Últimas indefectivações

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Uma questão de instrução

"O incrível Shrek e a sua cáfila de cafajestes acham que é de bom tom espancar um pobre pai de família que se dedica ao cumprimento do seu ofício. Vai daí, o incrível Shrek e a sua banda filarmónica de sopradores de tíbias, avançam como hordas de hunos enfurecidos destruindo tudo à sua passagem, de uma forma que faria inveja ao própria Átila, Flagelo de Deus, mas menino de coro ao pé desta corja de selvagens sem açaime. O incrível Shrek é um bom aluno da Escola Superior de Trampolinice, Dolo, Burla, Trapaça e Tratantada dirigida por D. Palhaço.

O incrível Shrek não tem culpa, vendo bem. Foi-lhe dito, a si e à sua súcia de calinos, que o País dos Homens de Cócoras se governava a golpes de funda, à custa de pedradas, pauladas e assaltos de clavina em punho na orla das florestas ou dos viadutos sem vigilância. O incrível Shrek e a sua caterva de valdevinos aprenderam depressa a regra número um dos cobardes: atacar em grupo um indivíduo sozinho, fugir depressa mal o tenham espezinhado, negar com veemência quando os acusarem do gesto.

Foi-lhes ensinada como os rudimentos do abecedário dos alarves por Madaleno, o rei dos poltrões. O incrível Shrek e a sua récua de facínoras levaram à letra tudo o que lhes foi inculcado: pontapearam estoicamente as rótulas de um infeliz, insultaram-lhe pai e mão e restante família até à quinta geração, pisaram-lhe as carótidas até o verem arroxear. Depois do trabalho feito, o incrível Shrek e a sua alcateia de cáfaros fugiram a sete pés como pusilânimes que são. E recusaram a culpa. E teimaram na inocência. E fincaram pé na vergonha do silêncio. O problema do incrível Shrek, e da sua chusma de inimputáveis, não é uma abertura de instrução. É a própria instrução; ou falta dela. É o civismo ou a animalidade. Tudo aquilo, enfim, que distingue os homens das bestas."


Afonso de Melo, in O Benfica

Objectivamente (MP!!!)

"Afinal o Sport Lisboa e Benfica tem muito mais de 6 milhões de adeptos em Portugal. São 6 milhões, mais todos os procuradores do Ministério Público que, por serem fanáticos doentios do Benfica, denunciaram sem razão cinco miseráveis jogadores do FC Porto que não bateram em ninguém e estão a ser vítimas de uma cabala monumental destes analfabetos Procuradores do Ministério Público!

Na opinião de alguns defensores da Justiça portuguesa, como MS Tavares, este é o maior escândalo a que já assistiu! Uma vez que os arguidos dos casos BCP, BPN, Casa Pia, Freeport, etc, etc, etc, etc, etc, não foram, nem serão, condenados. Por isso esqueçam tudo o que estes insurrectos fizeram e, se for possível, dêem-lhes uma medalha de mérito desportivo, uma vez que o Dragão D'Oiro eles já têm garantido!

É impressionante a semelhança de discurso de MST e de Pinto da Costa. O presidente do clube das riscas dizia, durante a sua declaração à Dinamarca para apoiar a Selecção, que esta acusação é uma farsa pois ninguém acusou nem condenou Scolari quando do seu caso com um jogador adversário há uns anos atrás. Por isso nem se devia falar sobre este problema dos jogadores do FCP. É que no entender desta gente, como o primeiro prevaricador português não foi condenado há muitos anos, ninguém deverá ser mais acusado, processado ou condenado nos próximos séculos! Nem sei mesmo porque é que ainda existem tribunais...

Os argumentos deste pessoal são sempre os mesmos! Eles não desmentem as agressões. Não desmentem o que disseram nas Escutas Telefónicas! Tentam sempre rebater a coisa desculpando-se com os outros que também fizeram maldades ou, no limite, com a ilegalidade das investigações! Parecem aqueles meninos-queixinhas que, quando são apanhados a fazer asneiras, nunca têm a culpa de nada. A culpa é sempre dos outros. E mentem, se for preciso, à professora para se livrarem dos justo correctivo!...

Já não há paciência para os aturar! São sempre os mesmos a fazer asneiras. São sempre os mesmos a desculparem-se com os outros! Só é pena que ninguém lhes deite a mão! E ainda se queixam da »Justiça»!..."


