Últimas indefectivações

sexta-feira, 17 de julho de 2020

O empréstimo

"Voltámos à Bolsa de Valores de Lisboa e repetiu-se o êxito. O novo empréstimo obrigacionista da SAD ultrapassou todas as expectativas e veio provar que o título mais importante que conquistámos, nestes anos, foi o titulo da credibilidade. Apesar do período de incerteza que estamos a viver, a SAD arriscou e lançou mais uma operação de financiamento que vai permitir consolidar o sucesso desportivo alcançado nesta década. Estamos a terminar a melhor década de sempre do ponto de vista das conquistas. Os 16 títulos alcançados assentam numa gestão desportiva, económica, financeira e empresarial rigorosa, ambiciosa e arriscada. Luís Filipe Vieira anunciou, em 2009, que o Clube estava preparado para regressar aos triunfos e a sua profecia concretizou-se. Os cinco Campeonatos, as cinco Taças da Liga, as quatro Supertaças e as duas Taças de Portugal foram conquistadas com muita organização e método. E conseguimos atingir um feito histórico - o tetra. Regressámos a uma final de uma competição europeia, em 2013. A façanha foi repetida na época seguinte e todos concordaram que estes feitos só foram possíveis graças a uma política desportiva sustentada na conjugação da prospecção com a formação. Este feito colocou os holofotes do futebol internacional no Estádio da Luz. O 'made in Seixal' está a ser seguido pelos nossos principais adversários. Aliás, não deixa de ser interessante assistir a debates em que é enaltecida a aposta de FC Porto e Sporting nos seus jovens. Acontece que os expert que elogiam esta política são os mesmos que criticaram o SL Benfica por dar primazia à sua academia."

Pedro Guerra, in O Benfica

Futuro

"O mundo depende dos jovens se quiser futuro, e isto é uma verdade tão óbvia quanto incontornável, mas este mundo louco em que vivemos roda a diferentes velocidades. Nas latitudes mais ricas e desenvolvidas, está cada vez mais envelhecido. Nas mais pobres e desafiantes, explode de juventude. No entanto, nenhum destes dois extremos parece ser favorável aos jovens, senão vejamos. Do lado rico, onde as gerações mais velhas dão aos jovens todas as condições para uma educação de excelência e lhes acenam com empregos para a vida e rendimentos de fartura, na verdade reconhecem-lhes muito poucas competências. Deste lado, as entrevistas de emprego são poucas, porque os mais velhos fazem tudo para se manter jovens até tarde e fazem formação e estudam, cruzam o saber com a experiência e agarram-se à vida profissional cientes de que o tempo lhes começa a escassear e que abominam a própria ideia de inactividade, para muitos sinónimo de inutilidade. Por isso é cada vez mais lenta a renovação das gerações profissionais, e a tecnologia cava ainda mais a situação ao substituir a mão de obra humana por máquinas cada vez mais perfeitas e, quase, sonha-se, capazes de pensar e resolver problemas. O último reduto da inteligência humana. Por isso, os jovens, quando (e se) têm uma hipótese, temem o fantasma da falta de experiência. Em muitos casos com razão, porque acontecer-lhes frequentemente serem confrontados com a necessidade de experiência pelas mesmas entidades que, muitas vezes, dizem aos menos jovens que procuravam alguém mais novo. Nesta parte do mundo, para ser jovem e ter sucesso é necessário ser dotado com boas competências, ser skilled e conseguir provar que essas mesmas competências são uma vantagem competitiva. E então, sim, as portas começam a abrir-se, e os jovens conseguem, frequentemente, dar ao mundo corpo e alma e protagonizar feitas fantásticos que quase custa a acreditar de tão jovens que são. As últimas décadas estão cheias de exemplos destes, não é preciso enumerar, basta pensar, por exemplo, no Facebook e na sua história.
Do lado, pobre, porém, como a educação ou a pobreza endémica que se opõem com barreiras intransponíveis entre a infância e o futuro, ser jovem não é melhor. Poder-se-ia dizer que seria mais fácil, com menos provas a dar, mas os números são aí imensos, as oportunidades proporcionalmente menos, e o dinheiro muito menos, tanto que garantir a simples sobrevivência se torna em si mesmo um sonho. Aqui, na vida mais dura e agreste do trabalho casuístico, precário e barato, de pouco importa o que os jovens sabem fazer desde que o façam, rápido, bem, barato e em grandes quantidades. Neste extremo do mundo, onde a vida se põe a cada um ao nível da sobrevivência básica, desperdiçam-se talentos aos milhões e ignoram-se, quase por completo, as competências dos jovens.
Nestes dois mundos, que giram num mesmo planeta a diferentes velocidades, se encerram os dramas de milhões e milhões de jovens. Felizmente não de todos sem excepção, mas de uma grande maioria que passa pela primavera da vida como se nela não houvesse melhor que o outono, e quem perde com isso é a humanidade.
A ONU sabe bem que assim é e por isso decidiu pôr uma luz forte sobre as competências dos jovens, ciente de que é preciso valorizá-los e dar-lhes o espaço a que têm direito no mundo, qualquer que seja a velocidade a que ele rode. E nós, no futebol, aplaudimos esta medida porque, para lá da ética, dos valores e da justiça, sabemos o tesouro que encerra. Quantas vezes, no desporto-rei, vimos o talento galáctico vir do mais humilde dos becos? Tantas, que já nem falamos disso, mas essa é bem a prova de que o desporto, e o futebol em particular, tem muito para fazer pelo mundo e pelos jovens, porque acredita no valor de cada um e sabe celebrar cada indivíduo como um campeão em potência."

