Últimas indefectivações

domingo, 21 de setembro de 2025

Vermelhão: Novo começo...


AFS 0 - 3 Benfica


Estreia de Mourinho com o mesmo resultado da partida de despedida, na 1.ª passagem pelo Glorioso! Mas mais importante do que coincidências, era mesmo a vitória, e reconquistar a confiança que tinha completamente desaparecido da equipa nos últimos jogos!

A 1.ª parte foi bastante atabalhoada, contra um adversário muito agressivo, num relvado mau, mais uma vez, com o Benfica a criar perigo, mas com dificuldade em controlar a bola, permitindo algumas aproximações perigosas à área do Trubin! Mesmo assim, o golo a fechar o 1.º tempo, foi mais do que justo...

Muito melhor o controle da partida, na 2.ª parte, com a vantagem no marcador, a permitir outro tido de decisões, e com o adversário a quebrar fisicamente! Com a equipa a procurar aumentar a vantagem constantemente... Só na parte final, já com o jogo 'morto' e com as substituições, é que começamos a pensar na partida de Terça-feira com o Rio Ave!

Não houve tempo para grandes alterações posicionais e estratégicas, mas já deu para ver algumas ideias do Mourinho: saída de bola, com os Laterais na linha, bem 'altos', com o Enzo a jogar mais recuado, o que eu concordo, já que o argentino não tem velocidade para adiantar-se muito no campo... Ofensivamente, vimos o Ivanovic a descair mais para a esquerda, o seu lado predileto, algo que não vinha a acontecer...


O Sudakov, foi o MVP justamente. Apesar dos últimos mais resultados, foi visível a qualidade do Ucraniano. Hoje, com bola, mais no meio, o seu lugar natural, soube adaptar-se ao jogo viril, e ao mau relvado... Mas ainda vai evoluir muito, principalmente no entrosamento com os companheiros! Nota ainda para o Pavlidis que esteve nos 3 golos!!!


Mais um penalty favorável, mas ficou outro por marcar! 1 em 2 não á mau!!! E não sou eu que o digo, é o antigo funcionário do Sporting, Pedro Henriques, melhor amigo do tachista Duarte Gomes, comunicador oficial do CA da FPF!!! Além dos penalty's tenho que referir as sistemáticas faltas sobre os nossos jogadores, em todas as tentativas do Benfica em sair rápido para o contra-ataque! Em todas estas jogadas havia clara intenção em parar o jogo com falta, houve situações que pareciam pegas de cernelha!!! Consequências disciplinares: Zero!!! Aliás o único Amarelo para o AFS terá sido por perca de tempo...!!!


Não temos descanso, até à próxima paragem para as Seleções, vamos jogar sempre 2 vezes por semana! O Rio Ave, na Luz, será mais um teste, principalmente às nossas transições defensivas... Neste jornada, vimos os Corruptos em Vila do Conde, a travar todas as tentativas de ataque rápido dos Vilacondenses, com faltas, nós não temos essa autorização...!!! Vamos ver se o Lukebakio estará disponível, nem que seja para o banco... Partindo do princípio que o 11 de hoje, será o 11 base do Mourinho nas próximas jornadas, não me admirava se houvesse alguma rotação nas próximas duas jornadas...


No regresso à Luz, espero um ambiente mais positivo, com as bancadas a acreditarem ser possível com Mourinho dar um novo fôlego à equipa. Espero que a caminha eleitoral no próximo mês, não seja audível durante as partidas da Luz...

Complicado...

Benfica 1 - 0 Torrense
Jelani


Não foi fácil, algum desperdício, com jogo a meio da semana para distrair, mas mais uma vitória...
Destaque para a estreia do Coletta.

Vitória...


Benfica 45 - 34 Gaia
22-17

Vitória com muitos golos marcados, mas também com muitos golos sofridos! 

Terceiro Anel: Mourinho...

Terceiro Anel: Diário...

Observador: E o Campeão é... - Sem tempo para errar, Mourinho já mudou o balneário?

Ganhar


"O Benfica visita o AFS nesta tarde, às 18h00. Nota também para os resultados positivos apresentados no Relatório e Contas do Sport Lisboa e Benfica relativo a 2024/25 e para mais um atleta do Benfica campeão do mundo. Estes são os temas em destaque na BNews.

1. Conquistar os três pontos
O plantel benfiquista prosseguiu a preparação na segunda sessão orientada por José Mourinho, marcada por intensidade e determinação.

2. Receção numerosa
Foram muitos os Benfiquistas que fizeram questão de presenciar a chegada da comitiva do Benfica ao hotel onde pernoitou no Norte do país na véspera do embate com o AFS.

3. Lucro próximo de 30 milhões de euros
No exercício 2024/25, o Sport Lisboa e Benfica apresentou resultados positivos em torno dos 29,5 milhões de euros. Sem influência das participadas, o lucro é de cerca de 7,65 milhões de euros. Destaque para os máximos históricos registados nas receitas de quotização e merchandising.

