Últimas indefectivações

quarta-feira, 30 de março de 2016

Renato Sanches, um caso especial

"Renato Sanches tornou-se um dos jogadores portugueses mais falados dos últimos tempos. Tem apenas 18 anos mas já é titular seguro na equipa do Benfica há meses; saltou etapas e foi chamado para representar o País na Selecção principal e tem, indiscutivelmente, qualidade. Renato é sem dúvida um jogador de muito talento, com características especiais, nomeadamente físicas e de comprometimento em cada jogo que disputa, e apresenta uma margem de progressão enormíssima. Parece-me consensual que estamos perante um belo jogador mas que ainda não é estrela; apenas candidato a estrela e veremos se consegue lá chegar. 
Porém, este miúdo de tranças longas tem mais um pormenor que o torna diferente de muitos outros jovens jogadores: carisma. Só assim se justifica que, apesar dos muitos erros que ainda comete no seu jogo, seja aplaudido e ovacionado pelos seus adeptos sempre que pega na bola e esse carisma explica, sobretudo, a atenção que todos lhe dedicam. No jogo de Portugal com a Bulgária, em Leiria, em campo entrou um adepto desenfreado à procura dum abraço e surpreendentemente não correu para Cristiano Ronaldo mas sim na direcção de Renato Sanches. Nos treinos da Selecção foi com as tranças de Renato que engraçaram Ronaldo e Quaresma; nas redes sociais, imprensa ou televisões tudo o que tem Renato Sanches tornou-se um produto atraente. E com eco internacional, porque é frequentemente bem colocado nas listas que identificam os mais promissores.
É evidente que todos, não apenas os jornalistas, fizeram crescer Renato mais do que neste momento ele é, o que representa uma responsabilidade acrescida para o jogador naquele que seria o seu processo natural de evolução. Mas também é claro que Renato Sanches não é só folclore."

Nélson Feiteirona, in A Bola

Cruyff

"No dia 20 de Março, saiu aquela que viria a ser a derradeira crónica de Johan Cruyff na coluna que tinha no jornal holandês Die Telegraaf, em que falou sobre o último jogo que comentou, premonitoriamente entre uma equipa holandesa (PSV) e uma espanhola (Atl. Madrid). Quatro dias antes da sua morte. Cidadão do mundo, holandês por sangue, catalão por afecto. Em vida, agora eternizada pela morte, o nome de Cruyff, com a sua fonética neerlandesa, funde-se com futebol, na sua etimologia britânica tornada universal. Foi tudo: campeão, treinador, sindicalista, seleccionador, profeta, comentador, educador, professor, mobilizador, vanguardista.
Nascido um ano depois de Cruyff, pude acompanhar, de perto, o seu mister de arte, engenho, perfeição. Um jogador que jorrava elegância nos relvados, eficácia nas decisões. Foi Cruyff que me levou a gostar sempre do Ajax, ainda que, por duas vezes, o Benfica tenha sido por ele eliminado nos tempos áureos da equipa de Amesterdão. Foi Cruyff que mais terá contribuído para reinventar a inteligência ao serviço deste desporto.
Cruyff foi um revolucionário romântico. Às vezes, rebelde. Outras vezes, compassivo e poético. Mas sempre com um futebol perfumado. O holandês entendia-o como o palco para uma orquestra completa, disciplinada e, ao mesmo tempo, criadora e criativa.
"Jogar futebol é muito simples, mas jogar um futebol simples é a coisa mais difícil que há" resumia o génio holandês. Ou "o futebol é um desporto que se joga com o cérebro e não tanto com as pernas". Como li no El País, Cruyff foi o Garcia Márquez do futebol."

Bagão Félix, in A Bola

Benfiquismo (LIX)

Óscar 'Tacuara' Cardozo & Ezequiel 'El Negro' Garay
Esta foto não é muito antiga,
mas merecia ser considerada uma foto Clássica,
logo no dia seguinte ao jogo!!!

Benfica 3 - 1 Fenerbachçe
2 de Maio de 2013
2.ª mão, Meias-finais da Liga Europa

Da imortalidade

"O pai tinha tenda a 500 metros do campo do Ajax - todos os dias lá ia vender a fruta que o clube dava aos jogadores, de cesto às costas. Morreu de ataque cardíaco no regresso de uma das entregas - e foi a mãe para lá fazer as limpezas, levou o filho a um treino - vendo-o chegar magricelas, o treinador torceu o nariz. Vendo-o fazer com a bola o que fazia com laranjas na venda, deslumbrou-se. Se tinha o físico escanifrado, tinha o carácter forte. Aos 15 anos já era jóia de coroa no Ajax - e de prémio puseram-no a apanha-bolas na final da Taça dos Campeões de 1962 que o Benfica ganhou ao Real Madrid nos 5-3 do Olímpico de Amesterdão.
Encantou-o Eusébio pelos seus dois golos, encantou-o Puskas pelos seus três golos, mas quem mais o encantou foi Di Stéfano - por transformar todo o campo num bailado, sempre sublime, em perpétuo movimento. Correu a pedir-lhe autógrafo, foi o único que pediu na vida.
Com Di Stéfano a refinar-se nos seus pés (e mais na sua cabeça) deu-se, arrebatante, a uma revolução: o Futebol Total de Rinus Michels. Hipnotizava os adversários pelo seu carrossel - e o centro do carrossel era ele. Puxou o Ajax à conquista de três Taças dos Campeões, na de 70/71 bateu em Wembley o Panathinaikos treinado por Puskas. Jornalista disse que era o Pitágoras de chuteiras - e lesão grave deixou-o três meses sem jogar. Muhrer passou a usar a sua camisola n.º 9 - quando voltou a jogo avisou Rinus Michels de que a partir daquele instante seria sempre o n.º 14, só o 14:
- Sim, foi um ato de rebeldia, rebeldia contra normas que impunham que se jogasse apenas de 1 a 11 - só porque sim...
Boicotou o Mundial de 78, revelou:
- A Holanda vai ser campeã, não quero ter de ir à ilharga do general Videla receber a Taça das mãos dum ditador.
Nasceu a 25 de Abril, foi revolucionário. Nasceu a 25 de Abril, a 25 de Abril de 1947 - e nunca mais morreu. E a prova de que nunca morrerá é que, nesta crónica, a mostrar-lhe brilho e carácter, não está o nome dele - e todos sabemos quem é..."