Jorge Miranda, in O Benfica

O regresso de Jesus

"Volta ao Benfica o homem que lhe devolveu a glória depois de longos anos de domínio azul. Precisamente num momento em que o Porto se volta novamente a superiorizar.
A chegada do treinador a Lisboa não trará apenas rigor e competência em todos os momentos do jogo. Romperá com o passado recente em que alguns jogadores serviam somente para atacar e outros para defender. Voltará o tempo em que na equipa encarnada a entrada no onze estará mais cara. Na dificuldade, e também no preço!
Dois Centrais reforçarão a equipa. Especula-se Garay, embora esteja ainda por perceber as condições actuais do central argentino – Bem fisicamente – livre de lesões – é sempre um reforço importante, e do Brasil deverá chegar alguém que possa entrar imediatamente no 11. Um central de competências defensivas e ofensivas de grande nível.
Sem ninguém no actual plantel que cumpra com igual qualidade as tarefas defensivas e ofensivas que Jesus exige na posição 8, é expectável que surja um reforço importante para a intermediária encarnada. Talvez Gerson se junte a Florentino num meio campo a 4.
A quatro será novidade! Demasiadas vezes na presente época os alas ficaram em linhas diferentes, despreocupados com o momento defensivo. Por isso Rafa e Pizzi terão tremendas dificuldades para poder integrar a equipa de Jesus.
Quem para figurar nas alas? Não há no actual plantel do Benfica nenhum jogador que no momento aparente ter qualidade para preencher a posição numa equipa de Jorge Jesus. Embora Pedrinho tenha potencial para ser um dos elementos – É agressivo e tem nível técnico para crescer. Estará Bruno Henrique a ser cogitado para jogar na ala? Se assim for faltará, eventualmente um avançado mais próximo do perfil de Lima – Agressivo, capaz de movimentos de ruptura, mas também de fechar espaço nas costas de um primeiro avançado e receber entre linhas.
No Seixal termina-se os tempos de “descanso”. E tal serve não somente para o plantel mas para todos os funcionários encarnados. Exigência máxima, preparação de um plantel substancialmente melhor – O diagnóstico à equipa actual por parte de Jesus é exactamente o mesmo que por cá vamos diagnosticando de há três temporadas para cá – E apenas Bruno Lage por um ano conseguiu disfarçar o que era evidente.
A expectativa maior por agora é perceber quantos novos jogadores chegarão ao Seixal, sabendo-se até que Jesus viveu de perto uma realidade onde o talento abunda, e hoje tem conhecimento da realidade de um dos mercados onde o Benfica deverá voltar."

Critérios!!!

"Época 2019/2020
Jogo: #PortoaoColo - Sporting
Árbitro: João Pinheiro.
VAR: Artur Soares Dias
Decisão: Siga.

Jogo: Benfica – Santa Clara
Árbitro: João Pinheiro
Decisão: Penalty contra o Benfica.

Jogo: #PortoaoColo – Benfica
Árbitro: Artur Soares Dias.
VAR: Tiago Martins.
Decisão: Penalty para o #PortoaoColo.

Jogo: Paços de Ferreira - #PortoaoColo
VAR: Tiago Martins.
Decisão: Siga.

Nem são necessários comentários. O padrão, os lances e os factos estão aí."