4. Desmentido oficial
Leia o comunicado do Sport Lisboa e Benfica em que é desmentido o teor de uma peça do jornal Correio da Manhã.

5. Comunicado oficial
Em informação oficial, o Sport Lisboa e Benfica esclarece que não há qualquer situação de incumprimento perante o Palmeiras, relativa ao pagamento pelo passe de Richard Ríos.

6. Campeão do mundo
Caio Bonfim sagrou-se campeão do mundo dos 20 quilómetros marcha, depois de já ter conquistado a prata nos 35 quilómetros. Na mensagem de felicitações, o Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Rui Costa, enaltece o "feito absolutamente extraordinário" do atleta do Benfica.

7. Liga dos Campeões no feminino
Já são conhecidos os adversários e o calendário do Benfica na prova.

8. Na final
O Benfica está na final da Taça Jesus Correia em hóquei em patins. Nas meias-finais ganhou ao Paço de Arcos, por 0-8. O jogo derradeiro é hoje, às 18h30, em Paço de Arcos, com o Sport Alenquer e Benfica.

9. Outros jogos do dia
Os Sub-23 do Benfica recebem o Torreense, às 16h00, no Benfica Campus. Na Luz, há jogo de andebol (masculino), às 17h00, com o FC Gaia, e partida de futsal (feminino), às 21h00, com o Leões Porto Salvo. A equipa feminina de hóquei em patins visita o Parede, às 19h00. Esta manhã, os Sub-19 ganharam ao Alverca, por 2-1.

10. Renovações
O voleibolista Lucas França e o basquetebolista Daniel Relvão continuam de águia ao peito.

11. Casa Benfica Alfândega da Fé
Esta embaixada do benfiquismo recebeu a equipa de futsal do Benfica para o estágio de pré-época."

Em defesa de Mourinho (mais ou menos)


Na dramática fase da minha carreira joguei duas finais europeias»
José Mourinho, na apresentação como treinador do Benfica

Virou moda bater no Mourinho (que está bem longe de ser ceguinho), e as reservas com que muitos adeptos do Benfica receberam o anúncio do substituto de Bruno Lage mostra que a aura do bicampeão europeu está bem longe do que já foi.
Percebe-se porquê. Foi despedido dos últimos cinco clubes que representou (não incluo o anterior, o Real Madrid, porque ele queria tanto, ou mais, ir embora, para voltar ao Chelsea, do que os merengues queriam vê-lo pelas costas) e nos últimos oito anos venceu apenas um título.
Mas, sem querer estar a defender a qualidade do trabalho que desenvolveu na última década, parece-me importante olhar para os contextos.
Saiu do Chelsea pela porta pequena, sim, mas foi campeão, em 2015. Depois disso? Só mais uma Premier League para os blues.
Passou sem glória pelo Manchester United, é verdade, mas ainda venceu uma UEFA Europa League e foi vice-campeão — o que, desde que Ferguson saiu, em 2013, os diabos vermelhos só conseguiram mais uma vez.
Não quebrou o jejum de títulos do Tottenham, é certo, mas talvez o tivesse feito se não tivesse sido afastado uma semana antes duma final... e chegou a liderar a Premier League.
Não apurou a Roma para a UEFA Champions League, mas deu-lhes o primeiro título europeu (a UEFA Conference League), o primeiro título desde 2008 e o primeiro troféu em provas da UEFA dum clube italiano desde que ele próprio ganhara a Champions no Inter, em 2010. E no outro ano completo chegou à final da UEFA Europa League, que só perdeu nos penáltis.
Só no Fenerbahçe é difícil ver o lado positivo, mesmo comparando com os antecessores, mas foi onde esteve menos tempo. E de qualquer forma, é bom lembrar que o clube não é campeão turco desde 2014.
E já agora, para quem considera Mourinho um treinador defensivo, permitam-me que lhe chame, antes, pragmático. Muitas vezes na carreira, e mais vezes em tempos mais recentes, atendendo aos clubes que treinou, entendeu que a diferença de forças seria demasiado grande e montou equipas defensivas. É verdade.
Mas lembram-se do Barcelona de Messi, Suárez e Messi? Ou do de Ronaldinho Gaúcho e Deco? Ou do Real treinado por Zidane com Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo? Ou do, outro, mais antigo, da Quinta del Buitre, com Hugo Sánchez a fazer golos atrás de golos? Pois bem, nenhum deles tem o recorde de golos numa época na LaLiga. Esse é do Real de Mourinho, com 121 em 38 jogos. Nada mau para um treinador defensivo..."

O 'Efeito Mourinho' no Benfica e não só


"Esta semana, na rubrica 'Liderar no Jogo', confesso que não ia escrever sobre José Mourinho. Mas os últimos dias mudaram isso. Recebi dezenas de mensagens sobre a chegada do treinador português ao Benfica. Uns perguntavam-me «como é que o homem é?», outros se era a melhor altura para ele assumir a Luz. Até a minha esposa, que nada percebe de futebol, me disse: «Não tens como não escrever sobre Mourinho no Benfica.» E tinha razão.

