram abaixo do preço habitual e estava em curso uma «reformulação do futebol profissional». Dois anos depois, essa «reformulação» tarda a dar frutos: novo prejuízo acima dos €30 milhões.
Não é preciso ser economista, basta estar atento à história recente do clube: o nível de custos com o plantel (e equipas técnicas, agora no plural) está acima das posses. Em novembro, confirmada que estava a saída prematura da Champions, publicámos em A BOLA que a SAD teria de vender jogadores em janeiro se não quisesse terminar o ano fiscal (até 30 de junho) com prejuízo. Porque nem a verba da UEFA nem os €65 milhões do passe de Gonçalo Ramos chegavam para compensar as despesas – e em ano de Europeu as grandes transferências só se fazem a partir do final de julho.
A melhor justificação até pode ser encontrada nas contas positivas de 2022/2023: nessa época (a do título), o Benfica conseguiu dois recordes de receita: bilheteira/corporate e prémios da UEFA. E teve o segundo melhor ano em transferências (muito graças à saída de Enzo Fernández para o Chelsea). Mesmo assim só apresentou um lucro de €4,2 milhões. Sem vendas, apresentaria um prejuízo a rondar os €60 milhões.
O que isto significa? A máquina tornou-se demasiado pesada. São mais de €240 milhões de gastos operacionais que poderiam ter levado a SAD a agir preventivamente e não tomar decisões que parecem ser muito reativas. Que consequências? Mais cedo ou mais tarde o Benfica terá de passar por um período de austeridade. Seja na necessidade de vender em maior quantidade (mínimo de €100 milhões/ano, o que enfraquecerá sempre o plantel) quer no maior controlo das compras, alterando o paradigma até agora adotado por Rui Costa.
A outra solução passaria por algo muito mais abrangente e estrutural: maior criação de riqueza pelo pomposo produto futebol português. Os sinais enviados pelo novo FC Porto de Villas-Boas indiciam maior abertura e articulação entre os três grandes para ajudarem a tornar a liga mais competitiva e atrativa sob todos os pontos de vista (e daí gerando mais receitas), mas todos sabemos que isso levará tempo e os tradicionais orgulhos e arrogâncias são um empecilho ao crescimento – embora sirvam para umas conquistas domésticas e alimentar as discussões de café do género «O meu relatório e contas é melhor que o teu»."

A janela de transferências


"A FIFA divulgou a semana passada o seu Relatório de Transferências Internacionais de 1 de junho a 2 de setembro de 2024, que consiste em uma análise da atividade de transferências internacionais de jogadores durante esta janela de transferências relativo ao futebol.
No futebol profissional masculino, foi gasto um total de mais de 6,4 mil milhões de dólares em taxas de transferência, o que é o segundo maior valor de todos os tempos. Mais de 10.900 transferências internacionais foram registadas no futebol profissional masculino em todo o mundo, o que constitui um marco histórico.
Os clubes ingleses foram os que tiveram maiores gastos em taxas de transferência no futebol masculino excedendo 1,6 bilhão de dólares. O maior número de transferências recebidas também foi atingido por clubes da Inglaterra, seguidos por clubes do Brasil e de Portugal.
No futebol profissional feminino, foram gastos 6,8 milhões de dólares em transferências internacionais, mais que o dobro do valor gasto na janela homóloga do ano anterior. Além disso, mais de 1.100 transferências internacionais foram registadas no futebol feminino em todo o mundo, o que é também um recorde e um aumento de mais de 30% em comparação com a mesma janela do ano de 2023.
Este período, designado de janela de transferências é um período determinado por cada federação desportiva (não é exclusiva do futebol), no qual os clubes podem registar jogadores que advêm de outros clubes, ou seja, que são transferidos. Esse período é definido por via regulamentar, todos os anos. Podem existir períodos diferentes consoante se tratem de jogadores profissionais ou amadores, e consoante a transferência seja nacional ou internacional."

Martínez, Ronaldo e a Seleção do «logo se vê»


"Entrámos no ciclo do Campeonato do Mundo e parece que nada mudou para o selecionador, que continua a vencer sem convencer e sem dar sinais de evolução do modelo da equipa