O martelo de Nietzsche XI

"1. O Instituto Português do Desporto e Juventude apresentou um interessante estudo intitulado “Plano de Actividades 2020 - Impacto da COVID-19 - Inquérito às Federações Desportivas Junho 2020” cujo objectivo foi o de apurar a situação das Federações Desportivas devido aos constrangimentos provocados pelo Covid-19. A primeira constatação que se retira da leitura do estudo é a serenidade demonstrada pelas generalidade das Federações Desportivas que contrasta com o histerismo do tipo baratas tontas de alguns dirigentes da cúpula do associativismo desportivo. Mas as Federações Desportivas estão calmas porquê? Muito provavelmente porque sabem que o desporto internacional só vai abrir quando estiver garantida a segurança absoluta, na generalidade dos países do Mundo, relativamente ao Covid-19. E porque, para além de um ou outro dirigente mais histriónico que se põe a inventar à custa da saúde dos atletas e do dinheiro dos contribuintes, já perceberam que é perfeitamente idiota tentar gerir o que quer que seja no quadro de uma situação que não controlam minimamente. Por isso, quando o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) vai ao Presidente da República lamentar-se que “faltam respostas” ele não faz, certamente, a mínima ideia de quanto tem razão, mas está enganado. E porquê? Porque, no quadro do no Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo n.º CP/1/DDF/2018 (DR, 2.ª série - N.º 18 - 25 de Janeiro de 2018), Ele é a Resposta. E a prová-lo aí está a serenidade da generalidade das Federações Desportivas. E o Governo agradece.
2. José Manuel Araújo é uma figura de alta estatura do nacional olimpismo. Ele é Secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal. Embora a tradição já não seja o que costumava ser, a figura de secretário geral dos Comités Olímpicos Nacionais (CONs) é aquela que, geralmente, ocupa o segundo lugar na ordem da estrutura hierárquica das instituições. E porquê? Porque, ao contrário daquilo que alguns possam pensar Pierre de Coubertin não foi o primeiro presidente do Comité Olímpico Internacional (COI). Ao tempo, em 1894, os fundadores do COI estabeleceram que o presidente da instituição deveria ser da nacionalidade do país em cuja cidade se realizaria a próxima edição dos Jogos Olímpicos. Em conformidade, como foi decidido que a primeira edição dos Jogos Olímpicos da idade moderna seria realizada em Atenas, era necessário eleger um presidente grego. E o escolhido foi o grego Demetrius Vikelas. E Coubertin, que era a única pessoa com conhecimento, motivação e capacidade para pôr a máquina olímpica a funcionar, passou a exercer as funções de Secretário Geral da instituição pelo que, devido à incompetência Vikelas, acabou por ser ele a liderar o COI. Na realidade, se não fosse Coubertin nunca a primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna teria sido realizada em Atenas em 1896. A partir de então, o lugar de secretário geral dos CONs passou a ter uma importância fundamental como tradição o que, de alguma maneira, ainda acontece no caso português. Assim sendo, não se percebe nem se aceita que José Manuel Araújo tenha anunciado a sua candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Ginástica (FPG) cujas eleições decorrerão no próximo mês de Dezembro (Record, 2020-06-02). Diz Araújo que se candidata para “renovar a ginástica em Portugal”. Que “é o momento certo para dar início a uma nova fase”. E diz que quer ser “uma lufada de ar fresco”! E, para além de anunciar umas medidas avulso sem qualquer frescura, diz que vai criar um “Conselho de Ética”. Recomendo-lhe que comece por perguntar ao futuro Conselho de Ética sobre a eticidade da candidatura à presidência de uma Federação Desportiva anunciada por um secretário geral em exercício de um Comité Olímpico Nacional (CON). Não acredito que não existam antigos ginastas em muito melhores condições para presidir aos destinos da ginástica nacional.
3. JM Constantino, presidente do COP, no prefácio ao livro “E-Sports: O Desporto em Mudança?”, diz que é necessário “indagar se é possível ao desporto continuar a invocar o seu valor educativo, a sua dimensão cultural e a sua importância na saúde pública e ‘simultaneamente’ acolher práticas cuja dimensão salutogénica começa a ser questionada pelas mais importantes instâncias científicas internacionais…”. Ele tem razão. Mas não chega ter razão é necessário agir em concordância sobretudo quando se tem responsabilidades institucionais como são as de um presidente de um CON. Assim, considerando que: (1º) No preâmbulo do Regulamento do Conselho de Ética do COP pode ler-se: “Tomando em consideração que, de acordo com a Regra 27, n.ºs 1 e 2.2., da CO (Carta Olímpica), é missão do COP “desenvolver, promover e proteger o Movimento Olímpico, bem como assegurar a observância da CO em Portugal, na salvaguarda dos seus princípios e valores essenciais”; (2º) A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que é membro ordinário do COP, vai desenvolver um programa “FPF na Escola” (A Bola, 2020-07-04) a fim de “promover o futebol entre as crianças dos 6 aos 10 anos, desenvolvendo um dia aberto em cada escola básica do 1º Ciclo….”, sugere-se ao presidente do COP que solicite ao Conselho de Ética do COP presidido por Marçal Grilo que esclareça o Governo em particular e o País em geral se, do ponto de vista ético e das melhores práticas pedagógicas, é aceitável promover programas de futebol para crianças a partir dos 6 anos de idade com o concurso de antigos jogadores internacionais de futebol. E, claro, sobre este assunto tomasse uma posição pública.
4. Em declarações à agência Lusa / O Jogo (on line) (2020-07-14), João Rodrigues um dos mais prestigiados atletas olímpicos e actual presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) estrutura incluída nos estatutos do Comité Olímpico de Portugal, afirmou que a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto "não tem peso político no Governo" e que o Ministério da Educação "não tem o desporto como prioritário" entre as diversas áreas que tutela. João Rodrigues está certo, mas não tem razão. Está certo na medida em que nem a Secretaria de Estado nem o Ministério têm qualquer peso no governo e ainda bem na medida em que não se lhes reconhece a mínima competência técnica ou ideológica na matéria. Mas João Rodrigues não tem razão na medida em que se os governos há mais de quarenta anos, salvo uma ou outra excepção, não têm consideração nenhuma pelo desporto é porque os dirigentes desportivos; salvo algumas excepções, não se dão ao respeito. E, quando se dão, são ostracizados e perseguidos. Um desporto que aceita que o presidente do Comité Olímpico acumule com a presidência do Conselho Superior de Desporto não se dá ao respeito. Um desporto que aceita que os dirigentes se perpetuem agarrados ao poder é um desporto que não se dá ao respeito. Um desporto cujos processos eleitorais, do ponto de vista democrático, deixam muito a desejar… etc.