O Efeito Mourinho já se sentia e ele ainda não tinha aterrado em Tires. Ainda sem contrato assinado, já dividia opiniões. Uns diziam que estava ultrapassado, outros que vinha apenas atrás de mais uma indemnização. Mas essa discussão já revela algo fundamental: Mourinho nunca deixa ninguém indiferente. Goste-se ou não, é um treinador que gera debate, que cria expectativas e que mexe com a rotina de um clube inteiro. Isso, por si só, é um ativo raro. Recebi mensagens de colaboradores do Benfica, curiosos: Como é que o homem é?; outros disseram-me: Vou-me deitar cedo para estar fresco amanhã no primeiro dia dele no Seixal; ouvi adeptos ansiosos por respostas. Senti entusiasmo, curiosidade e até nervosismo. Até os que duvidam da sua atualidade não resistem a falar dele. É isso o efeito Mourinho: mobiliza, agita, entusiasma, motiva, cria exigência.
A Rui Costa tem que se atribuir mérito pela contratação apesar de achar que era uma inevitabilidade a chegada de JM ao Benfica. Mourinho é, objetivamente, o treinador com mais currículo que alguma vez treinou em Portugal. O melhor treinador português de todos os tempos. Ponto final. Falamos de 26 troféus, de cinco finais europeias conquistadas (e meia roubada, como ele gosta de dizer com toda a razão), de títulos em quatro países diferentes e de passagens marcantes em clubes de topo mundial. Ganhou em todos, menos em dois: no Tottenham, onde foi despedido dois dias antes de uma final da Taça da Liga, e no Fenerbahçe, onde a paixão dos adeptos não foi suficiente para esconder a falta de dimensão competitiva para o seu estatuto.
Se concordo com todas as opções de José Mourinho? Não. Para mim, houve três clubes que foram, claramente, erros de casting na sua carreira. Porquê? Porque, apesar da dimensão e história destes clubes, não estavam à altura do nível de Mourinho. Eram equipas que, na altura, não tinham qualquer hipótese real de conquistar a Premier League ou a Serie A. Falo do Tottenham e da Roma. 
O estatuto de Mourinho só permite uma coisa: lutar para ser campeão. Não para disputar um quarto ou quinto lugar que, aliás, já seria um feito para a Roma, considerando a força do Inter, Juventus, Milan, Nápoles etc. É verdade que levantou um troféu europeu, erguendo junto ao Coliseu e entregando a conquista aos adeptos, mas o estatuto de Mourinho é disputar a Liga dos Campeões, não a Liga Europa ou a Liga Conferência. Com todo o respeito por essas competições, por treinadores e clubes, Mourinho é Mourinho.
O terceiro erro de casting foi o Fenerbahçe. Viveu o fervor e a paixão dos adeptos turcos, mas, para Mourinho, é preciso mais. Não é o campeonato para ele. Ainda assim, deu o seu melhor, viveu para acrescentar valor ao clube e proporcionar alegrias aos adeptos. Na época passada, Mourinho apresentou o Fenerbahçe como uma equipa organizada, pragmática e fiel a muitas das suas ideias clássicas. O modelo de jogo baseava-se na consistência defensiva, na ocupação rigorosa de espaços e na gestão do ritmo do jogo consoante o adversário. Procurava uma equipa compacta, muitas vezes com bloco baixo, obrigando o adversário a explorar as alas e a recorrer ao cruzamento, evitando o jogo interior e aproveitando a jogo aéreo dos centrais e do guarda-redes Livaković - embora não fosse sempre o seu ponto forte, melhorou significativamente ao longo da carreira.
Ofensivamente, em jogos contra equipas mais frágeis ou em casa, o Fenerbahçe procurava impor posse, explorar a largura do campo e envolver os laterais. Mas contra rivais mais fortes, prevalecia a abordagem pragmática: segurança defensiva, contra-ataque eficiente e confiança nos jogadores mais experientes para decidir nos momentos-chave. Mourinho montou uma equipa sólida, com os argumentos que tinha à disposição, diferentes daqueles que o Galatasaray possuía com Osimhen e companhia. No fim, os números falam por si: o Fenerbahçe somou 84 pontos, insuficientes para destronar o Galatasaray, campeão com 95 pontos. Entre épocas, perdeu seis titulares e não recebeu reforços de qualidade equivalente. Foi despedido após não conseguir o acesso à Champions, o que, a meu ver, foi até um favor que o presidente lhe fez. Ninguém gosta de ser despedido, mas não era o clube nem o campeonato para ele.
Para mim, treinando estes três clubes, Mourinho baixou o nível. Digo isto sem ter toda a informação, claro. Mas conheço e reconheço o seu vício pelo treino, o seu amor pelo futebol, e porque sei que, realisticamente, só existem oito a dez clubes no mundo com a dimensão adequada para ele. Essa limitação, aliada à enorme vontade de treinar, explica algumas escolhas que me pareceram erradas. Talvez seja daí que surgiu a ideia de que está ultrapassado. Não está. Está, sim, diferente. Se há treinador que sabe o que é preciso para ganhar, é ele.
