"Costuma-se dizer que o futebol é uma arte e dentro da modalidade há várias formas de expressar a arte de cada um. Desde as defesas “impossíveis” aos remates de outro mundo, o futebol é, generalizando, uma arte em movimento, em que cada um é capaz de coisas muitas vezes inexplicáveis. O pousar da bola, o ajeitar, os passos contados, o olhar para aquele cantinho onde a coruja dorme, o remate, o golo! Uma obra de arte em que nós, como adeptos, podemos visualizar ao pormenor a sua criação. Muitos foram os especialistas deste tipo de arte que passaram no SL Benfica no século XXI e neste artigo destacarei cinco artistas cujo pincel era o próprio pé.
1.
Simão Sabrosa – Um verdadeiro génio na hora da cobrança da falta, e não só. Simão foi, para mim, um dos melhores a vestir o manto sagrado neste século.
Desde as fintas, aos remates, aos cruzamentos, aos livres, tudo era uma oportunidade para o ex-internacional português mostrar a genialidade do seu pé direito (se bem que o esquerdo também funcionava com excelência).
Nascido em Vila Real, Simão teve uma carreira incrível, contando com passagens por clubes como o FC Barcelona, SL Benfica e Atlético de Madrid.
Pois bem, na hora da cobrança dos livres, Sabrosa não tremia e era exímio em aproveitar as bolas paradas. Um talento como poucos se viu na história do SL Benfica.
2.
Óscar Cardozo – Um temível pé esquerdo, aliás, um verdadeiro canhão no lugar da perna, era assim Óscar “Tacuara” Cardozo no Sport Lisboa e Benfica.
Estreou-se a marcar de livre directo num jogo frente ao Vitória SC decorria a temporada 2007/2008. Uma “bomba” saiu disparada do pé do paraguaio para o fundo das redes de Nílson, que não teve a mínima hipótese de defesa.
Cardozo foi um dos melhores pontas de lança que vi a actuar no glorioso. Portentoso, com 1,93 metros de altura, seria de esperar que o Tacuara fosse “apenas” um matador dentro de área, mas não. Fora dos limites da área (e dentro também), Cardozo era um dos melhores batedores de livres no plantel encarnado.
O que dizer mais daquele que é o melhor marcador estrangeiro da história do Sport Lisboa e Benfica? Foram 172 (!) golos do Tacuara em 288 jogos, números simplesmente impressionantes.
3.
Anderson Talisca – Chegou até a correr o ditado “quem não arrisca, não Talisca” dada a facilidade com que Talisca apontava golos fora da área, sendo a cobrança de livres uma das suas especialidades.
Pois bem, Talisca chegou a Portugal em 2014 proveniente do Bahia e encantou logo à partida com o seu pé esquerdo. Marcou onze golos em 44 jogos na sua época de estreia pelo SL Benfica, sendo que dois foram fruto de bola parada.
Pois bem, Talisca seguiu por empréstimo ao Besiktas e o “feitiço virou-se contra o feiticeiro”. Num jogo a contar para a Liga dos Campeões, o SL Benfica vencia por uma bola a zero até que Talisca, já nos descontos, empata a partida, dando o empate ao Besiktas na primeira jornada da fase de grupos daquela competição.
Em 2016, Talisca era mesmo o terceiro melhor batedor de livres das sete principais ligas com quatro golos em apenas 21 tentativas. Números impressionantes por parte do brasileiro.
4.
Nico Gaitán – Quem é que não se lembra daquele livre-panenka frente ao PAOK num jogo a contar para a Liga Europa na temporada 2013/2014? Pois bem, se provas fossem precisas para justificar a entrada de Nico Gaitán nesta lista, basta ver o vídeo. Simplesmente magnífico, uma obra de arte ao alcance de muito poucos.
Gaitán actuou nos encarnados entre 2010 e 2016 e, enquanto esteve por terras lusas, foi sempre um dos melhores jogadores do campeonato português.
Não só de bolas paradas brilhava o argentino. Extremamente rápido, com ou sem bola, muito forte tecnicamente e capaz de mudar um jogo com o seu génio. Era Gaitán, o “menino de valor indiscutível”.
5.
Petit – Era, a par de Simão Sabrosa, o batedor de livres do Sport Lisboa e Benfica no início do século. Imaginem só ter dois jogadores desta qualidade a cobrar livres…
Nascido em França e formado no Boavista, Petit mudou-se para a Luz em 2002/2003 e por lá ficou durante seis temporadas. O médio luso-descendente era um dos responsáveis pelo miolo encarnado sendo um dos indiscutíveis do plantel.
Fosse de canto ou mesmo de livre à entrada da área, Petit era sempre um dos escolhidos para cobrar estas situações de jogo e muitas vezes com sucesso, quer resultasse em golo ou assistência.
Petit era um jogador extremamente perigoso quando lhe davam um pouco de espaço, até porque o seu pontapé “canhão” disparava sem medo e hesitação. Era uma das suas melhores qualidades, a sua facilidade de remate, e se já tinha à vontade para rematar rodeado de adversários imaginem quando podia rematar “apenas” com uma barreira pela frente!"
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