5. Recordo a João Rodrigues que, há mais de quinze anos, foi assinado entre o Instituto do Desporto de Portugal e o Comité Olímpico de Portugal o Contrato-programa de desenvolvimento desportivo nº 48/2005 (DR - II Série Nº 70 - 11 de Abril de 2005). Entretanto, o contrato foi por diversas vezes reafirmado. Em consequência, hoje, o COP, para além da Carta Olímpica e da própria Lei de Bases da Atividade Física e Desporto (Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro) funciona sob as normas estabelecidas no Contrato-Programa de Desenvolvimento Desportivo n.º CP/1/DDF/2018 (DR, 2.ª série - N.º 18 - 25 de janeiro de 2018) e, em consequência, está transformado numa espécie de repartição da administração pública que sob o controlo do Instituto Português da Juventude e do Desporto ao qual, por obrigação do contrato tem de prestar contas em várias matérias, põe em execução as políticas públicas de desporto determinadas pelo Governo. Por isso, quando João Rodrigues diz que a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto "não tem peso político no Governo" e que o Ministério da Educação "não tem o desporto como prioritário" ele tem toda a razão, o problema é que o COP ao colocar-se na dependência da Administração Pública através de contratos programas abdica da que poderia ter. E este, pela mais confrangedora falta de visão estratégica é um dos principais problemas do desporto nacional. Por isso, quando o presidente do COP vai ao Presidente da República dizer que “faltam respostas” está completamente enganado. Ele, na qualidade de presidente do COP, é a resposta que o poder político, desde 2005, encontrou para, sem grandes preocupações e nenhumas responsabilidades, administrar e controlar o desporto português. Quando um CON assina um contrato programa que o coloca debaixo da supervisão da tutela político-administrativa deixa de ser uma entidade parceira e passa a ser uma entidade tutelada e, em conformidade, tratada como tal.
6. João Rodrigues ainda apelou para uma reflexão sobre a importância do desporto na sociedade portuguesa. Tem toda a razão, mas não é ao Estado que compete promover essa reflexão. A última vez que o Estado se meteu nisso, ao tempo do XVII Governo foi um desastre. Quem a tem de promover são as organizações de cúpula do livre associativismo. O problema é que, actualmente, estas organizações não passam de extensões civis da estrutura estatal. O sistema, desde 2005, perdeu liberdade, capacidade crítica e embruteceu porque foi instituído um silêncio gerador de subdesenvolvimento.
7. Valha-nos Nossa Senhora de Fátima. O Brasil registou na passada quarta-feira (2020-07-15), 75.366 mortes devido ao Covid-19 e 1,96 milhões de infetados. Portugal relativamente à mesma data registou 1.676 mortes e 47.426 infetados com um aumento de 375 casos relativamente ao dia anterior. Entretanto, a Secretária de Estado do Turismo em Portugal afirmou (2020-07-15) que o Reino Unido que é o maior consumidor do turismo português deverá manter no final do mês Portugal fora dos corredores aéreos. Perante este cenário, a partir de Julho, Portugal vai receber pelo menos 200 atletas olímpicos brasileiros para além de técnicos e dirigentes que vão estagiar em Lisboa, Cascais e Rio Maior. Jorge Bichara director do Comité Olímpico Brasileiro (COB), explicou que Portugal foi escolhido entre outras razões, porque é um dos países que superou a pandemia mais rapidamente (!!!). As autoridades portuguesas, para além de terem deixado passar a imagem de que, por acção e graça de Nossa Senhora de Fátima, o problema estava ultrapassado, puseram-se a inventar sobre o desconhecido e hoje o custo de tal atitude cifra-se em centenas de milhões de euros de prejuízos com Portugal fora dos corredores aéreos que alimentam o turismo por motivos de não terem sido capazes de controlar a pandemia. Entretanto aguardam-se 200 atletas brasileiros. Valha-nos Nossa Senhora de Fátima.
8. JM Constantino, o presidente do COP, relativamente aos atletas brasileiros informou o Kombat Press (Consultado em 2020-07-16) que a passagem da delegação olímpica brasileira pelo nosso país representa um impacto de 2,5 milhões de euros para Portugal !!! E acrescentou que estes treinos em território nacional “tem uma vantagem naturalmente desportiva, mas tem, sobretudo, uma enorme importância no plano diplomático e no plano económico.”!!! É assim que o desporto vai em Portugal! Temos a mais baixa taxa de participação desportiva da EU, resultados nos Jogos Olímpicos tristemente fracos, uma situação pandémica que está a prejudicar tragicamente a prática desportiva nacional e o Sr. Presidente do COP está preocupado com as eventuais questões diplomáticas e económicas do desporto relativas à vinda a Portugal de uns atletas brasileiros com enormes riscos para os portugueses. Quanto é que tudo isto custa a Portugal e aos Portugueses? Como dizia o outro, uma pipa de massa. Para já… salve-se quem puder.
9. Uma pesquisa realizada em Junho pela Kyodo News e pelo canal de televisão Tokyo MX, concluiu que mais de metade dos residentes de Tóquio não desejava os Jogos Olímpicos na sua cidade em 2021. Entretanto, a opinião pública tem-se vindo a agravar uma vez que, numa nova pesquisa realizada desta feita pela Japan News Network, 77% dos habitantes de Tóquio não está de acordo com a realização em 2021 dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na sua cidade. Só 17% acredita que os Jogos podem ocorrer em 2021. Entretanto, o que se sabe é que os Jogos a ocorrerem será através de um programa simplificado muito embora o espectro do cancelamento devido à pandemia, mas, também aos custos é uma possibilidade que está no espírito de muitos responsáveis. Uma coisa parece ser certa. Sem vacina nunca haverá Jogos. Mas não é tudo. Thomas Bach continua com um discurso enigmático e vai dizendo que o mais fácil teria sido cancelar os Jogos. E porquê? Porque se os problemas desportivos com mais ou menos desacordos são possíveis de resolver já os problemas logísticos são tremendamente difíceis. É a Aldeia Olímpica, os hotéis, os transportes, a bilheteria e, entre outros, os voluntários. Ora, organizar tudo isto em regime de urgência, para além dos problemas burocráticos, vai fazer crescer os custos para valores exorbitantes que os habitantes de Tóquio já começaram a perceber que, no final da festa, a Família Olímpica faz a mala e vai-se embora, mas as facturas ficam em Tóquio para os seus habitantes pagarem.
10. Na Grécia antiga, na ética de autenticidade que caracterizava a lógica comunitária da sociedade, como referia Nietzsche, era impossível separar a palavra agôn da tríade jogo, festa e sagrado. Porque, na defesa da nobreza de espírito, o sentimento que devia resultar da disputa era a possibilidade sempre presente de se renovarem as forças vitais em busca da superação e da excelência da competição como motor da sociedade grega. Foi este o espírito que Coubertin, enquanto helenista que era, tinha na sua mente ao lançar, em 1892, a ideia do renascimento na era moderna dos Jogos Olímpicos da antiguidade. O problema é que, a partir de Antonio Samaranch um ilustre franquista que exerceu a liderança do Comité Olímpico Internacional de 1980 a 2001, o sagrado foi substituído pela diplomacia dos negócios quando cunhou a famosa metáfora: “Yes to commercialization”. Ao fazê-lo, corrompeu o triângulo vital que, na sua ancestralidade, comandava o Espírito Olímpico. Quer dizer, Samaranch abriu o Movimento Olímpico aos negócios e, sobretudo, a uma certa diplomacia pacóvia e ignorante que o está a conduzir para uma nova autenticidade caracterizada pela ausência de quaisquer valores de ordem ética, centrada no egoísmo, no individualismo, no narcisismo e na mais descarada falta de vergonha. E não creio que seja com a Agenda 2020 de Thomas Bach que, algum dia, o Movimento Olímpico poderá renascer sobre as cinzas do Covid-19 que, com grande oportunidade, está a trazer à luz do dia as misérias do Movimento Olímpico moderno nos mais diversos países do Mundo."