A verdade é esta: Mourinho vive para ganhar, acrescentar valor e criar impacto. Dizer que Mourinho está ultrapassado é uma análise simplista. Sim, o futebol mudou. Mas o mundo também mudou. Os jogadores de hoje não são os de há 10 anos, os contextos transformaram-se. O que fez Mourinho? Adaptou-se. Reinventou-se. Amadureceu. Nos últimos anos, acrescentou mais duas finais europeias ao currículo. Continua a ser uma referência para jogadores e treinadores de topo. Rakitic dizia-me recentemente que lamentava nunca ter sido treinado por ele. Totti é outro caso: rendido ao Special One. Isto não é acaso. É prova de que Mourinho continua a inspirar os melhores.
E qual o ser humano que não quer trabalhar com Mourinho? Só alguém sem ambição, sem fome de vitória. Ele é mestre em tirar o melhor de cada colaborador. Costuma dizer-se que Mourinho treina pessoas antes de treinar jogadores. E é verdade. Quem convive com ele percebe que não é apenas a tática que marca diferença, é a liderança, é a proximidade, é a inteligência, é a intensidade e a forma como faz um atleta acreditar que pode ser melhor amanhã do que é hoje. É esse detalhe que cria campeões.
O efeito Mourinho não é só sobre vitórias e títulos. É sobre cultura de trabalho, exigência e mentalidade. É sobre mudar o ar de um balneário inteiro. Um colaborador do Benfica dizia-me: Tenho de me deitar cedo para estar fresco amanhã, é o primeiro dia de Mourinho no Seixal. Di María comentava numa publicação de Otamendi: Agora vem o melhor, amigo… Isto não se compra. Isto cria-se. Mourinho cria isto de uma forma natural. Eleva o nível de todos, desde o roupeiro ao craque da equipa.
Outra faceta incontornável é o impacto mediático. Mourinho não é apenas notícia: ele faz notícia. A sua chegada ao Benfica já multiplicou em poucas horas a cobertura nacional e internacional. O que significa? Que o Benfica ganha palco, que a Liga Portugal ganha exposição, que os rivais são obrigados a reagir. No fundo, Mourinho é também um ativo de marketing, uma marca global. Saiba o clube da Luz tirar proveito desta ajuda na internacionalização para chegar a mercados como o asiático. O Benfica ganha um treinador e, em simultâneo, um embaixador de luxo.
Quanto às indemnizações que tanto se falam, a minha visão é simples: são justas. Se é dos melhores do mundo, tem contratos como os melhores. Se os clubes decidem rescindir antes do tempo, só têm de pagar o que foi acordado. Nada mais justo. Disse-o recentemente o Luís Castro, ex-treinador do Al Nassr de Cristiano Ronaldo, numa masterclass de futebol que tive a oportunidade de coordenar: se o clube não está satisfeito, só tem de fazer duas assinaturas: uma na rescisão de contrato e outra no cheque com o valor a que o treinador tem direito.
E o Benfica? Vai jogar como o Fenerbahçe? Claro que não. Mourinho não tem, por exemplo, 7 centrais no plantel. Ele vai adaptar-se à realidade e contexto do Benfica. Tem a sua ideia clara, mas não é prisioneiro dela. Sabe que uma filosofia é uma bússola, não um GPS. Ajusta-se ao plantel, ao contexto, à realidade. Foi isso que lhe permitiu vencer em Inglaterra, Espanha, Itália e Portugal. O Benfica, para mim, estava atrás de Sporting e FC Porto na luta pelo título. Mas a chegada de Mourinho muda o equilíbrio de forças. O clube ganha confiança, identidade, estatuto. Até os rivais, no fundo, ganham porque um campeonato com Mourinho é um campeonato com mais visibilidade, mais competitividade, mais espetáculo.
Há treinadores que ficam apenas pelos resultados. Mourinho vai além disso. Deixa sempre uma marca cultural: a forma como fez o FC Porto acreditar que podia conquistar a Europa; como deu ao Inter uma Liga dos Campeões que parecia impossível; como criou no Chelsea uma mentalidade de campeão que perdura até hoje. Mourinho é, e continuará a ser, um dos maiores de sempre. Não apenas pelo que ganhou, mas pelo que transformou. Porque soube liderar pessoas antes de treinar atletas. Porque inspirou gerações e mostrou que, no futebol, como na vida, ninguém ganha sozinho. Mas não faz milagres nem tão pouco é a águia Vitória. A estrutura Benfica terá de acompanhar. Ele é um verdadeiro influencer de comportamentos e o seu efeito já se sente no clube, no balneário, nos colaboradores, nos adeptos e até nos rivais. Mourinho não chega apenas para treinar uma equipa, chega para transformar uma cultura, e essa transformação já começou, antes mesmo do apito inicial para o Aves SAD-Benfica."

