Últimas indefectivações

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Por este andar não jogam no Dragão


"ABRE A PESTANA, BENFICA!

1. Em quatro jogos de alta competitividade nas eliminatórias de acesso à fase de liga da Champions, Otamendi não viu nenhum cartão amarelo e Barrenechea e Ríos viram um cada qual, num total de dois cartões para os três jogadores. Já nos três jogos na nossa liga, Otamendi viu três cartões amarelos, Barrenechea três e Ríos dois, num total de oito cartões para os três jogadores.

2. Bruno Lage pediu mais intensidade e agressividade competitiva à equipa, a estrutura fez-lhe a vontade e foi buscar dois pivôs de meio-campo com essas características. É normal que, como todos, façam faltas e recebam amarelos. O que não é normal é a diferença de tratamento que lhes é dado na Champions e na nossa liga.

3. A Ríos exigem até a exibição de vermelhos em todos os jogos. Reparem no amarelo que levou na Amadora por impedir, com o seu posicionamento, que um adversário repusesse imediatamente a bola em jogo e depois comparem com o amarelo não mostrado a William Gomes em Alvalade em situação idêntica, mas mais muito escandalosa. A questão é mesmo esta: diferença de critérios!

4. Dedic viu pela primeira vez na carreira um vermelho, por receber segundo amarelo em Alverca, num lance a meio campo, sem qualquer perigo para a nossa baliza, em que o adversário estava rodeado por três jogadores do Benfica e a falta foi corriqueira. A ser assim, com aquele critério aplicado a Dedic, Hjulmand e Diomande não acabavam um único jogo na nossa Liga!

5. Vale deixar aqui as seguintes perguntas: a quem incomoda a intensidade e agressividade competitiva do Benfica? Porque andam a amarelar com tanta facilidade Otamendi, Barrenechea e Ríos? Reconhecem a importância que têm na nova forma de jogar do Benfica e precisam travar-nos a qualquer preço? Vem aí, no início de outubro, o clássico no Dragão, é por isso?

6. Mário Branco falou no final do jogo de Alverca. Alguma coisa parece ter mudado em relação à passividade da nossa estrutura em épocas anteriores. Pena que não tenha feito referência a esta questão dos cartões amarelos dados por tudo e por nada a três jogadores tão importantes na nossa atual forma de jogar, com mais intensidade e agressividade competitiva."

FPF: Arménia...

Tailors - Final Cut - S04E07 - Mauro Xavier

BI: Bruno Lage, desafios da época 2025/26

BF: Será este o pior 11 que vi no Benfica?!

BF: VÃO DEIXAR SAUDADES NO BENFICA? AKTURKOGLU, DI MARIA, KOKÇU, CARRERAS E FLORENTINO...

5 Minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - O Europeu que Portugal ganhou em cinco pontos

Observador: E o Campeão é... - Fernando Santos está a "arrastar" a carreira?

Observador: Três Toques - Neymar, o jovem milionário que ficará ainda mais milionário

Do relvado ao 'streaming': ameaça ou oportunidade?