Manter estabilidade em tempos de instabilidade

"Estamos a viver tempos únicos em que o Desporto foi apenas um dos muitos afectados, e ser ano olímpico complicou ainda mais a situação. É um ano em que a prioridade dos atletas é estar 100% focados na sua prova olímpica, um ano em que se procura a excelência, em que se dedicam horas e horas de treino ao grande objectivo. De repente, a prioridade passou a ser a nossa saúde, a saúde e a segurança da nossa família e dos que nos são mais próximos, tivemos de nos adaptar e reinventar nos treinos, tais eram as limitações e as incertezas. Na verdade, a incerteza passou a ser a única certeza.
A mudança foi tão drástica que mesmo os Jogos Olímpicos foram adiados, ainda que sem a garantia de que se vão realizar, para 2021. Será que é possível manter a motivação, continuarmos focados com todas estas limitações e incertezas? Será que conseguimos manter-nos estáveis no meio desta instabilidade? Será que esta alteração de planos vai ter consequências no desempenho futuro dos nossos atletas? São muitas as questões, mas estamos na era da dúvida e estas perguntas só se juntam a tantas outras para as quais não há, ainda, resposta.
Ser atleta implica uma grande capacidade de adaptação, implica reinventarmo-nos e saber lidar com a dúvida em inúmeros momentos. Quem nunca duvidou em treinos menos bons, em competições menos boas, em momentos menos bons. A dúvida existe, e é nestes momentos que precisamos de enfrentá-la: "pensar na razão que nos leva a treinar, a gostar, a desfrutar do que fazemos, pensar no nosso grande objectivo". Deixar tudo mais claro na nossa cabeça. Parece realmente simples, mas este processo é muito mais complexo do que parece, e só está ao alcance de alguns, de poucos, diria eu. E, neste momento, para que esteja ao alcance de todos, tem de haver uma maior sensibilidade daqueles que estão envolvidos no desporto, um trabalho de uma equipa multidisciplinar, muitas vezes adormecida também na alta competição, e que será a chave para garantirmos que todos os atletas consigam manter-se equilibrados e tranquilos, desfrutando dos seus treinos, para estarem, em 2021, na sua máxima forma.
No meu caso, estive em casa durante quase quatro meses, sempre com o apoio da minha família, e foi sem dúvida o que me deu tranquilidade, estar em casa com saúde e ter os meus comigo também em segurança. E ao longo destes meses tentei não pensar tanto no lado negativo de não haver Jogos Olímpicos, aliás, poucas foram as vezes em que pensei nisso, procurei sempre mais desfrutar do dia-a-dia, treino a treino, manter-me activa e igualmente competitiva. Valorizar mais o prazer de treinar, mesmo quando não há a competição em troca. E ter tido a oportunidade de treinar em casa, sem treinador, sem pensar em tempos, em velocidades, mas apenas em mim e em sensações, foi único.
Vai haver sempre um antes e um depois desta pandemia, e seguramente há um lado positivo, só temos de deixar que esse lado domine, mas só trabalhando em conjunto vamos conseguir realmente desfrutar e partilhar os bons momentos."

Calendário da próxima época

"Faltam disputar duas jornadas da Liga NOS (visita ao Aves, terça-feira, dia 21, e Sporting, domingo, dia 26) e a final da Taça de Portugal, agendada para 1 de Agosto, em Coimbra. O objectivo da nossa equipa passa por vencer cada uma destas partidas, terminando assim a Liga NOS da melhor forma possível e conquistando mais um título para o nosso palmarés.
Seguir-se-á um curto período de férias, durante o qual será disputada a fase final da Liga dos Campeões em Lisboa. Será usado um modelo de final 8 a uma mão e o Estádio da Luz será o palco de quatro jogos, incluindo a final, agendada para 23 de Agosto, prestigiando e oferecendo visibilidade mundial ao nosso magnífico estádio.
A temporada 2020/21 terá um calendário bastante sobrecarregado, pois além do começo tardio relativamente ao que é habitual, será ainda disputado o Campeonato da Europa no final da época, impossibilitando assim o prolongamento do calendário competitivo de clubes.
Está previsto que a Liga arranque em meados de Setembro (dia 20 tem sido a data avançada), com o sorteio a realizar-se, em princípio, no dia 9 de Agosto.
Com o segundo lugar na Liga NOS obtido esta época, teremos de disputar, se não houver alterações por parte da UEFA, a terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões. Esta será jogada numa só partida nos dias 15 e 16 de Setembro. O play-off já acontecerá a duas mãos, dias 22 e 30 do mesmo mês, e a fase de grupos desta competição terá início a 20 de Outubro.
Face a esta sobrecarga de jogos, com uma calendarização complexa, não se entende a insistência na realização da Taça da Liga. Em sentido contrário, a FPF anunciou que a Supertaça não será disputada no início da temporada, alegando, precisamente, a sobrecarga de jogos no mês de Setembro, decisão que mereceu a concordância de Benfica e Porto.
Continua, no entanto, mas compreensivelmente, ainda por definir em que moldes serão disputados os jogos, nomeadamente se será permitida, ou não, a presença de adeptos nas bancadas."