João Diogo, in O Benfica

Cardozo, o melhor tranquilizante

"Bela exibição na Suíça e um excelente resultado. Liderança no grupo, dois jogos em casa e o apuramento a poder ser conseguido já no dia 2 de Novembro na recepção ao Basileia. Que mais se pode pedir a este Benfica de Jorge Jesus? Por mim, apenas para assim continuar. A única equipa portuguesa que ainda não perdeu os 15 jogos oficiais já disputados (e uma das poucas da Europa), onde apenas o empate em Barcelos se pode considerar tristonho.

Já a vitória frente ao Portimonense, no jogo da Taça, havia deixado bons indicadores sobre alguns dos jogadores menos utilizados. Rodrigo foi nos dois jogos a revelação-certeza, temos ali um avançado que em pouco tempo poderá ser titular.

Contudo, numa altura em que todos falam de Rodrigo, eu queira escrever sobre Cardozo. Digam e escrevam o que vos for na alma sobre Takuara, mas os números são irrefutáveis; 15.524 minutos, 211 jogos, 130 golos ou seja um golo a cada 119 minutos (incluindo particulares).

Há melhor? Talvez, mas não estou a ver muitos. Desta vez demorou quatro minutos a por a bola naquela espécie de galinheiro que falava o Scolari.

Cardozo entrou e, quatro minutos depois, milhões de benfiquistas ficaram descansados sobre o desfecho do jogo. Não conheço melhor tranquilizante.

Por isso, são cada vez mais a gritar: «Tenham cuidado. Ele é perigoso. Ele é o Óscar Takuara Cardozo.»

Este fim-de-semana haverá em Aveiro um jogo difícil para o Benfica, naturalmente cansado. O melhor ataque joga contra a melhor defesa do campeonato, impressionante o registo defensivo do Beira-Mar. Será preciso toda a artilharia para fazer ruir aquele castelo e continuar na frente.

Ontem desabafava um grande amigo, triste com o rumo do Pais, com as nossas perspectivas económicas e financeiras, com o desemprego e as falências: «Só não imigro porque não consigo ir viver para longe do Benfica». Como eu percebo!"


Sílvio Cervan, in A Bola

Em cheio

"O Benfica, que é muito mais que um Clube e mais ainda que um Clube de Futebol, venceu em todas as modalidades em que participou no passado fim-de-semana. No Futebol, seguiu em frente na Taça de Portugal, afastando um adversário que jogou apenas para adiar a derrota. Para além do jogo e da eliminatória, o Benfica ganhou atletas que, postos à prova, provaram a qualidade do plantel. O Benfica venceu também em Juniores. Igualmente venceu no Futsal, mantendo-se no cimo da tabela.

Nas outras modalidades, o Benfica continuou imperial. No Voleibol, três vitórias em outros tantos jogos, com apenas um set perdido, atesta a qualidade de uma equipa que no ano passado ganhou tudo... menos o título, perdido numa final que, de forma absurda, se decide à melhor de três jogos.

E no Basquetebol, depois da brilhante vitória no Troféu António Pratas, entrou a ganhar no Campeonato, no Barreiro, provando que com este plantel e este treinador, Carlos Lisboa, o Benfica será muito difícil de vencer em jogo limpo. No Andebol, mais uma vitória folgada, demonstrando que mora na Luz um candidato ao título. Enquanto os Juniores de Andebol lideram invictos, o respectivo campeonato. No Râguebi, a equipa somou na quarta jornada mais uma vitória ao seu pecúlio. E ainda falta que entre em cena a equipa de Hóquei em Patins, líder do ranking mundial de clubes, à frente do Reus e do Barcelona. No Judo, Telma Monteiro conquistou o bronze no Grand Prix de Abu Dhabi, apesar da lesão que a impediu de disputar a final.

Como eu, haverá muitos outros milhares de benfiquistas que se recordam do período negro da história do Clube em que as modalidades foram desmanteladas. A regeneração foi uma saga digna de um Clube Glorioso."

João Paulo Guerra, in O Benfica

A Catedral da Luz

"Para a semana, celebrar-se-á mais um aniversário do nosso estádio. 25 de Outubro de 2003 foi a data de inauguração do actual ninho das águias, oficialmente denominado como Estádio do Sport Lisboa e Benfica. No entanto, é popularmente chamado como ‘Estádio da Luz’ e é apaixonadamente denominado como ‘A Catedral’.