José, o ‘Special Light’


"Há 25 anos, quando o apresentou na exígua sala de imprensa do antigo Estádio da Luz, João Vale e Azevedo enganou-se e referiu-se a José Mourinho como «um promissor jogador». Ter-se-á mesmo enganado? No contexto daquele encontro com os jornalistas, claro que sim. Mas, olhando para a vida e para a carreira de Mourinho enquanto treinador, o «promissor» tinha toda a razão de ser, e o «jogador» também.
O treinador de Setúbal, ao longo da sua vida desportiva, subiu a pulso até ao topo do mundo, passou por dificuldades inusitadas em alguns momentos e geografias, mas sempre soube jogar, no amplo sentido do verbo, jogar alto, jogar com as palavras, jogar com os conceitos e jogar para vencer.
Afinal, a receita pronta a servir para uma carreira de sonho, para a conquista de títulos, para a capacidade de permanente reinvenção em função dos momentos e dos desafios que se lhe foram colocando. E sem nunca ter de ceder, sem nunca vacilar nos conceitos, sem nunca abdicar dos princípios e sem nunca conceder a outros o espaço que, pelo mérito das ações e dos resultados, era obviamente seu.
Aqui chegados, temos Mourinho a regressar a Portugal mais cedo do que ele próprio havia previsto. O horizonte do técnico sadino era a Seleção portuguesa, mas dentro de alguns nos, quando entendesse esgotada a carreira no estrangeiro e percebesse que, finalmente, não teria de treinar todos os dias e de suportar a adrenalina competitiva duas ou três vezes por semana.
O futebol é feito de momentos e de oportunidades. E parece argumento de filme a conjugação de situações que permitiram o retorno de Mourinho a Portugal e ao Benfica, 25 anos depois: a derrota, na Luz, com o Feberbahçe, no play-off da Liga dos Campeões (que motivou a sua saída do clube asiático de Istambul); o desaforo provocado pelo Qarabag, no mesmo estádio encarnado, na abertura da fase de liga da Champions, com a consequente saída de Bruno Lage, o seu amigo de Setúbal; e, inegavelmente, a proximidade de eleições no Benfica, fazendo dele, José Mourinho, indiretamente, um trunfo à mão para jogar no momento certo pelo ainda presidente Rui Costa.
Tudo a confluir no espaço e no tempo para que o impossível se tornasse desejável e possível. Porque o salário habitual de Mourinho, convenhamos, é incomportável para qualquer clube português. Em sede de negociação, até a vontade do técnico prevaleceu. E os valores a pagar, embora altos, estão no limite do que a folha salarial benfiquista pode, ainda, aglutinar.
Depois, a mestria do novo treinador das águias, com uma lição de comunicação ao nível dos melhores, e que envergonha políticos, empresários, dirigentes ou jornalistas. Os soundbites no momento certo, a fazer lembrar Roger Schmidt com o seu «quem ama o futebol, ama o Benfica».
José Mourinho saiu da Luz apenas dez jogos volvidos, em 2000, e regressa com a bagagem de títulos, de experiências urbi et orbi, de modelos de competição e de comunicação transversais que muito lhe deram forma como pessoa e como profissional, e com a certeza de que, neste momento, é um profissional cada vez mais completo, humilde e conhecedor das necessidades e das ambições de quem o contrata. Sabe que o futebol, por ser momento, vira a maré de um dia para o outro, e que a conexão com a transversalidade e universalidade de adeptos e seguidores é essencial para a garantia de alguma tranquilidade no exigente patamar de trabalho a realizar nos próximos tempos.
José tem, agora, uma special light a iluminar-lhe o caminho. Uma espécie de relação win-win, em que quem contrata sabe passar a dispor de um dos melhores do planeta futebol, e em que ele próprio se sente num oceano amigo de grandes desafios: um dos melhores plantéis da Liga portuguesa, um grupo de jogadores estrangeiros com fome de projeção e, para os quais, as conquistas domésticas, sendo importantes, saberão sempre a pouco, um universo de adeptos por todo o mundo que lhe darão (era o que faltava se o não dessem), o imenso benefício da dúvida, a possibilidade de lutar de igual para igual com os rivais lusos e de se voltar a mostrar e a projetar na UEFA Champions League.
Tudo isto a comer robalo em Setúbal, a viver em casa com a família e a falar a sua língua materna em qualquer lugar para onde vá.
É, portanto, um Mourinho vintage, como os vinhos mais requintados e depurados, aquele que hoje à noite retoma a competição portuguesa, e a valoriza como, provavelmente, ninguém o conseguiria fazer de modo tão automático e imediato. A simples presença do treinador ganhador na Europa e no Mundo nos bancos dos estádios portugueses é elemento fundamental para que a prova portuguesa volte a ultrapassar fronteiras, coisa que, convenhamos, sucedia apenas quando os jogos eram entre grandes ou quando qualquer outro escândalo eclodia.
Ficam todos a ganhar, e o futuro dirá se Rui Costa também, no pleito eleitoral de outubro. Estrategicamente (e bem), os seus principais adversários na eleição benfiquista já vieram a terreiro elogiar José Mourinho e a respetiva contratação.
Afinal, quem pode, no universo da Luz, falar mal de quem produziu o soundbite do ano: «Qual é o treinador que diz que não ao Benfica? Eu não!»