Uma espreitadela ao circo

"Eu queria e quero muita liberdade de informação e muito escrutínio, mas não queria nem quero palhaçadas. Não aprecio.

coisas que eu não consigo perceber ou até percebo bem mas não me entram na cabeça. Algumas dessas coisas são certos aspectos da mediatização da justiça, que não são bons nem para a liberdade de informação, nem para a justiça, nem para nada (para nada de bom e útil à coisa pública, entenda-se, pois outras utilidades terão certamente). Não está em causa – antes pelo contrário – a importância crucial que a liberdade de informação tem numa sociedade livre e madura, e também não está em causa – também muito pelo contrário – a necessidade de escrutínio da justiça (que, aliás, entre nós é muito pouco, ao contrário do que a barulheira circense quotidiana faz parecer; falo de escrutínio verdadeiro e próprio, análise, leitura, crítica ponderada e com conhecimento de causa e trabalho, não do espectáculo ao minuto do “homem que mordeu o cão”). É que uma coisa é informar e escrutinar, outra é entretenimento puro e simples, palpites, barulheira, precipitação, manipulação pelas fontes, fretes, coisas apressadas, frenesim desesperado pela caixa e por ser o primeiro, bem como a necessidade de encher espaço pretensamente noticioso (e muito espaço há para encher) com qualquer coisa, o que for, o que houver, o que vier, nem que seja a primeira coisa que salte à cabeça, ou o que disseram, o que assopram, ou o que parece, ou qualquer coisa, tudo serve, nem que seja a repetição do mesmo e do mesmo, e assim por diante. Há muitos exemplos mas, nesta semana em que escrevo, há dois muito ilustrativos. Sou advogado nos dois processos, que fique claro, mas não vou falar deles, nem está em causa o seu mérito ou demérito nem a sua relevância noticiosa.
O que está em causa é o espectáculo em volta deles, e em ambos os casos quase sempre sem se saber bem do que se está a falar, porque num caso não sabem o que está em causa e, noutro, ainda não tiveram tempo de saber. Num caso, alguém soltou uma dica, daquelas dicas (aliás, com impressão digital identificável) cuja intenção é encher a trincheira de água e estrume para tentar pôr lá alguém a patinar na lama malcheirosa. E a partir daí, cá vai disto, um caleidoscópio de números com acrobatas, trapezistas, cães amestrados, ilusionistas e engraçadinhos, tudo a palpitar e a lucubrar sobre o que não sabe e não conhece. No outro caso saiu uma acusação (aliás, numa saída com uma mise en scène de alto lá) com milhares de páginas e, umas horas depois, já estava toda a gente ciente do que lá estava, a dizer, a escrever, a opinar, a perorar, a comunicar, tudo numa beleza de rigor, esclarecimento e ponderação. Admirável, a capacidade e a velocidade de leitura. Senti-me muito burro porque eu, para ler milhares de páginas, levo algum tempo. Mas isso sou eu, que além de lento devo estar fora de moda. Eu queria e quero muita liberdade de informação e muito escrutínio. Mas não queria nem quero palhaçadas. Desculpem, mas não aprecio. É uma questão de gosto. Há quem diga que às vezes escrevo coisas pouco claras. Creio que desta vez estou a ser clarinho como água – isto é um espectáculo que pode servir para muita coisa, desde logo para entreter, mas para mim não é nem informar nem escrutinar. E de circo, de que nunca gostei muito (embora respeite), deixei de gostar definitivamente por volta dos dez anos de idade. Porém, não devo ter razão nenhuma, até porque sobreleva o sagrado princípio que manda que o show tenha de continuar. Façam favor – quem sou eu para protestar sequer? –, mas não me entra na cabeça que tenha algo de bom. Entretanto vou continuar a ler, com a minha lentidão de burro (quase a mesma que emprego a escrever, excepto em copy and paste, e mesmo aí demoro a formatar e a procurar concordâncias e coerências), e desculpem qualquer coisinha."

SL Benfica | Os 5 mestres em livres no século XXI

"Costuma-se dizer que o futebol é uma arte e dentro da modalidade há várias formas de expressar a arte de cada um. Desde as defesas “impossíveis” aos remates de outro mundo, o futebol é, generalizando, uma arte em movimento, em que cada um é capaz de coisas muitas vezes inexplicáveis. O pousar da bola, o ajeitar, os passos contados, o olhar para aquele cantinho onde a coruja dorme, o remate, o golo! Uma obra de arte em que nós, como adeptos, podemos visualizar ao pormenor a sua criação. Muitos foram os especialistas deste tipo de arte que passaram no SL Benfica no século XXI e neste artigo destacarei cinco artistas cujo pincel era o próprio pé.

1. Simão Sabrosa Um verdadeiro génio na hora da cobrança da falta, e não só. Simão foi, para mim, um dos melhores a vestir o manto sagrado neste século.
Desde as fintas, aos remates, aos cruzamentos, aos livres, tudo era uma oportunidade para o ex-internacional português mostrar a genialidade do seu pé direito (se bem que o esquerdo também funcionava com excelência).
Nascido em Vila Real, Simão teve uma carreira incrível, contando com passagens por clubes como o FC Barcelona, SL Benfica e Atlético de Madrid.
Pois bem, na hora da cobrança dos livres, Sabrosa não tremia e era exímio em aproveitar as bolas paradas. Um talento como poucos se viu na história do SL Benfica.

