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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

"Não vai ser fácil (...) e temos que nos ajudar uns aos outros"


Mensagem de natal de Jorge Jesus para os... por AsPapoilasSaltitantes

O pós-Enzo

"Após um 'tiro no porta-aviões' dado pelo Braga e uma vitória com uma exibição sofrível face a um adversário medíocre, talvez valha a pena reflectir sobre o que será o Benfica pós-Enzo. Até ver, as alternativas ao argentino para a posição 8 têm sido, para ser generoso, remediadas.
Talvez a questão se prenda mesmo com a posição 8. No modelo de Jesus, estamos a falar de um lugar muito exigente, onde a participação nos momentos de organização ofensiva tem de estar articulada com grande intensidade nas transições defensivas. O número 8 do Benfica de Jesus é um autêntico pêndulo: está sempre presente a atacar e também a defender. Quer táctica, quer técnica, quer fisicamente, jogar naquele lugar está ao alcance de poucos. Na verdade, nos anos de Jesus, só Enzo e Witsel o fizeram com mestria (no primeiro ano, as circunstâncias eram diferentes, pois Ramires oferecia um grande equilíbrio à equipa desde as alas).
O que fazer agora? Se bem se percebe, o próprio Jesus parece hesitar. Quando parecia que Pizzi seria a alternativa ao argentino, recuperou a solução Talisca. A questão é que nenhum dos dois é, nem poderá ser, um clone de Enzo, e todas as alternativas obrigarão o Benfica a mudar o seu sistema. É mesmo caso para afirmar, parafraseando Jesus sobre Matic, que 'para render Enzo, só nascendo dez vezes'. Com uma agravante, Enzo é um jogador mais influente e determinante do que era Matic (o que não quer dizer que seja melhor jogador do que o sérvio).
Na impossibilidade de contratar um jogador de classe e maturidade, talvez seja preferível encontrar um modelo mais flexível, onde a equipa se adapte também ao perfil dos jogadores do plantel, em lugar de se forçar jogadores a serem o que não são. No fim, sobra uma certeza: uma vez mais, o caminho para o título dependerá da competência do treinador para ultrapassar dificuldades."

Enfant terrible

"Quando Bruno de Carvalho surgiu no espaço público, temi que fosse um Vale e Azevedo em versão jovem.
Mas os seus primeiros passos na presidência do Sporting fizeram-me reconsiderar. A forma expedita como ultrapassou o problema da dívida à banca, o pragmático corte de despesas, a aposta na formação conseguindo apresentar uma equipa competitiva, pareciam o início de uma caminhada segura no sentido certo. Bruno de Carvalho mostrava iniciativa, autoridade e perseverança.
Este ano, contudo, o jovem líder está a dar razão às minhas intuições. Toda a sua acção tem contribuído para desestabilizar o grupo de trabalho. A sua continuada presença no banco é um tremendo erro. No banco, a máxima autoridade tem de ser o treinador. Ao sentar-se lá, Bruno de Carvalho parece estar a vigiar o trabalho e as opções do técnico - e isso mina a autoridade deste perante os jogadores e os adeptos.
E é surreal, depois de o presidente, o treinador e os jogadores terem estado juntos em campo, Bruno de Carvalho vir recorrer às redes sociais ou aos meios de comunicação para lhes enviar recados. Quando disse que eles 'não tinham sido dignos da camisola do Sporting'. ou que a 'exigência tem de aumentar', Bruno de Carvalho disparou sobre todos, indistintamente.
E quando afirmou que assume as suas responsabilidades no rendimento insuficiente da equipa, o que quis dizer foi: 'Eu assumo as minhas, os outros assumam as deles'.
Dizem-me que Marco Silva já pediu duas vezes a demissão. Não me espanta. É muito difícil trabalhar com uma pessoa assim. E a lição a tirar desta história é que a natureza das pessoas acaba sempre por vir ao de cima."