"Há fenómenos que parecem curiosidades isoladas, mas que acabam por sinalizar mudanças profundas. Nos últimos meses, o mundo desportivo assistiu a algo inesperado: criadores de conteúdos digitais a comprar direitos de transmissão de competições. Foi o que aconteceu no Reino Unido com o acordo entre a Bundesliga e dois canais de YouTube (That’s Football e The Overlap), na Arábia Saudita com a Thmanyah a adquirir os direitos para o espaço MENA, mas também a CazéTV ganhou projeção ao transmitir o Mundial de Clubes-2025, acompanhada por chats em direto, memes e uma experiência coletiva que transcendeu a simples transmissão do jogo, tendo inclusivamente já garantido a transmissão do Mundial-2026.
Estes exemplos revelam um ponto central: não se trata apenas de ver futebol, mas de viver um espetáculo digital. A audiência já não quer ser apenas espectadora, quer fazer parte da emissão, interagir, comentar, rir e partilhar. Por isso, será lógico criar uma forma de consumo personalizado, à medida do espectador. A pergunta coloca-se: poderá o mesmo acontecer em Portugal?
O consumo desportivo está a mudar de forma irreversível. A geração mais jovem prefere o telemóvel, onde podem incluir-se em comunidades tão importantes quanto o resultado do jogo. Por isso, já não basta mostrar os 90 minutos: highlights, reações em direto, bastidores e narrativas paralelas fazem parte de uma experiência fragmentada, mas integrada. Ligas que crescem mais depressa estão a adaptar-se, criando formatos específicos para diferentes públicos e momentos de consumo.
Este novo cenário traz também riscos que não podem ser ignorados. Há uma dimensão legal incontornável: os contratos de direitos determinam quem pode sublicenciar, e a legislação portuguesa coloca limitações próprias. Há ainda a exigência técnica — garantir qualidade de transmissão, estabilidade e custos de produção competitivos. E, finalmente, a questão da sustentabilidade: será este modelo algo mais do que uma moda passageira ou conseguirá estruturar-se como um novo canal de valorização do produto?
A perspetiva futura parece apontar para uma coexistência e não para uma substituição. Os grandes broadcasters continuarão a ter um papel central, mas os criadores de conteúdos podem funcionar como complemento estratégico: porta de entrada para novos públicos, especialmente os mais jovens, ao mesmo tempo que contribuem para combater a pirataria, ao oferecer alternativas legais, criativas e interativas. Se o futuro é híbrido, a questão já não é se vai acontecer, mas como vamos posicionar-nos."

Regabofe!

Apito salvador !!!

E assim se decidiu mais um Caneco...

Não é mentira!

João Moutinho: a maçã reluzente


"Que une José Torres, João Moutinho e Bruno Fernandes? Uma data: 8 de setembro.

E o talento para jogarem futebol Dizem que esta segunda-feira, 8 de setembro, se comemora o Dia da Alfabetização. Para mim, porém, é o Dia dos Médios. Embora também pudesse ser o Dia dos Avançados, dado que o enormíssimo José Augusto da Costa Sénica Torres, o Bom Gigante do Benfica, V. Setúbal, Estoril e Seleção Nacional, um dos dois portugueses presentes em fases finais de Mundiais como jogador e treinador (o outro é Paulo Bento), completaria esta segunda-feira 87 anos. Num tempo em que não havia Ronaldos ou Messis a marcarem golos à pazada, José Torres apontou quase 250 entre clubes e Seleção. Craque.
Regressemos ao meu Dia dos Médios. Há exatos 39 anos, 8 de setembro de 1986, com a Seleção Nacional na ressaca do atribuladíssimo Campeonato do Mundo de 1986, nascia, no Barreiro, João Filipe Iria Santos Moutinho. Pertence ao grupo de médios portugueses baixinhos e de altíssima rotação como, antes deles, Octávio Machado, Vítor Martins e João Alves e agora Vitinha e João Neves. Todos talentosos. Moutinho ganhou dois campeonatos portugueses e um francês, três Taças de Portugal, cinco Supertaças Cândido de Oliveira, uma Taça da Liga, uma Liga Europa, um Europeu de sub-17 e, acima de tudo, um Campeonato da Europa e uma Liga das Nações. Todos dos portistas tem um pedacinho de Moutinho a flutuar, eternamente, nos seus corações. Os sportinguistas, porém, veem em Moutinho, há mais de 15 anos, apenas um fruto podre, como sugeriu o então presidente dos leões, José Eduardo Bettencourt: a famosa maçã podre. Moutinho é muito mais do que isso. Aliás, nem sequer é maçã podre. É uma das mais frescas, ricas em vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes que o futebol conheceu na sua história. João Filipe Iria Santos Moutinho chega hoje aos 39. É da mesma têmpera de Ronaldo e Pepe.
O meu Dia dos Médios ficaria algo pobre se contasse apenas com João Moutinho. E não conta. Oito anos depois do atual médio do SC Braga ter nascido, vinha ao mundo, na Maia, Bruno Miguel Borges Fernandes. A 8 de setembro de 1994. Completa hoje 31 anos. Entre Novara, Udinese, Sampdoria, Sporting, Manchester United e Seleção Nacional, marcou nada menos de 205 golos. Não é baixinho como Octávio Machado, Vítor Martins, João Alves, Vitinha ou João Neves, nem gigante como José Torres. É um dos futebolistas portugueses mais marcantes do pós-Euro 2016, ao lado de Bernardo Silva, Rúben Dias ou João Cancelo. Pena que, ao contrário dos cinco médios baixinhos atrás citados, nunca tenha sido campeão nacional. De Itália, Portugal ou Inglaterra. Para isso, pelo andar da carriage, terá de mudar de clube. Ou então, por hoje ser Dia da Alfabetização, ligar a João Moutinho e pedir-lhe que lhe ensine o aeiou para sair do Sporting e encontrar um clube onde possa, por fim, ser campeão. Não está fácil. Nem com Rúben Amorim o Man. United encontra o caminho."

