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domingo, 21 de setembro de 2025

Em defesa de Mourinho (mais ou menos)


Na dramática fase da minha carreira joguei duas finais europeias»
José Mourinho, na apresentação como treinador do Benfica

Virou moda bater no Mourinho (que está bem longe de ser ceguinho), e as reservas com que muitos adeptos do Benfica receberam o anúncio do substituto de Bruno Lage mostra que a aura do bicampeão europeu está bem longe do que já foi.
Percebe-se porquê. Foi despedido dos últimos cinco clubes que representou (não incluo o anterior, o Real Madrid, porque ele queria tanto, ou mais, ir embora, para voltar ao Chelsea, do que os merengues queriam vê-lo pelas costas) e nos últimos oito anos venceu apenas um título.
Mas, sem querer estar a defender a qualidade do trabalho que desenvolveu na última década, parece-me importante olhar para os contextos.
Saiu do Chelsea pela porta pequena, sim, mas foi campeão, em 2015. Depois disso? Só mais uma Premier League para os blues.
Passou sem glória pelo Manchester United, é verdade, mas ainda venceu uma UEFA Europa League e foi vice-campeão — o que, desde que Ferguson saiu, em 2013, os diabos vermelhos só conseguiram mais uma vez.
Não quebrou o jejum de títulos do Tottenham, é certo, mas talvez o tivesse feito se não tivesse sido afastado uma semana antes duma final... e chegou a liderar a Premier League.
Não apurou a Roma para a UEFA Champions League, mas deu-lhes o primeiro título europeu (a UEFA Conference League), o primeiro título desde 2008 e o primeiro troféu em provas da UEFA dum clube italiano desde que ele próprio ganhara a Champions no Inter, em 2010. E no outro ano completo chegou à final da UEFA Europa League, que só perdeu nos penáltis.
Só no Fenerbahçe é difícil ver o lado positivo, mesmo comparando com os antecessores, mas foi onde esteve menos tempo. E de qualquer forma, é bom lembrar que o clube não é campeão turco desde 2014.
E já agora, para quem considera Mourinho um treinador defensivo, permitam-me que lhe chame, antes, pragmático. Muitas vezes na carreira, e mais vezes em tempos mais recentes, atendendo aos clubes que treinou, entendeu que a diferença de forças seria demasiado grande e montou equipas defensivas. É verdade.
Mas lembram-se do Barcelona de Messi, Suárez e Messi? Ou do de Ronaldinho Gaúcho e Deco? Ou do Real treinado por Zidane com Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo? Ou do, outro, mais antigo, da Quinta del Buitre, com Hugo Sánchez a fazer golos atrás de golos? Pois bem, nenhum deles tem o recorde de golos numa época na LaLiga. Esse é do Real de Mourinho, com 121 em 38 jogos. Nada mau para um treinador defensivo..."

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