António Simões, in A Bola

Aquele abraço

"O que há num abraço? podemos questionar-nos, após o movimento destemido do jovem que galgou a segurança para ir ter com Renato Sanches ter ficado como a marca do Portugal-Bulgária. Num jogo que tenderia a ficar na memória por um falhanço improvável de Ronaldo, um abraço tão caloroso como infantil tornou-se protagonista central. Faz sentido: aquele abraço teve um simbolismo que supera o ato em si. 
Como tem sido dito, o Renato é um enorme talento, mas um projecto de craque, com muito para aprender. Podemos nele vislumbrar sinais de um futuro promissor. Mas não é isso que o diferencia de outros futebolistas. Pelo contrário, Renato Sanches entusiasma por ser um jogador do passado. Uma memória viva do futebol romantizado, jogado em peladinhas desorganizadas no meio da rua, entre carros estacionados e com bolas perdidas para a estrada. A euforia em torno do Renato não é direccionada ao futuro, nem ao que oferece hoje ao Benfica. É um festejo do futebol de ontem.
Depois, não vale a pena fingir que não é assim: o compromisso primordial dos adeptos é com os clubes. A Selecção é o que nos oferecem quando o futebol fica suspenso. A justa paixão dos benfiquistas pelo Renato prolonga-se para lá do Estádio da Luz. A Selecção é mais uma oportunidade para celebrá-la.
Poucos têm a sorte de ter 13 anos e vestir uma camisola do Benfica com o mesmo número 24 do Renato. Mas muitos invejaram o Diogo Caleiro quando irrompeu pelo campo adentro para de forma destemperada abraçar o Renato. É que o que chamamos abraço, dado a outro que não ao Renato, não seria tão encantador."

Condição física juvenil

"Faz amanhã 52 anos, o presidente Kennedy manifestou na TV a preocupação com a condição física da juventude americana. Colocou ao país o desafio de a melhorar e, assim, o vigor físico e mental da nação, pedindo às escolas secundárias que nas aulas de educação física se desenvolvesse um programa visando tornar os jovens fortes, saudáveis e atléticos. Inspirou-se no programa, do Liceu de La Sierra, na Califórnia, criado por Stan Le Protti, veterano da II Guerra Mundial que viria a ser adoptado por mais de quatro mil escolas. Já o antecessor de Kennedy, o General Einsenhower, havia manifestado preocupação com o nível baixo da condição física dos jovens que teria sido responsável por significativo número de mortos naquele conflito.
Discute-se actualmente o regresso àquele programa, tendo em conta o deplorável estado físico dos jovens. O método inspirou-se na Grécia Antiga e nos sistemas surgidos no séc. XIX, particularmente na Alemanha e Suécia, considerando a interligação - que a ciência actual comprovada - entre a actividade física, o desenvolvimento cognitivo e a saúde mental. Inclui intensa actividade muscular e cárdio-vascular, com recurso a obstáculos e exercícios que utilizam o peso corporal. Os jogos e desportos fazem também parte do programa, considerando-se que a preparação física lhes é indispensável. Como factor motivacional os alunos usam calções cuja côr corresponde a determinado nível de fitness, na perspectiva de que cada um tem o seu lugar no programa em que se progride a caminho da excelência. Um realizador de cinema, entusiasmado com o sistema de La Sierra, resolveu realizar um documentário que o dê a conhecer e promova a generalização, estando em curso uma campanha de crowdfunding.
Seria bom reflectirmos sobre o papel das escolas portuguesas no desenvolvimento da condição física dos alunos e na forma como são orientadas as aulas de educação física, tendo em mente esta preocupação."

Sidónio Serpa, in A Bola

Vitória...

Benfica 85 - 69 Barcelos
25-22, 22-19, 17-16, 21-12

Jogo fraquinho... o Barcelos ultimamente tem levado várias cabazadas, e as ausências do Andrade e do Gentry não são desculpa. Só no final do 3.º período começamos a cavar uma diferença... até lá, jogo muito equilibrado, e com o Barcelos perto do intervalo, chegou mesmo a liderar...
O Cook pareceu-me limitado fisicamente, os 11 minutos de utilização, indicam isso...