2. Óscar Cardozo Um temível pé esquerdo, aliás, um verdadeiro canhão no lugar da perna, era assim Óscar “Tacuara” Cardozo no Sport Lisboa e Benfica.
Estreou-se a marcar de livre directo num jogo frente ao Vitória SC decorria a temporada 2007/2008. Uma “bomba” saiu disparada do pé do paraguaio para o fundo das redes de Nílson, que não teve a mínima hipótese de defesa.
Cardozo foi um dos melhores pontas de lança que vi a actuar no glorioso. Portentoso, com 1,93 metros de altura, seria de esperar que o Tacuara fosse “apenas” um matador dentro de área, mas não. Fora dos limites da área (e dentro também), Cardozo era um dos melhores batedores de livres no plantel encarnado.
O que dizer mais daquele que é o melhor marcador estrangeiro da história do Sport Lisboa e Benfica? Foram 172 (!) golos do Tacuara em 288 jogos, números simplesmente impressionantes.

3. Anderson TaliscaChegou até a correr o ditado “quem não arrisca, não Talisca” dada a facilidade com que Talisca apontava golos fora da área, sendo a cobrança de livres uma das suas especialidades.
Pois bem, Talisca chegou a Portugal em 2014 proveniente do Bahia e encantou logo à partida com o seu pé esquerdo. Marcou onze golos em 44 jogos na sua época de estreia pelo SL Benfica, sendo que dois foram fruto de bola parada.
Pois bem, Talisca seguiu por empréstimo ao Besiktas e o “feitiço virou-se contra o feiticeiro”. Num jogo a contar para a Liga dos Campeões, o SL Benfica vencia por uma bola a zero até que Talisca, já nos descontos, empata a partida, dando o empate ao Besiktas na primeira jornada da fase de grupos daquela competição.
Em 2016, Talisca era mesmo o terceiro melhor batedor de livres das sete principais ligas com quatro golos em apenas 21 tentativas. Números impressionantes por parte do brasileiro.

4. Nico GaitánQuem é que não se lembra daquele livre-panenka frente ao PAOK num jogo a contar para a Liga Europa na temporada 2013/2014? Pois bem, se provas fossem precisas para justificar a entrada de Nico Gaitán nesta lista, basta ver o vídeo. Simplesmente magnífico, uma obra de arte ao alcance de muito poucos.
Gaitán actuou nos encarnados entre 2010 e 2016 e, enquanto esteve por terras lusas, foi sempre um dos melhores jogadores do campeonato português.
Não só de bolas paradas brilhava o argentino. Extremamente rápido, com ou sem bola, muito forte tecnicamente e capaz de mudar um jogo com o seu génio. Era Gaitán, o “menino de valor indiscutível”.

5. Petit Era, a par de Simão Sabrosa, o batedor de livres do Sport Lisboa e Benfica no início do século. Imaginem só ter dois jogadores desta qualidade a cobrar livres…
Nascido em França e formado no Boavista, Petit mudou-se para a Luz em 2002/2003 e por lá ficou durante seis temporadas. O médio luso-descendente era um dos responsáveis pelo miolo encarnado sendo um dos indiscutíveis do plantel.
Fosse de canto ou mesmo de livre à entrada da área, Petit era sempre um dos escolhidos para cobrar estas situações de jogo e muitas vezes com sucesso, quer resultasse em golo ou assistência.
Petit era um jogador extremamente perigoso quando lhe davam um pouco de espaço, até porque o seu pontapé “canhão” disparava sem medo e hesitação. Era uma das suas melhores qualidades, a sua facilidade de remate, e se já tinha à vontade para rematar rodeado de adversários imaginem quando podia rematar “apenas” com uma barreira pela frente!"

Quem tramou Roger Rabb… Bruno Lage?