Cartão branco
Inacreditável, a corrida de Isaac Nader para o título de campeão do mundo dos 1500 metros. Uma demonstração única de garra, de vontade e de capacidade de superação, depois de uma prova em que, taticamente, provou também estar entre os melhores do mundo. Inesperado? Sim, claro. Muito merecido e a deixar água na boca para um próximo grande desafio: tentar ser campeão olímpico, dentro de três anos, em Los Angeles. E a (com)provar que o sonho comanda a vida, e que o sacrifício e o trabalho árduo, quando aliados a um imenso talento, quase sempre conduzem a resultados dourados.

Cartão amarelo
Pedro Gonçalves já não é selecionador de Angola. A curta memória resultadista do futebol levou a Federação Angolana de Futebol (FAF) a encerrar o ciclo do técnico português à frente dos Palancas Negras a três meses da CAN de Marrocos, prova para a qual Angola protagonizou uma notável qualificação, após um igualmente excelente desempenho na CAN-2023 (em janeiro e fevereiro de 2024, na Costa do Marfim). É verdade que a qualificação para o Mundial-2026 não correu bem à seleção angolana (sobretudo as derrotas, em Luanda, com Cabo Verde e Líbia). Gonçalves sai antes do tempo, e Alves Simões, presidente da FAF, tem a imensa responsabilidade de encontrar um treinador que, em dezembro, em Marrocos, faça melhor. O que, sejamos diretos, é muito difícil."

Mourinho voltou (e não foi para pedir desculpa)


"Diziam que Mourinho precisava de parar um momento, respirar fundo e olhar para trás.
Que era urgente reencontrar-se com o special one interior, coberto de charme e magnetismo, que fala do eu, eu, eu, e mesmo assim o mundo escuta.
Insistiam, enfim, que tinha de voltar a ser o que era antes.
Mas Mourinho nunca volta ao que já foi. Na pior das hipóteses, passa pelo que já foi e vai mais longe. Mais fundo. Mais alto.
Neste caso foi ao princípio de tudo: voltou ao Benfica, 25 anos depois.
Mourinho regressou ao Benfica 25 anos depois, como só ele sabe regressar: não como quem pede desculpa, mas como quem avisa. E se há coisa que ele faz bem, é avisar.
Lembram-se daquela vez que, pelo FC Porto, perdeu a Supertaça Europeia, frente ao Milan? Chegou ao Aeroporto Sá Carneiro, colocou o ar de zangado e nem esperou que os jornalistas lhe fizessem perguntas. «O próximo vai ter de pagar», atirou. «Não quero saber, o próximo vai ter de pagar.»
O próximo era o Sporting e, sim, pagou: saiu goleado do Estádio das Antas.
Já agora, lembram-se de quando, na caminhada para a final da Taça UEFA, em Sevilha, o FC Porto perdeu em casa por 1-0 com o Panathinaikos? Logo após o fim, Mourinho saiu disparado em direção ao treinador Sergio Markarían para lhe dizer que não festejasse já, porque ainda havia a segunda mão. E a verdade é que o FC Porto foi a Atenas ganhar 2-0.
No fundo é isto, não é?
Por isso é que há algo neste regresso de Mourinho que devia preocupar os adversários: e não tem nada a ver com basculações, primeira e segunda fases de construção ou pressão alta.
Esqueçam, Mourinho não é isso. Este Mourinho já não é isso.
O que devia assustar os adeptos é uma arte performativa: é o teatro, aquele controlo da narrativa, a pulsão violenta. É no fundo a capacidade de trazer os adeptos todos para o mesmo parágrafo de fé, fogo e vontade. De unir a gente em torno de uma paixão arrebatadora.
Mourinho é um manipulador. Ardiloso, astuto e calculista. Estratega e persuasivo. É um influencer anterior aos smartphones.
Por isso é amado pelos adeptos.
Mesmo quando não vence tanto como se esperava, e aconteceu por exemplo em Roma ou em Manchester, os adeptos estão com ele. Respeitam-no. Defendem-no.
Porquê? Porque ele consegue unir as bancadas e devolver-lhes a esperança. E não há melhor sensação do que acordar com a esperança a bater no peito.
Conseguem imaginar o Benfica unido em torno de um homem, de uma ideia, de um sonho?
Aquele Benfica que é um caldeirão a ferver? Um clube em permanente autodestruição, com uma granada pronta a explodir nas mãos? Conseguem imaginar a força que não será quando encontrar alguém que o consiga reconciliar numa paixão?
Pois é, Mourinho voltou, sim. Não para repetir o passado, mas para se vingar dele. Como que a dizer: «A história? Fui eu que a escrevi.»
Sintam-se avisados."

