"Guerra ou paz; aurora ou crepúsculo; mel ou fel; cara ou coroa. A vida, em muitas das suas latitudes, é uma autoestrada infinita de segundas oportunidades. A prática da equipa feminina de futebol do Benfica é mais um fresco exemplo da ideia que encabeça essa reflexão.
Se na época passada, em circunstâncias competitivas muito particulares devido à deformação dos calendários provocada pela pandemia, as Inspiradoras avançaram nas eliminatórias até habitarem entre as 32 melhores armadas da Liga dos Campeões e dali não passaram, nesta temporada, em moldes diferentes, foram além, fizeram história, estraram no top 16, vão competir nos grupos da Champions League, e o futuro... é amanhã.
Um 'upgrade' explicado pela crença, sim, no trabalho, o pilar dos pilares em qualquer projecto. Porque gera desenvolvimento, progresso, resultados e potenciais sucessos. Vamos a factos que fornecem indicadores e pistas de evolução... Catarina Amado, Sìlvia Rebelo, Carole Costa, Andreia Faria, Pauleta, Beatriz Cameirão, Ana Vitória, Cloé Lacasse e Nycole: nove das titulares no jogo em que o Benfica suplantou categoricamente o Twente (4-0), no noite de 9 de Setembro, para aceder aos grupos da Champions, entraram nos alinhamentos constituídos na temporada passada no duplo confronto, de má lembrança, com o Chelsea nos 16 avos de final.
Em Dezembro de 2020, o Benfica sofreu oito golos da formação londrina, um agregado negativo que lhe neutralizou a marcha na edição da prova e, entre avaliadores externos, fez ressaltar a ideia de que havia ainda 'um longo caminho a percorrer'. As distâncias no ranking UEFA, todavia, não justificariam tudo.
Passado menos de um ano, vemos que as Inspiradoras 'encurtaram o caminho', maturaram competências colectivas (e também individuais), contornaram obstáculos na rota qualificativa, concretizaram, o objectivo (imediato) de integrar, pela primeira vez, a elite das 16 e sabem, desde o sorteio de dia 13, com quem vão esgrimir forças na fase de grupos. Abre-se agora outro ciclo de avaliação de capacidade e de escalda."
João Sanches, in O Benfica