"2020 está do avesso. O que tomávamos por certo viu-se substituído pelo seu completo oposto. O futebol, que muitos tomam como um problema, mas que, na verdade, não passa de um sintoma dos grandes problemas do Mundo, não tem sido excepção. Um dos casos mais recentes e mais polémicos prende-se com a possibilidade de alguns dos mais consagrados jogadores do SL Benfica terem “feito a cama” a Bruno Lage.
Incrível, não é? Alguma vez eu pensei que em 2020 as pessoas seriam criticadas por fazerem a cama? Nunca! Andei eu a “levar nas orelhas” tantos anos por não fazer a cama e, neste ano que nunca mais acaba, é o preciso oposto que se revela um problema… Enfim, “só” faltam 168 dias para 2021…
Mas terá sido? Terão futebolistas dos encarnados “feito a cama” ao treinador setubalense? Não me parece, por um simples motivo: neste momento, não existem no SL Benfica quaisquer futebolistas. Coloquemos, então, a questão de outra forma, por exemplo, a negrito: terão membros do plantel das águias “feito a cama” ao seu próprio líder?
Estando de fora, posso apenas especular e extrair conclusões das minhas especulações. A minha resposta revestir-se-á, assim, inevitável e invariavelmente, de uma muito relativa e relativizada correcção.
No entanto, como já percebi que no lamaçal desportivo e comunicacional que é o futebol português não há espaço para “correcções”, vou arriscar e dizer que me pareceu notória a falta de empenho, compromisso e entrega – para não falar da gritante e repentina falta de qualidade.
É certo que são várias as possíveis explicações para que tudo tenha mudado em Fevereiro deste maníaco ano, sobretudo após a partida frente ao FC Porto. Mas é também certo que uma dessas possíveis explicações é que a inusitada falta de compromisso tenha sido consciente e concertada, com o intuito único de originar uma mudança no comando técnico.
Visto de fora, afigurou-se-me sempre ser isto o sucedido. Não obstante, podemos formular outras teorias. Por exemplo, é possível que Bruno Lage não tenha sabido lidar com a importante vertente psicológica do plantel, nas suas individualidades e na sua colectividade. Nesse cenário, não seria de estranhar que o técnico tenha “perdido” o plantel após a derrota no Estádio do Dragão.
Claramente algo mudou após essa partida. O sequente empate em Vila Nova de Famalicão (ainda que tenha dado acesso à final da prova-rainha) e a sequente derrota em casa frente ao SC Braga não ajudaram, mas à entrada para essas partidas já era relativamente claro que o chip de alguns jogadores tinha sofrido um curto-circuito.
Consciente ou inconscientemente, de forma isolada ou concertada, a verdade é que de então para cá a postura de vários jogadores foi imprópria de um profissional digno dessa designação, com especial incidência naqueles que deveriam ser um exemplo, em particular Pizzi, Rafa, André Almeida ou mesmo Rúben Dias, que se esperava poder ter sido uma voz de comando.
A camisola que envergam e o símbolo que carregam obrigam a que haja capacidade para dar a volta às situações mais difíceis e dolorosas. Posso até estar a ser injusto – pelo que, a confirmar-se, me penitencio -, mas não vi, em momento algum, sinais claros de haver vontade para dar a volta à série negra que o clube viveu durante meses (e que ainda não conheceu um fim cabal…).
Poderá ter sido incompetência e/ou incapacidade de Bruno Lage? Poderá. Apenas? Não creio. Algo mais esteve na base da referida falta de vontade demonstrada por vários jogadores e que se reflectiu no colectivo. E acredito, como acreditei em todos os momentos durante esta negra fase dos encarnados, que na base da mudança (para pior) de atitude do plantel esteve uma vontade enorme de, precisamente, mudança.
E, quiçá, essa vontade encontrava justificação. Quiçá, Bruno Lage havia, de facto, perdido a lealdade do plantel que liderava. Todavia, há algo que, a confirmar-se este cenário (se é que alguma vez vamos saber ao certo o que se passou no seio da equipa durante estes meses), é injustificável e inadmissível: os jogadores deveriam ter a consciência de que acima de Bruno Lage, acima deles mesmos, está o SL Benfica e é seu dever, se não de outra índole, no mínimo profissional, respeitar a instituição que representam.
Por último, refiro algo que creio ser importante. Apesar de o holofote da culpa incidir em três ou quatro elementos em particular (como foi o caso no presente artigo), todo o grupo tem culpas no cartório, incluindo elementos que encontraram, mesmo nesta fase negra, uma sistemática e acérrima defesa dos adeptos.
Para cimentar o exposto acima – e para terminar -, segue uma citação de David Simão, retirada da entrevista dada ao Bola na Rede pelo médio formado no SL Benfica, em referência abstracta a vários jogadores e em referência concreta, calculo, a Samaris (ainda que David Simão se tenha recusado a apontar nomes):
O Bruno Lage, quando estava a perder, metia três avançados e eu dizia “Não faz sentido”, sou livre; não posso é dizer que o Bruno Lage não percebe nada e tem de ser despedido. Nós não estamos lá, não sabemos como foi a semana de trabalho. Toda a gente fala de um jogador em específico no Benfica: por que é que não joga, desapareceu e não sei quê; nós não sabemos se é bom elemento de grupo, se destrói um balneário… há jogadores, os denominados puxa-saco, que sabem exactamente como viver dentro do futebol. Isto num grupo (…) nós percebemos, mas para fora, quem vê umas imagens de meia hora, pensa assim “Aquele, que fica chateado quando a equipa perde, não joga” e aquilo é uma máscara, porque quando não há câmaras, aquele jogador não é nada disso: entra a rir quando a equipa perde e de cara fechada quando a equipa ganha."

É como não tivesse acontecido!!!



"Penalty contra o #PortoaoColo?
Siga! Será que o VAR, Artur Soares Dias, não viu o lance por já se encontrar a caminho dos Aliados?"

Os períodos de transferências em 2020/2021

"O Regulamento do Estatuto e Transferência do Jogador da FIFA, no seu artigo 6.º, estabelece que devem existir dois períodos de inscrições, o primeiro dos quais, a chamada 'Janela de Verão' deve iniciar-se após o final da época desportiva e terminar antes do início da época desportiva seguinte. Ainda que esta regra possa sofrer excepções, não pode exceder as doze semanas de duração. 
Acrescentando que o segundo período, denominado 'Janela de Inverno', deverá ter lugar no meio da época e não pode durar mais de quatro semanas, normalmente coincidentes com o mês de Janeiro. Assim a FIFA estabelece os limites máximos para cada um dos períodos de inscrição, sendo da competência de cada federação nacional fixar, dentro dos períodos estipulados pela FIFA, qual o seu período de inscrições.
Normalmente o primeiro período de inscrições teria lugar entre os dias 1 de Julho e 15 de Setembro, mas este ano, pelos motivos que todos conhecemos, em princípio só se iniciará no próximo dia 3 de Agosto e estará aberto até 15 de Outubro.
Para as inscrições para as competições profissionais de futebol e organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional só estará aberta até ao dia 30 de Setembro, mas prolongar-se-á até 16 de Outubro para as transferências internacionais de jogadores nas competições não profissionais, ficando os restantes dias da 'janela' (até 23 de Outubro) para verificação de cada um dos processos.
Neste âmbito podemos elencar outras federações nacionais, que têm optado por encerrar os seus períodos de inscrição no mesmo dia em que se encerram as suas 'janelas' e isso fica a dever-se aos seus processos serem menos complexos no que toca à verificação da documentação exigida por lei ou regulamento, ao invés do que acontece em Portugal, mas, também, para evitar casos como os que infelizmente sucederam aos jogadores portugueses Yannick Djaló ou Adrien Silva.
Por fim, esta época conta com a proibição das denominadas transferências-ponte, ao abrigo da qual um jogador não se pode transferir mais do que uma vez num período de 16 semanas, consagração esta que resulta, não só, do referido regulamenta da FIFA, mas também dos regulamentes federativos nacionais."