Heróis, novos ou velhos, sempre heróis


"Depois de Cristiano Ronaldo ter ultrapassado, em feitos e dimensão mundial, Eusébio, é agora João Almeida que está cada vez mais perto de se comparar com Joaquim Agostinho, na medida em que é possível comparar o Angliru com o Alpe d’Huez. É a dinâmica da vida...

Joaquim Agostinho e João Almeida nasceram, com uma diferença de 55 anos, relativamente perto um do outro, no Oeste português, o primeiro em Brejenjas, Torres Vedras, e o segundo em A dos Francos, Caldas da Rainha, localidades separadas por 52 quilómetros. Agostinho teve o triunfo mais belo da sua carreira quando, a 15 de julho de 1979 foi primeiro na escalada do mítico Alpe d’Huez, durante o Tour, que terminou no pódio. Foi uma vitória de tal forma marcante que, na curva 17 dessa subida, pode ser encontrado um monumento que celebra tão grande proeza, ou não tivesse deixado o camisola amarela Bernard Hinault a três minutos e 19 segundos. Duas décadas depois, um ano após o nascimento de João Almeida, a Vuelta ‘estreou’ uma montanha, que imediatamente foi considerada uma das mais exigentes do Mundo, o Angliru, 12,5 quilómetros com uma pendente média de 9,8 por cento e com rampas que chegam aos 23,6 por cento. Na última sexta-feira, depois de uma batalha titânica com o duplo vencedor do Tour, Jonas Vingegaard, o ciclista português impôs-se sobre a meta e inscreveu o seu nome como um dos conquistadores do Angliru. 46 anos depois de Agostinho no Alpe d’Huez, Almeida também, fez uma corrida para a eternidade.
No Desporto, não há verdades absolutas, e sendo injusto comparar o incomparável, ou seja, factos ocorridos em épocas e contextos diferentes, a verdade é que aquilo que há uns anos era considerado imutável - Eusébio e Joaquim Agostinho, os melhores portugueses de sempre, no futebol e no ciclismo – foi superado pela dinâmica dos tempos, Cristiano Ronaldo já o fez, e João Almeida está a caminho de fazê-lo. Porém, quando Eusébio e Agostinho, Carlos Lopes e Rosa Mota, António Livramento e Amália Rodrigues, iluminaram um Portugal pobre e cinzento, num tempo pré-globalização, quando o Mundo era, do ponto de vista da metáfora, incomensuravelmente maior do que é hoje e a televisão era a preto e branco, ganharam um lugar especial na alma lusitana, que continuava agarrada aos Descobrimentos, e estava pouco ou nada habituada a ver os seus a imporem-se fora de portas.
É uma bênção que surjam novos heróis, de Figo a CR7 (será Vitinha o próximo?), a João Almeida, a Neemias Queta, campeão da NBA, a Miguel Oliveira, cinco vezes vencedor no MotoGP, a Fernando Pimenta, aos olímpicos Évora, Pichardo, Iuri Leitão e Rui Oliveira (sem esquecer Fernanda Ribeiro), aos vencedores de um Europeu e de Dias Ligas das Nações, no futebol, sinal de que não só o País não parou, como ainda tem alargado o leque de modalidades (que diferença, por exemplo, no andebol e no basquetebol!) que nos fazem sentir orgulhosos. Mas, e se calhar é uma coisa geracional, a admiração por quem conquistou o Mundo – por exemplo, os ‘Magriços’ - nos tempos em que ir a Ayamonte, Badajoz ou Tui era uma aventura, terá sempre qualquer coisa de diferente e especial.

PS – Por falar em coisas que muitas vezes são mais fáceis de sentir (porque crescemos a vê-las e a gostar delas) do que explicar (em função da falta de expressão internacional), que bom foi assistir à 22.ª vitória de Portugal no Campeonato da Europa de hóquei em patins!"