As minhas memórias de Mourinho no Brasil


"José Mourinho e o Benfica juntos trazem-me lembranças.
Primeiro de tudo de meu tio-avô, António, que me ensinou a ter enorme respeito pelo clube da Luz.
Tenho cá no Brasil memórias muito boas de uma família portuguesa e democrática. Minha prima Isabel, que vive em Setúbal, é sportinguista, por herança de seu pai, meu tio Jorge.
Meu primo Jorge, filho de meu tio Adriano, jogou basquetebol pelo Benfica e ensinou a todos os seus, como minha prima Catarina, a ser benfiquista. Meu avô Alexandrino é que era Belenenses.
Mas era meu tio António, casado com tia Adelaide, irmã de minha avó Maria Emília, quem mostrou-me primeiro todo seu amor pelo Benfica.
E o que é que o retorno de Mourinho à Luz tem a ver com isto tudo? Ora, lá pela época 2000/2001, meu tio esteve cá no Brasil e queixava-se muito de uns tempos difíceis para quem torcida pela camisola encarnada.
Sua queixa partia da direção e chegava ao treinador: “Temos lá no Benfica um gajo que é igual ao vosso Luxemburgo, no Brasil. Arrogante, prepotente... Chama-se José Mourinho!”
Já tive a oportunidade profissional de estar com Mourinho, em Belo Horizonte, e não o julguei nada daquilo que meu tio dizia. Nada de arrogância. Profissionalismo era a palavra. Mas, no tempo do Benfica, tinha de se afirmar como treinador, num tempo em que se dizia ter sido tradutor de Bobby Robson.
Eu mesmo puder perguntar a Mourinho, pessoalmente:
“É verdade que fosse o intérprete de Bobby Robson?”
Respondeu-me:
“Eu era o intérprete, porque era o único a falar o inglês, pá!”
Ops, não é que meu tio António tinha lá sua razão.
Mas a resposta de Mourinho não era prepotente. Dizer a verdade não é arrogância. Nem mesmo quando chegou em Inglaterra e disse ser “The Special One.” Era mesmo. Ou não seria especial alguém capaz de fazer o Porto eliminar o Manchester United, de Alex Ferguson, dentro do Teatro dos Sonhos e de ganhar a Champions League com um clube de Portugal, na era do futebol globalizado?
Mas no Benfica precisava impor-se num período de dificuldades para o clube, para os adeptos e também para os que lá trabalhavam. Resistiu onze jogos, só.
Razão pela qual chegou de volta à Luz, 25 anos depois, a dizer que nenhum clube lhe deu tanto orgulho. Não é preciso ser o mago de Setúbal para entender que a cidade natal de José tem mais adeptos do Benfica do que do Sporting ou do Porto.
Mesmo que tenha carinho pelo Belenenses, por que lá seu pai jogou, e porque lá também passou uma época, José pode ter gostado de ver o Vitória de Setúbal, mas o Benfica é mesmo um clube especial.
E José Mourinho volta à origem para tentar reconstruir-se e também ao clube mais popular de Portugal. Também para apagar aquela primeira passagem, do ano 2000.
José Mourinho traz-me memórias de meu tio, mas também do grande técnico que é. E de como pode pensar grande o futebol de Portugal."

Depois da Prata o Ouro !!!


Caio Bonfim, brasileiro, atleta do Benfica, venceu na última madrugada, os 20 Km Marcha nos Mundiais de Atletismo em Tóquio, depois da semana passada, ter conquistado a Prata, nos 35 Km Marcha, nos mesmos Munidas!

Desmentido


"O Sport Lisboa e Benfica esclarece que são falsas as informações do jornal Correio da Manhã quanto aos aspetos financeiros relativos à contratação e vigência de contrato do seu treinador, José Mourinho."

Portugal já não é só futebol!


"Sim, Mourinho no Benfica, Champions e afins ainda dominam os 'media', mas agora há que contar com remo, atletismo, ciclismo, natação, basquetebol, andebol...