O comodismo incomoda-me. Talvez seja eu a estar errado e esta insatisfação permanente me persiga. Talvez me obrigue a ver coisas boas nas derrotas e outras, menos boas, nos triunfos. Ou o que eleve demais as minhas expetativas e, como tal, ache ser sempre possível fazer melhor. Se todos neste país pensassem que somos o que somos e que já fizemos mais do que devíamos, não teríamos tido há séculos a presunção de dividir o mundo em duas metades com os nossos vizinhos.
Não atribuo grande importância à Liga das Nações, porém Federação e Martínez fazem-no, por isso a crítica deve continuar exigente e construtiva. O que me incomoda nesta Seleção de país pequeno porém a transbordar de talento – que ganhou e, por isso, para muitos está tudo bem, ainda mais com mais dois golos para a causa Ronaldo –, é ter sido a mesma que se apresentou no Europeu, sobretudo no que à falta de concretização das ideias diz respeito. O ataque posicional por exemplo, arma para blocos baixos e para abrir caminho para fases mais adiantadas das competições, continua intragável e com dificuldade em controlar encontros. Viu-se com a Croácia, repetiu-se perante a… Escócia. Perdoem-me, mas bater esta Escócia em casa com tanto sofrimento e até com alguma felicidade no remate de Bruno Fernandes, não pode ser motivo de grande explosão de alegria. Deveria, pelo contrário, obrigar a autoanálise.
Há quem diga que Ronaldo está diferente. Aos 39 anos. Que está disposto a passar mais tempo no banco. Se assim for, ainda bem. Todavia, na primeira parte jogou-se como se continuasse no relvado, cruzando-se para a área! E ainda é importante sublinhar que o seu golo não pode ser dissociado do movimento de Jota, com quem finalmente coincidiu em campo, e que serviu de manobra de diversão. Contudo, já vimos este filme. Precisamente uma qualificação em velocidade de cruzeiro e uma fase final, quando a exigência aumentou, bem complicada. Da equipa e da sua maior figura. No Mundial, já que entrámos nesse ciclo sem que se tenham apercebido, terá 41 anos. Será ele o ponta de lança na América do Norte? Logo se verá. Já Bernardo terá 32, Bruno Fernandes quase. Poderão ainda jogar, claro, mas o que tem sido feito para encontrar outras soluções? Pedro Gonçalves, que jogou um par de minutos, e Trincão, Quenda, Tiago Santos e Renato Veiga foram convocados para quê? Para treinar e receber elogios? É assim mesmo que conquistam espaço e ganham rotinas? Depois logo se vê!"

La vida es una tómbola


"La vida es una tómbola...
De noche y de día...
La vida es una tómbola Y arriba y arriba....
Si yo fuera Maradona
Viviría como él.
Socorro-me do Manu Chao e da sua ode a Maradona para pensar o Benfica atual.
Se a vida é uma tômbola, por estes dias o nosso amor ao clube é aquele cartão ingrato repleto de números errados.
E, entretanto, as informações, números e histórias rodam e rodam até sermos nós a ficar tontos. Perdemos o norte e a noção, atacamos quem está do mesmo lado, desprezamos quem vive bem no meio do caos. E roda que não pára.
A vida é um tômbola porque temos dias em que achamos que tudo vai ficar melhor — mesmo que outubro esteja tão longe —, e noites em que somos surpreendidos pelo presidente do Natal passado.
A vida é uma tômbola porque subimos, subimos e subimos. Crescem as ambições — mais ou menos desmedidas —; a exigência — esse conceito estranho que, por estes dias, joga aos duplos sentidos; e os gastos — em cartões de jogo que insistem em não dar prémio.
A vida é uma tômbola porque nunca sabemos o que podemos esperar do nosso clube, dos nossos órgãos sociais, dos nossos próprios adeptos. E todos os dias trazem mais uma surpresa, mais um desafio.
A tômbola é um excelente símbolo da aleatoriedade mas não sejamos ingénuos, nem o acaso transforma o impossível no real e verdadeiro. Nenhum de nós poderia ser Maradona porque só houve um. E ainda bem.
Maradona. A camisola 10 assentava-lhe bem — e deixemos de fora da tômbola das respostas qual o melhor jogador da história — porque tratava a bola como quem dança Carlos Gardel indiferente ao mundo em volta. Os camisola 10 são mesmo assim, nascem com a dupla missão de viver felizes no seu mundo e deslumbrar todos os que partilham o mesmo espaço.
Maradona. A camisola 10 caía-te tão bem. Tal como a Aimar, Gaitan, Jonas, Valdo, e tantos outros que passaram pelo Benfica. Mas essa camisola divina também pesa e leva muitos às fronteiras do purgatório. A pressão é muita e é maior quando se enverga as cores e emblema do seu clube.
Não é fácil ser 10 no Sport Lisboa e Benfica. Nem hoje nem no passado. E é ainda mais complicado viver no presente com as roupas de ontem. Rui, os tempos mudaram. Já não há espaço para ser Maradona. Já não se alugam espaços no meio campo ao preço de uma finta de corpo. Os camisolas 10 estão em extinção porque a criatividade já não vive sozinha.
Queremos mais e melhor. Precisamos de quem saiba o seu lugar. No campo e fora dele. La vida es una tómbola,Y arriba y arriba.... E, por vezes, a melhor solução é mesmo não ir a jogo e deixar para quem sabe. Rui, faz aquela última finta, solta a bola e vem apanhar a tua camisola, dez."