João Almeida a segundos de entrar no Olimpo


"Há 15 ou 20 anos, ser um português fã de ciclismo era um exercício de fé. Fé em aparições esporádicas, em escassos dias de glória, que intercalavam com largos meses de ausência competitiva.
Era acreditar que Sérgio Paulinho, de vez em quando, aproveitava as oportunidades que se lhe apresentavam. E aproveitava, com a inesperada prata de Atenas, a inteligente vitória de etapa na Vuelta 2006, o erguer de braços no Tour 2011.
Foi ver a aparição de Rui Costa como um fenómeno desconhecido para uma geração, ali estava alguém capaz de bater os melhores. Florença 2013, o trio de tiradas no Tour, as Voltas à Suíça. Foi o melhor ciclista nacional durante muito tempo, mas ainda não estava ali o sucessor de Joaquim Agostinho, nem sequer de José Azevedo, não era material para disputar as grandes provas por etapas.
Era ficar horas e horas a tentar perceber em sites de resultados o que Manuel Cardoso ou Tiago Machado haviam feito em determinadas corridas, o que André Cardoso ou Nelson Oliveira — outro que ainda corre na elite, exemplo de regularidade — andavam a tentar num qualquer ponto do globo. Um top 10 numa prova de uma semana já era motivo de regozijo.
A juntar à dificuldade da escassa representação nacional, havia os graves problemas que aquele ciclismo enfrentava. Eram os anos pós-Armstrong, o período negro, do trauma, em que os livros de resultados se enchem de asteriscos.
Para Portugal, a mudança de era no ciclismo internacional foi acompanhada de uma novidade: termos um corredor consistentemente capaz de ombrear com os melhores. Quando a modalidade entrou na fase dos extraterrestres, João Almeida assumiu-se como um homem a pedalar em cumes semelhantes a candidatos ao estatuto de melhor de sempre.
Andar tanto tempo de rosa no Giro 2020 despertou o país para o talento nascido em A-dos-Francos. Há muito que não se via algo assim, era uma novidade para uma geração. Já não era acontecimento esporádico, salto de fé, era constância e regularidade.
Essa presença permanente entre os melhores é um legado que já não se rouba ao “trator”, como batizado por Thomas Pidcok. Pódio no Giro 2023, levando Portugal para um estatuto que não se conseguia desde Agostinho. São 131 presenças entre os 10 primeiros de corridas World Tour, a divisão de ouro das bicicletas, desde 2020, número apenas batido por Primož Roglič (141) e Tadej Pogačar (167). São 10 vitórias World Tour em 2025, só atrás do rei-sol, que leva 16.
Aos 27 anos, João é já dono de um estatuto muito relevante na história do desporto nacional. Se se retirasse amanhã, seria o homem que devolveu a bandeira portuguesa aos primeiros lugares do Giro, do Tour, da Vuelta.
O ciclismo está para o desporto como a rádio para a comunicação. Surgiram de rompante ao longo do século XX, tendo, na transição para o novo milénio, enfrentando crises. Pareciam condenados ao esquecimento, as bicicletas fruto do doping e de serem menos cool que outras modalidade mais adaptadas ao frenesim tecnológico, mais espampanantes, a rádio morta pelo vídeo, pela internet, pela imagem.
Mas não. A rádio teve um renascimento, cavalgando a força dos podcasts, dos videocasts, é hoje capaz de pagar muito bem a grandes estrelas e de registar grandes audiências. O ciclismo vive a melhor fase das últimas décadas, credibilizou-se — não tanto por cá como lá fora, infelizmente —, viu nascer referências, atrai grandes multinacionais que farejaram a popularidade da modalidade que tem por base o meio de transporte da moda, um brinquedo feito meio de trabalho que não perde o encanto.
Portugal tem um ilustre membro desta fase de pujança graças a João Almeida. O corredor de estilo sui generis, subindo ao seu ritmo, que ganha impondo as suas condições, que é um exemplo de profissionalismo, que trabalha para outros quando é pedido, que sofreu uma queda e uma fratura na costela e, menos de dois meses depois, venceu no Angliru.
João Almeida é já um nome incontornável dos anos 20 do século XXI do desporto nacional. Mas é impossível não olhar para a classificação da Vuelta e não ver o número que aparece na desvantagem que o caldense tem para Vingegaard. 0:48. 48 segundos.
Jonas é um craque. Tem uma equipa excelente, um bloco unido como o da UAE não é. Resultados do dinamarquês nas grandes voltas que correu desde 2021: segundo (atrás do rei-sol), primeiro, primeiro (em ambos os casos batendo o rei-sol), segundo (atrás de Kuss, que trabalha fielmente para si), segundo, segundo (atrás do rei-sol). Só Tadej Pogačar sabe o que é derrotar Vingegaard em três semanas, com a exceção de Sepp Kuss, que era colega de Vingegaard.
Ousar desafiar o bicampeão da Volta a França já é um triunfo de João Almeida. Mas são só 48 segundos. Faltam seis etapas, há muita dureza pela frente. Será muito difícil, mas são 48 segundos que separam o cidadão de A-dos-Francos de um estatuto único no desporto nacional. São 48 segundos que, se anulados, colocarão João, o simpático e educado e resistente Almeida, no Olimpo de Carlos Lopes e Rosa Mota, de Cristiano Ronaldo e Eusébio, de Fernanda Ribeiro e Fernando Pimenta.
Qual a melhor parte? Se os 48 segundos não forem anulados, 2025, o ano do João Almeida 2.0, leva a pensar que será uma questão de tempo até vir um triunfo numa grande volta, façanha que um português nunca logrou."