Está a ser um ano de 2025 fenomenal ao nível dos resultados desportivos de Portugal, um país pequeno em tamanho e em população, sempre muito fechado em si e focado no seu futebol, depois aberto e orgulhoso da fama mundial de Eusébios, Figos, Ronaldos, Mourinhos e Jesus, mas de novo encarcerado nas suas rivalidades clubísticas, sempre mais fortes e intensas do que o prazer simples do espetáculo — tantas vezes fraco, diga-se.
Este é um cenário secular que, porém (e felizmente!) tem vindo a sofrer alterações a uma velocidade inesperada, conquistando, dia a dia e, em particular, nos anos mais recentes, nova cor, brilho e dimensão universal por conta de um crescimento sustentado, tantas vezes à conta de teimosias e casmurrices de meia dúzia de apaixonados que não desistem de dar grandiosidade às modalidades que amam.
Claro que há os clubes, que muito têm trabalhado nos respetivos crescimentos ecléticos, mas há também algumas federações que, mesmo que eternamente à espera de apoios e subsídios, vão tendo nos seus quadros os tais casmurros e teimosos que não deixam cair os seus atletas.
E, mesmo que num dia tenhamos o futebol, e neste caso por conta da figura planetária de José Mourinho, a dominar as atenções mediáticas, a verdade é que temos muitos outros em que os espaços informativos, as transmissões e as capas de jornais começam a ganhar novas cores.
As vitórias nos Mundias de Tóquio dos atletas portugueses Isaac Nader, campeão do Mundo dos 1500 metros, e Pablo Pichardo, bicampeão mundial do triplo-salto são bons exemplos recentes do sucesso de Portugal extra-futebol — no espaço de dias, dois títulos mundiais a juntar-se aos sete conquistados por Portugal, antes, em toda a sua história.
Mas se as alegrias no atletismo já iam sendo algo comuns, o que dizer de João Almeida, o ciclista português, que igualou a proeza de Joaquim Agostinho com um 2.º lugar numa Vuelta pela qual lutou até aos últimos metros e na qual conquistou o mítico Angliru? Ou, ainda, de Diogo Ribeiro, fenómeno da natação portuguesa, a primeira grande e verdadeira esperança nacional de muitas medalhas na modalidade?
Ou também do eterno Fernando Pimenta, cujo exemplo tem trazido tantos outros nomes ao remo e às conquistas internacionais, por conta de uma das mais bem sucedidas federações nacionais. Ou ainda o andebol, com a Seleção a atingir os quartos do Mundial, eliminando Suécia, Espanha e Noruega; ou a Seleção de basquetebol, que atingiu os oitavos do EuroBasket. Há muitos mais, mas bastam estes grandes exemplos para dizer que Portugal já não é só futebol. E ainda bem."

Valdano...

Brasil só exporta jogadores


"Desde 2006, pelo menos um jogador brasileiro conquista a UEFA Champions League. No ano passado, coube até a Marquinhos, capitão do PSG, a honra de levantar o troféu.
Em 2024/2025, o número de atletas nascidos no país sul-americano a participar na fase de liga da prova, 43, só foi superado pelos sete europeus do costume, Espanha, França, Alemanha, Países Baixos, Inglaterra, Itália e Portugal. Este ano, a lista subiu — são 56 espalhados por 29 clubes (o Benfica, curiosamente, não tem nenhum).
Há razões aritméticas para tanto jogador brasileiro: no planeta futebol, o Brasil é o país mais populoso, porque todos os que o superam nesse item, Índia, China, Indonésia e EUA, têm outros desportos-rei; o Brasil é também, segundo o Observatório de Futebol, a nação com mais jogadores profissionais e amadores. Além de razões históricas — a seleção verde e amarela é a mais vencedora em Mundiais de futebol — e económicas — o futebol brasileiro é, por natureza e tradição, exportador.
E treinadores brasileiros? Nesse caso, não há nenhum entre as 36 equipas da Champions deste ano. Nem entre as 36 equipas da Champions do ano passado. Nem nesta década. Nem na anterior. O último foi Luiz Felipe Scolari, em 2008/2009, pelo Chelsea.
Se ampliarmos a busca no espaço — as cinco maiores ligas europeias — e no tempo — desde o ano 2000 — encontramos meros seis nomes: Abel Braga, Ricardo Gomes, Leonardo, Vanderlei Luxemburgo, Sylvinho e o citado Felipão. No mesmo período, a vizinha Argentina teve 28. O Chile só um, Manuel Pellegrini, mas com título na Premier League, entre outros, no caminho.
Se há múltiplos motivos para o número expressivo de jogadores brasileiros na elite europeia, também há múltiplos motivos para o défice de treinadores do país no velho continente. Um é, digamos, socioeducativo: poucos falam inglês, a língua franca do mundo — nem Tite, que buscou espaço na Europa nos últimos anos mas desistiu por falta de convites. Outro é, chamemos-lhe assim, económico-desportivo: como os grandes do futebol brasileiro pagam muito bem, os treinadores nativos, ao contrário dos argentinos, sentem-se menos tentados a arriscarem-se em clubes europeus medianos — o treinador mais bem pago do mundo hoje, Diego Simeone, começou a aventura transatlântica a lutar para não descer no Catania, por exemplo.
Sem sair do lugar em que se sentem confortáveis, os treinadores locais não evoluem, deflagrando um ciclo vicioso que em última análise resultou na, impensável há um par de décadas, importação de conhecimento estrangeiro, de que Jorge Jesus, Abel Ferreira, Artur Jorge ou o selecionador Carlo Ancelotti são exemplo. Talvez o talentoso Filipe Luís, tentado pelo Fenerbahçe após a saída de José Mourinho, rompa a tendência."