Luz, Catedral… as amarras do nome oficial são quebradas pela identificação nominalista da universal família benfiquista. Assim, toda a nomeação é uma espécie de sacralização de um espaço profano, uma sacralização de origem profana, de simbólica profana, mas de linguagem sagrada. A mesma linguagem que nos leva a dizer que a camisola do Benfica é o ‘manto sagrado’ ou que o Benfica é o único clube que não permite a utilização da expressão ‘velhas glórias’, pois os que são denominados como ‘glória’ do clube jamais envelhecem na memória colectiva do benfiquismo.

Deste modo, temos a sacralização do espaço, do tempo, do símbolo e dos que, de entre todos, melhor o serviram. Olhar para a nossa Catedral, com todos os adeptos, os fiéis, ritualmente levantados durante a audição do “Ser Benfiquista” (para quando o regresso do nosso hino, “Avante, Avante p’lo Benfica”, ao nosso estádio?), levantando o cachecol antes de o recolocar, qual estola, em ombros, enquanto se espera a vénia dos nossos futebolistas aos adeptos tem algo de litúrgico. É a junção do ritual ao tempo, ao espaço e ao modo.

Compreende-se que vulgarmente se diga que o Benfica é uma religião. Objectivamente, não é. No entanto, sentimos que uma ida à nossa Catedral, à nossa casa, é mais do que uma viagem – é mais do que meramente passar por cima de uma experiência – é, essencialmente, uma forma profana de peregrinação. Ou seja, ir à nossa Catedral é viver uma experiência de crença no benfiquismo, de partilha de uma ideia de clube e de comunhão de uma vontade comum."


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

O futebol ideal

"1. Mais dois fins-de-semana sem Campeonato, mais uma série de notícias de jornais antecipando já o 'mercado de Janeiro', mais jogadores que podem entrar e sair deste e daquele clube - é este o Futebol que vamos tendo e que, apesar de tudo, mantém o interesse das multidões. Mas não seria muito melhor um Futebol com mais jogadores nacionais nas equipas, com jogadores mais tempo em cada clube, com campeonatos disputados de forma regular ao longo da época e não interrompidos constantemente?

Claro que o problema não é (só) português, é mundial. E é ao nível da FIFA e da UEFA (sob pressão das federações nacionais) que tem de ser resolvido. Como Luís Fialho, muito bem defendeu há duas semanas no nosso Jornal (e julgo que também eu já aqui publiquei uma vez), as fases de apuramento para os campeonatos continentais e Mundiais deveriam ser disputadas, todas, no final da época (e, já agora, antecedidas de uma fase prévia para seleccionar apenas as melhores das selecções mais fracas, tipo São Marino, Ilhas Faroé, Malta ou Liechtenstein). Nos campeonatos de cada país, os clubes deveriam apresentar em campo, pelo menos, seis jogadores nacionais. E o período de transferências deveria ser limitado a 15 dias, ou um mês por ano, no 'defeso'. Os negócios far-se-iam antes e, no final de Julho (na Europa), estava tudo resolvido e as equipas eram estáveis de início ao final das épocas. Quanto muito, admitir-se-ia um número muito limitado de transferências (uma, duas por clube) em Janeiro (mas uma semana chegava...), mas apenas de, e para, a América do Sul, atendendo ao 'defeso' deles. Claro que os empresários (e afins) não gostariam. Mas o adepto agradeceria... Tenho saudade dos tempos em que os jogadores chegavam cedo a um clube e só deixavam quando terminavam a carreira...


2. Afinal, Hulk e companhia (uma companhia ainda mais alargada do que inicialmente se soube) agrediram mesmo os seguranças no túnel do nosso Estádio. Afinal, o Conselho de Disciplina da Liga tinha razão. Os agredidos queixaram-se civilmente, o processo seguiu e os (vários) jogadores do FC Porto foram, agora, formalmente acusados. Aqui d'el Rei que o Ministério Público não tem mais nada que fazer, que querem é novamente desestabilizar a equipa. Agora, já não é a existência das agressões (tantas vezes postas em causa) que está em causa, mas a intervenção do Ministério Público.

Claro que um comentário há dias aparecido na net diz tudo: 'O quê? Não me digam que - finalmente - alguém desse clube vai pagar por um crime que cometeu... Inacreditável...'. "


Arons de Carvalho, in O Benfica