O verdadeiro 12.º jogador


"No futebol, muito se fala sobre táticas, treinadores e jogadores dentro das quatro linhas. No entanto, há uma figura simbólica que, embora não toque na bola, tem um papel fundamental no desempenho das equipas: o 12.º jogador. Este termo é utilizado normalmente em referência aos adeptos, pelo impacto que podem ter na equipa com cânticos e incentivo extra, que podem motivar jogadores e intimidar adversários. Para quem diariamente está em contacto com a equipa, percebe que o 12.º jogador pode muito bem ser referência para descrever profissionais que desempenham papéis fundamentais fora das quatro linhas. Entre eles, o fisioterapeuta.
O Dia Mundial da Fisioterapia é celebrado todos os anos, desde 1996, a 8 de setembro. Provavelmente ainda antes dessa data, sabia-se que em desporto de alta competição, a fisioterapia assume um papel estratégico e essencial. Os atletas de elite vivem numa batalha constante contra o desgaste físico, lesões desportivas e pressão por resultados. O Dia Mundial da Fisioterapia convida-nos a refletir sobre a importância de investir na fisioterapia como parte integrante da saúde e da promoção do desporto para todos.
O fisioterapeuta no desporto intervém em populações de todas as idades e com diversos níveis competitivos. Os seus objetivos passam por: estabelecer um programa de recuperação adequado; executar mensurações objetivas e sistemáticas registando os dados; desenvolver e implementar testes funcionais envolvendo estruturas que já tenham sido lesionadas; promover o retorno à atividade no mais curto espaço de tempo sem risco de recidiva ou exacerbação dos sintomas.
Além disso, deve ter a capacidade de promover a utilização de equipamento desportivo específico, reconhecer os quadros clínicos de lesões e patologias que requeiram cuidados médicos de emergência, prestar primeiros socorros em situações de urgência, determinar a extensão, localização, gravidade e possíveis sequelas de uma lesão, efetuar uma correta avaliação subjetiva e objetiva, recorrer a testes de tensão seletiva e a testes específicos, bem como compreender e interpretar os exames complementares de diagnóstico.
Os fisioterapeutas do desporto devem também desafiar e avaliar a sua prática e muitas vezes desenvolver novos conhecimentos a partir da investigação, favorecendo atualizações ao nível da sua prática clínica. O conhecimento profundo de determinada área é um dos fatores que asseguram uma boa prática profissional.
Em Portugal, a fisioterapia desportiva em alta competição tem vindo a ganhar reconhecimento e investimento, acompanhando a crescente participação portuguesa em eventos internacionais. Cada vez mais atletas contam com fisioterapeutas especializados como parte integrante da sua equipa técnica, percebendo que estes profissionais são cruciais para manter o corpo competitivo e resiliente.
A evolução do conhecimento científico e das práticas desportivas exige profissionais atualizados e especializados, capazes de responder às necessidades de uma população ativa e diversificada. O pioneiro da profissão num contexto em que a fisioterapia ainda era pouco reconhecida no país, foi António Gaspar. Estabeleceu uma carreira sólida onde sempre foi responsável pelo tratamento de atletas de elite e onde participou ativamente em empreendedorismo na área clínica. Pelo seu exemplo, levou com que outros fisioterapeutas quisessem seguir um trajeto semelhante e com isso, elevassem a qualidade dos cuidados prestados.
Outro exemplo de sucesso em Portugal, refere-se ao atual bastonário da Ordem dos Fisioterapeutas que não se limita a destacar determinada área e estende o movimento humano como a principal capacidade que temos e que o fisioterapeuta consegue potenciar. Cada vez mais portugueses procuram uma vida ativa, seja para melhorar a saúde, seja por gosto ou desempenho competitivo.
Aliás, não faltam bons exemplos. Há poucos anos atrás, enquanto assistia ao emocionante dérbi entre Benfica e Sporting que decidia a Supertaça de futsal, houve um lance onde um jogador sportinguista se magoou na cabeça e foi o fisioterapeuta das águias, Rafael Cabral, que prontamente assistiu o jogador do clube adversário. Resolvido o problema físico, o árbitro da partida exibiu o cartão branco ao fisioterapeuta, que visa premiar atitudes de fair-play.
Lá fora, também existem histórias que dificilmente se esquecem. Walter Ferreira, fisioterapeuta da seleção uruguaia de futebol, foi responsável, em 2014, pelo tratamento a uma lesão meniscal do joelho esquerdo a Luís Suárez, na altura a estrela celeste. O Uruguai estava selecionado no campeonato mundial no chamado grupo da morte, no qual estavam 3 campeões: Itália, Inglaterra e o Uruguai.
Perdeu o primeiro jogo para a Costa Rica, para a surpresa de todos, e no jogo seguinte contra a Inglaterra, venceu por 2-1, com dois golos de Suaréz, apenas 27 dias após a cirurgia ao joelho. Isto foi visto como um trabalho de excelência do fisioterapeuta. Walter Ferreira, ainda em tratamento de quimioterapia por um cancro linfático, linfoma não-Hodgkin, interrompeu o seu tratamento para ajudar na recuperação do jogador.
Apesar das condições adversas, o fisioterapeuta foi autorizado a viajar com a seleção do Uruguai para o campeonato do Mundo e foi ali que continuou a acompanhar Suárez na sua reabilitação. Infelizmente, passado 2 anos, Walter Ferreira perdeu a sua batalha contra o cancro, mas Suárez prometeu nunca se esquecer de toda a sua ajuda e imortalizar a sua competência ao longo da vida. Aos 38 anos, ainda joga.
Nem sempre isso acontece, visto que existem muitos craques que acabaram precocemente a sua carreira. Marco van Basten, lendário atacante holandês teve repetidas lesões no tornozelo e teve de se retirar aos 28 anos, perto do auge da sua carreira.
Ronaldo, o Fenómeno, cuja carreira misturou glória, desafios e muitas lesões, podia ao dia de hoje ter ainda mais vitórias no seu currículo não fossem as lesões. Durante um jogo em 1999, enquanto representava o Inter, sofreu uma rotura no ligamento cruzado anterior do joelho direito. Em 2000, teve uma recidiva e as cirurgias, bem como a longa reabilitação colocaram a sua carreira em risco.
Apesar das adversidades, Ronaldo e a sua equipa de fisioterapia recusou-se a desistir e a sua determinação reescreveu mais uma vez a sua história. Durante o Campeonato do Mundo de 2002, teve um regresso que provou que ainda era um dos melhores do mundo, onde liderou a canarinha no Mundial da Coreia do Sul e Japão, com oito golos no torneio, incluindo dois na final contra a Alemanha, tendo sido eleito o melhor jogador da prova.
Num dia carregado de simbolismo profissional, estas histórias servem não apenas para o desporto, mas para a sociedade em geral. Deve-se comemorar sempre a competência e a atual longevidade dos atletas estará também relacionada com o verdadeiro 12.º jogador."

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